ATO II

Seus olhos romperam para a visão de sempre; escura e borrada. No primeiro ato automático de espalmar sua mão na cama de solteira em que dormia, sentiu a ardência numa mistura de dor e chamas, todos os dedos da mão direita e alguns da esquerda. Candelabros limpos como Eleanor mandara, que custaram a pele queimada de sua mão.

Com a mão boa que lhe sobrara ela ajeitou os fios de cabelos que se misturavam com seus cílios causando um pequeno incômodo. Os passos no assoalho denunciaram sua visita matinal.

— Quando Eleanor vai parar ? — Era Nerida, tocou em suas mãos e Helena automaticamente as puxou para trás em sinal de dor. — Céus Helena, seus dedos estão completamente queimados e cheios de cera. 

Um sorriso vagaroso sumia do rosto da morena. 

Ela já estava acostumada. 

— Ela foi criativa dessa vez. — Helena tocou levemente os dedos no rosto — Cheguei tarde ontem, perdi a noção do tempo com Layse e acabei chegando da catedral tarde. 

— Sabe que não deve sair sem avisar sua madrasta, sabe das consequências. Não a estimule a puni-lá, eu não gosto quando isso acontece.

Nerida era uma boa mulher, a forma mais próxima que tinha de mãe, pois era esta que lhe ouvia, lhe aconselhava e cuidava de si. Infelizmente se dependesse de Eleanor para tal coisa, estaria enterrada junto de seu pai. 

— Não fiz porque quis, Nerida! — Respondeu Helena. 

— Além do mais, as ruas estão perigosas para moças sozinhas e jovens com você.

— Esqueceu de dizer cega também. 

A empregada não sentia pena de Helena por ser cega, mas se entristecia profundamente ao vê-la se referir a si mesmo de uma forma tão inferior. 

— Não diga isso Helena. — A corrigiu — Não é casada, mas se talvez for cortejada até o fim da temporada poderá passear com seu noivo por Winterfelt ao invés de fazê-lo sozinha. 

A loira ajudou a jovem a se levantar enquanto a guiava até a banheira para tomar um banho matinal como de costume. Desceu a camisola longa que escondia a pele clara, e a viu se encaixar na banheira enquanto escorregava umas das mãos boas através das bordas para se acomodar melhor. 

— Quem se casaria com a viúva, Nerida ? Já me conformei que nunca haverá um anel preenchendo um de meus dedos.

Ainda que seu pai houvesse lhe deixado o anel de sua mãe como presente para que pudesse usar em seu casamento, Helena tinha alta convicção de que a lembrança de seus pais só serviria como enfeite em seu quarto, já que em sua cabeça jamais teria sua casa, seu matrimônio.

A empregada encheu uma das conchas de agua morna despejando sobre os cabelos longos e negros da morena. 

— Não diga uma coisa dessas. Você atrai o que fala. Quanto ao seu apelido, é somente uma fofoca de mal gosto, não deveria se preocupar com isso. — A repreendeu

— Então devo me preocupar com o fato de ser cega, qual marido gostaria de ter uma esposa cega na qual não poderia nem mesmo olhar o chão que pisa ? 

— O homem que realmente se casar com você se tornara seus olhos, Helena. Ele será sua visão, e você entendera melhor do que se a tivesse perfeitamente saudável. Só preocupe-se em estar visível o suficiente no baile para que ele a encontre.

Nerida mesmo solteira, sempre fora uma sonhadora ao se tratar de casamento, ela desejava para sua senhorita, tudo aquilo que nunca teve para sí.

Um amor, um lar. 

— Ainda haverá baile com a onda de assassinatos ocorrendo ? 

— Não acredito que o Rei adiaria o baile de cortejos, muitos barões, príncipes e duques já programaram-se para estar aqui nas próximas duas semanas. 

— Principes aqui ? de tão longe apenas para ter uma noiva. 

— As moças de Winterfelt chamam bastante atenção no continente, Helena. —  Quase sussurrou. 

As donzelas de Winterfelt eram as mais cobiçadas, não somente por sua beleza exótica, mais pelo dotes altos dos barões que procuravam viver no interior do continente para fugir de impostos altos que nem mesmo seus bolsos cheios de ouro conseguiriam pagar. 

— Eleanor não permitira que eu vá com ela. 

