RICARDO:No início, os lábios dela se tencionaram por causa da surpresa; depois suavizaram-se sob os meus. Senti seu hálito suave enquanto suas mãos, que antes me seguravam com medo, agora deslizavam pelo meu peito com uma urgência que nublou meu juízo. Por um momento, esqueci onde estávamos e por que estávamos nos escondendo. Cada barulho exterior a fazia se grudar mais a mim, buscando refúgio em meu corpo. O medo a fazia tremer, e esse tremor reverberava em meu próprio corpo, criando uma intimidade que ia além do físico. A adrenalina do perigo amplificava cada sensação compartilhada.  Soltei-a sem dizer nada; a raiva por ter cedido e a atração dentro de mim eram uma tempestade impossível de controlar. Queria afastá-la e, ao mesmo tempo, puxá-la para mais perto. Essa mulher estava me deixando louco, e o pior é que nem podia cul

RICARDO:Observei-a passar da fúria à palidez em questão de segundos. Um sorriso sarcástico se formou em meu rosto ao vê-la desmoronar diante de mim. Primeiro seu acesso de fúria infantil e agora isso, típico de uma menina rica mimada que não sabe lidar com seus assuntos.  —Sério, Victoria? Nossa, nossa... —disse com um tom mordaz, inclinando-me para frente sem tirar os olhos dela—. Então a senhorita perfeita deixou seus documentos importantes na casa do ex. Sério? Esse é o nível de incompetência com o qual eu tenho que lidar a partir de agora? Você tem ideia do desastre que sua estupidez poderia causar?  Victoria se virou para me olhar com uma fúria assassina. Em um segundo, a vi se lançar sobre mim como uma fera, agarrando-me pela gravata com tanta força que o nó se cravou em minha garganta.  &md

Me afasto lentamente do beijo, ainda desconcertada pelo que fazemos. Embora não possa ver seu olhar na escuridão dominante deste armário, imagino como me despedaça com ele. Não digo nada; permanecemos em silêncio por mais alguns segundos, certificando-nos de que os passos se afastam completamente para o andar de cima. O momento de intimidade que compartilhamos me enche de vergonha e eu gostaria de apagá-lo completamente, enquanto a realidade da nossa situação volta a se impor.  —Os papéis devem estar no escritório —sussurro, tentando me afastar de seu corpo, mas sem conseguir—. É onde Carlos coloca tudo; tenho certeza de que queriam me prender lá.  —Esperemos mais um pouco —murmura ele, abrindo cautelosamente a porta do armário—. Deixe que se concentrem em seus assuntos, mais alguns minutos.  —Certo, mas vamos cam

Ricardo deixou escapar um breve sorriso que mal tocou seu rosto. Sob aquela máscara de segurança, escondia um universo de segredos.—Senhora Victoria, pare de imaginar coisas —respondeu, enquanto ajeitava seu paletó—. Não misturo assuntos pessoais com meu trabalho. O que você realmente quer saber?Abri a boca para responder, mas a maneira como ele falou conseguiu me silenciar por um breve momento. Eu sabia, isso não era da minha conta, por isso reprimi minha curiosidade de me meter em sua vida. Ricardo guardou seu telefone no bolso interno do paletó e me observou fixamente quando abriu a porta de seu carro para mim.—Nosso trabalho é limpar nosso nome, salvar seu império e minha empresa, não se esqueça —respondeu com tranquilidade calculada—. Por favor, controle seus impulsos desmedidos. Seria útil que você não transformasse cada detalhe

VICTORIA:Ricardo deixou que o som do teclado preenchesse o espaço entre nós, enquanto seus olhos continuavam concentrados na tela. Meu coração batia acelerado diante da possibilidade de que ele também fosse parte da armadilha daqueles miseráveis. Uma sensação confusa que eu não conseguia decifrar me inundou. Olhei para ele; nem ele nem eu queríamos estar ali, mas não havia outra saída.  — Você está pensando demais — disse finalmente, rompendo o silêncio com seu tom grave, direto, quase cortante. — Só quero recuperar o que é meu, o que construí com minhas próprias mãos.    Olhei fixamente para ele, buscando sinceridade em seu rosto. Apesar de sua origem humilde, Ricardo tinha uma presença imponente. Eu não sabia o que pensar; havia perdido sua empresa e parecia não se afetar