RUFÉN:Eu havia escapado das garras do meu sobrinho e estava certo de que não teria uma segunda oportunidade se me encontrassem novamente. Eu precisava fugir ou me tornar tão forte que pudesse vencer dois Alfas Reais. Me escondi novamente nos túneis que comunicavam a matilha de Kaesar e os Arteones. Mas eu precisava subir à superfície e convencer Artemia a se juntar a mim contra ele. O ar na entrada do túnel era pesado, carregado com o fedor de terra úmida e musgo velho. Avancei com cautela, prendendo a respiração enquanto os sons da superfície se misturavam entre os ecos do subterrâneo. Meu peito se comprimida por uma mistura de ansiedade e raiva. Artemia... ela não. Não poderia ter caído tão baixo. Subi as escadas desgastadas que conectavam o túnel com a floresta, meus pensamentos retumbando na minha cabeça como um tambor de guerra. Eu havia sido lento demais, cauteloso demais. Talvez meu medo de enfrentá-lo diretamente me condenasse a perder o que mais precisava: Artemia, sua l

KAESAR:Reorganizamos o exército para começar a colocar ordem nos territórios. Devíamos fazer alianças, assegurar a todos que não queríamos submetê-los, mas viver cada um em seu território.  —Meu Alfa —me virei ao ouvir meu beta, Otar. Embora ainda tivesse sinais de seu envenenamento, caminhava com firmeza—. Já estou pronto, obrigado, meu Alfa.  —Otar, você pode ficar até se recuperar completamente —sugeri, sabendo que ele não iria fazer isso e que, na verdade, precisava de sua mente sábia e estratégica ao meu lado. Ele era meu complemento perfeito.  Não respondeu, mas seu olhar e sua postura ereta me disseram tudo. Otar não se moveria do meu lado, como não havia feito desde que nascemos. Eu o sentia como uma extensão de mim.  —Tudo bem, mas não se afaste de mim

KAESAR:O vento sussurrava entre as árvores, trazendo consigo o eco das palavras da avó de Kaela. Sua bênção, embora breve, ressoava na minha alma como um hino de esperança. Olhei para Kaela, seu rosto iluminado pela luz crepuscular. Seu sorriso, radiante e cheio de confiança, me preenchia de força. Ela não era apenas minha companheira, meu amor; era minha igual, meu complemento perfeito. Juntos, poderíamos enfrentar qualquer obstáculo.O caminho que se estendia diante de nós era um labirinto de alianças quebradas, de ressentimentos antigos e de perigos ocultos. Haveria traições, dúvidas e momentos de fraqueza. Mas sabíamos que poderíamos superá-los. Nossa união, forjada no fogo da adversidade, era mais forte do que qualquer feitiço sombrio, mais poderosa do que qualquer exército.A mão de Kaela se fechou sob

KAESAR:Idra, a Alfa de uma das manadas mais pequenas e uma das mais orgulhosas entre as presentes, cruzou os braços e manteve o olhar fixo em mim com frieza. —Você fala de união como se fosse simples, Kaesar —disse, com um tom carregado de ceticismo—. Mas você não pode apagar conflitos de décadas com apenas algumas palavras. Por que devemos confiar que desta vez será diferente? O que nos garante que suas promessas não se dissolverão como fizeram outras no passado? Eu sabia que essa pergunta chegaria, e não apenas de Idra. Outros Alfas assentiram levemente, apoiando sua postura. O rancor e a dúvida pesavam entre eles como correntes invisíveis, arrastando-os para o passado que todos conhecíamos muito bem. —Você tem razão em duvidar —respondi, elevando um pouco mais a voz para que todos me ouvissem com clareza—. Não posso apagar séculos de desconfiança entre nós. Não posso garantir que isso será fácil, ou que sempre concordaremos. Mas posso prometer que, se não fizermos isso agora

KAESAR:Eu observava todos os integrantes do que outrora havia sido as manadas “Guardiões Reais” e “Pontos Reais”. Sua maneira de se sentar me dizia tudo: cada grupo ocupava um lado, separados por uma linha invisível que ninguém ousava cruzar. Mas agora éramos uma só manada: os “Guardiões e Pontos Reais”. Como unir sinceramente? Essa pergunta se cravava na minha mente como espinhos negros. Eles lutaram ombro a ombro, derramaram suor e sangue juntos e sofreram da mesma maneira. Agora compartilhávamos um território e até mesmo um nome, mas a divisão ainda existia. Era tangível em cada olhar, em cada conversa sussurrada. Os meus recorria a mim e os de Kaela buscavam nela a orientação que os outros lhes negavam. Suspirei profundamente, permitindo que meu olhar percorresse cada rosto à minha frente. Os antigos se mantinham rígidos e orgulhosos, como se sua liderança fosse incuestionável. Os mais jovens mostravam ansiedade em seus gestos, mas também uma chispa de inconformidade que não