Não era surpresa de que Eleanor mantinha sua vida por aparências, ela costumava seguir a maré de bons costumes visto pela cidade e andar ao lado de sua enteada não era um deles. 

— Então devemos arrumar um jeito de que você vá sem ela, Se conseguir um noivo estará livre das garras dela, e não sofrerá de nenhuma punição mais.

O Pouco da criação que seu pai lhe dera fora o suficiente para lhe mostrar que ela não deveria ser uma mulher oprimida, uma mulher que abaixaria a cabeça quando lhe fosse ordenado, mas lhe ensinara que a base de qualquer relacionamento era o respeito, ainda mais para com seu marido, na qual deveria ser seu amigo e não somente um elo de matrimônio julgado pela sociedade como seu dono, e ela uma mera propriedade. Mas o que claramente vivia com Eleanor dentro de casa, lhe fazia desviar dos conselhos dados por seu pai, pois em sua cabeça jovem e um pouco imatura, o amor correria dela, para sempre, por defeitos que nem mesmo Helena achou que pudesse lhe impedir de ser livre. 

O casamento que ela procurava por amor, estava se tornando a caça por sua liberdade. 

— Mesmo sabendo que um casamento poderia me tornar um pouco mais livre, não me agrada a ideia de que eu casarei com um homem que não posso ver, ainda mais indo para um lugar que não conheço. 

— Você não pode me ver e não é por isso que repudia a mim. 

A perolada balançou a cabeça e os cabelos de forma negativa. 

— Não deve se comparar a eles, Nerida. Confio minha alma a você, entretanto como posso confiar a mim para uma pessoa que sequer conheço. 

— Será seu marido, Helena. O laço de casamento entre vocês será a confiança, antes mesmo que exista amor. 

Matrimônio e amor, algo que nunca aconteceria em sua vida, não enquanto sua vida a separava da realidade. 

—  Não consigo associar confiança ao que eu não tenha familiaridade e não consigo ver, me sentiria verdadeiramente cega. 

—  Tire isso da sua cabeça, sua desconfiança é em vão quando se trata de um marido. 

Terminou o banho que fora mais demorado do que os outros, um acontecimento raro esse já que a mesa de café tinha hora para ser retirada e já que acordava cedo, esperar pelo almoço com seu estômago á reclamar não seria uma coisa boa. Antes que saísse de seu quarto Nerida lhe deu o recado de que Layse precisava falar consigo urgente e a esperava no Jardim, sabendo que Eleanor poderia bloquear novamente, ela derá a desculpa de que precisava ir à costureira para tecer seu vestido para o baile, na qual seria o mais importante do ano, já que naquela calorosa temporada de cortejos a nobreza estaria presente empenhada em achar seu par. 

—  Espero que o vestido que esteja a encomendar não tenha bocas e pernas. —  Eleanor se referia à Layse. Ela não era tão tola assim, ela sabia que a rosada dispunha da mesma personalidade que Helena, e sabia também a falta de cordialidade que Layse tinha com si. Ela sentada em sua cadeira enquanto penteava seus cabelos e via a silhueta de Helena olhando fixamente para a janela, já que a única coisa que identificava com os olhos tomados pela cegueira, era a frequência de luz que passava por eles, borrões estilhaçados em mil pedaços. — Sua mão já está queimada o suficiente e outro castigo em tão pouco tempo não lhe ajudaria a arrumar um noivo no baile. 

—  Não demorarei, Senhora. Simon será companheiro e não me deixara mentir. Eleanor riu, enquanto as cerdas de sua escova ainda não havia passado pelo final de seus fios platinados. 

—  Simon é tão ardiloso quanto você, sei que ele te acobertaria. Mas vou me apegar à ideia de que você não vai querer ter a língua queimada dessa vez por tentar mentir, certo ? 

Simon e Nerida conheceram seu pai, sabiam que Lenini não seria feliz se descobrisse que a madrasta punia Helena mais do que deveria, simplesmente porque aquilo lhe acariciava o ego, de que acima dela não havia ninguém a não ser á si mesmo. 

—  Aprendi que não devo mentir ou fazer coisas escondidas. —  Helena sábia pelo som da voz que a platinada estava á sua esquerda, mais ainda sim ela preferiu mirar os olhos cegos ao chão, para que a madrasta não pudesse ler seu semblante receoso.

