Data: 06/12
Cá estou, sentada em minha cadeira branca, com meu diário sobre a mesa de madeira da mesma cor e um abajur para clarear as ideias.
A fim de compreender tudo o que tenho a dizer, teremos que partir do início. Tentarei ser sucinta e clara.
Caro diário,
Aos 13 anos comecei a me ferir. Desculpa, mas é que eu não tive escolha, entende? Já não mandava em mim. Essas torturas me acalmavam, porque o que eu sentia por dentro era bem pior, era assustador.
Ao ver meu sangue caindo no chão, pouco a pouco, ia me acostumando e relaxando. Isso se tornou meu refúgio.
Isso, infelizmente, tornou-se frequente tanto discussões dos meus pais, por minha culpa, quanto agressões comigo mesma.
Aos 14 anos, comecei a arrancar fios de cabelos. Sim, claro que doía, mas, depois de três meses fazendo o mesmo processo me acostumei. O que sentia em meu interior era pior. Se tornou um vício... Um vício que eu tentava parar e não conseguia e, por não conseguir, me sentia inútil e continuava a praticar.
Nesse mesmo ano, comecei a escrever poemas sobre maldades da/na adolescência: amores não correspondidos; preconceitos no ensino médio; sociedade hipócrita; falso moralismo; falsidade e uma vida vazia e cheia de sentimentos, quer dizer, não é tão vazia assim, certo?
Enfim, no dia do meu aniversário de 15 anos, no qual tive uma festa digna de princesa — com direito a carruagem —, meu pai me presenteou com um diário-preto, com elástico da mesma cor e uma pena de caneta dourada na frente.
Ele me presenteou porque sabia que eu não gostava de conversar, então, achou que de alguma forma eu precisava desabafar. E como precisava...
Ao final dos 15 anos, tudo piorou.
Data: 07/01
Foi a partir dessa idade que comecei a escrever de fato em você e com essas escritas fui salva de mim mesma.
Eu sou a nerd, não, não me acho a nerd romantizada de livros de clichês. Sou esquisita e faço questão de ser invisível, porém, isso só durou no meu primeiro ano de ensino médio.
Tudo que já dava errado na minha vida, veio a piorar quando descobri que minha mãe me detestava — certo, não foi bem uma descoberta e sim uma confirmação vinda da mesma.
Sou uma adolescente problemática que pelos mais velhos não é compreendida.
Fui em uma das milhares de palestras no qual o meu pai era convidado, a princípio eram muitas informações para uma adolescente, até que chegou o palestrante, Guilherme Pinto, falando sobre amor próprio e violências.
Em certo momento, fez a seguinte pergunta, querido diário:
“Como a gente cresce se amando, se o amor é dor?”Isso martelou na minha cabeça. Memórias ressurgiram, lágrimas brotaram ali mesmo na plateia e eu não conseguia encará-lo. Não tem como eu me amar ou me sentir amada com tanta dor. Não dor física, pois vai muito além disso, para algo interior: psicológico.
E ele continuou:
“Como a gente vai reconhecer o amor, sendo tudo que a gente teve foi a dor?”
Como se não bastasse todo o impacto que me causou, ele continuou:
“Hoje, realmente, você se conhece de verdade? Ou você só está sendo o que a sociedade deseja? Ou ainda, talvez, você só esteja cumprindo as expectativas que seus familiares querem de ti.”
Assim eu me resumo, eu sou, eu era, a expectativas dos outros. Isso me causou grandes problemas. Sentindo meu subconsciente tentando me atormentar ainda pude ouvi-lo encerrar:
“Se eu pudesse dar um conselho de vida para vocês seria: Seja o amor da tua vida!”
E foi depois dessa palestra que eu comecei a pensar: se não for eu, que graça tem a vida? Desse modo, fiz o ato mais corajoso que poderia fazer: eu pensei e formulei meus próprios pensamentos.
🍦
Sim, é mais um livro, cheio de pensamentos, medos e, claro, com clichê romântico para te fazer lembrar que para o amor, vale tudo, e clichê não passa de clichê.
Embarque comigo e lembre-se:
Fragmentos são necessários para nos tornamos humanos de verdade.
🌻
Já sabem:
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Matheus Silva❤
Matheus Silva ❤