Capítulo 10

Camila

MEUS olhos se abrem preguiçosamente, tendo como primeira visão do dia o rosto sereno de Henrique, que ainda dorme ao meu lado. Não me recordo de em algum outro momento da minha vida ter acordado com um homem em minha cama. É estranho, e ao mesmo tempo, é muito bom. 

Deslizo meus dedos por sua barba, com cuidado para não despertá-lo. Algumas mechas onduladas caem sobre os seus olhos e eu as retiro. Ao contemplar sua face, sinto algo dentro de mim florescer. Nós mal nos conhecemos, e no entanto, é como se ele estivesse na minha vida desde o princípio. 

Um sorriso se desenha em minha face ao me recordar da noite que tivemos juntos. Ele fez exatamente o que disse que faria. Ele me comeu na cama, no banheiro, no chão e nas três mesas do quarto. Beijou-me com delicadeza e brutalidade, me masturbou e me proporcionou vários orgasmos vaginais somente por penetração. 

Henrique é um deus do sexo no sentido amplo do termo. Quase não deixou que eu o acariciasse; se dedicou completamente ao meu prazer.

Afasto para o lado o lençol e lambo os meus lábios com a visão completa de toda a sua virilidade. Não resisto à tentação e levo minha mão ao seu pau, alisando suavemente toda a sua extensão. Ele fica duro em questão de pouquíssimos segundos. Inverto minha posição, ficando voltada de quatro para Henrique, com minha bunda em sua cara. Pego seu pau com uma das mãos e o coloco entre os meus seios, passando minha língua desde a base até o topo. Henrique se remexe e libera um gemido. 

— Nunca tive uma visão tão linda ao acordar — pronuncia numa voz rouca, inclinando-se para dar um beijo em minha boceta. 

— Bom dia — cumprimento esbanjando um sorriso lascivo antes de colocá-lo em minha boca.

— Ah... Maravilhoso dia — responde entre gemidos. — Nossa, Camila, você chupa tão gostoso — Começo a masturbá-lo, fazendo pressão entre os meus seios e chupando a glande. Sinto suas coxas se retesarem e suas bolas ficarem cada vez mais pesadas. Vou à loucura quando ele começa também a me masturbar, massageando o meu clitóris com o polegar no ponto certo. Henrique libera um gemido rouco e enfia dois dedos dentro de mim, me fazendo perder o pouco controle que ainda tinha. Meu tesão vai ao extremo pela sensação maravilhosa da penetração de seus dedos e pelo gosto do líquido pré-ejaculatório em minha boca. Chupo com vontade a sua glande e ele começa a gozar na minha boca. Esforço-me para conseguir engolir tudo dele, até a última gota, sem engasgar. Henrique geme alto, sem pudor algum, e enfia mais um dedo em mim, fazendo com que eu me perca num orgasmo arrebatador. Ele se inclina e suga toda a minha excitação com movimentos tão precisos que me levam ao limiar do prazer novamente. — Como você é gulosa — brinca liberando sua risada gostosa. Tiro o seu pau da minha boca, beijo suavemente a glande e o retiro dos meus seios. Inclino-me sobre Henrique e volto à minha posição de frente para ele. 

— Você é tão gostoso — sussurro distribuindo beijos em seu pescoço. Ele libera um suspiro, põe sua mão em minha nuca e ergue o meu rosto, trazendo sua boca à minha. Beija-me devagar, saboreando e explorando cada centímetro da minha língua. Afastamo-nos ofegantes, olhando fixamente para os olhos um do outro. É como se o mundo tivesse parado e nada além de nós dois importasse. 

— Camila, eu... — começa a dizer mas eu o silencio colocando meu dedo indicador sobre os seus lábios. 

— Se você me fizer qualquer tipo de declaração romântica não me tocará nunca mais — aviso ainda o olhando nos olhos. 

— Por quê? — questiona.

— Porque isso vai significar algo a mais. Algo que eu sei que você não está disposto a me dar — respondo. — Eu estou indo contra a tudo que acredito ao continuar com você, Henrique. E mesmo tendo consciência disso, eu sei que não vou conseguir abrir mão de você. Mas se você se declarar para mim, está tudo acabado, entendeu? — Ele assente para mim e beija a minha testa. 

Levanto-me da cama e caminho até o banheiro. Meus sentimentos fazendo confusão na minha cabeça.   

— Camila? — chama me fazendo parar no lugar. — O que você quer que eu faça? — Viro-me para ele e o observo antes de responder: 

— A pergunta certa é: O que você quer fazer? 

~~•~~

Organizo as planilhas de pagamentos e lucros da Casa, e, como sempre, os lucros só aumentam. Sorrio internamente em satisfação. A Casa foi inaugurada há quatro anos, e desde então, não enfrentamos nenhum período ruim.

Alguém bate duas vezes à porta do escritório e eu autorizo a sua entrada. 

— Bom dia, chefinha — cumprimenta Bruna com seu sorriso largo, sentando-se em frente a mim.

— Bom dia, Bruna — respondo sorrindo de volta para ela. 

Bruna não é somente minha funcionária, é também minha melhor amiga. Ela está comigo desde o início da Casa de Prazer e tem liberdade para falar sobre qualquer coisa abertamente. 

— Pela sua cara devo deduzir que a noite de ontem foi bem proveitosa. E provavelmente a manhã também... Vi quando o príncipe de olhos verdes foi embora agora há pouco — infere com um sorriso malicioso nos lábios.

— Sim — confirmo. — Ambas foram muito proveitosas — Henrique me seguiu até o banheiro, e sem dizer nada, juntou-se a mim no banho. Tocou-me e beijou-me sem pressa, como num pedido silencioso de desculpas. Depois se vestiu, disse que voltaria à noite e foi embora. — Você também teve uma noite boa, não? Vi você com aquele homem novamente. 

— Marcone — diz com um suspiro. — Ele é maravilhoso na cama e fora dela. Eles dois são amigos, sabia? Marcone quem o trouxe à Casa a primeira vez. Ele me disse que os dois são sócios num escritório de advocacia. 

— Não sabia disso — elucido. — Lembre-me de agradecê-lo na próxima vez que ele vier aqui. 

— Ele virá hoje à noite — informa. — E falando em lembrar, eu esqueci de te dizer ontem. A secretária da sua médica ligou. Ela disse que você ainda não tinha confirmado se iria na terça para a sua consulta. 

— Esqueci completamente — confesso. 

— Você esquecendo de uma consulta? — questiona erguendo as sobrancelhas para mim. — Esse homem realmente está mexendo com a sua cabeça. 

— Você nem imagina o quanto — digo colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha. 

— Camila... — chama Bruna um pouco sem jeito. — O fato dele ser casado não te incomoda? 

Você sabe, eu sou detalhista, e vi a aliança em seu dedo na primeira noite em que ele esteve aqui. Perguntei a Marcone e ele confirmou. Não estou te julgando, eu só... 

— Tudo bem, Bruna — conforto-a. — Não precisa ficar sem graça. Você também sabe muito bem o quanto eu gosto de estar no controle da situação, mas sinceramente, eu não consigo ter controle sobre o que está acontecendo. 

Eu não entendo porque ele continua casado se não gosta da esposa. E também não sei porque não o afasto da minha vida de uma vez. Nem sei porque insisti em ficar com ele mesmo sabendo que ele era casado. Eu simplesmente não sei o que está acontecendo, entende? É confuso — Bruna me encara como se a resposta fosse óbvia, mas não diz nada, apenas me dá o seu sorriso cúmplice e sai do escritório me deixando ainda mais confusa.    

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