Alugada para amar um Milionário
Alugada para amar um Milionário
Por: FannyMotta
Capítulo 1: Uma Solução?

Laura Martins:

— Já vai! — Tento gritar, mas a minha voz estar tão fraca que duvido muito ter saído mais do que um sussurro.

Hoje estar sendo mais um dos dias difíceis, é o segundo dia em que falto no trabalho, anteontem eu desmaie no banheiro e bati a cabeça na privada, no hospital foi me dito que uma senhora havia me levado, mas que ela não deu o nome, apenas disse que em outro momento me encontraria, eu achei estranho, e mais estranho ainda por eu estar num hospital particular, um dos mais caros aqui de Salvador, o Vivaz. E, para falar a verdade, eu estou com medo de encontrar essa mulher que me salvou, ela provavelmente quer o dinheiro dela de volta, mas eu não tenho nem um centavo.

— Que dor! — Reclamo, sentindo meu crânio latejar e passo a mão em meus cabelos.

O meu estômago ronca, mas mais uma vez o ignoro, lentamente caminho até a porta de entrada da minha casa.

— Bom-dia, senhorita Martins — uma mulher bem vestida cumprimenta-me, fico parada alguns segundos tentando lembrar-me de onde eu a conheço. Ela não me é estranha, mas eu não consigo lembrar-me dela.

— Bom-dia! — A cumprimento de volta. — O que deseja?

— Quero tratar de um assunto delicado com a senhorita, posso entrar?

Estreito meu olhar em sua direção, desconfiada para ela, que tipo de assunto ela teria para tratar com alguém como eu?

— Não é uma boa ideia permitir que uma estranha entre na minha casa — digo, começo a fechar a porta, mas a moça coloca o pé atrapalhando-me.

— Não sou uma estranha, somos... colegas de trabalho, é isso! — Ela diz rápido. — Trabalhamos para a mesma família, e não posso sair daqui sem uma resposta sua. Temos que conversar, por favor.

— Você não vai tirar o pé da minha porta, né? — Questiono, já me sentindo cansada dessa conversa.

— Não, mas prometo que não irei demorar.

— Certo, entre — dou passagem para ela entrar.

Não me preocupo em falar para ela não se incomodar com a bagunça, a única coisa que tenho na sala é um sofá de três lugares que a vizinha me doou.

A moça senta-se no assento direito do sofá e eu no esquerdo.

— Bem, anteontem eu encontrei-a desmaiada no banheiro da empresa... — ela começa a falar.

— Então você veio cobrar-me o dinheiro que gastou no hospital comigo, não é? Olha, eu não tenho como te pagar agora, mas se você me der um pouco de tempo...

— Não! — Ela interrompe-me, franzo o cenho confusa. — Foi a minha chefe quem pagou o hospital para você — esclarece. — E ela quer te propor um acordo.

— Que tipo de acordo?

— A minha chefe irá pagar todos os seus tratamentos, cirurgia e medicação para a cura do seu câncer, e ainda te dará uma mesada de mil reais por mês.

— Em troca do que ela faria isso por mim? — Pergunto, já não gostando, ninguém faz nada de graça por ninguém, não acredito em fadas madrinhas.

— Ela quer te alugar.

— Quê!? — Exclamo em choque. — Me alugar para quê? — Indago confusa.

— Para namorar e amar o filho dela — ela fala com um sorriso enorme no rosto, como se isso fosse a coisa mais natural do mundo.

— Não vou me prostituir! — Exclamo extremamente ofendida com esse acordo proposto. — Sei que não tenho muito dinheiro, mas sei muito bem que tenho o meu valor!

— Não estamos pedindo para você transar com ele, mas para que o tire do escuro — pontua. —  O filho da minha chefe carrega muitos traumas e por muitos anos ele ficou trancado em casa, sem demonstrar nenhuma emoção, mas você conseguiu despertar emoções nele e ela acha que você pode salvar o filho dela.

— Eu despertei sentimentos nele? Eu nem sei de quem vocês estão falando!

— Entenda, você salva o filho dela e ela salva você, simples assim. E se por um motivo você acabar se apaixonando por ele, não tem problema, com tanto que esse acordo nunca saia do sigilo.

— Eu nem aceitei o acordo e vocês já estão pensaram na possibilidade de me apaixonar por um completo estranho? O que vocês têm na...

— A minha chefe quer ver o seu filho voltar a sorrir — me interrompe. — E curiosamente, ele quando está com você, esboça que ainda tem sentimentos. Ela assim como você, está desesperada. Há anos o filho dela se trancou dentro de si e vivi afastando todos. Por longos dois anos ele sequer saiu de casa, e quando finalmente saiu, destilou frieza e grosseira para todos. Os olhos dele perderam a cor e ela sente que a cada dia estar pendendo mais e mais do seu querido filho, ela teme que ele acabe tirando a própria vida..., mas você ascendeu uma esperança.

