Sarah
Estou tão cansada com essa mudança, que nem sai de casa, na verdade, nem sei se posso chamar isso de casa. Estou em um hotel, isso mesmo, um hotel! A empresa disse que não conseguiu nenhum apartamento para alugar por apenas 5 meses, como foi uma mudança rápida eles não conseguiram fazer tudo no período curto de tempo, e agora eu tenho que morar no hotel até eles resolverem este problema. Eu nem desfiz as minhas malas, não consigo me acostumar a morar em um hotel, é tão impessoal. Hoje é meu primeiro dia no trabalho e não posso me atrasar, por isso, assim que me arrumo, pego minha bolsa e chamo um carro pelo aplicativo. Ele não demora a chegar e seguimos até o escritório. Assim que paro de frente ao prédio fico parada do lado de fora admitindo. Depois de tanto tempo, e pensar que foi aqui que as coisas começaram a mudar. Me vieram várias lembranças a mente, o passado aqui é tão presente. Decido afastar esses pensamentos e entrar na empresa. Foco Sarah! — Bom dia, sou nova aqui e preciso encontrar uma sala, pode me ajudar? — pergunto ao porteiro após cumprimenta-ló. Ele me olha com olhar gentil e me ajuda, logo depois que me identifico, e subo para meu novo local de trabalho. Entro com a chave que o senhor Gomes havia me entregue. Não havia ninguém ainda, sinal de que havia chegado muito cedo. Ainda tenho que me acostumar com muita coisa, é tudo novo e estranho. Como ainda não havia ninguém, penso em sair para comer algo, pois saiu antes do café ser servido no hotel. Decido ir a cafeteria que tinha visto próximo ao prédio onde estava, achei bem bonito e um ótimo lugar, pelo menos era o que dava para se dizer olhando por fora. Desço e vou a pé até o local, já que era muito próximo. Assim que entro na cafeteria vou direto ao balcão fazer meu pedido. — Quero um café expresso, por gentileza — peço e aguardo ele me entregar. Observo o lugar, estava bem movimentado, mas reparei em um pequeno grupo que estavam sentados em uma mesa próximo ao balcão. — Dizem que ela é a própria medusa, tem olhos em toda parte e consegue pensar em várias coisas, como se tivesse várias cabeças — a garota falou. — Ela nem pense que vai mudar as coisas por aqui, quem ela pensa que é para querer ser nossa chefe? — uma outra garota falou, parecia bem irritada. — A gente nem a conheceu ainda, Britney — o garoto fala. — E boatos podem ser apenas boatos — o sensato do grupo. Coitada da novata, pelo visto, não vai fazer muitas amizades com esses aí. — Não viaja Jonathan, nem queira defender a medusa — a garota que acho que se chama Britney diz. — Concordo com o John, a chefe pode não ser tão ruim. — Até você Rebeca? Já está querendo puxar o saco da cobra? — Britney bufa irritada. — Está olhando o que? — ela pergunta para mim. Só aí percebo que estava os encarando. Pego meu café e paro de prestar atenção neles. Que pessoal irritado, tenho pena da garota nova, penso comigo mesma. Perdi a fome, pego apenas o café mesmo e saio dali. Sigo para o escritório, assim que chego, já reservo a sala de reunião. Quando estou indo para o elevador esbarro em alguém, e derramei um pouco café nele, sorte que já estava terminando, então não ficou tão sujo. Penso após analisar o estrago. — Desculpa, sinto muito — me desespero. Tento amenizar a sujeira, mas de nada adiantava. — Esquece — ele diz com uma voz grossa. — Da próxima vez, vê se enxerga por onde anda e não sai derramando líquido em ninguém. Olhei para cima para poder encara-lo. Meus olhos estavam cheios de raiva. Quem esse cara pensa que é? Quando consigo finalmente o olhar, eu não consigo fazer mais nada, apenas admirar tamanha beleza. — Tenho mais o que fazer do que perder tempo com você — ele diz grosso sem nem ao menos olhar nos meus olhos. Realmente ele é bonito, mas quando abre a boca tenho vontade de fazer ele fecha-lá. Ele sai andando em direção ao elevador. Saio do transe imediatamente. — Segura o elevador — grito assim que o vejo entrando nele. Corro para alcançar, mas aí percebo que ele simplesmente me ignorou. Respiro fundo e chamo outro elevador. Mais alguns minutos e ja estou na minha sala. — Oito horas da manhã e meu dia já está péssimo — bufo. Pego as minhas coisas com pressa e vou para a sala de reuniões, espero que esse dia passe rápido. Chego na sala e todos