Capitulo 4

                                                               Quem é Pérola?

Lembranças da Pérola

—E agora?

—Eu vou me separar do Enrico.

—Você nunca deveria ter aceitado aquele pedido— dizia Vitor com a cabeça no colo de Pérola — Eu não achei que iríamos nos separar...

—Eu fui uma tola. É isso que fui... Acreditei que você estava tendo um caso, acreditei que você queria apenas mostrar para Campos que você era uma pessoa importante. E que eu era apenas uma figurante na sua vida.

—Figurante? Nunca. Eu amo você... E a culpa toda é minha e acabei deixando os seus sonhos de lado. Fui arrogante com você e com tantos que amo.

— Por isso que um amor assim não vai se apagar e vamos ter o nosso filho e unir as nossas famílias.

— Vai ser uma surpresa para todos e o Enrico vai ter que ir embora da cidade, mesmo sendo da minha confiança ainda sim sei reconhecer que ele não é fácil na queda.

—Ele vai Vitor.

—Enrico está estranho. Não concordo com o modo que vem fazendo as coisas ... Acho melhor afastá-lo e depois você pede o divórcio, aliais fala pra ele a verdade que você não o ama e vem morar comigo... Na nossa casa.

—Você me perdoa pelo meu passo errado?

—Achei que iria perder você pra sempre.

—Nunca— Respondeu Pérola beijando os lábios masculinos. — Logo estaremos juntos de novo. A Sabine já sabe...

—Eu vou conversar com o Daniel.

—Ele ficou chateado comigo... Ele não gosta mais de mim.

Vitor sorriu.

—Ele gosta sim. É que ele é que segurou a minha barra...E ele nunca gostou do Enrico, quando o Juliano disse para não confiar, o Daniel também não confiou.

—O Daniel ainda está envolvido com aquela mulher?

—Lívia?

—Não gosto dela...nunca gostei eu acho que ela gosta de usar o Daniel.

—Lívia é uma mulher cheia de jogo, sabe de sedução, liberdade...sexo.

—Ela não sabe o que quer e só sabe abrir aquele sorriso e me olhar de um jeito esnobe.

— Esqueça aquela maluca.

O casal não estava em Campos e sim numa praia particular na Bahia.

Vitor levantou e foi seguindo Pérola e mais uma vez perguntou

—Você disse que o ama? Já falou isso em algum momento?

—Eu nunca amei ele...Eu já disse que me arrependi no mesmo dia que disse sim...os meus dias só foram infelicidades.

—Até aquele dia que roubei um beijo seu na sua sala.

—Acho que a Glaucia viu alguma coisa...

—Vamos deixar eles em Campos e vamos namorar. E quero você e o meu filho comigo e dessa vez, eu juro que vou encarar tudo e todos, principalmente o seu pai.

—Meu pai é os menores dos nossos problemas neste momento, mas todos estão desconfiados já que nunca estamos na cidade ao mesmo tempo.

—Você vai na frente e arrume as suas coisas e vá para a minha casa. Eu vou ver a minha família e chegarei lá no domingo para não levantar suspeitas. Está bem assim?

Vitor e Pérola se renderam a paixão.

As lembranças eram intensas e dolorosa.

Todas as manhãs quando acordava e fitava o seu filho, o pequeno Joaquim que está cada vez mais a cara do pai.

Era impossível não imaginar se o helicóptero não tivesse caído como estaria a vida de todos naquele momento, ou então se Daniel não tivesse aberto a investigação e com toda a ajuda jamais saberiam o quede fato aconteceu e os culpados saíram empune e o pior era ter o Enrico por perto e tão perto do seu filho.

Contudo, a vida de Pérola era cheia de pequenas alegrias e paz. Tudo estava acontecendo e saber que tinha pessoas que podia confiar a enchia de energias e esperança na vida.

A nova repaginada que Garcia causou em poucos meses era notório aos olhos de todos. A Inovare renasceu. E Campos ainda mais bonita e agitada.