O desespero na fala dela toca-me, não posso dizer que sei o que a mãe dele está sentindo, nunca fui mãe e a minha sempre me quis longe, mas é triste viver sem esperança, nos últimos quatros meses vi-me no buraco. Apesar de estar trabalhando, o meu salário não é suficiente para bancar o: aluguel, contas de água e luz, gás, comida e um tratamento particular. Os únicos moveis que comprei foram: uma cama, um guarda-roupa, uma geladeira e um fogão. Tudo do mais barato, parcelado em dez vezes.

— Não vou me apaixonar por ele — falo, convicta.

— Se você diz — ela entoa com um sorrisinho no rosto, como se não acreditasse no que eu disse. — Amanhã será o primeiro encontro de vocês!

— Amanhã!? — Engasgo com a saliva. — Cof-cof!

— Sim! — A mulher diz alegremente.

— Uma dúvida — ergo minha mão com o indicador levantado. — Quando poderei parar de fingir que amo e namoro esse cara?

— O contrato tem validade de dois anos. Se parar antes, terá que pagar multa e devolver todo o dinheiro gasto com o seu tratamento e as mesadas.

— Dois anos é muito tempo...

— Você irá passar, talvez, até mais da metade desses anos com o tratamento.

— Entendo — dou-me por vencida.

Eu estou no estágio 2 da doença, as filas enormes para conseguir o tratamento pelo SUS não está dando certo, não tenho tempo de ficar nas filas, além de ter muitas pessoas na minha frente, eu também preciso trabalhar. Desde que descobrir o câncer de mama, tenho procurando atendimento nos hospitais públicos, mas estar sozinha para tudo é difícil, preciso do tratamento, mas também preciso comer.

— Onde será o encontro? — Pergunto, já aceitando o meu destino e agarrando-me a minha única chance de conseguir sair com vida dessa doença.

Eu não quero morrer, e se para continuar viva a solução seja fingir namorar e amar um cara por dois anos, farei.

— Vou buscar as roupas e o contrato no carro! — A mulher fala animada e se levanta.

>No dia seguinte:

Respiro fundo mais uma vez, estou na frente de um dos restaurantes mais caros aqui da cidade. Sinto o meu estômago revirar, os meus dedos estão gelados, eu nunca fui num encontro as cegas. É até estranho, tipo, eu já assisti doramas coreanos e isso lá é normal, mas aqui no Brasil? Nunca ouvir falar.

A mulher –que descobrir se chamar Ana–, não quis me dizer o nome e nem mostrar a foto de quem é o rapaz, tudo o que eu tenho é um pedaço de papel com o sobrenome dele: “senhor Duarte”, e a instrução de falar com a recepção.

Reúno toda a minha coragem e caminho para dentro do restaurante, meus passos ecoam no luxuoso hall de entrada, enquanto tento disfarça a ansiedade, vou até à recepção e pergunto pela reserva no nome do meu cliente, acho melhor tratá-lo assim, não quero apegar-me a ele.

— Por aqui, senhorita — a moça de terninho sai do balcão e guia-me até uma mesa, que está localizada a direita perto de uma grande janela.

À medida que nos aproximamos sinto o meu coração bater cada vez mais rápido, a minha respiração fica mais curta e rápida, sinto gotículas de suor escorrer por minha nuca. O homem está com a cabeça virada para a janela, então ainda não me notou.

— Senhor Duarte? — A mulher o chamar, ele vira o rosto e ao pousar os seus olhos azuis gélidos em mim, sinto um calafrio percorrer a minha espinha tensionando todos os meus músculos.

Essa não, essa não! Que merda! O meu cliente tinha que ser logo ele, o ogro! Que droga! Eu não sei o nome dele, desde que o primeiro momento que nos vimos eu chamo-o assim.

— O que está fazendo aqui? — Ele questiona com a cara de poucos amigos.

— O ogro continua de mau humor — falo e reviro os olhos, merda! Escapuliu.

— Sua fedelha...

Não espero ele continuar os xingamentos, viro-me de costas e começo a sair do restaurante, mas antes que eu dê mais um passo, a mão grande desse ogro segura o meu antebraço me fazendo parar.

— Você é a senhorita Martins? — Ele indaga, puxo o meu braço para fora do seu aperto.

— Para quer que saber, seu troglodita?

— Como conseguiu marcar um encontro comigo?

— Eu não sabia que era você, jamais iria querer um encontro às cegas com um ogro feio como você.

— Não pensei que passaria de mendiga para rameira em tão pouco tempo...

O calo com um tapa estalado na cara, foi tão forte que a palma da minha mão arde, fecho-a em punho para conter um pouco do ardor.

— Não vou aceitar nem mais um insulto seu, lave a sua boca antes de falar comigo.

Sinto o olhar de todos sobre mim, mas estou com tanta raiva que não me importo, sei que fui alugada para “amar” esse cara, mas não vou permitir que ele me desrespeite assim.

Mais uma vez viro-me de costas e caminho em direção a saída, mas, antes que eu passo alcançá-la, uma tontura me atingi e as minhas vistas escurecem, todo o meu corpo fica leve e não consigo sentir o chão embaixo de mim. Não sei porque, mas as lembranças de como conheci o ogro atrás de mim, me vêm a mente.

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