“Lisandra”Ele estava me olhando como se estivesse processando aquelas duas palavras, como se levasse um tempo para compreender que eu tinha pesadelos recorrentes.- Espera, no dia em que a minha mãe esteve aqui ela te perguntou por pesadelos, eu estou neles com frequência? – Eu esperava que ele não me perguntasse isso, mas eu não mentiria.- Desde que você gritou comigo pela primeira vez eu tenho pesadelos. Em geral são versões de você gritando comigo e dizendo que me detesta e que eu sou uma menininha mimada e insuportável. Antes de você voltar de viagem eram formas diferentes e cruéis de você me demitir. – Eu abaixei os meus olhos. – E nos últimos dias era você dizendo que amava a Sabrina e que ela era uma mulher e eu apenas uma menininha mimada.- Nos dias em que dormimos juntos você não teve nenhum pesadelo. – Ele me observava como se quisesse capturar cada mínima reação que eu tivesse.- Nos dias em que dormimos juntos eu estava relaxada e feliz, por isso não tive pesadelos. Pod
“Patrício”Lisandra me olhava sem entender, mas foi realmente engraçado. Ela se assustou tanto que me derrubou. Ela sempre foi um pouco desastrada e quando ficava nervosa era ainda pior.- Meu doce, você é linda demais, mas é meio desastrada! – Eu falei vendo a incompreensão dela e depois elevei a voz para responder ao meu amigo. – Alê, está tudo bem, me dá só um minuto.- Ô, rapaz, não me diga que eu interrompi de novo? – Alessandro gritou da porta e eu voltei a rir. Me lembrei das muitas vezes que ele e a Catarina estavam em situação bem semelhante a minha agora e eu os interrompi.- Quem é o empata foda agora? – O respondi me levantando e pegando a minha camisa do chão. Eu ainda ouvi a gargalhada do Alessandro.- Só pra você saber, a Melissa está a caminho! – Alessandro avisou, me fazendo rir mais enquanto eu ajeitava a saia da Lisandra no lugar e a ajudava a se sentar. Ela me observava como se a minha conversa com o Alessandro fosse um grande absurdo. E seria, se ele não fosse o m
“Lisandra”Quando voltamos do almoço eu finalmente me sentei a minha mesa para trabalhar. Foi só então que notei sobre ela uma sacola de papel de uma loja de doces muito fina. O cartão estava preso no laço de fita que adornava a sacola. Abri e fiquei emocionada, nele estava escrito:“Eu não sei se eu tenho resposta para todas as perguntas, mas eu quero me desculpar por cada vez que te magoei. Eu ainda não sei o que você está fazendo comigo, mas você me encanta, me fascina e me faz querer estar com você. Eu juro que tentei fugir disso, mas eu não consigo mais ficar longe de você. Por favor, deixa eu me explicar, deixa eu me desculpar. Patrício Guzman.”As palavras dele naquele cartão significavam muito. Eu não sabia quando ele teve tempo para providenciar isso, mas o cartão estava datado do dia anterior. Abri a sacola e dentro havia uma caixa de turrones, meu doce preferido. Ele teve o trabalho de consegui-los e eu estava encantada olhando para a caixa. Mas antes de ir lhe agradecer eu
“Patrício”Eu sabia que os irmãos Moreno seriam a parte difícil nessa situação com a Lisandra, mas eu não esperava por um escândalo, tampouco queria que eles descobrissem assim. Eu reuni toda a minha calma e agi como um homem preparado, racional e inteligente.- Podemos conversar como pessoas civilizadas, Raul? – Eu o encarei, mas continuei abraçado a Lisandra, ela parecia assustada com a entrada abrupta do irmão.- Pessoas civilizadas, Patrício? Você estava prestes a profanar a minha irmãzinha em cima da sua mesa de trabalho!- Não seja ridículo, Raul! Eu não estava profanando nada! A Lisandra e eu estamos namorando. – Eu falei com segurança e percebi que a Lisandra deu um pequeno sorriso.- Namorando? Mas que absurdo é esse? Ela é uma criança e vocês são quase irmãos! – O Raul chegava a ser cômico, sempre tratou a Lisandra como um bebê.- Minha nossa, Raul! A criança aqui tem vinte e sete anos, isso são quase trinta, meu amigo. E para minha alegria, eu nunca considerei a Lisandra co
