༺ Amara Wild ༻Algumas semanas se passaram. De forma surpreendente, a minha vida entrou nos eixos. O curso de jardinagem estava florescendo dentro de mim de uma maneira que eu jamais imaginei.Era como se eu tivesse encontrado um novo sentido algo meu, além deles. Me fazia bem. Me distraía. E, principalmente, me afastava da tensão que ainda rondava por causa daquele maldito exame de DNA.As aulas haviam acabado, e eu guardava meus materiais na mochila quando ouvi a voz doce da Beth se aproximando.— Ei, Amara! — Ela sorriu, jogando o cabelo ruivo por cima do ombro. — Vai participar do grupo de estudos amanhã? Fomos convidadas para conhecer o jardim botânico do senhor Josh. Ele mesmo vai nos guiar.Devolvi o sorriso, animada com a ideia.— Claro! Vai ser um prazer.— Ótimo. — Ela me entregou um folheto. — Te mando mensagem com os detalhes, beleza?— Combinado. Até amanhã, Beth.Ela se despediu com um aceno e correu até o veículo que a esperava. Eu, por minha vez, respirei fundo. Aos 22

༺ Amara Wild ༻Dois meses se passaram como um sopro. O coração estava mais calmo, mas a mente continuava um caos, principalmente quando se tratava deles. Quatro homens diferentes, intensos, cada um mexendo comigo de um jeito que ainda não compreendia por completo.Hoje, porém, não havia espaço para confusões. À noite, teria um baile importante. Domenico já havia mencionado na semana passada, com aquele tom firme, quase autoritário, que aprendi a interpretar ao longo dos meses. Quando ele falava assim, era sério.Cheguei da faculdade com os pés latejando, mochila escorregando do ombro e uma fome de leão. Assim que entrei no quarto, tudo ao meu redor parou.Sobre a cama, havia uma caixa retangular grande, envolta em papel de seda vermelho, com um laço preto perfeitamente alinhado. Meu coração acelerou.Deixei o material da faculdade sobre a mesa e fui direto até ela. Desfiz o laço com cuidado, como se abrisse algo precioso. Ao ver o conteúdo, perdi o fôlego.Era um vestido. Não qualquer

༺ Domenico Beltron ༻Acabei me afastando junto com Luca para resolver um problema interno sobre o lançamento do perfume.O design havia confundido o slogan da campanha, e nós precisávamos corrigir isso antes que virasse um desastre.Depois de alinhar tudo, conversamos rapidamente com alguns convidados. Ao erguer os olhos, vi Samir ao lado de Amara, Pietro e Enzo.Já imaginava no que aquilo poderia dar aqueles dois nunca tiveram paciência com o nosso tio.— Merda… — murmurei, sentindo um peso no estômago. — Você nem sabe quem está aqui.Luca franziu o cenho, atento.— Quem? Do que você está falando?Indiquei com um movimento sutil da cabeça. Ele seguiu meu olhar e congelou ao ver a cena.— Ah, não… — resmungou, apertando o copo na mão. — Isso não vai prestar.Assenti, mantendo os olhos fixos.— O tio Samir aqui significa problema. Sempre procurando algo para usar contra nós e delatar pro nosso pai.— Então é melhor irmos até lá antes que isso vire um espetáculo — Luca concluiu, largand

༺ Luca Beltron ༻Segui com o olhar até a porta, vendo Samir sair com aquele ar de superioridade que me dava nojo. Meu punho se fechou sozinho, e senti o cristal da taça pressionar demais minha mão.Tomei um gole rápido de espumante e falei entre os dentes.— Filho da puta… quem ele pensa que é para falar da minha mãe? Eu podia ter quebrado a cara dele.Domenico se virou para mim, sério.— Sei que você está com raiva, mas precisa aprender a relevar. Ele sempre foi assim. Desde quando passamos um tempo na casa do nosso pai, esse homem nunca mudou.— Pois eu não tenho a sua paciência — retruquei sem tirar o olhar da porta. — Não gosto que falem da minha mãe. Na próxima vez, eu juro que vou quebrar os dentes dele.Notei Amara me observando com curiosidade. Respirei fundo e relaxei a postura, tentando não deixar que ela visse o quanto aquilo ainda mexia comigo. Pietro, ao meu lado, entrou na conversa.— Eu não suporto ele. Nunca esqueci daquela vez que tentou me afogar no lavabo. Se minha

༺ Amara Wild ༻Arrumei o vestido com as mãos trêmulas, tentando organizar não só o tecido, mas a avalanche de sensações que percorre meu corpo.Meus olhos encontram os quatro ajustando seus ternos, um a um, retomando aquela compostura impecável que jamais denuncia o que acabamos de viver.Há uma intensidade cravada em mim, como uma tatuagem invisível, marcada não na pele, mas na alma. Tudo o que acontece entre nós carrega um sabor único, impossível de se comparar com qualquer outra experiência.Subitamente, um pensamento me atinge como um raio. Meus olhos se arregalam. O sangue dispara até o rosto, e uma onda de calor me envolve da cabeça aos pés.“ Meu Deus… e se alguém ouviu? O que vão pensar ao me ver saindo daqui? No mínimo, vão me julgar como a mais desavergonhada das mulheres…"O desespero silencioso que toma conta de mim me faz desviar o olhar por um instante. Domenico percebe, é claro que percebe.Ele sempre capta as nuances mais discretas do meu humor. Com um meio sorriso e a