Capitulo 7

RICARDO SANCHEZ.

Não esperava ver aquela professora rapidamente, muito menos na minha casa, conhecendo Dona Ester posso imaginar as ideias milaborantes que estão surgindo por trás daqueles cabelos grisalhos. De qualquer forma vou fazer do limão uma limonada, preciso saber quem é essa professora e descobrir o que tem nela que me incomoda tanto, além do fator, religião é claro. Como agulha no palheiro nem sabia ao certo o que acharia, mas que algo nela me intrigava, isso sim era verdade e iria descobrir o que era.

O jantar inteiro tentei tirar algo sobre a vida dela, no entanto, não quis revelar muito de si. Deixando nítido que tinha algo para esconder, afinal quem não deve não teme.

Abaixei a guarda por enquanto, era apenas o começo, minha mãe deve acreditar que a professora é a mulher perfeita para me casar , como se não soubesse sobre minha alergia a compromissos sérios e a maior burrada da minha vida foi me prender a Jaqueline, felizmente percebemos a tempo que não tínhamos nada em comum a não ser atração que sentíamos na época. 

Resolvi convida-la para ver a biblioteca da casa, mesmo receosa acabou aceitando.

Ela caminhou ao meu lado apreensiva, parece que não era tão imune a mim como pensava, era o que gostaria de acreditar. Normalmente causo efeitos nas mulheres, entretanto ela especificamente parece imune a mim. Segurei seus dedos de propósito para ver se a afetava e ela me olhou tão fria e indiferente que quem acabou afetado foi eu.

Parei em frente a porta tirando o molho de chaves do bolso, abri a porta e gesticulei para que entre e me lançou um olhar desconfiada antes de entrar. 

__ Pode entrar, não é meu quarto. Sorri.

__ É claro que não, ou não estaria aqui. Rolou os olhos passando por mim. Gostava desse jeito indiferente, me intrigava ainda mais a diversão se torna melhor quando o oponente é difícil de lidar. 

__ Nossa isso é .._Olha envolta de boca aberta. 

__ Uma biblioteca. Digo o óbvio indo até à mesa e me encostando, coloco as mãos nos meus bolsos estudando suas reações detalhadamente.

__ Eu iria dizer incrível, então esse é seu lugar favorito Senhor Ricardo, quem diria. sorrio ingenuamente passando os dedos sobre as prateleiras analisando os nomes dos mesmo, parecia uma criança em um parque de diversões, me faz lembrar de carlos quando o trouxe aqui

__ Na verdade segundo lugar. O primeiro é meu quarto. Mas fique tranquila, não deixo ninguém entrar lá. Nem mesmo alguém como a Senhora.

__ E porque me interessaria entrar no seu quarto? Retruca com a expressão séria.

__ E porque não? Lá dentro esconde muitas coisas lindas, claro tirando a mim. Dei um meio sorriso. Crispas os olhos em choque.

___ Quantos livros já leu?_ Muda de assunto olhando as prateleiras..

__ Parei de contar quanto tinha 15 anos . Acena voltando sua atenção sobre eles, escolhe um e começa a esfoliar. A professora é alguém fácil de conversar, não é desesperada por atenção como as outras mulheres, é natural, como posso encontrar a palavra certa, é uma mulher discreta e  graciosa, na verdade percebia nitidamente que era um pouco mais nova que eu , porém nunca havia reparado antes, talvez pelo seu modo de vestir ou de tê-la visto apenas de longe e por causa da sua postura madura como Professora, porém agora vejo que é uma menina pura, como seu quarto mesmo testemunha.

__ Senhor Ricardo, me parece que sempre foi o nerd da escola Acertei.? Pergunta divertida.

__ Quase isso, uma época sim, porém um dia tudo mudou. Desvio o olhar dela propositalmente. Não queria lembrar da pior época da minha vida, Sendo que mesmo depois de anos,carrego frutos disso. 

___ E o que te fez mudar? Ela se coloca na minha frente e me encara curiosa, como uma boa professora consegue ler minhas expressões com facilidade, algo que devo trabalhar imediatamente. Me curvo na sua direção segurando seu queixo ela tenta se afastar, com o braço livre seguro seu braço a puxando para perto de mim . Ela fica paralisada sem saber como reagir.

___ Quem sabe o dia que contar como chegou a igreja, eu fale sobre meu passado. Engole seco, solto o seu braço tomando distância e indo para o outro lado da mesa.. 

__ Não Tenho interesse desculpa. Na verdade, esse lugar é muito cativante, mas tenho que ir embora. Se vira em direção a porta como uma ovelhinha assustada, não tão rápido.

__ Eu lhe trago ao único lugar que nunca trouxe mulher alguma, Como pode tratar como qualquer coisa. Estou totalmente chateado agora. Parei na frente da porta como um muro. Ela sorri firme, mas vacila no olhar.

___ Você não trás mulheres aqui Senhor , porque a maioria delas não curte homens nerds e muito menos ficam lendo livros na biblioteca. 

__ Exatamente por esse motivo,que ando tão curioso ao seu respeito. Você não é como as outras mulheres, ou Estou errado? Fixo meu olhar no seu fechando a porta com o pé e arregala os olhos. 

__Sim, não Sou Senhor. Prefiro os homens que temem a Deus. Disse com a voz trêmula e sinto uma certa pontada no peito. Porque sua resposta me deixa tão desconcertado? __ Pode Abrir a porta por favor? Pergunta mostrando um certo desconforto na voz.  Abro a porta a deixando passar. Porém, como se meus pés tivessem vida própria eles a seguem pelos corredores. Ela acelera os passos, o que é essa mulher está fazendo comigo?