A parte não tão boa nisso tudo era o afastamento da Martina na vida da família que agora estava estudando e morando em outro Estado. A moça sempre enviava cartão, e-mails e ligava quase todos os dias e mostrava estar mais madurecida.

Sabine após o trauma que enfrentou, agora vivia o seu casamento com muito amor e sem medos. Uma tia dedicada. Empresaria animada. Esposa apaixonada. Filha e irmã mais que querida.

Parecia que tudo estava no rumo certo para todo mundo.

A parte triste estava cada vez mais distante de suas vidas, como uma tempestade que o mar leva embora.

Entretanto, era hora de voltar para a sua carreira e vivenciar de perto o que avistava nos relatórios e campanhas que Garcia dirigia com competência e dedicação.

Chegou o dia. O dia que retomar o seu posto de Pérola Franco.

                                                                     ***

Pérola escolheu naquela manhã um vestido amarelo-ouro de mangas, salto e bolsa de tons bege, anéis e colares e brincos e com as madeixas sedosas de lado. Sem esquecer de se maquiar e de se perfumar.

E, assim que estacionou o carro foi recebida por Garcia.

— Bem vinda a sua empresa.

— Ficou linda a fachada.

— Um pedido da Melissa e achei que fosse gostar também.

— Gostei sim Garcia.

— Que bom, vamos lá?

Pérola fitou aquele homem que um dia teve receios de trabalhar, depois de tanto ouvir sobre a fama e sentir de fato como ele sabia muito bem o que fazia e como fazia com sua carreira e que um dia até lhe pediu um beijo, agora, era um homem diferente, mais gentil e ponderado também.

Ela queria dar um abraço de gratidão, mas perdeu a coragem.

Respirou fundo e aceitou o braço que ele estendeu.

— Hoje temos uma reunião que precisamos muito da sua presença de espirito e de coordenadas. Quero que sinta-se em casa na sua casa, está bem?

Pérola corou levemente.

— Ah...Garcia, só você mesmo.

— Agora às noves temos um café da manhã, na verdade adaptei toda as terça-feira fazermos um encontro assim, com todos e de todos os setores para descontrair um pouco antes do trabalho, já que moram e trabalham dentro do paraíso que é Campos não gostaria de ter colaboradores pensando só em praia ou em suas casas.

— Uau! Ideia formidável!

— Rendável também a produtividade é importante e a união que é onde mais tivemos trabalho.

—Claro, eu li nos relatórios e realmente o recursos humanos são prioridades.

—Vamos até a sua sala?

Pérola fitava Garcia andando por ali e bem à vontade, todos eram simpáticos com o diretor e o mesmo também era recíproco.

Quando a porta da sua sala foi aberta, ela gostou muito do que viu ainda mais pelas flores preferidas que era a jasmim-manga e também uma nova agenda revestida de couro e uma caneta tinteiro em cima da mesa.

E na parede como um quadro negro havia um mosaico com todas as fotos das últimas campanhas.

—Uau! Garcia! Adorei! — disse radiante — Você fez tudo isso!

—Vamos fazer muito mais, agora que você está de volta aos poucos vou me afastando, mas não se preocupe você não ficará sozinha, até lá você terá bons braço-direito na Inovare.

—Não...Não, eu não estou expulsando você...E sem você essa empresa estaria fora do mercado há meses.

— Já falamos isso outras vezes e quero que aproveite a sua sala e não se esqueça da reunião.

Pérola levou um tempo para observar tudo e quando iria responder alguma coisa, viu a Garcia fechando a porta.

Ali ficou por mais um tempo para admirar e se acostumar com o seu mais novo lugar de trabalho.

Algum tempo depois a Bruna foi responsável em fazer um tour com a Pérola antes da reunião com Garcia.

—Tudo está perfeito. Vejo uma nova energia aqui e parece que foi anos que deixei esse lugar.

—Verdade Pérola — confirmou Bruna — O Juliano aqui só melhorou o andamento da sua empresa. Você já viu o Hotel como ficou, deveria passar por lá também e até os restaurantes estão com variedades e os pequenos empreendedores estão felizes também.

