Capítulo 141— Feliz aniversário — disse ele, sorrindo, mas foi interrompido por alguém que escutou a voz do outro lado do lago.— Matt! — a voz de seu pai era inconfundível. — Venha, temos que ir.Ele suspirou, sem soltar o rosto dela entre as mãos.— É o meu pai — explicou, num tom quase de desculpa. — Você vai ficar na casa do lago até quando?— Vamos embora amanhã à tarde — respondeu ela, tentando esconder a pontada de decepção.Os olhos dele brilharam.— Então eu venho te ver.Ela assentiu, o coração acelerado.— Vou esperar.Antes de se afastar, ele inclinou-se e encostou suavemente os lábios nos dela, num selinho rápido.— Até amanhã — murmurou.— Até — respondeu ela, com um sorriso tímido, acompanhando-o com o olhar até vê-lo desaparecer na trilha que levava de volta ao lago.Ela levou a mão aos lábios, roçando suavemente as pontas dos dedos sobre eles, como se quisesse guardar a sensação do beijo. Um sorriso leve e encantado surgiu em seu rosto.***Alexander afastou lentamen

Capítulo 143O pai de Matthew era um homem de poucas palavras, mas de pensamentos calculistas. Sempre teve um jeito prático de lidar com os problemas, sem se preocupar muito com sentimentos ou moralidade. Amava o filho, mas esse amor vinha misturado com uma obsessão de ter controle sobre tudo que dizia respeito a ele.Ele lembrava de sua própria juventude, dos erros que cometeu por se deixar levar pelo coração, e jurava para si mesmo que Matthew não seguiria o mesmo caminho. Acha que, se fosse necessário ser duro, seria, afinal, acreditava que estava protegendo o filho, mesmo que esse "cuidado" fosse uma prisão.- Durma bem, meu filho - disse em voz baixa, com carinho. Encostou a porta do quarto, deixando-a entreaberta, como sempre fazia desde que ele era criança.Caminhou até o próprio quarto quase arrastando os pés. O corpo doía da longa viagem, os olhos ardiam de sono. Havia dirigido por horas, sem descanso, apenas com a mente ocupada em estratégias, planos, desculpas que talvez ti

Capítulo 145 Matthew esfregou os olhos que ainda estavam pesados, sentindo a cabeça latejar como se tivesse passado dias sem dormir. O quarto desconhecido parecia girar em volta dele. Ele conseguiu se levantar e saiu do quarto. O pai estava sentado à mesa, com uma xícara de café em uma mão e uma torrada na outra, como se nada de incomum tivesse acontecido. - Que bom que finalmente acordou, filho. Achei que ia dormir mais um dia inteiro - disse com naturalidade. Matthew parou no meio da sala, confuso, olhando o pai na cozinha. - Mais um dia inteiro? - Sim. Você apagou anteontem, saindo do shopping. As palavras entraram em sua mente como uma pancada. Ele correu até a janela, afastou a cortina e viu o movimento da cidade grande. Respirou fundo, sentindo a ansiedade tomar conta. - Anteontem?... Não... isso não faz sentido. - Virou-se para o pai, incrédulo. - Onde estamos? - Nova Iorque. - A resposta foi tranquila, como se estivessem falando sobre o clima. E deu outro gole no café.

Capítulo 147Matthew se dedicou como nunca nos últimos meses da escola. Estudava até tarde, revisava anotações, devorava livros, resolvia listas intermináveis de exercícios. Não queria apenas ser bom, queria ser impecável. Seu objetivo era claro: faculdade de Harvard.O dia em que recebeu a carta de aceitação foi um dos mais marcantes de sua vida. Ele segurou o envelope nas mãos por longos segundos antes de abrir, o coração batendo forte, a mil por hora. Quando leu a confirmação, deixou escapar um riso nervoso, quase incrédulo. Ele tinha conseguido.Mas havia uma sombra por trás de sua conquista. Ele sabia que a conversa com o pai seria difícil.Naquela noite, depois do jantar, chamou-o para o escritório da mansão. Esperou o pai servir -se um copo de uísque. Matthew se aproximou com o papel em mãos.— Fui aceito em Harvard, pai. — disse, por fim.O homem ergueu os olhos, surpreso, e por um momento um brilho de orgulho iluminou seu rosto. Mas logo foi substituído por uma expressão dur

Capítulo 149A viagem tão esperada foi cancelada, um plano que foi guardado em uma gaveta que ninguém ousava abrir. A partida de Gerald Blake deixou a mansão mergulhada em silêncio, um silêncio profundo.Os netos choraram em diferentes momentos, cada um à sua maneira. Hailey fechava-se no quarto, evitando falar sobre o assunto. Oliver tentava disfarçar, passando horas no videogame, mas os olhos vermelhos denunciavam as lágrimas derramadas.Scarlett escrevia páginas e mais páginas em seu caderno, rabiscando versos que ninguém lia. Já Lívia, a mais nova, era a que mais fazia perguntas, incapaz de compreender por que o avô não voltaria nunca mais.Isadora estava arrasada. O sogro sempre a tratara como filha e a dor de perdê-lo era imensa, mas o que mais a consumia era a tristeza de Alexander. O marido sempre teve um elo profundo com os pais, e agora, sem Gerald, parecia uma sombra do homem que era. Passava os dias trancado no escritório, encarando papéis que não lia e relatórios que não