CAPÍTULO 4

"Well, I hope that I don't fall in love with you

Cause falling in love just makes me blue

Well, the music plays and you display your heart for me to see

I had a beer and now I hear you calling out for me

And I hope that I don't fall in love with you."

Tom Waits - I Hope That I Don't Fall In Love With You

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Enquanto Wayne estava lidando com a dor da perda do irmão, e pela primeira vez após muitos anos chorando de novo, não só pela perda, mas frustração, impotência de não pegar o culpado e por saber que lá no fundo ele jamais será um bom Prez como o irmão foi.

Rosie permanece encolhida no seu canto, após a saída de Wayne ela nem tentou fugir novamente, deduziu mesmo que não tinha outra opção a não ser esperar, mas seu momento com ele não lhe saía da cabeça.

Wayne deixou claro o quão inútil ela era, o pior foi lhe dizer que estava fedendo, certo que ela não tomava banho com frequência, e era difícil conseguir um lugar para tomar banho para uma mulher fisicamente atraente assim, ou alguém queria algo em troca ou tentava a força ter algo em troca.

Nenhuma das opções era válida para a Rosie, não depois de lutar arduamente por sua honra, vivendo como um rato comendo restos e vestindo a mesma roupa um ano todo, as pessoas que diziam ajudar Rosie só faziam pelo simples fato de querer algo em troca e isso não daria, não mesmo.

Aaron chega ao clube novamente sozinho, Wayne escorrega mais do que manteiga e ele o perdeu enquanto o seguia, a princípio ele pensou que ele voltaria para o complexo, mas notou que não era o plano de Wayne, então após ser despistado ele retorna.

— Achei o fodido em um clube dos Mongols fodendo uma vadia no beco, mas o desgraçado me despistou de novo. — Ele fala frustrado.

— Wayne é mais esperto do que imaginamos, ele fica muito pior quando prende suas emoções, o filho da puta fica se remoendo por não achar o rato. — Willis fala igualmente frustrado, mas mantendo o controle. Já Wayne nunca teve controle, nunca.

— Isso é tudo culpa do pai, sorte que ele já está morto se não Wayne o mataria. — Wilf fala, ele estava coberto de razão, Wayne não tinha piedade de ninguém além dos irmãos e poucos do MC, apenas Aaron seu irmão de associação e Bryant seu treinador de luta eram considerados irmãos também.

— Eu mesmo gostaria de matar ele também, mas o fodido morreu antes de podermos. — Wyatt fala dando um trago em seu cigarro.

— Eu vou para o clube, preciso foder antes de ter que enterrar o Walter, não quero parecer uma mulherzinha na frente de todo o MC. — Wylie fala indo para a porta.

— Mas você é uma mulherzinha chorona. — Wyatt provoca, eles sempre faziam isso, os dois mais novos implicando um com o outro, mas não se separavam.

— Vá se foder seu babaca. — Willis e Wilf sorriem do irmão.

— Eu vou mesmo, preciso de uma boceta doce e disposta a tudo, quero foder mais de um buraco hoje. — Willis revira os olhos.

— Não quero ouvir detalhes das suas fodas, só sumam daqui seus putos. — Wyatt e Wylie saem rindo do irmão. Willis odeia quando eles dão detalhes, todos fodem, mas ele odeia imaginar seus irmãos as comendo, repugnante, ele preferia foder sem pensar nisso.

— Precisa de algo mais? Tô pensando em limpar a mente também. — Aaron fala, ele estava doido para beber muito, Walter foi mais seu pai que irmão, ele queria afogar as mágoas.

— Não, vai lá, não podemos algemar o Wayne no pé da cama até ele se acalmar, ele sempre foi assim. — Willis suspira cansado, ele estava carregando todo o peso sozinho, como o Wayne era instável e ele era o terceiro mais velho e o segundo mais velho dos que estão vivos, sobra para ele esse cargo das emoções.

— Se precisar é só chamar. — Aaron sai deixando apenas Willis e Wilf.

— Não precisa carregar tudo sozinho irmão, sabe que estamos aqui, eu estou aqui. — Willis assente.

— Eu sei, agora preciso falar com a cadela, preciso saber o que ela sabe. — Então Willis lembra que ela não fala e geme frustrado. — Só não sei como.

— Ela escreve? Isso pode ser útil. — Wilf fala fazendo Willis suspirar mais aliviado.

