- CAPÍTULO 3 -

_Sofi, esse é Aaron Winters. O Alfa da minha alcateia e Supremo Alfa.- Jú disse.

   Então esse deus grego é o Supremo Alfa.

_Júlia, vou permitir que a sua amiga permaneça na minha alcateia. Mas, para isso acontecer, ela terá que seguir minhas ordens.- Aaron falou, olhando para Jú.

_Pode dei...- não deixei ela terminar.

_Nem pensar!- Protestei. 

_SOFI!- Júlia me repreendeu.

_Júlia, você me conhece. Não sigo ordens. Nunca segui e não é agora que vou. Muito menos se vierem de um homem que eu nem conheço.- falei, apontando para Aaron.

   Os olhos dele começaram a ficar vermelhos. A raiva está visível no rosto dele.

_Aaron, se acalma cara!- Taylor falou.

_QUEM VOCÊ PENSA QUE É? Não queria sequer permitir sua estada aqui.- Aaron rosnou.

_Então não permita, é simples. Porque eu sou aquela que não vai seguir ordens suas, Supremo Alfa!- o confrontei.

_Sabia que ia dar confusão.- Júlia falou, colocando uma mão no rosto.

_Escute, Sophia Summers, se quiser se abrigar na minha alcateia terá que seguir minhas ordens!

   Pois é! O Supremo está bem irritado. Estou brincando com fogo, mas não ligo. Também não sou das melhores pessoas para se desafiar. Não vou abaixar minha cabeça e ser submissa a ele.

_Então eu tenho uma coisa para te dizer, Aaron Winters: não vou ficar aqui nem morta. Fui, Jú.- dei meia volta e comecei a andar em direção à porta.

_Onde você pensa que vai?! Ainda não dei permissão para você se retirar.- Aaron falou, com os braços cruzados.

_Não preciso de permissão. Como qualquer outra pessoa, tenho direito ao livre arbítrio.- disse, olhando para o Alfa.

   A expressão dele é a de alguém que quer voar no meu pescoço.

_SOPHIA SUMMERS, JÁ CHEGA! Você vai ficar e seguir as ordens do Supremo, assim como todos.- Jú disse.

_Júlia, não me faça perder a cabeça... Você sabe muito bem que não sigo ordens, por mais que eu tente... Você sabe o motivo.

   Júlia ficou em silêncio por um tempo, mas logo começou a falar. Dessa vez, mais compreensiva e calma.

_Eu sei, Sofi, e sinto muito por isso. Mas você precisa. Se não ficar aqui, sua vida estará em perigo.

   Por quê ela tem que ter razão?

   Não consigo seguir ordens porque, quando tinha 13 anos, depois de tanto insistir para ir junto com minha mãe à biblioteca, acabei desistindo. Passaram-se horas e nada dela retornar. Meu celular tocou: era a polícia. Disseram-me que, ao sair da biblioteca, minha mãe foi atacada por um bandido que a esfaqueou.

   Infelizmente, os golpes atingiram pontos vitais. Culpei-me e me culpo até hoje pela morte dela. Eu fazia aulas de auto-defesa, e se tivesse ido com ela ainda a teria ao meu lado. Quatro anos depois meu pai também faleceu, após anos de tanta angústia e tristeza. Ele tentava disfarçar para mim, fingir que estava tudo bem, mas eu sabia e sentia que ele estava cada dia mais triste.

   É por isso que não sigo ordens. Porque, se não tivesse seguido a ordem da minha mãe naquele dia, se tivesse ido com ela... Ela estaria viva, assim como meu pai.

_Tudo bem, vou me comportar. Mas não garanto ser a melhor das 'discípulas', ou que vou seguir todas as ordens.- falei.

_ÓTIMO!- Aaron disse, ríspido.

_Sofi, vem. Vamos para casa. Até mais, Aaron e Taylor.- Júlia disse.

   Ela deu um beijo em Taylor e foi saindo logo em seguida.

_Até mais, Taylor.- disse e fui saindo.

