Acordo de paz

Henrique levou o copo de uísque aos lábios. Vislumbrou a noite estrelada da janela de seu apartamento pensativo. A expressão de Isabella ao beijá-lo ainda permeava em sua mente deixando-o ansioso de uma forma estranha.

–Isso é ridículo – murmurou para si mesmo ao afrouxar a sua gravata – a única que eu amo é Regina. Apenas ela e ninguém mais.

***

Oliver entrou com um largo sorriso na sala de  Henrique logo que chegou ao hotel. A sua felicidade era perceptível a milhas de distancia.

–Conte-me tudo – disse entusiasmado ao se sentar na cadeira em frente a mesa de  Henrique – como foi o jantar?

–Começo a achar que não é meu amigo – o olhou severamente antes de dar de ombros – foi um desastre.

–O que houve?

–A louca se atreveu a me beijar pra impressionar a sua amiga.

–UAUUU – bateu palmas empolgado – ela é ótima. É perfeita pra você.

–Ela é louca. Além de ser uma stalker ainda é louca. Acredita que passou o jantar inventando historias que nunca aconteceram entre nós? Disse ate que gostamos de assistir filmes sempre que chego do trabalho, já que é um momento pra ficarmos juntos. Isso lá tem lógica?

Flashback on

Todos na mesa jantavam em silencio, o qual começava a se tornar constrangedor. Jackson olhou para Isabella e reparou em seu nervosismo, pois sempre que ela estava ansiosa ou nervosa tinha a mania de mordiscar o seu lábio inferior.

– Henrique.. – Jackson falou atraindo a atenção de todos na mesa – conte-me... o que está achando de nossa Bella? Ela cozinha divinamente, não é? Sempre que ela preparava algo para mim, eu ia ao paraíso e retornava. Ela é incrível cozinhando.

 Henrique olhou para Isabella e em seguida para Jackson tentando avaliar a situação.

–Imaginei que fosse o marido da amiga dela – disse sério – e não um admirador de Isabella.

Nicole fechou o seu punho com força para aplacar a sua raiva, enquanto em seu rosto era visto um sorriso fraco.

–Eles eram muito amigos antes de casar comigo – sorriu ao levar a taça de vinho aos lábios – Até hoje ele fala dos dotes culinários dela.

–Uma pena que você não tenha conseguido superá-la então –  Henrique comentou surpreso com suas próprias palavras. Segurou o riso ao ver o olhar de surpresa da amiga de Isabella e ao olhar para o seu lado a viu sorrindo timidamente. – Bella.. querida.. estou ansioso para provar de seus dotes tão famosos – sorriu travesso ao ver o olhar dela.

–Ela nunca cozinhou para você,  Henrique? – Nicole perguntou interessada. Ela desejava provas de que eles não estavam casados.

–Não – respondeu calmo – temos empregadas. Não há necessidade dela ir para a cozinha, mas agora faço questão de provar algo que ela mesma faça.

Nicole deu um sorriso sem graça, pegou a taça e bebeu tudo em um só gole. A noite não estava indo como planejava.

Flashback off

–A sua noite parece ter sido bem divertida, mas... e a amiga dela.. Como é... é bonita? – indagou travesso – poderia trocá-la pela amiga? Que tal? – riu divertido.

–Continue a brincar – murmurou sério.

–É mais divertido que ficar com a cara carrancuda como certas pessoas – gracejou –e diga-me... Quando vai levá-la para jantar?

–Jantar? Eu vou levá-la para uma reunião de negócios. É diferente.

–Não importa o nome... é a mesma coisa pra mim.

–Para você uma maçã é a mesma coisa que uma melancia. Tudo é fruta então não há diferença.

–Estou errado? – sorriu levantando-se – tenho que ir a um lugar agora, mas depois continuamos com a ótima conversa.

–Prefiro encerar por aqui – resmungou.

–Não ache que escapará tão fácil de mim – Oliver brincou ao ir embora deixando  Henrique sozinho. Ele fitou o nada antes de voltara a sua concentração para o seu trabalho.

***

–A vida é muito justa – Isabella comentou sorridente consigo mesma ao abrir os olhos pela manhã. Ela mal havia conseguido dormir tamanha a sua felicidade, pois nem em seus olhos Henrique Avellar se comportara tão bem quanto fizera. – Agora só preciso ir para uma reunião com ele e tudo estará concluído.

–Falando sozinha logo pela manhã? – Alice disse sorridente na porta do quarto de Isabella – vim lhe chamar por que já deve estar atrasada.

–Ah, hoje eu tirei o dia de folga.

–Como pode ter tirado o dia de folga?

