Narração: ViníciusEu nunca imaginei que minhas histórias fossem atravessar oceanos, chegar tão longe... E ainda assim, aqui estou eu, com o microfone na mão, escondido atrás de uma tela , deixando que minha voz seja o único rosto que meus leitores conhecem. O medo de me expor ainda é um muro que não consigo derrubar.Hoje é diferente. Hoje é Brasil. O lançamento de "Eu, Ele e Ela". Sara... será que você comprou? Será que leu? Esse livro tem tanto de nós dois que às vezes me pergunto se, mesmo sem saber, você se reconheceu nas páginas.O apresentador fala, o público vibra, e eu observo aquela multidão como quem olha para um sonho. Meu coração bate mais rápido. Eu queria me aproximar, queria olhar nos olhos, mas o pânico ainda me acorrenta.— Agora, Anônimos Celos vai responder algumas perguntas — anuncia o apresentador.As mãos se levantam. Ouço gritos, vozes disputando atenção. Uma menina quase pula da cadeira. Ela está empolgada, viva. Tem algo nela... não sei explicar.— Quero ouvi

Capítulo 93 Narrado por Vinícius Depois da notícia da morte do pai da Sara, conto os minutos para ter a chance de rever a minha linda Sara.— Meu Deus... ela vai voltar... — Sussurro, emocionado. — Esposa, eu sabia que você voltaria...Os dias passam e a minha ansiedade vibra; sei que ela está vindo até a hora. Mas também existe o medo do reencontro, a tensão é palpável. E os meus amigos Luna e Leandro que o digam:Luna cruza os braços ansiosa:— Você tem certeza que ela vai voltar?Respondo, a voz embargada de esperança:— Ela já chegou... foi o que eu soube.Leandro, encostado na bancada, comenta:— Ela nem te procurou?— Ela tá arrumando o velório do pai, Leandro... — Luna defende.Firmo o olhar:— Eu vou no enterro.Luna franze a testa, preocupada:— Tem certeza?Leandro cruza os braços:— Acho melhor não. E se ela for casada? E com filhos? Vai ser estranho...Rebato com firmeza:— Eu vou sim! E ela não está casada. Sara disse que só um homem iria tocar nela... e esse homem fui

Narrado por Sara— Estrela, você vai assim mesmo? — Franzi a testa, observando minha filha ajeitar a roupa no corpo com desleixo.— Sim, o que tem? — Ela respondeu, sem a menor preocupação, com um vestido todo brilhoso.— Lilica, vamos... — Peguei minha bolsa, impaciente.Lilica, jogada no sofá como se estivesse em casa há anos, lançou um olhar maroto.— O gostosão não vai não?— Não, ele não vai. Tinha que resolver uns assuntos... — Tentei soar indiferente, mas meus olhos me traíram, revelando uma pontada de decepção. — Mas depois do enterro eu vou sair. Você leva a Estrela pra passear. Pode pegar meu cartão, mas nada de gastar tudo, viu?— Tá bom... — Lilica piscou de um jeito travesso. — Você vai falar com seu marido?Respirei fundo, apertando a bolsa contra o peito.— Ele pode ter outra esposa...— Vamos, vocês duas! — Estrela interrompeu, revirando os olhos.— Vamos! — Ri da impaciência da minha filha.No cemitério, parei diante da lápide com os olhos marejados.— Pai... descans

Narração: ViníciusUm sorriso de puro encantamento se abriu no meu rosto.— Me diz, onde ela está? Como ela é? Meu Deus, eu sou pai!Sara cruzou os braços, pensativa, um sorriso bobo dançando nos lábios.— Ela é incrível... mas, nossa, como reclama! Nunca vi igual. E tem uma mania de deixar tudo impecável, igualzinho a você. As coisas dela têm que estar sempre perfeitas... roupas, livros...Arregalei os olhos, achando graça.— Sério?— Juro! E tem mais... ela tem um autor preferido!Fiquei todo empolgado.— Quem? Me conta, quero comprar todos os livros pra ela...Sara se aproximou, um brilho nos olhos.— Anônimos Celos. Esse é o autor preferido dela.Naquele instante, levantei tão rápido da cadeira que quase tropecei nos meus próprios pés.— Você... você contou pra ela?Sara balançou a cabeça, rindo da minha afobação.— Não. Ela gosta dos seus livros porque sempre me viu beijar e guardar na caixa de coração o meu preferido. Aí eu disse que o pai dela escreve livros. Ela passou a amar

Narração: SaraO coração martelava no meu peito. Eu queria resolver tudo em paz, mas o jeito como Vinícius apertava o volante, tenso, me fazia sentir que a qualquer segundo ele explodiria. O ar dentro do carro parecia denso, e eu tentava me convencer de que tudo daria certo, que bastava falar com Vicente e pegar Estrela.Só que ele não me deixou. O jeito firme, quase impaciente, como saiu do carro me causou um arrepio. Era como se nada que eu dissesse fosse capaz de acalmá-lo. Eu o conhecia bem... quando estava assim, era impossível fazê-lo recuar.O portão da casa de Vicente me provocou um nó no estômago. Eu não queria estar ali, não queria que Vinícius estivesse. Mas não tinha mais volta.Quando bati, senti o olhar dele queimar sobre mim. Uma mistura de raiva e dor. Eu não entendia. O que Vicente tinha feito para despertar tanta fúria? A sensação de que havia algo que eu não sabia me corroía por dentro.E então Vicente apareceu, segurando um copo. A vergonha me invadiu, ainda mais q