POV ALICIAMeus pés estavam tão pesados e meu cérebro tão enevoado enquanto caminhava em direção ao elevador do edifício Miller. Na noite passada, não consegui dormir bem.Meus olhos estavam grudados no telefone, acompanhando o voo de Ethan para Paris em um aplicativo de rastreamento de voos. Havia um aplicativo que registrava até mesmo aviões particulares.No início, eu entrava em pânico sempre que não havia movimento no avião; de verde, ele ficava branco e o avião desaparecia. Eu estava ficando tão louca e paranoica, até que o aplicativo atualizava e o avião se movia suavemente novamente na pista.Nunca fiquei tão ansiosa por alguém voar, mas com Ethan agora, eu estava enlouquecendo. Metade do meu espírito tinha ido com ele para Paris. Sentia um desconforto no estômago, um grande peso sobre os ombros e um cansaço no coração. O que está acontecendo comigo? Isso tem que acabar! Também não ajudava que o tempo não estivesse bom ontem à noite; fazia vento.Dormi cerca de três horas quand

POV ALICIAQuarta-feira, 19h - New Haven, ConnecticutJá fazia um mês desde a cirurgia de prótese total no joelho do papai. Meus olhos se encheram de lágrimas de alegria ao vê-lo andar novamente. O médico disse que em poucas semanas ele retomaria suas atividades diárias normais.No rosto dele, uma grande felicidade era evidente ao ver sua família, parentes próximos e amigos presentes na celebração de seu aniversário. A festa também era um momento de agradecimento pelo sucesso da cirurgia no joelho e pela rápida recuperação.Pensei no meu acordo com Ethan. Já não era válido. Ambos tínhamos quebrado o contrato. Rompemos a última cláusula: não nos apegarmos emocionalmente um ao outro, especificamente, não nos apaixonarmos.— Por que você está chorando?Me assustei ao ouvir Liam falando atrás de mim. Ele estava de pé atrás da grande mesa cheia de comida, vinho e sobremesas. Havíamos preparado comida para cinquenta pessoas.— Só estou feliz por meu pai poder andar novamente.— Eu também. —

POV ALICIAEra sexta-feira e eu não estava me sentindo bem. Sentia o pescoço rígido até a coluna, os membros pesados como troncos pendurados e o espírito fraco. A pressão no peito era excessiva, sufocava-me a ponto de precisar respirar rapidamente para que o ar entrasse no meu corpo.Eu nem conseguia dormir. Era como um zumbi deitada na minha cama a noite toda com os olhos bem abertos, sem sentir nada... olhando para o nada. Comer nem era uma prioridade. Meu estômago roncava pedindo comida, mas eu estava tão insensível às necessidades do meu corpo. Meu espírito estava morto.Chorar nem era uma opção. Meu cérebro e meu coração estavam congelados, desligados como um mecanismo de defesa contra a dor intensa.Começou ontem à noite, quando cheguei em casa. Estava chateada e ainda não tinha me recuperado de ver a foto de Ethan com a senhora Hills. Tentei ser razoável, não julgar até falar com Ethan, mas era difícil não me sentir afetada. Ser humana e ter experimentado uma terrível traição r

POV ALICIASim, cometi um erro ao deixar Jay entrar no apartamento. Não sabia o que havia acontecido comigo. Minha mente, de repente, se afastou de seu estado normal. Eu queria ser livre, ousada e rebelde... Queria parar de me preocupar com os outros e pensar apenas em mim. A dor já era demais, e eu só queria escapar dela.A foto que a senhora Hills me enviou no Instagram trouxe de volta todas as minhas dúvidas, suspeitas e apreensões. Eu estava exausta e já não sabia no que acreditar. Sentia-me ainda mais confusa, e meu peito ficava mais pesado enquanto continuava reprimindo meus sentimentos. Eu precisava sair, ou enlouqueceria.Precisava me distrair. Tirar minha mente daquela foto de Ethan e a senhora Hills no quarto. A calcinha... e voltar àquela vez que os vi fazendo sexo sobre a mesa de seu escritório.Antes, não importava, mas agora doía muito cada vez que pensava nisso.Ver Jay na porta foi confuso. Era uma oração respondida ou enviado por Satanás direto do inferno? Tudo o que

POV ETHANVirei-me no colchão e desabei ao lado de Alicia. Eu respirava rapidamente, como se tivesse acabado de correr mil quilômetros. Todo o meu corpo formigava e tremia após a liberação sexual; foi explosiva e mais do que satisfatória. Muito diferente de qualquer outra experiência que tive no passado. Parecia que cada gota da minha energia tinha saído de mim.Mas senti um peso no peito. Um sentimento de culpa. Isso nunca deveria ter acontecido. Não dessa maneira.Olhei para Alicia, que estava deitada de lado, novamente virando as costas para mim. Uma dor apertou meu peito. Não, não de Alicia, eu não conseguia suportar isso.Soava melodramático, mas eu me sentia insignificante, inútil e desprezado toda vez que ela fazia isso. Como se eu não importasse para ela.Eu imaginava que isso tinha a ver com meus problemas de abandono na infância. As pessoas que eu amava me negligenciavam. Meu pai era um homem severo que não sabia mostrar emoções. Ele chegava em casa bravo e falava sobre os h