__ Espera, posso te levar para casa se quiser. Gritei a tempo dela entrar no carro, ignoro o olhar severo do meu motorista na minha direção. Ela fica paralisada de costa para mim, quase travando uma luta interna

, Ricardo é tarde demais para retroceder, não era de hoje que essa mulher te chamava atenção, quantas vezes cogitou a possibilidade de ir falar com ela e descobrir seja o que for ,porém, como sou um homem sensato me desviei do perigo todas as vezes, tentei protegê-la de mim mesmo ,  e inevitavelmente não posso mais fugir, sei que ela salvou Sara , também estava certa sobre tratar minha filha melhor, mas não pode estar certa sobre tudo. 

__ Porquê quer fazer isso Senhor? Se vira aborrecida.

__Por que essa é minha vontade e ponto. Uma carona como agradecimento  por salvar minha filha. Na verdade , sei que lhe devo mais que isso. Caminho na sua direção e tiro a carteira do bolso. 

__O que pensa que está fazendo? Olha perplexa.

__ Estou te pagando. Pelo conselho que me deu. Realmente estava certa e não quero ficar em dívida com você. Abro a mão dela e coloco o dinheiro. Ela encara as notas por segundos parecia tentada em aceitar, finalmente achei seu ponto fraco, está precisando de dinheiro.

__ Não posso aceitar. Devolve sem hesitar .

__ Você não precisa? Questiono.

__ Sim, realmente preciso de dinheiro Senhor Ricardo. Mas não vindo dessa forma. Tudo que fiz pela Sara ou pelo Senhor foi como uma serva de Deus , por isso confio que nunca ira me desamparar. Mas se o Senhor faz tanta questão de me pagar existe outra forma. 

__ Qual? Questiono Esperançoso.. 

__ Fazendo uma visita na nossa igreja com sua filha. Soltei uma risada .

__ Boa piada professora. Cruzo os braços.

__ Estou falando sério. .

__ Sinto muito. Vou ficar devendo essa então, ao menos me deixe levá-la para casa. Insisto  

__Por que Senhor Ricardo? Eu não sou igual as outras mulheres não tente me seduzir vai perder seu tempo..

Tarde demais professora já estou envolvido.

__ Acredite, minhas intenções são as mais puras possíveis. Ergo a mão em rendição _ Eu juro que apenas quero ser seu amigo. _Coloco as mãos para trás cruzando os dedos. Ela parece pensativa, desvia o olhar em direção ao Yuri . 

__ Está bem, mas só se o Yuri for junto. Passo a mão no cabelo frustrado e solto um longo suspiro. Oh mulher difícil.

__ Não confia em mim? Você nem me conhece e está me julgando, isso não te lembra de nada? sobre não julgar o próximo ou estou errado? Uso sua crença contra ela mesma, admiro minha inteligência.

__ Está bem , vamos antes que eu mude ideia. Fala dando por vencida . Sorri satisfeito eabro a porta para que entre, em seguida dou a volta entrando ,me entrega a chave.

__ Bem apertado esse carro ._ Comento e me lança um olhar fuzilador, Coloquei o cinto e ligo o veículo . Vejo do outro lado Yuri esfregar os olhos como se fosse uma visão ilusória. Realmente chegar a ponto de entrar em uma lata velha dessa, é porque algo de muito anormal está acontecendo comigo. Vou seguir mesmo sabendo que vai dar merda e deixar para surtar depois.

Seguimos em silêncio, gostaria de falar alguma coisa, raramente eu fechava a boca ,mas simplesmente não me veio nada na cabeça devo ter perguntado demais. 

___Por que não quer ir à igreja? Quebrou o silêncio da pior maneira possível. 

__ Acredito que já respondi essa pergunta a sua mãe. Respondo sem olha-la. 

__ É impossível alguém não precisar de Deus, você é feliz Ricardo? Pela primeira vez ela disse meu nome de maneira informal e por algum motivo gostei de como soou em seus lábios. 

__ Sou, afinal tenho tudo. E acredite sei me divertir muito bem. A olhei de relance e pude vislumbrar sua expressão de nojo.

___ Felicidade não é apenas isso. é você se sentir bem consigo mesmo, não teve nenhum momento que quis muito algo? que sentiu-se perdido e vazio. Mantenho os olhos na estrada. 

__Não. 

__ Se você diz. Encerra o assunto e  respiro aliviado. Parei o carro na frente da casa dela. Nós olhamos  no mesmo instante e pelo visto só eu senti um frio estranho na boca do estômago, ela por sua vez tirou o cinto e abrindo a porta. 

___ Sua bolsa. Tento pegar no banco de trás, mas ela  foi mais rápida. Desço do carro em seguida.

___ Como vai fazer para ir embora?  Pergunta e mostro o celular. 

__ Yuri conhece? Ela acena com um leve sorriso. 

__ Agradeça sua mãe pelo jantar, estava delicioso. Dou a volta no carro e vou na sua direção, ela me olha confusa, me aproximo dela a ponto dos nossos corpos ficarem bem próximos, como fiz na biblioteca ela fica estática ou seria assustada? levanta as mãos para me empurrar, porém, sou mais rápido e dou lhe um rápido beijo no  rosto . 

__ Obrigado por ter salvado minha filha . Sorri vendo seus olhos castanhos esbugalhados. Estava totalmente vermelha e sem graça __ Finalmente consegui te afetar, então você é do tipo que se surpreende com atitudes simples e discretas?

__ Bom já. já vou entrar, Ricardo Senhor, digo Senhor. Se embaraça toda correndo para dentro e quando chega na porta vira-se para mim.

__ Não faça isso novamente . Falou seriamente segurando na maçaneta da porta. soltei uma gargalhada e bateu a porta entrando.

Peguei meu celular chamando o uber porque para minha casa, era o ultimo lugar que voltaria essa noite. 

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