_Onde vai sem se despidir?- Aaron falou- Ainda que você não seja uma loba, por enquanto eu sou seu Alfa, o Supremo Alfa. Você me deve respeito.

_Pode ser, mas falo apenas com os que são merecedores do meu respeito.- falei e saí, batendo a porta com força.

   Fala sério, ele é muito mandão! Por quê tinha que ser tão lindo?

   Não abaixo a cabeça fácil. Cedi agora por necessitar ficar, mas Aaron ainda terá muitas dores de cabeça comigo. Não sigo ordens, falo e faço o que penso, e muitas vezes tenho um temperamento forte.

   Na verdade, nunca vou abaixar minha cabeça para ele. Ele não perde por esperar. Mas, agora, vou apenas pensar em ir para a casa da Jú e tomar um bom banho. Não aguento mais todo esse sangue em mim!

   Chegamos! A casa da Júlia é linda. Fui para o banheiro e tomei um bom banho. Saí e vesti roupas que a Júlia me emprestou.

_Sofi, amanhã nós vamos na sua casa pegar suas roupas.- falou.

_Tudo bem, Jú. Agora vou andar um pouco. Preciso esfriar a cabeça. Aquele ser humano me tirou do sério!

_Tudo bem.- falou rindo- Entendo como você está se sentindo, já que odeia obedecer. Só tenha cuidado.- falou.

   Assegurei à ela que teria. Em seguida, saí da casa e fui conhecer a alcateia.

   Todas as pessoas são muito legais! Estou chegando na parte mais densa da floresta, já distante da alcateia. Foi quando escutei uns gemidos. Como sou curiosa, decidi ir checar, mas me arrependi amargamente ao ver que é Aaron, aos beijos com uma garota: loira e oxigenada, uma quenga visível.

   Não sei por qual motivo, mas senti algo se quebrando dentro do meu peito. Meus olhos se encheram de lágrimas e queimaram, embaçando minha visão por breves momentos. Porém, depois de piscar algumas vezes, o queimar em meus olhos cessou.

   Por quê estou sentindo isso?! Ele é um estranho! Não tenho nada com ele! Resolvi ir embora. Mas, como nem tudo são rosas, infelizmente sentiram meu cheiro. Maldito faro de lobo!

   Estou saindo de fininho, mas eles foram mais rápidos.

_O que está fazendo aqui, Sophia?- Aaron perguntou.

   Droga!

_Quem você pensa que é para nos atrapalhar, garota?- perguntou a loira.

_Para começar, cala essa boca que a conversa ainda não chegou no galinheiro.- falei para a galinha, que me olhou com ódio- E segundo, estou conhecendo a alcateia. Algum problema?- falei para Aaron.

_Sophia, você está brincan com fogo!- falou o pecado arrogante, com uma sobrancelha arqueada.

_Sem problemas, eu sou a água.- falei, dando de ombros.- Se tivesse medo de fogo, não tinha arriscado minha vida para salvar alguém que nem conheço em um incêndio!- exclamei.

   Isso foi há dois anos atrás:

   Estava voltando para casa, de noite, quando vi um tumulto em frente a um prédio pegando fogo. Vi um casal desesperado por seu filho que ainda estava lá dentro. Naquele momento, meus instintos falaram mais alto. Passei rápido pelos bombeiros e pelas pessoas, entrando no prédio. Apesar de algumas queimaduras, consegui salvar o garoto. Isso foi o que me deixou mais feliz: ver a felicidade e o amor daquela família.

   Aaron ficou calado.

_Garota, você acha mesmo que vamos acreditar que estava conhecendo a alcateia?! Ela já está um pouco distante, não acha?- a loira perguntou, rindo irônica.

   Que vontade de voar no pescoço dessa vadia!

_Acho! Estava vendo, mas ouvi um barulho por aqui, então segui. Quando cheguei, vi vocês dois. Mas acredite se quiser.- dei de ombros- Mais alguma pergunta ou encerramos o interrogatório?