“Lisandra”Quando o meu irmão entrou na sala eu sabia que ele ia gritar e espernear, mas não passaria disso, pois o Raul não era estressado como o Flávio, que partiria para cima do Patrício sem se lembrar que eram amigos. E foi exatamente o que aconteceu, ele fez um dramalhão, mas se convenceu de que eu estava feliz e já estava sorrindo.- Irmãzinha, me desculpe o jeito que eu falei com você, é que eu fiquei muito surpreso. – Meus irmãos eram protetores e me tratavam como se eu fosse uma criança que precisasse ser protegida, e quando brigavam comigo logo se sentiam mal e estavam se desculpando.- Eu te desculpo, mas só porque hoje eu estou generosa! – Eu sorri e ele me abraçou.- Cunhado, bem vindo a família! Cuida dela, e tenta manter as suas calças na cintura! – Ele estendeu a mão para o Patrício.- Hipócrita! – O Patrício riu e o abraçou. – Eu cuido dela. – Eu achei tão lindo, queria pular no colo do meu namorado e enchê-lo de beijos.- Eu já vou indo! – O Raul se despediu do Patrí
“Lisandra”O Alessandro tocou num ponto muito sensível para o Patrício e eu sabia disso, imediatamente ele ficou tenso e é claro que eu percebi, mesmo que ele tenha tentado disfarçar no segundo seguinte com um sorriso. Isso poderia fazer um estrago no meu recém namoro, mas eu não permitiria que as coisas degringolassem assim, eu não ia deixar o clima entre nós esfriar por causa de algo com o qual eu podia lidar no momento. Eu decidi ser inteligente e tirá-lo do desconforto. E além do mais, eu precisava ter confiança no meu propósito de conquistá-lo.- Cariño, nós podemos jantar com eles e sair mais cedo, mas nós temos que ir para o meu apartamento, você já tinha deixado algumas coisas lá, seria mais prático. – Falei sem deixar transparecer que eu percebi o seu incômodo e ele relaxou imediatamente.- Tem razão, seria mais prático. Mas não seria o mais honesto. Vem cá. – Ele suspirou e me puxou para os seus braços. – Eu mandei reformar a casa inteira, você sabe porque. Eu ainda não me s
“Patrício”Eu tateei o fundo daquela gaveta e não encontrei os preservativos, mas eu tinha deixado vários ali. Levantei a cabeça e me estiquei para olhar a gaveta, mas não tinha nenhum lá dentro.- Eu tinha certeza de que tinha deixado aqui. – Eu estava confuso.- É, deixou. – Lisandra falou com calma. – Mas, eu estava chateada e pensei que você não viria mais, aí eu joguei fora. – Eu olhei pra ela, quase sem acreditar no que ela disse. Agora, o que nós faríamos? Eu estava ansioso por ela e não aguentaria esperar mais, isso seria uma tortura.- Jogou fora? – Perguntei sem acreditar e ela fez que sim. – Todos eles? – Ela fez que sim novamente. – E agora? Olha a minha situação, meu doce! Como eu posso sair e ir a uma farmácia nesse estado?Ela começou a rir, mas eu sabia que ela estava tão excitada quanto eu e que também não ficaria feliz em ter que passar a noite na vontade. Nosso banho havia sido uma grande e deliciosa preliminar e eu realmente não podia ir a uma farmácia com aquela e
“Lisandra”A noite com o Patrício foi melhor do que qualquer sonho que eu tenha tido com ele na vida, foi melhor do que todas as outras vezes em que dormimos juntos. E as coisas que ele me falou? O que ele me falou, deixou meu coração em festa. Mas eu não podia me iludir, aquilo de me querer pra toda a vida, por melhor que parecesse, foi no calor do momento, eu precisava me lembrar que esse homem ainda não me amava.Mesmo assim, eu estava mais determinada do que nunca, ele tinha me dado uma chance de conquistá-lo, estava me dando tempo de mostrar a ele o quanto isso pode ser bom, o quanto eu posso ser boa pra ele, então eu aproveitaria, eu faria com que ele me amasse.Eu estava sorrindo como uma boba enquanto preparava o café da manhã. Eu saí da cama e ele ainda estava dormindo, eu queria preparar o café pra ele, mimá-lo um pouco. Eu sabia que ele gostava de ovos benedict e por isso eu os preparei e estava acabando de passar o café quando senti os seus braços fortes em minha cintura.