Capítulo 42James BelleroseMal posso acreditar que finalmente Louise está aqui, deitada ao meu lado, está com o corpo coberto apenas pelo lençol que puxa instintivamente, como se tentasse esconder aquilo que já me pertence. Meus olhos não conseguem desgrudar dela. É como se meu coração estivesse em ritmo diferente, preso entre o êxtase da lembrança e o medo de não ser capaz de estar à altura do que aconteceu entre nós, e principalmente de manter ela ao meu lado.Ainda sinto na pele o calor dela. O gosto de sua boca ainda está impregnado na minha, doce e urgente ao mesmo tempo. O perfume suave que vinha de sua pele parece ter se misturado ao meu, criando uma essência única, só nossa.Quando finalmente a toquei pela primeira vez, mas agora de verdade, eu sabia que estava entrando em território sagrado. O modo como seu corpo reagiu ao meu foi puro instinto, inocência misturada à curiosidade. Seus olhos se perderam nos meus, e foi nesse olhar que percebi que ela era tudo que busquei a v

Capítulo 44Valéria Rilke BrownDesde que me lembrei de onde conhecia a mãe de James, isso tem atormentado meu juízo.Por que ela me deu aquela quantia de dinheiro? Por bondade? Existe bondade sem nada em troca? Ou tem algo ali que simplesmente não faz sentido? Eu preciso descobrir. Não comentei nada com Louise, ela estava feliz demais com a formatura, o desfile, a viagem. Mas mesmo assim, não tenho paz, pois sinto que essa informação é crucial para nossas vidas.Chamei a enfermeira e avisei que precisava sair. Peguei o endereço de Anne Bellerose e segui até lá, tomada por um misto de medo e ansiedade pelo que estava por vir...Ao chegar na enorme mansão, tive certeza de que, sem dúvidas, dinheiro nunca foi problema para eles. Mas por que justamente nós? Com certeza tem algo mais...Toquei a campainha, me apresentei e aguardei. Em poucos instantes, o enorme portão com a inicial B, em ouro, se abriu. O táxi nos deixou na porta e uma senhora nos conduziu até a sala de visitas.— Valéria

Capítulo 46Cecília BertinnQuando saí de Santa Maria, no interior do Rio Grande do Sul, tinha apenas uma mala surrada, um punhado de sonhos e uma promessa silenciosa de mudar a vida da minha família. Sempre ouvi falar do tal sonho americano, mas nunca imaginei o quanto teria que lutar para transformar esse sonho em realidade.No começo, a vida em Nova York foi dura. Trabalhei em tudo que aparecia — fazia faxina, fui garçonete, até babá, vivendo com o básico e juntando cada centavo. Um pouco eu mandava para ajudar minha família, o resto guardava para realizar meu sonho.Foi só depois de muito suor que consegui comprar uma carrocinha velha e enferrujada. Pintei de rosa, com minhas próprias mãos, e foi nela que comecei a vender os lanches que aprendi a fazer com a minha mãe.Dei a ela o nome de Sabor Gaúcho, em homenagem às nossas raízes, como uma forma de me sentir conectada à minha terra mesmo tão distante dela.Hoje, anos depois, aquela carrocinha virou uma pequena lanchonete. Não é

Capítulo 48Louise BrownO desfile foi simplesmente impecável, mágico, quase surreal.As luzes refletiam nas peças que pareciam ter vida própria, e a Bellerose ganhou Paris naquela noite. Eu ainda sentia meu coração acelerado, como se estivesse desfilando junto com cada modelo, como se parte de mim estivesse sendo aplaudida junto com James.O orgulho que eu sentia por ele transbordava. O homem que antes me parecia distante, frio e calculista, agora estava sorridente, com os olhos brilhando como nunca. Quando anunciaram a proposta milionária para levar as peças da Bellerose para as ruas de Paris, quase chorei de emoção. Era o sonho dele se tornando realidade e, de certa forma, também o meu.Estávamos comemorando no salão reservado para os amigos e convidados especiais. O som suave de um piano ao fundo contrastava com as risadas animadas, o tilintar das taças de champanhe e as conversas sobre negócios e moda. Mas, mesmo em meio àquele clima perfeito, algo me incomodava.Olhei ao redor e

Capítulo 50Louise BrownOs dias que seguiram foram como um sonho que eu gostaria de guardar na memória para sempre. Paris tinha algo mágico, algo que nos fazia esquecer do mundo lá fora e simplesmente viver. Durante toda a viagem, eu e as meninas exploramos cada cantinho, tiramos inúmeras fotos, rimos até as bochechas doerem e experimentamos pratos que eu nunca pensei que teria coragem de provar. Elisa estava radiante, Cecília também, embora de um jeito mais contido, e eu sentia que aqueles dias ficariam para sempre em nossos corações.As manhãs eram sempre cheias de risadas, com direito a cafés da manhã demorados, croissants fresquinhos e a vista maravilhosa da janela do hotel. Elijah e James, claro, estavam sempre por perto, cada um com seu jeito de ser. James, atencioso e protetor, cuidava de cada detalhe da viagem para que nada nos faltasse. Elijah, por outro lado, era pura provocação e charme, fazendo questão de arrancar risadas e alguns suspiros onde quer que estivesse.Percebi