_Sophia, fale direito com a Drika!- mandou Aaron, provando que ainda possui voz.

_Como já disse, não sigo ordens.- falei, com um sorriso de canto.

   Iriam falar algo, mas foram interrompidos.

_SOFI!!!- é a Júlia.

   Virei para trás rápido.

_Vamos embora agora. Vem!- falou, já me puxando.

_Mas o que...

_Vai por mim, se você tivesse ficado seria muito ruim. Pode me agradecer depois.- falou, convencida.

   Iria protestar, mas vi algo que me fez paralisar: um garoto alto, musculoso, de cabelo castanho claro e olhos negros. Não pode ser... Rick. É meu irmão! Rick Summers, que desapareceu com 9 anos, quando eu tinha apenas 7.

   Nesse momento minhas pernas ameaçaram falhar e uma lágrima caiu do meu olho esquerdo, sem minha permissão.

_RICK!- gritei e me soltei de Júlia, correndo em direção à ele.

   Ele olhou em minha direção e arregalou os olhos.

_SOPHIA?!- gritou surpreso.

   Ele veio correndo ao meu encontro também. Nos abraçamos e comecei a chorar.

_Maninha...- falou em meio ao abraço,

_Pensamos que você estava morto.- falei entre lágrimas.

_Eu estou bem. É que fui mordido por um lobisomem e acabei me tornando um. Com medo de machucar vocês, decidi partir.- respirou fundo- Sinto muito pela mãe e o pai.

_Tudo bem.- falei, afastando-me dele.

_O que aconteceu? Sinto cheiro de ódio e tristeza em você.- perguntou, preocupado.

_Não foi nada. Deixa para lá. Rick, me prometa que não vai mais me abandonar.- pedi.

_Nunca, princesa. Nunca mais!

   Sorri e comecei a falar:

_Então amanhã você vai comigo em casa, pegar minhas roupas.

_Pode deixar. Passo na casa da Júlia, não é?- perguntou.

_Isso!- respondi.

   Júlia e eu fomos para casa e expliquei tudo a ela sobre meu irmão.

   Fomos dormir. Demorei um pouco para pegar no sono, mas logo fui entregue à escuridão. Acordei cedo e me aprontei. Tomei café e logo Rick chegou.

_Vamos chamar o Taylor para ir também!- Jú falou e eu concordei.

   Estamos na metade do caminho, mas, de repente, Júlia correu em direção à uma mulher daqui da alcateia: uma loba.

_CUIDADO!- gritou enquanto corria.

   Quando a alcançou, empurrou-a e as duas cairam no chão, ao mesmo tempo em que uma flecha atingiu o lugar onde a loba estava há alguns segundos.

_JÚLIA!- gritei.

_CAÇADORES! OS CAÇADORES ESTÃO ATACANDO!- anunciou Rick- Sofi, vá para casa, onde vai estar segura.- disse, depositou um beijo em minha testa e correu para ajudar Júlia logo em seguida.

   Nesse curto tempo em que meu irmão correu, a alcateia entrou em "modo ataque" e os caçadores se mostraram, iniciando uma luta. Todos estão lutando -alguns em forma lupina, outros em forma humana-, e comigo não é diferente. Com minhas aulas de defesa, posso ajudar e me virar por conta própria e sobreviver.

   O caçador que é meu adversário e eu, estamos a trocando poderosos chutes e socos, em uma luta violenta, intensa e sanguinária. Pelo canto do olho, observei Rick e Júlia lutando lado a lado, na forma lupina.

   Taylor, Aaron e a loira oxigenada saíram da casa principal - a de Aaron -. Notei Taylor se transformar e correr na direção de Júlia e Rick. Ele estava feroz. Aaron parece preocupado, à procura de alguém... Mas quem?

   Fui tirada de meus pensamentos ao sentir uma dor alucinante em meu braço esquerdo.

_ARGHH!!- gritei.

   Uma flecha acertou meu braço de raspão.