–Os alunos vão pra uma excursão.

–Não deveria ir?

–Não. É outra matéria – sorriu – Já lhe contei como foi o jantar? – perguntou sorridente com os olhos brilhando – queria tanto que visse o rosto de Nicole, ela era o reflexo do mau humor. Eu deveria ter tirado uma foto, não é?

–Com certeza... pelo menos sua vitoria teria durado mais tempo – Alice disse após suspirar – quero ver o que vai acontecer quando ela descobrir a verdade.

–Eu vou apenas dizer que nós terminamos. Incompatibilidade de gênios, o que não deixa de ser verdade – pensativa concluiu.

–Isso para mim é o mesmo que dizer que fracassou. Qual a diferença entre isso e nunca ter se casado? Pelo menos antes você não terá sido trocada.

–Que mau humor – fez uma carreta, sorrindo em seguida – a diferença minha amiga é que eu pelo menos pude ser vitoriosa por alguns minutos. Nunca vou esquecer a expressão em seu olhar.

–Eu não sei o que tanto deseja. Porque não vive a sua vida feliz e esquece o passado?

–Eu estou vivendo – tornou piscando para ela – e falando nisso tenho que me arrumar porque meu marido quer falar comigo hoje. – dizendo isso se levantou da cama animada com a cabeça em Henrique Avellar.

***

 Henrique olhou carrancudo para o seu secretario, o qual sorria de forma discreta ao anunciar Isabella Avellar, a esposa de  Henrique.

–Quem eu devo ter matado em minha vida passada pra ter que passar por isso? Nem estou casado com ela e até meu secretario já a chama por senhora Avellar – suspirou frustrado antes de ver o seu mais novo carma adentrar em seu escritório. A olhou de cima a baixo e assentiu. Ele poderia dizer qualquer coisa dela menos que ela se vestia mal. A cada vez que a encontrava, trajava algo apropriado. – Muito bem.. o que veio fazer aqui?

–Esqueceu que pediu para eu vir? – disse sorridente, mas ao ver a expressão de confusão no rosto dele, suspirou – estávamos vindo embora... você se virou e disse que eu deveria passar aqui. Lembra-se?

–Não – respondeu rapidamente.

–Entendo – suspirou – mas como já estou aqui, porque não me diz o que devo fazer no jantar.

–Não precisará dizer ou fazer nada. Apenas ficará ao meu lado e... – aos poucos as imagens tomaram forma em sua mente. Fechou os olhos percebendo que ela estava correta – lhe chamei aqui hoje para perguntar algo pertinente.

–O que? – sentou-se em frente a ele prestando atenção.

–Algo que não entendo nessa historia... Qual a sua relação com o marido de sua amiga?

–Jackson? – ao pronunciar o seu nome, suas faces ficaram rosadas, o que não passou despercebido por  Henrique – fomos.. grandes amigos.

–Ainda gosta dele? – perguntou recriminando a si mesma por sua curiosidade.

–Não acho que essa pergunta possa nos ajudar no plano, mas... não. Não mais.

–Entendo – murmurou.

–Curioso?

–Nenhum pouco – mentiu ao virar o rosto – quando sair Bruce irá lhe dar o endereço do local do jantar.

–Certo – levantou-se e retirou algo da bolsa, depositando em frente a ele – sei que estava mentindo ontem no jantar, mas quando cheguei em casa estava tão feliz que não conseguia dormir. Acabei cozinhando algo e trouxe para experimentar. Não precisa comer se não quiser, ate depois – despediu-se e antes de sair olhou por cima de ombro. O viu olhar com curiosidade para a vasilha que fora depositada em sua frente. Sorriu ao fechar a porta e ir ate o secretario de  Henrique.

 Henrique abriu a vasilha e surpreendeu-se pelo delicioso aroma que preenchera o seu escritório. Olhou para as mini batatas, as quais possuíam cream cheese e presunto defumado por cima, e sem conseguir se conter pegou uma levando a boca. Mastigou calmamente e no fim, um brilho de alegria passou pelo seu olhar.

–Uau! – murmurou – isso está uma delicia – pegou mais outra mini batata assada com ervas e comeu. Em poucos minutos a vasilha estava vazia e um sorriso na face de  Henrique.

***

Alice pegou a embalagem que se encontrava em cima do balcão da cozinha e estranhou.

–Bella cozinhou com cream cheese vencido? – colocou a embalagem no lixo e olhou para algumas, poucas, mini batatas que havia sobrado. Pegou uma e ao cheirar fez uma carreta – espero que ela não tenha comido muitas porque com isto aqui.. com toda a certeza passará mal.

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