As AcusaçõesXENOISO caminho para casa pareceu os vinte minutos mais longos da minha vida. Minhas mãos estavam agarrando o volante tão firme que meus nós dos dedos tinham ficado brancos, e podia sentir meu lobo caminhando inquieto sob minha pele, também agitado pelas numerosas emoções que estavam passando por mim.O que havia testemunhado na minha própria cozinha continuava se repetindo na minha mente.O rosto de Lumina, cheio de raiva enquanto pressionava a mão de Sophia contra o fogão aceso. Podia sentir o cheiro da mão chamuscada e ainda podia ouvir os gritos de dor e terror de Sophia.O jeito que minha companheira havia me olhado depois — não com vergonha ou arrependimento, mas satisfeita com o que havia feito.Tinha que haver uma explicação em algum lugar. Tinha que haver alguma razão pela qual a mulher com quem me casei, a mãe da minha criança, havia cometido tal ato contra Sophia. Lumina não era cruel. Ela era gentil, carinhosa, protetora daqueles que amava.A mulher qu

Uma Aliada InesperadaSOPHIAEstava sentada na minha sala entediada até a alma. Meu dia havia sido arruinado por aquela Lumina, já que eu pretendia passar algum tempo com o companheiro dela, mas devido à situação, estava de volta em casa, tomando uma taça de vinho e admirando a bandagem profissional na minha mão queimada, quando meu telefone tocou me tirando dos pensamentos.Imediatamente alcancei, pensando que era Xenois ligando para saber como eu estava como de costume. Mas o identificador de chamadas me fez hesitar — era Silvia Blackwood.A mãe de Xenois não havia falado comigo desde que deixei Silver Creek todos aqueles anos atrás, e certamente não esperava ter notícias dela agora.Deixei tocar mais duas vezes, me recompondo antes de atender com surpresa presente na minha voz.— Senhora Blackwood? Isso é inesperado.— Sophia, querida. — Sua voz era exatamente como me lembrava, soando culta e confiante de uma forma que mostrava que definitivamente estava acostumada a cons

O Esquema da MatriarcaSILVIAColoquei meu telefone sobre a mesa de mogno no meu escritório, um sorriso satisfeito presente no meu rosto.Aquela conversa havia corrido ainda melhor do que esperava. Sophia havia soado grata e vulnerável o suficiente para parecer simpática sem parecer fraca para mais ninguém. Perfeito.— Foi uma bela performance, Silvia. — Meu marido falou me assustando um pouco já que não o havia ouvido entrar no escritório.Virei-me para encontrar meu marido Samuel parado na porta, braços cruzados e expressão franzida. Tinha um olhar de desaprovação no rosto.Há quanto tempo ele estava ouvindo? Tempo suficiente, a julgar pelo jeito que estava me olhando e como soou.— Não sei do que está falando — disse suavemente, me movendo para me servir um conhaque da taça que ficava na mesa do bar enquanto acrescentei com uma indiferença nos ombros.— Estava simplesmente estendendo um convite a uma velha amiga da família.— Uma velha amiga da família que por acaso f

Obrigações FamiliaresXENOISA manhã seguinte chegou com um céu cinza que combinava perfeitamente com meu humor, porque não estava me sentindo nada bem.Mal havia dormido, rolando e me virando na nossa cama a noite toda enquanto Lumina permaneceu no quarto de hóspedes e não conseguia ouvir nada daquele quarto.Toda vez que fechava os olhos e tentava descansar, via flashes do caos de ontem — os gritos de Sophia, o cheiro de carne queimando, o rosto de Lumina cheio de raiva e satisfação.Me encontrei na cozinha mais cedo que o usual, fazendo café monotonamente enquanto minha mente repassava tudo que havia acontecido.A rotina familiar de moer grãos e medir água deveria ter sido calmante para mim e me acalmar, mas em vez disso só me lembrava de onde Lumina havia atacado Sophia apenas vinte e quatro horas atrás.— Papai? — A vozinha de Ollie cortou meus pensamentos enquanto levantei a cabeça surpreso ao vê-lo lá. Mal passavam das 7h e ele já estava acordado e não o ouvi entrar.

Reunião de FamíliaLUMINAO caminho até a cobertura dos pais de Xenois pareceu um pouco menos que um passeio agradável e mais como viajar para minha própria execução.Sentei no banco do passageiro, observando as ruas familiares de Silver Creek passarem por mim num borrão, enquanto meu estômago estava cheio de uma mistura de pavor pela visita que se aproximava e também resignação porque não havia nada que pudesse fazer sobre isso.No banco de trás, Ollie estava muito quieto, seu tablet esquecido no colo enquanto olhava pela janela com a mesma expressão preocupada que senti estar presente no meu próprio rosto.Xenois não havia falado muito durante os vinte minutos de viagem, suas mãos agarrando o volante com muita força desnecessária.A tensão entre nós da conversa desta manhã ainda persistia e só foi piorada pela ligação de Sophia que ele tentou esconder de mim. Mas não teve sorte nisso.Eu sabia que ele queria ir até ela, consolá-la e verificar seus ferimentos. O fato de ter esc