OS TRÊS CHEGARAM NA TRIBO e imediatamente o xamã os recebeu e foram para a sua tenda.
O xamã o olhou atento.
— Então sua avó estava certa, você é o grande guerreiro.
Raoni bufou e tentou desvencilhar-se de seus olhares, mas o velho segurou seu queixo e o puxou de volta, dessa vez olhou profundamente em seus olhos.
— Sabe que terá que cumprir uma grande missão, filho, a mais difícil de todas, recuperar a flauta de Jurupari, para que seu som traga a harmonia de volta para nosso lar, ela foi roubada por amazonas por muitos e muitos anos atrás, e só o grande guerreiro pode trazê-la de volta.
Eles não perceberam, mas enquanto o xamã explicava-lhe sua missão, uma cobra entrou sorrateiramente em sua tenda e picou sua mãe.
— MÃE!!! – Gritou Raoni.
Tainá começou a sentir a perna formigar-lhe e começou a ter uma repentina febre e desmaiou.
— Se afaste, filho, é uma cobra venenosa, é um sinal de mau agouro, temos pouco tempo, você terá que cumprir o ritual, terá que recuperar a flauta que foi feita com a madeira da árvore de Jurupari e tocá-la em frente a árvore sagrada, somente esse fruto poderá salvar sua mãe.
— Onde encontro a flauta e a árvore?
— Tupã o guiará, filho, só sei da antiga profecia, que deve cumprir:
“Deves deflorar uma cunbanquira na lua, comer da árvore de pucã, comer da caça da floresta, comer um grande peixe e comer uma caça de pena...”
— Cunban o quê?
— Você deve encontrar uma garota virgem e se casar com ela.
— Cara, eu só tenho dezesseis anos.
— Você me perguntou o que deve fazer e não quando fazer.
— Mas que droga, cara.
O velho xamã, tragou em seu cachimbo e baforou em cima de Raoni que começou a tossir como um louco.
— Não se preocupe, grande guerreiro, tudo acontecerá em seu caminho, terás sete dias para cumprir sua missão, tudo o que precisa está em suas mãos.
Raoni segurou seu talismã, se levantou e saiu correndo da tenda, quando trombou com uma garota da sua idade, era a primeira vez que ele via os seios de uma garota tão de perto, ficando hipnotizado por eles.
— Ahammm – disse ela pigarreando para chamar-lhe a atenção.
— Desculpa – recompôs-se ele, mas ainda deu uma última olhadela neles – estou com um pouco de pressa.
Se levantou e saiu correndo em direção à floresta.
O xamã se ajoelhou e olhou nos olhos dela e disse:
— Você sabe quem é ele, Pequena Princesa?
Ela assentiu e foi atrás dele.