— Verdade, com tudo acontecendo nem pensei nisso. — O irmão assente.

— Eu disse que não precisava pensar em tudo sozinho. — Wilf toca no ombro do irmão e sorri o confortando. — Vou pegar um caderno e uma caneta, já volto.

Willis sai assim que Wilf sai, ele segue para o quarto onde deixou Rosie, ele tinha que resolver essa merda antes que piorasse a situação, quando chega lá avista o médico do clube encostado na parede perto da porta.

— Chris? O que faz aqui? — Ele olha confuso buscando a chave da porta no bolso.

— Um dos prospectos mandou me chamar, disse que o Wayne mandou vir para cá, tentei abrir a porta, mas está trancada então estou esperando. — Mesmo Wayne sendo bruto ele lembrou de chamar o doutor para a Rosie, afinal, ela era o ponto chave da morte do seu irmão.

— Não sabia disso, me deixe verificar as coisas lá dentro e já lhe chamo. — Ele assente enquanto Willis entra no quarto.

O doutor era jovem, serviu ao exército no princípio da juventude como médico e saiu após quase morrer, ele estava cansado de ver seus amigos morrerem nas suas mãos então saiu, certo que no MC morrem pessoas, mas não com tanta frequência como nas trincheiras. Doutor Chris Rowling, conheceu os Hell's Angels em uma corrida, ele sempre foi louco por motos, isso já era bom o bastante para ser de um clube, mas então houve um confronto com os Mongols e alguns Hell's Angels foram feridos, quem os ajudou foi o doutor.

A partir daí ele foi sendo incluído mais e mais até morar no complexo devido a pequenos ferimentos rápido para serem feitos. Willis vê a Rosie encolhida e suspira, ela estava tão assustada, ele gostaria de acabar logo com isso e liberar a garota, ele não queria lhe manter presa a eles, mas se fosse necessário faria.

— O doutor Rowling está lá fora, o que aconteceu? Wayne esteve aqui? — Rosie estremece ao ouvir o nome de Wayne, ela o temia tanto quanto sentia a necessidade de estar perto dele.

Ela assente saindo do seu esconderijo e ergue devagar a camisa mostrando o hematoma.

— Porra! Isso foi ele? — Ela assente, mas Willis entende que ele fez isso quando veio para o quarto dela. — O que mais ele fez? Ele pode ser o Prez mas vou dar na cara dele por isso. — Então Rosie entende a confusão.

Ela balança a cabeça frenética e com as mãos tenta dizer que não foi de agora, Willis vê ela balançando o dedo dizendo não, aponta para si mesma e com o polegar aponta para trás. Então ele nota o olho roxo que ela aponta, cobre seu rosto com o capuz e faz menção de briga, Willis se segura para não rir, a mímica dela até que era boa.

— Ahhh... Entendi, isso foi lá no beco quando ele te confundiu com um cara. — Ela suspira aliviada que ele entendeu.

Mesmo Rosie não tendo nada a agradecer ao Wayne, até porque ele a feriu, ela não queria que o irmão pensasse que ele fez algo mais, ele poderia ter sido rude, mal-educado e muito inconveniente, mas ele pareceu mesmo arrependido por ter lhe machucado. Ou foi isso ou ele fingiu muito bem, das pessoas que já bateram em Rosie nenhuma demonstrou sentir arrependimento após ver o estrago, então ela viu logo a diferença, ele pode ser bandido, mas parece que certas coisas ele não admitia também.

— Tudo bem, vamos fazer o seguinte, você toma um banho e após isso o doutor te examina, sem ofensa você está... com um pouco de mal cheiro. — Willis coça a nuca sem jeito, ele não era do tipo que ofende garotas, ele fode muitas delas e não nega isso, nem as ilude, mas não isso. Então ele não se sentia à vontade e Rosie percebe a fazendo rir de leve, ele era tão diferente do irmão.

Enquanto um é doce — na medida do possível — e tenta ser gentil e educado, o outro era totalmente o oposto, sem sombra de dúvidas.

— Pela risada estou sendo meio idiota. — Ele ri baixo também e ambos param sem saber o que fazer. O silêncio é quase palpável.