Os dedos de Helena tocaram seus cabelos e ela estremeceu de dor. Eleanor se levantou devagar sorrindo enquanto segurava as mãos pequenas da morena, visualizando a carne queimada de seus dedos, as unhas escuras pelo fogo e a parte enrugada e quase roxa da ponta dos dedos. 

Os anéis que não saiam de seu dedo, cujo fora presente de seu pai não estava lá, um sinal de que ela realmente sentia a dor da queimadura. 

—  Não minta de novo. Gosto de você Helena e mesmo que às vezes mereça castigo pior, acredito que sua cegueira e seus noivos falecidos já são castigo o suficiente. — A Buxton estremeceu em um misto de raiva e chateação por tocar sempre em sua parte mais sensível. —  Então seja uma boa enteada e eu serei uma boa madrasta. Já tem dezenove.

Não havia palavras a serem acrescentadas, o lacaio logo entrou no ambiente e guiou sua senhorita até a carruagem. Diferente do dia anterior, o calor não estava tão intenso, o vento quente que batia contra seu rosto na cabine da carruagem lhe agitava os cabelos que estavam soltos. O vestido cor creme tinha um tecido fino, o espartilho interno quase lhe prendia a respiração de tão apertado, tinha uma péssima postura e Nerida dizia que aquilo poderia lhe corrigir, mas já passara tantos anos com ele no corpo que provavelmente a essa altura, não lhe corrigiria mais. O decote chamativo era quase um marco de sua pessoa, as mangas coladas no ombro faziam a mesma função do espartilho, ou tentavam. Seu pescoço salpicado pela corrente fria de prata, onde no centro de seu busto uma pequena pérola estava presa dentro de uma espécie de uma pequena-grade-prisão soldada ao cordão que chamada atenção. 

Layse havia lhe dito que estava procurando pistas sobre o assassino de Winterfelt, e mesmo que Helena a advertesse para não o fazer, Layse não lhe daria ouvidos, assim como a Buxton não lhe deu ouvidos quando sua madrasta lhe disse que na próxima lhe queimaria a língua. 

Ameaças não funcionaria com elas. 

O Jardim estava quase vazio, os crimes afastavam qualquer um, obrigando a população a permanecer em casa diante de tanta violência. 

Ninguém gostaria de ser o próximo corpo encontrado pelas vielas frias dos arredores da cidade..

Simon a deixou no ponto de encontro e ela sentou-se no banco frio, ajeitando a luva da mesma cor de seu vestido em suas mãos, o contato do tecido com o ferimento lhe doía, forçando seu rosto a expressar a dor. Sentia apenas o vento soprar sobre seu vestido. Sentiu o espaço ao seu lado ser preenchido, de sapatos tocando o chão. 

— Layse ? —  Ela o questionou. 

Sentiu o ar sair esmagado de seu peito.

—  Prefiro seu cabelo solto, como agora ! —  Conhecia aquela voz, destacável entre qualquer outro.  

Uma expressão de espanto vestiu sua face. 

—  Você… —  Sibilou —  Você está me seguindo ?

—  Novamente sozinha, Senhorita. —  ela ouviu seu riso suave, rouco...indecente. —  Achei que nossa conversa tinha sido clara sobre ser perigoso para que pudesse andar por ai, tão...chamativa. 

Helena se endireitou sobre o banco de madeira, visivelmente desconcertada pela presente surpresa de quem achou que talvez nunca mais veria. 

—  Ainda não me respondeu, está me seguindo ? — Ela disse pausadamente. 

—  Não estou, mas fico feliz que compartilhemos dos mesmos gostos. —  Embora parecesse impossível, havia uma pequena chance de que ele realmente compartilhasse dos mesmos gostos que ela o levando a estar sempre pelos mesmos lugares que Helena. 

—  E espera que eu acredite nisso ?

—  Na verdade sim, já que o que digo é verdade. — Sua voz transmitia seriedade. Ouviu abrir algo que parecia ser metal. 

—  O que é isso ? —  O questionou. 

—  Coisas que você não deve beber! —  Riu novamente a deixando agraciada por dentro. Não havia tido contato com muitos homens, e pensou por um momento que se o estranho tivesse sua beleza tão cativante quanto sua voz, ele realmente deveria ser um homem bonito. —  É álcool, Senhorita.

—  Acredito que não pretende cortejar nenhuma jovem, pois qual delas gostaria de se casar com um embriagado. —  alfinetou.