—Sim, estou sabendo Bruna e reconheço os esforços do Garcia aqui na empresa e na cidade.

Bruna escutou a resposta da morena, deu um sorrisinho e abriu a porta de reunião

—Ele está a sua espera. E bem vinda, mais uma vez.

— Obrigada Bruna.

A reunião foi guiada pelo dono da Risky que sempre buscava a opinião da diretora e dona da Inovare.

E a produção daquele campeonato estava um pouco fora do esperado e não deram uma resposta antes de analisarem e rever as vantagens.

Ao final da reunião Pérola foi apresentada ao novo marqueteiro e que já dava andamento nos projetos da empresa e também Garcia comunicou que deixaria a cidade por alguns dias.

—Não... - choramingou Pérola — Poxa, queria tanto passar mais tempo com você aqui pra gente conversar... Eu não sei como vai ser de hoje em diante.

—Calma Pérola, não vou embora. Ainda, não vou embora.

— Fique.

—Não posso Pérola. Eu ficarei devendo um almoço.

— Não vi vantagens – reclamou mais relaxada.

Porém, Garcia era irredutível em sua decisão.

— Voltarei dentro de poucos dias, só não avisei antes para não deixa-la assustada e queria que visse com os seus próprios olhos que tudo está tranquilo e que nada e nem ninguém vai ser invasivo em sua rotina.

— Garcia, eu nunca que imaginaria que você ainda iria me ajudar.

—Aceitei o pedido dos Sartori's e sou grato pela amizade que tive com o pai do Joaquim.

—Vitor...

—Um cara de sorte.

Garcia repetiu aquela frase e antes de qualquer outra reação, mudou a postura e o tom de voz.

— Pérola prometo que vamos almoçar no Sandaro assim que eu voltar. E fique bem. A empresa é sua e qualquer dúvida, tem o contato da Bruna.

—Está bem e faça uma boa viagem Garcia.

—Obrigado Pérola.

A despedida foi rápida e sem muitas demoras.

Horas depois Garcia deixou o prédio e a cidade de Campos.

—Adoramos quando vem em casa com o Kim— disse Sabine.

—Não quero dar trabalho, hoje é folga da babá e lá na casa dos nossos pais não dá.

—Sei. Sei. O amigo do nosso pai.

—Eu não quero namorar um médico.

—Você não precisa namorar— Explicava Sabine enquanto terminava de dar colheradas de gelatina de morango para o sobrinho — Mas, seria bom ter alguém para passear, sair pra jantar...

—Sair para jantar seria muito bom. A vida agora me reduziu a cuidar do Kim e da Inovare, ainda mais agora que o Garcia pode nos deixar a qualquer momento.

—Ele passou aqui antes de partir.

—Vocês gostam muito dele não é?

—Juliano é um bom homem e confiamos no trabalho e no coração dele.

Pérola afastou-se um pouco e ficou perto da janela, refletindo.

 Daniel ainda não tinha chegado em casa, e além de estar escrevendo a série para a tevê paga e adaptando um novo roteiro, também se preparava para uma nova graduação.

— Percebi que as praias estão sempre cheias e tenho mais vizinhos.

—Isso é bom! E Pérola vamos para a cozinha, vamos logo jantar.

—Não vai esperar o Dan?

— Ele já deve estar chegando...

Pérola fitou a irmã caminhando para a cozinha levando o Joaquim, e logo imaginou a irmã naquele ambiente tão harmonioso carregando o próprio filho.

Quando chegou na cozinha, viu o filho na cadeirinha segurando um boneco de borracha. Joaquim estava com seis meses, e era muito esperto.

—Olha só— começou a Pérola dizer — Esse clima familiar, cheirinho de comida caseira. Uma casa acolhedora. Marido chegando... Sonhei tanto em viver algo assim com Vitor e nada foi como planejei.

Sabine parou o que estava fazendo e foi abraçar a irmã.

—Ainda está em tempo, olha minha irmã, eu sei mais que ninguém que você o amou e muito e foi impulsiva naquele momento e o Vitor demorou demais, mas a vida não acabou.