Rosie nota que ela está tão assustada, mas até agora só Wayne a fez mal, não de propósito, mas o único, eles só querem saber quem matou o irmão, se Rosie pudesse falar já teria dito. Por que guardar segredo se o melhor é dizer, não é? Quando a poeira baixar mais Rosie decide que irá dizer ou tentar dizer da forma dela tudo a eles, e enfim sair de lá.

— Bem, vou ver se alguma das vagabundas do clube tem algumas roupas para você, se elas usarem roupas porque sempre as vejo nuas ou quase nuas. — A última parte Willis solta sem perceber e quando olha para a Rosie ela arregala os olhos. — Isso soou horrível. — Ele coça a nuca novamente.

Ela notou que esse gesto é feito quando ele está desconfortável ou nervoso, ela lhe dá uma olhada melhor e nota o quão lindo e sexy ele era, não dá mesma forma que Wayne, ambos tinham sua beleza peculiar, mas como irmãos eles eram parecidos.

— Volto logo. — Ele sai apressado e tranca a porta. Ainda no mesmo lugar ele vê o doutor. — Acho que as costelas estão quebradas e o rosto está machucado, a mandei tomar banho antes, me agradeça por isso.

— E o que houve de fato? — Chris pergunta curioso.

— Wayne a confundiu com um cara, longa história, então ele não deu refresco. — Willis suspira.

— Ele está bem com isso? Sei que ele não bate em mulheres. Nunca. — Todos do clube sabem sobre a história dos Jenpsen e com certeza obedecem às regras impostas, principalmente com as mulheres.

A mãe deles era abusada tanto sexualmente quanto fisicamente pelo pai, forçada a coisas inimagináveis, não só com ele, mas quando o pai estava afim de compartilhar era o caos. Os meninos tentavam, mas jamais conseguiam dormir com os gritos da mãe sendo abusada por sabe-se lá quantos motoqueiros amigos do pai, até hoje Willis sente essa dor, não só ele claro.

Então quando eles tomaram as rédeas do clube foi estritamente proibido abuso contra as mulheres, elas só fodem se quiserem, nem surras, só se elas pedirem por algo assim, e mesmo assim não pode ser algo duro demais.

Eles não perdoam ratos, torturam quando necessário, homens, os inimigos e quem for, mas essa lei não se aplica a crianças e mulheres, nem menores de idade são permitidas no clube, essas nem se quiserem, criança é criança.

— Quando se trata do Wayne nunca dá de saber, vou pegar algumas roupas para ela e quando eu voltar você assume.

— Tudo bem. — Ele assente enquanto Willis sai atrás das roupas.

Rosie entra no banheiro e tranca a porta, por precaução, tirando camada após camada da sua roupa ela sente até uma leveza, foram necessárias as roupas para seu corpo não chamar atenção, até que ela reconhece o quão fedida estava. Mas não por opção, onde ela ia tomar banho sendo mulher? Sempre que pedia para usar o banheiro de alguém eles queriam "algo" em troca, Rosie não tem nada para eles, não que possa dar, então desistiu de pedir depois de um tempo.

Já despida e dentro do box ela liga o chuveiro e respira fundo sentindo o cheiro da água morna, ela sempre foi limpinha e odiava ter que estar suja, quando a água caia no seu corpo ela ia relaxando à medida que a sujeira ia desaparecendo.

Seu cabelo seco e embolado ia se desembaraçando o deixando suave e macio outrora, mesmo a dor no olho machucado e nas costelas ela aproveitou bem o banho, cada momento dele até uma batida soou na porta, ela agradeceu mentalmente por ter lembrado de trancar.

— Tenho suas roupas, só me avisar quando terminar de se lavar. — Era o Willis.

Hora de o banho acabar, com tudo limpo novamente ela sai do box e se enxuga com a toalha, com certeza ela sentiria falta de um bom banho quando fosse embora de novo.

Sua barriga roncou alto a lembrando de que estava com fome, ela havia comido um resto de sanduíche pela manhã que achou na lixeira, mas já era tarde da noite agora, esperava achar mais quando fosse liberada, ela não ia pedir mais nada deles, não para ter uma dívida maior do que poderia pagar.

Tradução do trecho da música:

"Bem, eu espero não me apaixonar por você

Porque a paixão só me deixa triste

Bem, enquanto a música toca você me mostra o seu coração

Eu tomo uma cerveja e agora ouço você me chamando

E eu espero não me apaixonar por você."

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