POV NyvieO som do despertador cortou o silêncio do quarto às 08:00 em ponto, estridente demais para o pouco sono que tive. Eu estendi a mão, desligando o barulho irritante, e pisquei algumas vezes antes de focar no ambiente ao meu redor.A luz da manhã filtrava-se pelas frestas da cortina, desenhando faixas douradas nas paredes. Me virei na cama e dei de cara com a cena mais reconfortante possível: Sther encolhida num colchão do lado direito, abraçada a um travesseiro com o cabelo bagunçado, e Robert roncando baixinho do outro lado, com uma coberta enrolada até o pescoço.Sorri com ternura. Eles tinham dormido ali comigo — não só por proteção, mas por amizade. Por amor verdadeiro.— Acordem, dorminhocos. — sussurrei, empurrando gentilmente o ombro de Robert com o pé e sacudindo o braço de Sther. — Já passou das oito. A gente vai se atrasar!Sther resmungou algo ininteligível, virando pro lado. Robert abriu um olho, depois o outro, confuso.— Já? Parece que só dormi dez minutos...— I

POV Nyvie A sede da matilha sempre foi um lugar que emanava poder, mas naquele dia, ao colocar os pés ali, parecia que o ar se tornava mais denso. Era como se cada parede, cada pedra daquela construção ancestral soubesse que algo importante estava prestes a acontecer. Assim que entramos, o Alfa Garrett já nos aguardava. Ao seu lado, erguido com postura impecável, estava seu novo Beta: Harry. Meu tio de consideração, mas com o coração de sangue. Cresceu com meu pai e o Alfa, e sempre esteve presente em minha vida como um segundo protetor. O olhar dele encontrou o meu com carinho silencioso e um leve aceno de cabeça. Também estavam presentes os pais de Sther e Robert. Ver todos eles ali, juntos, me trouxe uma sensação estranha de segurança misturada com responsabilidade. Bella, mãe de Robert, era linda com seus cabelos lisos cor de mel, os mesmos que ele herdou. Seus olhos brilhavam com orgulho e preocupação. Steven, seu pai, tinha o mesmo olhos jabuticabas e analíticos do filho

A semana passou num piscar de olhos, embora cada dia ainda trouxesse aquele peso incômodo do que vivemos recentemente. As aulas seguiram seu ritmo — alguns momentos mais tensos, outros cheios de tentativas de normalidade. Robert e Sther continuaram ao meu lado, firmes como sempre, e minhas noites passaram a ser um pouco mais tranquilas. Minha loba ainda se remexia dentro de mim, sensível, desconfiada… mas também ansiosa pelo que estava por vir. E eu entendia. Estávamos tão próximas da nossa primeira transformação — da chance de sermos, enfim, completas.E então, o sábado chegou.O "Dia das Garotas"Acordamos cedo, minha mãe e eu, empolgadas como duas adolescentes prestes a sair para uma aventura. E de certa forma, era exatamente isso. Nosso primeiro destino: o SPA da alcatéia, um refúgio mágico escondido entre árvores altas, onde o ar era perfumado com lavanda e hortelã, e cada canto parecia cantar tranquilidade. Fomos recebidas por lobas sorridentes, que nos levaram para uma sala d

A lua cheia brilhava no céu como um farol ancestral, chamando os lobos para sua verdadeira forma. Um a um, meus colegas se transformavam ao meu redor. A energia era palpável, vibrante, quase elétrica. Robert foi o primeiro — seu lobo era magnífico, gigante, de pelagem areia e olhos escuros. Uma figura imponente, digna de um futuro beta… ou quem sabe até mais. Sther veio logo depois, sua loba menor, mas intensa, ruiva como fogo aceso e olhos azuis que brilhavam ainda mais em sua forma lupina. Todos se transformaram. Cada um revelando sua verdadeira essência. Menos eu. O silêncio se instalou. E os olhares caíram sobre mim. — Por que a Nyvie ainda não se transformou? — sussurrou um garoto. Meu coração disparou. Eu sentia minha loba tão próxima… mas minha pele não queimava, meus ossos não se moldavam. Nada acontecia. Até que… "Nyvie…" A voz soou suave e intensa em minha mente. Meu corpo paralisou, olhos arregalados. "Eu sou Kira." Senti uma onda de calor envolvente me tocar por

POV NyvieAcordei com a luz do sol invadindo meu quarto, aquecendo meu rosto com uma gentileza que eu não sentia fazia dias. Respirei fundo, tentando começar o dia com leveza.Levantei e fui direto para o banheiro. Um banho rápido e um pouco de maquiagem bastaram pra esconder o cansaço e as olheiras que insistiam em me seguir. Quando desci, encontrei minha mãe preparando o chá de sempre.— Dormiu bem? — ela perguntou, me oferecendo uma xícara com um sorriso pequeno.— Melhor que ontem — respondi, sincera. Era verdade.Ela me lançou aquele olhar de mãe que diz "eu sei que não foi fácil, mas estou aqui", mas, ao invés de prolongar a conversa, apenas assentiu. Agradeci por isso em silêncio.Saí de casa com minha mochila nos ombros e logo avistei Sther e Robert me esperando no portão da escola. Só de vê-los, senti meu humor melhorar.— Bom dia, dorminhoca — Robert sorriu e me entregou uma barra de chocolate. — Pra adoçar sua semana.— Se isso for uma tentativa de me conquistar, saiba que