—Acabou sim Sabine e caso não fosse pelo meu filho... Nem sei onde eu estaria agora.

—Pérola ...

—Agora virei um saco de batata que só dá trabalho na vida de vocês e o nosso pai quer porque quer me apresentar um colega do trabalho.

—Sei, o doutor Allan.

—Não quero Sabine.

—Quando for à hora certa você vai conhecer alguém legal.

Pérola sorriu e abraçou a irmã.

—Obrigada Sabine. Bom, vou lavar o meu rosto...

—Isso, vá lavar esse rosto e vem experimentar o quiche de frango.

— Espere por mim.

Pérola foi para ao lavabo e escutou o barulho na porta da frente.

—Que casa mais silenciosa!

Estamos na cozinha! — respondeu Sabine

O som dos passos pararam na cozinha.

—Ah que visita boa! - exclamou Daniel contente.

Daniel primeiro deu um selinho no esposa, e lavou as mãos para pegar sobrinho no colo.

—Olha só esse garotão!

—Falei para a Pérola que o Joaquim está gigante!

Pérola voltou e parou na porta da cozinha e observou a cena que durou poucos segundos.

—Gigante! — brincava o tio do menino que juntos sorriam alegremente.

Daniel sempre a tratava Pérola com muito carinho, assim como foi antes na época que moraram em São Paulo, fora também o carinho que o escritor tinha pelo sobrinho.

 A conversa sempre amistosa e harmoniosa embalaram a noite, após o jantar e a sobremesa o casal fez questão de leva-los pra casa.

—Estou preocupada com a Pérola — disse Sabine acenando para a irmã e o sobrinho enquanto Daniel manobrava o carro, para partirem.

—Ela está com problemas?

—Ela está só. — disse Sabine com tristeza.

—Entendo. E o seu pai quer empurrar o doutor para a sua irmã.

—Ele só está preocupado com ela e com o neto.

—Não sei...o doutor Allan parece ser tão ...nocivo.

—Isso é ruim?

—Eu acho que sim, mas isso é ela que tem que decidir.

—Se ela ficar com uma pessoa, o que você acharia?

—Eu não posso e não devo interferir hoje sou apenas amigo e tio do Kim.

—Disso não tenho dúvidas... Daniel vamos para a praia?

—Agora?

—Sim. Agora.

Daniel sorriu para a esposa e mudou o caminho e foram para a praia.

Sem imaginarem ou calcularem foi naquela noite que aumentaram a família Franco Sartori.

Pérola em meio a rotina nova e com tantos afazeres e nenhum para si, acabou aceitando um jantar com Allan.

—Allan vai jantar na casa da Pérola — anunciou o Jonathan para a esposa que estava na cozinha.

—Ele se convidou?

—Não Ingrid. Mas ela aceitou o meu pedido e vai receber o Allan em sua casa nessa sexta, e vamos nós dois e a Sabine com o marido.

—Não acho que isso vai dar certo... E se o jantar não for bom, por favor, meu querido não empurre mais o doutor para a nossa filha.

—O Allan gosta da Pérola.

—Claro que gosta, a nossa filha foi modelo, é belíssima e cuida de uma empresa e tem um filho...Já o doutor Allan, é divorciado, é dez anos mais velho que a nossa filha...e não tem filhos.

—Você já tem uma lista de defeitos para o pobre homem...Ingrid?

—Eu estou bem...Só estou lendo o cartão da Martina. Ela está feliz.

—Elas estão felizes.

— É eu sei.

                                                                 ***

Sexta-noite.

Allan chegou em sua BMW conversível metálico, usava calça escura e camisa azul lisa, Rolex no punho esquerdo e o cabelo estava de lado para esconder a calvície.

O doutor Allan Gurgel, fazia parte da equipe do doutor Franco e já clinica a três anos no hospital de Campos. E conhecia as filhas do cardiologista, mas a mais velha era a que mais chamou a atenção, aliais não só a dele, mas sim de vários homens e com o fim do casamento com Enrico e o nascimento do filho com o antigo namorado, fez Allan entender que a Pérola precisava de alguém para protegê-la e dar a calma que tanto precisava.

