Abro a porta do meu apartamento e quase tenho um ataque cardíaco. Lá estava ele, sentado no tapete com toda a pompa e circunstância, olhando para mim como se dissesse: "Finalmente, onde você estava?". Era sombra, o magnânimo gato da raça Maine Coon que, aos dois anos de idade, governa meu apartamento com uma pata de ferro... ou seria uma pata de veludo?Seu olhar acusador, sem dúvida, era por conta do horário tardio. E, julgando pela bagunça na sala, tenho certeza de que ele e a Pantera, minha outra gata da mesma raça, fizeram uma rebelião por falta de ração.Ah, esses felinos, sempre tramando algo!Desfaço-me dos meus saltos, que estavam me torturando, e jogo minha bolsa no sofá de dois lugares. Em seguida, encaro a cozinha, onde reponho a ração e a água dos verdadeiros donos da casa. Ainda preciso levá-los para passear; caso contrário, não terei paz para dormir esta noite.No meu prédio, cachorros são proibidos por causa dos latidos e barulhos, segundo a síndica. Mas ninguém disse n

°°° Mason Miller°°°Ela estava deslumbrante naquele maldito vestido que se ajustava perfeitamente à sua pele. Seu cheiro ficou impregnado em minha roupa depois que ela se foi e, droga, eu deveria tê-la mantido por mais tempo. Lívia Cárter tem sido o motivo do meu desejo e insônia nos últimos dois anos. Sempre bem vestida, sempre chamando atenção, sempre me provocando.Sim, tornei minha meta de vida transformar sua existência no escritório em um inferno. E sim, posso ser um babaca por isso. Mas a verdade é que ela fica perfeita quando está com raiva: seu semblante se fecha, às vezes ela cruza os braços e, de vez em quando, bufa e revira os olhos.Por dois anos, tenho tentado a todo custo chamar sua atenção. Posso ter errado mais vezes do que acertei, mas estou tentando, tentando dar o meu melhor para que essa mulher perceba que não sai da minha mente.E então, do nada, Christopher chega com uma conversa fiada e um sorriso bobo, conseguindo o número dela na primeira interação. Eu realme

°°°° Mason Miller °°°°Medo, eu vi o medo refletido nos olhos de Lívia e o pior de tudo é que eu não poderia ter feito nada para consola-la afinal de contas eu mesmo havia causado tal sentimento a ela. Sinto-me um complemento babaca de pensar que ao invés de ver um sorriso em seus lábios presenciei quando seus olhos se encheram de lágrimas. Não, eu não havia planejado isso, eu queria fazê-la desistir de sair com Christopher mas não dessa maneira. Ver o olhar de espanto e desapontamento em sua face e saber que eu fui o causador de tudo aquilo, foi uma dor pior do que a tortura. Sentado na varanda do apartamento eu observo a vista da cidade agitada enquanto dou fumo meu charuto. Uma tentativa falida de tentar me acalmar, que irônico, me acalma, eu deveria ter cuidado dela protege lá e não fazê-la sentir medo de mim. O pior de tudo é a incerteza que me corrói por dentro, eu não sei o que faria se ela pedisse demissão. Não! Ela não pedira demissão, Lívia não pode e não vai sair de minh

Faço uma pausa, aproveitando a brisa fria contra minha pele enquanto observo a escuridão do oceano noturno a nossa frente. — E o que a trouxe para Miami? Digo, o que fez você deixar sua cidade natal para vir parar aqui? — A voz de Chris me desperta de meus devaneios, me trazendo para a realidade. — Vim pelos estudos, mas também para tentar algo melhor e me ver longe de alguém que me fez muito mal — digo com certo receio.— Se não quiser me contar, não há problema algum — ele diz compreensível, e por algum motivo suas palavras me passam algum conforto.— Tudo bem... Há alguns anos, eu me envolvi com uma pessoa e nós acabamos nos casando. Eu era muito nova, tinha dezessete anos e havia acabado de terminar o colegial. Meus pais nunca apoiaram nosso relacionamento, mas eu o "amava", então fui contra tudo e todos para estar com ele. Ele era cinco anos mais velho que eu, e isso assustava um pouco meus pais. Os primeiros meses de casamento foram tranquilos, mas então tudo mudou. Começou co

°°° Mason Miller °°°° Minha tarde fora da empresa foi resumida em ajudar Samantha com as coisas do casamento. Por mais que eu tente afastar de minha mente os acontecimentos dessa manhã, as memórias voltam a todo momento. A frustração toma conta de mim, e a vontade de voltar para a empresa apenas para ver Lívia mais uma vez nesse dia torna-se quase insuportável. Nunca alguém me fez questionar tanto uma decisão como Lívia fez com poucas palavras nesta manhã. — O que acha, dourado e preto para os convites ou lilás e branco? — a voz de Samantha me traz de volta à realidade. — Preto e dourado. — respondo, observando as opções à nossa frente. — Você parece distante. Aconteceu algo? — ela pergunta, simpática como sempre, exibindo um sorriso gentil. — Manhã corrida na empresa, apenas isso. — digo, desviando meus olhos para as amostras em suas mãos. — Tudo bem. — ela diz com sutileza. — Você deveria ter visto a cara de felicidade da minha avó esta manhã quando soube que iremos n