   Pode parecer loucura, mas percebi Aaron olhar para mim e arregalar os olhos. Depois meus pensamentos foram interrompidos por um murro que recebi no rosto. Foi um murro forte, tão forte que me fez cair para o lado. Por ser habilidosa em lutas, aproveitei essa queda, apesar da dor no braço, para dar uma estrelinha, golpeando o rosto do caçador com meu pé.

   Ele caiu e aproveitei para revidar. Peguei a flecha que me feriu, a qual estava fincada no chão, e cravei na barriga do caçador logo em seguida. Em poucos segundos ele já jazia morto no chão.

   Olhei ao redor e vi que a luta continua. Todos estão lutando, e os caçadores estão sendo derrotados. Acho que eles também perceberam isso, pois sumiram como fumaça, inclusive os cadáveres.

   Todos voltaram à forma humana e se entreolharam, desconfiados. Nenhum de nós teve ferimentos fatais, o que me deixou muito feliz. Fui em direção à Júlia, Taylor, e Rick, já que estavam no mesmo local.

_Graças aos céus estão bem!- falei.

   Eles me olharam

_Jú, nunca mais me assuste assim!- continuei.

_Tudo bem.

_Sophia, o que aconteceu com o seu braço e seu rosto?- Taylor perguntou.

   O braço sabia que estava ferido, mas o rosto... deve ter sido o murro.

_Assim como vocês, eu também estava lutando.- Rick rosnou por ter desobedecido ele- Isso no meu braço foi uma flecha que me acertou de raspão. O rosto foi um murro que levei.- falei normalmente.

   Escutei Rick rosnar novamente.

_Quando achar o desgraçado que te fez isso...- ele falou, rosnando cada vez mais alto.

_Você não vai achar ele. Está morto.- todos me encararam- O quê?! Era matar ou morrer.- falei, dando de ombros.

   Senti uma presença ameaçadora e fiquei em alerta.

   Dei uma rasteira rápida e habilidosa, acertando um caçador que acabou de surgir atrás de mim. No momento em que ele caiu no chão, acertei um soco em sua barriga com muita força. Esses degraçados tentaram matar pessoas importantes para mim, e isso eu não perdôo.

   Meus olhos começaram a queimar novamente, mas os mantive abertos e o caçador e eu começamos a nos encarar. Ele me olhou com raiva.

_Sua vadia!- falou e eu escutei um rosnado vindo de alguém da alcateia, o que me arrepiou até a espinha.

   Ao me encarar mais um pouco o pavor surgiu em seus olhos e logo ele sumiu. Levantei-me em seguida.

_Como soube que um caçador iria aparecer?- Júlia perguntou, surpresa.

_Não sei. Apenas senti uma presença e segui meus instintos.- dei de ombros.

   Depois disso, todos foram para suas casas. Júlia, Rick e eu fomos ver se estava tudo bem na alcateia, enquanto Taylor foi até a casa principal com o Supremo para resolverem algumas coisas.

   Depois de ver que a alcateia estava em ordem, fomos ao encontro de Taylor. Ainda preciso ir buscar minhas roupas. Chegando lá, preparei-me psicologicamente e entramos.

   Demos de cara com Taylor e Aaron na sala.

_Taylor, quer ir com a gente na casa da Sofi pegar as roupas dela?- perguntou Jú.

_Claro!- falou, levantando-se e vindo em nossa direção.

_Júlia.

   Essa voz dominate de Alfa me causou arrepios até na espinha.

_Sim, Aaron?

_O que quer dizer com pegar as roupas dela? Ela já não está com as mesmas?- Aaron perguntou, cruzando os braços.

_Na verdade, não.- notei seu corpo ficar tenso e um leve volume surgir em sua calça- Ela estava ontem, mas as roupas estavam sujas com o sangue de um dos lobos que matei. Agora ela está usando roupas minhas.- explicou Jú.

   Aaron continuava tenso, só que agora me encarando.

_Então o cheiro de ontem não era o dela? - perguntou Taylor.

_Não. Era do lobo que tentou matá-la.

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