Quem sabe ser um pai para o menino.

Na casa de Pérola.

—O convidado chegou— disse Daniel com o sobrinho nos braços, olhando da janela.

—Já estamos descendo! - gritou Sabine.

Franco que fez as honras da casa e abriu a porta para o amigo.

—Allan! Bem-vindo.

—Obrigado doutor Franco. Eu trouxe flores e vinho.

Daniel ainda se manteve distante segurando o Joaquim que estava também muito bem vestido e usava uma gravatinha borboleta.

—Como vai Dan?

—Boa noite Allan.

Daniel olhou para as flores e disse

—A Pérola gosta de jasmim...rosas vermelhas seria bom para um encontro mais íntimo.

Allan ficou sem jeito, e meio perdido.

—O que faço?

—Diga que é para a casa nova.

—Casa nova?

Allan parecia não entender, e piorou quando o senhor Franco chegou com duas taças.

—Prove esse prosecco, é muito bom. - Allan logo tomou a taça e assim a bebida, e o homem olhou para o genro — Daniel?

—Não. Obrigado senhor.

Quando Sabine e dona Ingrid foram descendo estava conversando em tom baixinho, quando avistaram quatro pares de olhos masculinos em suas direções, deram o melhor sorriso.

—Boa noite. — disse Sabine para Allan e logo se ajuntou com o marido.

—Boa noite Allan. A minha filha já vai descer... E vou chamar a Virna.

Cinco minutos depois, os convidados já estavam instalados pela sala e pela dependência da parte de baixo. A casa ficava de frente para o mar e a vista era belíssima.

Allan deixou as flores vermelha num canto da casa, e preferiu se manter distante do casal Sabine e Daniel que brincavam com o menino risonho.

—Essa casa era do esportista o Vitor Sartori?

—A casa que ele moraria com a minha filha, bom a casa agora é dela e do meu neto. - resumiu Franco.

— Dessa forma ela nunca vai querer um homem do lado.

Franco olhou com interrogação para o colega de trabalho.

—Não entendi a sua observação.

—Ela não precisa, pois é auto eficiente... Duvido que aceite ordens ou sugestões de um homem.

—Ela não precisa de um homem fraco...e você é?

—Nunca. Eu sou muito decidido.

Franco sorriu. Na verdade apostava no jovem Allan para entrar na vida de Pérola e construírem uma família solida e depois assumir o seu lugar no hospital.

Quando Pérola desceu, deu um novo clima para aquele encontro que os únicos que se divertiam ali era o Joaquim com os tios corujas.

A morena usava um vestido branco que era estampado com rosas azuis, e era um pouco abaixo dos joelhos, usava uma sandália de salto baixo e os cabelos estavam presos.

—Boa noite e desculpem a demora... A Virna já serviu? Ah que bom...

—Boa noite Pérola trouxe um vinho.

—Boa noite Allan e bem vindo a minha casa e obrigada pelo presente... Cadê o Kim?

—Está com o Daniel na varanda— avisou Ingrid.

E assim o jantar se iniciou.

As próximas horas até que foram agradáveis.

Allan era apenas mais reservado e ficava observando a sintonia que a Pérola tinha com o casal Sabine e Daniel e o carinho que passavam para o pequeno Joaquim

A parte um pouco chata ou pouco empolgante era quando Franco introduzia assuntos do hospital para o Allan falar diante dos demais.

Enquanto o homem falava, a Pérola reparou no buque de flores vermelhas, ali quase esquecidas, mas achou melhor não perguntar e continuou dando ouvidos para o assunto de clinicas médicas, ainda mais quando Daniel começou a perguntar algumas coisas rotineiras e nada alarmantes.

De repente, um barulho de motor de moto parou perto da casa, chamando atenção de todos da casa, quando Virna apareceu e comunicou a dona da casa.

—O moço da moto é o Seu Juliano Garcia.