—  Não lhe cortejarei, Helena. Embora devo admitir que cada vez que lhe vejo me sinto tentado a fazê-lo. 

Ela ruborizou a face como se fogo tivesse tocado seu rosto. 

—  Eu não disse isso! 

—  Mas o pouco que disse me deu ideias. 

—  Oras… —  Ela resmungou antes de tentar se levantar, mas a mão quente do estranho tocou seu braço, sobre a beirada de sua luva longa que se estendia sobre os cotovelos. 

—  Porque a pressa ?

—  Vim me encontrar com uma amiga. E não me agrada saber que provavelmente pode estar olhando para mim com outros olhos e eu nem mesmo posso ver.

Layse já estava atrasada, tal coisa que não era de sua característica. Na grande maioria das vezes, ela sempre estava sempre lhe esperando eufórica para lhe contar sobre as aulas de hipismo que fazia escondido de seu pai, que julgava inapropriado para uma dama. 

— Suponho que ela tenha esquecido de seu encontro. —  O estranho exclamou ronronando enquanto virava o rosto para buscar talvez alguém que pudesse estar indo em sua direção.

— Ela nunca esquece!

—  Mas pra tudo há uma primeira vez, Senhorita. 

Ela se irritou.

—  Mas não para Layse. —  Devolveu-o.

— Sei que não me conhece, mas posso lhe pedir uma coisa ? —  Ele murmurou e Helena pode sentir a voz tornar-se séria, e embora não enxergasse, Helena sabia que ele olhava em seus olhos. 

— Mal me conhece e quer me fazer pedidos ? Não seja tolo. —  Ela disse impaciente em uma imparcialidade de sair andando esbarrando pelos outros e permanecer escutando as palavras de um homem que ela sequer conhecia. 

—   Não tenho o costume de adverter Senhoritas em situações especiais…-

—  Situações especiais essas em que minha cegueira se encaixa, não é mesmo ? 

O estranho estalou a língua no céu da boca. 

—  Caso lhe sirva de consolo, se eu tivesse como escolher entre duas mulheres como esposa, sendo uma delas cega, eu escolheria a cega, pois sei que ela me amaria pelo que sou. 

—  E o que você é ? —  Havia muito mais significado em suas palavras do que ela poderia entender. 

—  E se eu fosse um bicho papão ? 

—  Me diga você.

—  Então eu não me casaria com uma dama, acho que nenhuma delas gosta de animais selvagens.

Ele corou com os pensamentos pertinentes. 

—  E porque ainda não se casou ? 

Ele riu de sua curiosidade. 

Pela primeira vez em muito tempo ela se sentiu querida, nem que por um instante. 

—  Não sou tão novo, Helena. Embora meus pais um dia tenham desejado um casamento pra mim, as mulheres me preferem cortejando mais a sua cama do que cortejando suas mãos em um casamento. —  Ele riu novamente. —  Além do mais, tenho impressão de que a maioria seria mais uma empregada do que de fato uma esposa e isso não enche meus olhos. 

Diante de sua palavras e do álcool que lhe descia a garganta, ele não era um homem novo, talvez se desse sorte, devesse estar na casa dos trinta e se ele passava pela cama de muitas mulheres, talvez devesse ser um desordeiro. O que diriam se a vissem com um desordeiro ? Tanto faz, já era a viúva amaldiçoada, um apelido a mais não lhe faria a mínima diferença. 

—  E então o que enche seus olhos ? 

Ele suspirou com a pergunta que nem mesmo ele conhecia a resposta.

—  Um enigma que ainda descobrirei. 

Um silêncio incômodo se partiu antes que Helena tornasse a falar.

—  Não vai mesmo me dizer quem é ou como se chama ? — A morena o questionou.

—  Ninguém que deva conhecer, acredite em mim. 

—  Então porque me abordou na catedral ? 

O estranho tossiu levemente. 

—  Gostei de vê-la tocar, lhe disse. 

—  Então porque me abordou hoje ? Não vejo nenhum piano em minhas mãos! 

Ele riu pela ironia e acidez em suas palavras. 

—  Lhe abordei hoje porque preciso que pare de vir ao jardim sozinha. Tem coisas muito piores por aí do que um assassino à procura de indefesos. —  Sua voz abaixou o tom para que nem mesmo o vento pudesse ouvi-lo, como se pudesse delatá-lo á seja lá quem. 