já estão sentados, ouço bastante conversa, talvez estejam se questionando a respeito da reunião repentina. — Bom dia — digo ao entrar na sala. Todos ficam em silêncio e me observam. — Me chamo Sarah — me apresento. Todos os rapazes se levantam e sentamos juntos. — Prazer, me chamo Jonathan — quando o olho percebo o desconforto. Ele é o mesmo garoto da cafeteira de mais cedo. — Essas são Britney e Rebeca, falta apenas o Phil, mas teve um imprevisto. — Bom, devemos o esperar para a reunião, é o mais certo a se fazer — digo. — E é um prazer conhecê-los. Dou um meio sorriso e eles retribuem. — Desculpe o atraso — alguém diz entrando na sala. Ele senta ao lado esquerdo da mesa ao lado do Jonathan. Quando o olho não posso acreditar quem seja. — Oh não — digo e olho para baixo. — Você? — ele diz e sorri de canto, mas quando percebe fica sério de novo. — Era ele que faltava? — o ignoro e falo diretamente com a Rebeca. Ela assente e todos permanecem em silêncio. — Podemos prosseguir então — digo e abro meu caderno. Começo a pontuar os assuntos importantes. Percebo o olhar do cara grosso o tempo todo, mas ignoro. Não demoro muito, só achei importante apontar as coisas que precisam ser mudadas. No final da reunião deixo um espaço para eles falem. — Achei tudo muito bonito, mas não acho viável tantas mudanças agora ao final do trimestre — o cara grosso fala. — Que bom que não é você quem decide o que vai ou não ser feito — dou um sorriso forçado. — Se as coisas estivessem dando certo eu não estaria aqui, e não pensem que pedi para estar aqui, só estou fazendo meu trabalho e espero que façam o mesmo. Todos me olham espantados e percebo que fui muito rude. Esse cara já está me tirando do sério. — Qualquer conselho construtivo será bem vindo, minha sala fica no final do corredor, fiquem à vontade para irem lá — digo. — Estão dispensados. Não espero eles se levantarem e saio da sala de reunião. — Calma, Sarah, respira — digo a mim mesma. — Você consegue. — Sarah! — ouço alguém me chamar e viro para olha-lá. — Sou a Danielle, prazer. Sorri em forma de cumprimento. — Sou estagiária, e minha função agora é te ajudar no que for preciso. — Prazer Danielle — digo. — O que acha se começarmos me mostrando onde ficar cada setor aqui? Ela sorri. — Vamos por aqui — ela aponta e começo a segui-lá. — Trabalha aqui a muito tempo? — pergunto enquanto andamos. — Já tem uns meses, eu meio que faço de tudo por aqui. — Não me diz que eles te exploravam? Esta aqui para aprender e não deixem que te encham de trabalho. — Obrigada, senhora. — Nada de senhora, temos quase a mesma idade — ri descontraída. Ela sorri com isso. — A senhora, digo, você — ela se corrige. — É diferente do que imaginávamos. Eu ia responder quando a loira do café, e também uma das minhas novas colegas de trabalho, vem até nós. Os amigos dela estavam um pouco atrás. — Oi — ela vem toda de nariz empinado e ignora a existência da Danielle. — Sou a Britney e posso te mostrar tudo por aqui se quiser. Ótimo, uma puxa saco, e muito da falsa. — Já nos conhecemos, Britney — digo em cumprimento. — Me chamo Sarah, mas também conhecida como Medusa. Ela fica sem graça com meu comentário, e não fala mais nada. Seus amigos seguram o riso. — E não precisa se incomodar, a Danielle já está me mostrando tudo — digo. — Com licença — nos retiramos do ambiente. Andamos mais um pouco e percebo que a Danielle não para de me olhar. — Quer perguntar alguma coisa? — Desculpa, é que nunca vi ninguém falar com a senhora Britney assim. — Mas deveriam, esse tipo é bem comum nos livros e filmes, sempre tem a garota má tentando arruinar o trabalho da novata. — Você é bem diferente — ela ri. — Mas gosto do que vejo — sorri para ela. — O que disseram de mim por aí? — Bem, acho que você já descobriu o seu apelido — ela fala sem graça. — Ouvi no café hoje cedo, ela estava me detonando mesmo sem me conhecer. — Ela é assim mesmo, não me importo mais. — Todas as vezes que ela te tratar mal ou te fizer sentir interior quero que me diga, não permitirei esse tipo de comportamento dentro desta empresa. Ela sorri e concorda. — Agora me leva de volta pra sala que já estou perdida — rimos e ela foi me explicando o caminho. Continua... - - -♡- - -♡- - -♡- - -♡- - -♡- - -♡- - -♡- - - Beijos, Larissa.