Na cozinha tinha um controle de segurança nas duas entradas da casa, e era monitorado na cozinha e em outro cômodo na parte superior da casa, por isso a mulher logo identificou o homem quando tirou o capacete e caminhou para a entrada da casa.

—Garcia tem uma moto! — Exclamou Pérola fitando o cunhado que respondeu

—Tem. Tem sim e é o mais novo brinquedo dele.

Virna abriu a porta e o homem que entrou vestido todo de preto, jaqueta de couro e carregando o capacete no braço esquerdo.

—Boa noite — Falou recém chegado para a Virna — Se a Pérola estiver ocupada, volto em outra hora.

—Boa noite, senhor.

—Garcia! Entre!

Pérola estava sentada ao lado do Allan enquanto o doutor Franco estava sentado na cabeceira da mesa.

O dono da Risky observou a morena deixar a mesa e seguir em sua direção e foi impossível não notar as rosas vermelhas embaladas.

—Chegou agora ou já tem um tempo?

—Acabei de chegar— Explicou — E trouxe boas notícias para a Inovare.

—Olá Juliano! - Falou dona Ingrid — Venha sentar conosco a viagem deve ter sido cansativa.

Juliano tirou os olhos de Pérola e fitou os convidados.

—Boa noite dona Ingrid e boa noite a todos. Peço desculpas pela minha chegada sem avisar, mas devo seguir pra casa, apenas passei aqui para deixar um documento para a Pérola.

Sabine correspondeu o aceno do rapaz e o Daniel logo levantou e foi abraçar o amigo.

—Ei cara!

—Sartori!

—Quero dar uma olhada na máquina e ai fez boa viagem, é segura

Os dois saíram da casa para ver a máquina de duas rodas.

—Baita máquina!

—Quer dar uma volta? — ofereceu Juliano.

— Não sei...

—Chama a Sabine. Depois deixem lá em casa.

Daniel fez cara de espanto.

—Se ela já corre naquela bicicleta imagina numa moto ... Não, não e eu agradeço o convite e não ofereça para ela que é doidinha.

Juliano riu.

—Eu concordo também — Falou Pérola que escutava a conversa dos dois —E é muito bonita a sua moto, Garcia.

—Obrigado.

Daniel falou mais uma ou duas palavras e os deixou sozinhos.

Juliano foi até a moto e abriu um dos compartilhamentos da moto e tirou um envelope e entregou para Pérola.

—Se der ainda hoje, leia esse contrato é de um grupo americano. A proposta é muito boa.

—Vou ler sim.

—E desculpe atrapalhar o seu jantar.

—Não me atrapalhou em nada, não... – ela respondeu com um belo sorriso

—Aquele é o seu pretendente?

Pérola ficou surpresa pela pergunta e o respondeu com sinceridade.

—Pretendente? Eu não tenho pretendente.

—O médico sentado ao seu lado.

Juliano tinha uma expressão séria, dominante.

—É apenas um jantar, sem maiores significados...

—Então as flores que estão jogadas ali na bancada foi para cortar o coração do pobre homem.

—Flores?

—O seu perfume quer dizer sim, que é um encontro agora já o que veste... Não combina com você. Quando a vi sair por essa porta eu pensei que tivesse com uma torta de maça nas mãos.

Pérola, ficou boquiaberta com as palavras do Garcia, até queria pensar em algo pra revidar e o pior é vê-lo dar as costas e caminhar para a moto.

—Você está me chamando de quê?

—Eu não estou chamando você de nada. Apenas estou dizendo que essa não é você.

Pérola olhou o vestido que usava e lembrou que foi a mãe que ajudou a escolheu  para usar naquele jantar.

—O que há de errado com o meu vestido?

—Depois se olhe melhor diante do espelho e pense se ele— Garcia indicou com a cabeça para dentro da casa — Vale essa mudança.

— Espera...

— Boa noite, Pérola. Não deixe os seus convidados esperando...

Pérola levou algum tempo para voltar para dentro, e quando fez passou a noite sem sentir o lado divertido do jantar deixando a mente vagar e também não pensou na hora de negar o convite do Allan para jantar em uma outra noite.

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