Continua Capítulo Um

Parte 5...

— Vai abrir mão da empresa - deu uma risada triste e raivosa ao mesmo tempo, andando devagar pela varanda — Da nossa empresa, é claro. Se não fosse por Yago nós nunca teríamos perdido o que já era nosso de direito. Ele trapaceou meu pai e o enganou, tirando o que deveria ser seu desde seu nascimento.

— Meio estranho isso... O que ele quer em troca disso?

O pai parou em frente a ele e colocou a mão em seu ombro.

— Que você se case com a sobrinha dele.

— Como é que é? - gargalhou sem acreditar — Ele é louco? Acha que vivemos em que século? - gargalhou de novo.

— Louco ele deve ser com certeza - Kratus torceu a boca, concordando — Mas é isso o que ele quer para devolver a empresa diretamente para você.

— Meu Deus - balançou a cabeça rindo.

_ Não é para rir filho, é sério - disse sem traço de humor.

— Pai, sabe que não penso em me casar ainda e a candidata jamais seria alguém daquela família nojenta. Imagine só, que absurdo.

— Não é bem assim... Você já passou da hora de se casar Kostas - disse sério _ Tem trinta e oito anos e não tem filhos. Não acha que já chega de se divertir como um solteirão? E as suas responsabilidades? Como vai fazer, quando chegar em minha idade?

— Eu trabalho muito, pai - rebateu.

— Sei disso e tenho orgulho de você, mas daqui a pouco não terá mais idade para ser pai. Não pode ter filhos já velho, não vai saber criá-los. Quer passar o resto de sua vida sozinho, é isso?

— Claro que não - se encostou na mureta — O problema é que procuro uma mulher diferente e que tenha certas qualidades que está difícil encontrar. Não quero que uma maluca dessas seja a mãe de meus filhos. Não quero crianças fúteis.

— Filho, eu amo você, mas devo dizer que é machista demais, até para mim que o criei.

Kostas recordou a última amante que teve e que havia dispensado três dias antes. Uma bailarina linda com corpo escultural, alta, loira e que fazia tudo o que ele queria na cama. Mas nem isso segurou seu interesse por muito tempo e o caso deles acabou após dois meses.

— Eu quero me casar por amor pai e espero o mesmo da escolhida. Não tenho vontade de ficar pagando pensão para mulher que só quer fazer a vida.

— Ora, se ainda não achou o que busca, por que não vê por outro ângulo? Se não for por amor, case-se para manter seu nome, para aumentar seus negócios e recuperar o que lhe foi tirado no passado - disse firme — Pode acabar gostando da garota. Não sabe ainda.

— Não sei... Não sei mesmo.

— Não seja teimoso Kostas - disse aborrecido — Se casar com a garota vai ter de volta o que é seu de imediato. Após a assinatura. De resto terá uma mulher em casa que lhe dará um filho. Todo helênico precisa manter sua linhagem.

— Mas é só isso? - ergueu uma sobrancelha.

— O homem está velho e cansado de fazer suas armações filho - disse um pouco mais relaxado — Ele é inteligente e sabe que vai morrer sem deixar herdeiros. Nenhuma mulher o quis e não vai ser agora que vão querer - fez uma careta — Os negócios dele estão passando por grandes dificuldades e ele não está conseguindo encontrar pessoas competentes o suficiente para diminuir seu prejuízo. Mas ele sabe que você tem grandes habilidades e sabe o que faz, reconhece seu valor. Ele só tem a sobrinha que ficará em problemas se ele perder tudo. Se casando com você ele garante o futuro dela e das empresas - puxou o ar fundo — E eu não gostaria que o que foi nosso um dia, vá parar nas mãos de outra pessoa. Aí ficará mais difícil recuperar.

— Só acho que tem coisa aí nesse meio. Yago nunca foi conhecido como alguém que faz algo para ajudar outros e menos ainda ouvi falar dessa sobrinha. Que eu saiba ele é sozinho.

— A moça foi criada longe daqui. A mãe a levou para longe quando era pequena.

— Isso me preocupa pai. É estranho isso.

— As vantagens são muitas para você.

— E eu tenho que ser comprado com vantagens para me casar com uma mulher que eu nunca vi? - fez uma cara de dúvida e um som de deboche.

Kratus suspirou um pouco desencantado com a teimosia do filho. Mas sabia que seria assim.

— Por que não dá um voto de confiança? O benefício da dúvida? - deu de ombros — Só saberemos depois que tivermos conversado diretamente com ele. Yago trabalhou com meu pai e aplicou um golpe nele - fechou o semblante — Eu me sinto culpado por não ter dado mais atenção ao que acontecia com a empresa naquela época e paguei caro por isso. Perdi tudo e ainda perdi meu pai que me faz muita falta até hoje - abaixou a cabeça pensativo — Você foi minha salvação. Se não tivesse colocado a mão nos negócios nem sei onde estaríamos hoje. Eu estava deprimido, teria perdido tudo o que restou.

— Não precisa relembrar isso pai - tocou seu ombro.

— Os nossos advogados vão dar uma olhada no acordo e vamos esperar sua opinião antes de aceitar ou rejeitar o que seja. Isso lhe dará tempo para conhecer a garota.

— É muito complicado achar que esse velho sacana e diabólico vai fazer algo que seja pensando em nossa família - ficou um pouco tenso — Não preciso e nem quero lembrar tudo o que ele já fez. Já nos prejudicou muito. Até mesmo com fofocas mentirosas. Yago não é flor que se cheire.

— Sei que está certo sobre isso, mas ele me pareceu realmente arrependido e cansado. Até falou sobre o erro que fez com meu pai. Está velho e a consciência pesou.

Kostas deu uma risadinha de descrédito. Era difícil de acreditar que Yago tivesse algum tipo de remorso.

— Não sei se ele sabe o que significa arrependimento pai. Talvez esteja entediado por não ter uma briga há tempos e está inventando essa ideia de arrependimento para ver se caímos. Sou até capaz de seguir com isso só pra ver o final.

Kostas agradeceu a nova taça de vinho que o empregado lhe trouxe. Já sabia que ele gostava de beber um bom vinho em sua varanda para escapar do calor que fazia em Atenas naquela época do ano.

— Eu nunca ouvi falar dessa sobrinha - tomou um pouco do vinho tentando lembrar.

— Ela vivia no Brasil com a mãe. Tenho certeza de que deve ser uma boa moça.

— Eu não - ele riu — E se for uma peste igual ao tio? Ela tem o sangue dele, dos Demetrious. Deve ser complicada também. E aposto que deve ser feia. E chata. Ou pior - gargalhou.

— Não seja assim, Kostas.

— Nós não sabemos nada dessa criatura, papai - ele gesticulou — E se ela tiver alguma doença genética que vai passar para os meus filhos? De que me serve?

Katrus balançou a cabeça incoformado com as palavras do filho. Já era mais do que teimosia, era cisma mesmo.

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