KIERAN:Tudo era tão diferente do que realmente havia acontecido naquela outra vida vivida: a docilidade de Claris, a aceitação de tudo o que eu dizia. O que significava tudo isso? O livro em minhas mãos de repente pegou fogo, talvez ativado pelas minhas perguntas. Então vi um fio prateado, quase invisível, que se emaranhava ao redor do pulso esquerdo de Claris e que saía do meu. Era o mesmo que havia visto nas meninas no futuro.Olhei para ela atentamente enquanto organizava todas as coisas em sua casa e me lançava olhares furtivos. Não sabia o que pensar de toda a situação. Observava ao meu redor, e era como eu lembrava, mas, assim como no futuro, ninguém tinha memórias de nada; viviam suas vidas como se fosse a primeira vez.Olhei para minha Lua sem entender se era uma projeção do meu desejo, se talvez ela havia viajado comigo ou..., se era a inimiga. Claris..

CLARIS:Estava realmente desconcertada com o que havia acontecido naquele dia. Ainda não conseguia decifrar em que me meti. Desde minha chegada ao povoado, dediquei-me a procurar trabalho desesperadamente antes que o dinheiro que trouxemos acabasse. Os medicamentos da minha irmã gêmea eram caros, e por isso, quando o senhor Fenris me perguntou se eu queria uma entrevista para ser a assistente do senhor Kieran Theron, sem outro cargo à vista, aceitei. Sem saber que minha vida mudaria para sempre.Naquela manhã, levantei-me com a sensação de que conseguiria. Eu deveria me apresentar no imponente edifício da empresa dele; tinha um compromisso para depois do meio-dia.—Mãe, não se assuste. Talvez eu chegue tarde hoje porque a entrevista de trabalho é à tarde. Esse senhor parece estar muito ocupado —disse à minha mãe, Elena, enquanto tomávamos café da manhã.—Tudo bem, Claris, mas cuide-se. Não gosto que dirija à noite por aquele caminho cercado de vegetação —respondeu, enquanto tentava fa

KIERAN:Depois de chegar em casa na reserva, após visitar a família da minha Lua na clínica, pude verificar que Elena, como da última vez, continuava sem memórias. Mas, ao contrário da última vez, não percebia o aroma do alfa Vorn nela. Não entendia nada. A analisei detenidamente enquanto ouvia tudo o que explicava a Claris sobre os resultados dos exames que Gael havia feito em sua irmã. Era verdade o que diziam Fenris e Rafe: as lobas haviam aparecido nelas, estavam latentes, mas não despertas. No entanto, Lúmina não a sentia dentro da minha Luna. —Nana, ela é Claris, minha assistente pessoal e minha prometida —a apresentei ao chegar—. Coloque-a em seu quarto. Minha Nana, como era seu costume, me obedeceu sem questionar nada. Percorri a casa para ver se havia alguma armadilha mágica, como lembrava do passado; não havia nenhuma. Me tornei Atka e lancei o uivo de chamado e aviso de minha presença a toda a minha matilha, que me respondeu da mesma maneira que recordava antes que tudo a

CLARIS:Quis perguntar mais, mas a porta do vestíbulo se abriu e Kieran apareceu. Ele parou ao nos ver; nossos olhares se cruzaram e meu coração disparou ao notar que ele me observava fixamente.  —Tudo bem, senhorita Claris? —perguntou, sentando-se ao meu lado.  Minha boca se abriu para responder, mas nenhuma palavra coerente saiu. Ele sorriu levemente com aquele sorriso que desafiava toda a minha determinação de parecer tranquila.  —Coma, você precisa descansar. Amanhã será um dia longo —adiantou, enquanto pedia a Elmira que lhe servisse.  Olhei para ele sem parar de comer, enquanto me perguntava como era possível que um homem, a quem mal conhecia, conseguisse invadir cada canto da minha mente, até me fazer vir viver com ele.  —Você teme os lobos? —perguntou sem deixar de me olhar—. Eles são muito f

CLARIS:Eu me sentia muito bem, demasiado bem. Dormia profundamente, envolta em seus braços. Não entendia o que me acontecia; não gostava de dormir com ninguém, mas com meu chefe tinha a sensação de que já tinha estado com ele antes. Essa impressão não me deixava. Quando as primeiras luzes do amanhecer começaram a aparecer pela janela, deslizei devagar para fora da cama e, por um momento, fiquei olhando seu rosto; parecia feliz. Ele se mexeu e eu saí correndo antes que acordasse. Que loucura eu havia cometido?  Ao sair, quase choquei com o senhor Fenris, que me olhou surpreso. Traga-me, terra! E como se isso não fosse suficiente, atrás dele estavam o senhor Rafe e a babá, ambos com a testa franzida.  Paralisada pelo peso de seus olhares, tentei articular alguma desculpa, mas minha língua se sentia como um nó. Meu cabelo bagunçado e minha