—  Porque tanto se preocupa ?  

—  Não estou avisando somente a você. O rei não deseja manter todos em quarentena, pois assim os mercadores não venderiam e deixariam de pagar impostos. Essa noite encontraram dúzias de corpos espalhados pela cidade, dizem que os assassinos trazem à noite fria e se abstém de preferências femininas. 

Um arrepio lhe correu a espinha e diante de tantos detalhes, Helena podia imaginar cada uma das cenas onde sua mente pregava a possibilidade de diversos tipos de assassinos, dos mais diferentes tipos deles. 

—  Como...como sabe disso ? —  Murmurou incrédula. 

—  Tenho meus contatos pela cidade, Helena. E se chego ao ponto de dizer para evitar as estradas e a cidade, é porque de fato não minto. O que eu ganharia com isso ? Seria uma pena não poder vê-la novamente, contudo ficaria feliz que você permanecesse viva até que tudo isso seja resolvido.

—  Mal me conhece, porque me alerta dessa maneira ? 

Uma grande pergunta.

— Porque mesmo que seja mais afiada que a maioria das donzelas, você não conseguiria ver a situação atual. As ruas andam vazias e as pessoas tem medo de falar sobre o que está a acontecer. 

Sua cabeça formulava mais perguntas do porque podia. 

—  Medo…

—  Há pessoas deixando Winterfelt. —  Ele sussurrou —  Não deixe sua casa até que seja cortejada e esteja noiva, Helena. Não saia sozinha. A nobreza está ocultando informações. 

— Na última vez em que nos vimos disse que me daria algo para que eu nunca mais o esquecesse… — Ela tinha uma boa memória, embora ele estivesse tão focado em lhe dar as advertências que nem sequer lembrara de sua promessa, Helena não estava tão focada quanto ele em esquecer de suas últimas palavras do dia anterior.

—  Ah senhorita, estamos em público e acredito que as pessoas aqui presentes não veriam com bons olhos, deixemos pra uma outra ocasião. 

          Ela sorriu, pela primeira vez em algum tempo e ele se encontrou encantado com os pares de dentes tão brancos e alinhados.

             Um rápido silêncio fez-se presente junto das folhas que eram arrastadas para debaixo de seu vestido fino.

           — Verei você de novo ?

           Ele não respondeu e quando estendeu seu braço para onde vinha sua voz anteriormente, encontrou o vazio, na surdina do vento, ele havia ido. 

             — Senhorita, acredito que esteja um pouco tarde! O céu está escurecendo e se não nos apressados temo uma tempestade. — Ainda que a preocupação fosse palpável, Simon tinha tato e isso era o bastante. 

          — Ahh, é você! — Por acaso viu alguém sentado do meu lado ? 

                   Suas sobrancelhas grossas ataram-se uma à outra.

                   — Não vi ninguém ao seu lado, Senhorita. Vim aqui porque achei que Layse já tivesse ido embora. 

        Layse.

        Layse não havia aparecido, eera nunca havia feito tal coisa. Pontualidade era seu sobrenome e para que ela tivesse se ausentado uma vez que fora a própria que tinha lhe solicitado a presença, algo de importante lhe aconteceu. 

        Seguiram para casa, o mais rápido que pode fugindo da tempestade. Embora Helena não pudesse ver, as trovoadas não fugiam de seus ouvidos e o vento frio buscava refúgio em sua pele. Mas fora ao chegar, que Simon lhe alertou sobre os cavalos reais em sua parte. Com auxílio do Lacaio ela adentrou a porta, e mesmo que estivesse tudo muito silencioso ela podia ouvir diferentes tipos se respirações pesadas preenchendo pouco do muito espaço da sala. 

— Eleanor… — Questionou receosa, Eleanor era imprevisível. 

— Helena sabe quem está aqui ? 

Sua voz estaria, seca, mas de uma forma alerta, não que a quisesse faze-la sentir medo, mas sim porque ela mesma o sentia, e Helena reconheceu em sua voz. 

— Cortejos ?  — Ela chutou temerosa  pelos próximos segundos. — O que está…-

— Senhorita Buxton, o corpo de Stratus Layse foi encontrado está tarde degolado na floresta em que dá acesso á área rural á cidade de Winterfelt.

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