Todos os capítulos do OLHOS DO ABISMO: Capítulo 21 - Capítulo 30
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CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 21   Os fantasmas do passado são apenas vozes que não querem calar, assim como o futuro é simplesmente um portal de luzes benéficas ou maldosas. Estranhas figuras paranormais dentro de uma mente presa fora do próprio tempo. Naquela manhã Melissa acordara angustiada. Desde que Severino fora morar com ela sua rotina havia se tornado mais leve. O sogro continuava o martírio de lutar contra o esquecimento. Cada momento de lucidez ele comemorava como se fosse o vencedor do mais cobiçado prêmio. Os dias se tornaram suaves, muitas vezes enfadonhos. Porém, naquele dia Melissa estava com a estranha sensação de que algo estava prestes a acontecer. Não sabia decifrar a intensidade e nem se era bom ou mau. Precisava manter a calma e deixar que o tempo curasse as feridas. Não tinha dúvidas, estava completamente apaixonada, mas julgava que tudo não passava de uma aventura adolescente. Cada dia que passava se aproximava do fim inevit
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CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 22   Galeano sentiu o cheiro de café fervendo no fogo. O sol ainda não havia acordado ou a névoa não o deixava aparecer. Ele olhou para o lado, Melissa não estava. Encontrou ela na cozinha, que ao vê-lo chegar, serviu o desejado líquido em duas xícaras. Sentaram-se e foi ele quem tomou a iniciativa do diálogo. — Percebi uma nova fresta no telhado. Ela o encarou dentro dos olhos. Tomou outro gole do café e falou: — Fruto de um tijolo com uma mensagem presa ordenando que eu parasse com a investigação. Você por acaso sabe algo a respeito? — Não! — respondeu Galeano sem convicção mudando rapidamente de assunto. — Gostei por ter conseguido convencer Severino a morar contigo. Vamos tirar o leite? Melissa nada respondeu. Ela se levantou pegou um balde e se encaminhou para o curral seguido de perto por ele. O frio estava insuportável. Enquanto ele ficou de braços cruzados encostado numa estaca, el
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CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 23    Dois dias haviam se passado. A rotina aparentemente tinha voltado ao normal. O casal conseguia brincar e a felicidade se instalou no lar. Até Severino sentia o efeito da harmonia e teve uma rápida melhora. Galeano tomava as rédeas e se ocupou dos afazeres da horta e com o gado. Aprendeu até a tirar o leite das vacas. As peças se encaixavam como uma verdadeira família. Galeano até esqueceu-se totalmente da missão e dos perigos que eram provenientes dela. Márcia era apenas uma distante lembrança. Achara seu lugar no mundo e na vida de uma mulher que amava verdadeiramente. Pela primeira vez em toda a sua trajetória estava feliz. Não sabia ainda como, mas precisava de uma fórmula para resolver o caso e não perder Melissa. *** Naquela manhã Melissa ficou cuidando do lar, hábito que perdera há muito. Assobiava uma música que aprendeu ainda na infância vivida nas ruas de Santo Antonio. Já havia recolhido a roupa suja
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CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 24   Quando acordou era madrugada. Tentou se levantar, mas um peso pressionava seu corpo para baixo. Com muito esforço se desvencilhou do corpo nu de uma mulher. Reconheceu Márcia. Odiava quando ela lhe visitava sem avisar. Tentou não olhar para ela. Precisava dar um basta naquela situação. De posse de uma toalha se encaminhou para o banheiro. Tentava relaxar debaixo do chuveiro quando foi acariciado pelas delicadas mãos da moça. O instinto masculino foi mais forte. No minuto seguinte estava entregue aos caprichos femininos. *** Acordou antes do sol. Márcia havia ido embora. Detestava quando surgia e sumia sem aviso prévio. Até aquele momento não entendia qual o verdadeiro objetivo dela. Preocupação que ficaria para outra oportunidade. Tinha outras coisas mais urgentes. Arrumou a bagagem. Desceu e fechou a conta. — O senhor está indo embora? — perguntou Teresa. Galeano observou que Teresa em nada se parec
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CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 25   Era noite de lua cheia. Estava sentada na ponta da calçada, no mesmo local onde fizera amor com Galeano. As lembranças a perturbavam. A tristeza provocava sofrimento. Se ela não tivesse descoberto ou se ele não tivesse mentido, provavelmente àquela hora estariam assistindo o baile das luzes mágicas na igreja de pedra. A promessa fora quebrada. Desde que Galeano partiu Melissa tentava retornar a rotina de antes. Naquele intervalo de tempo ela desencorajou Carlos diversas vezes. A presença de Severino na casa intimidava as pretensões de Carlos. Mesmo convalescente o sogro era uma ponte de apoio. Temia pela vida dele quando ela fosse para a prisão. Melissa chorava copiosamente com o rosto preso entre as coxas. Depois abraçou pérola, a sua protetora e amiga verdadeira. Nunca a abandonara e nem traíra seu amor. O vento batia nas árvores. A lua cheia desfilava com sua beleza no infinito espaço. Já havia pensado em desaparecer sem
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CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 26   Quase um mês se passou desde a sua saída de Silvestre. Aquele seu retorno não era para investigar e nem tirar fotos, muito menos inventar uma identidade falsa. Se tudo acontecesse tal qual o planejamento, os próximos dias seriam movimentados naquela região. Parou o carro a poucos metros da entrada do Povoado. Passou alguns minutos observando a bela paisagem. Acelerou novamente o veículo e pegou a estrada de Torrões. Pouco antes do meio dia, Galeano estava instalado na casa Paroquial. — Qual será a reação da moça? — Espero que no final ela entenda todo o processo. — Seria muito bom para Marcos. Ele ficaria feliz. — Só nos cabe esperar, padre. — É verdade meu filho. Logo saberemos como as coisas aconteceram — deu uma pausa como se estivesse escolhendo as palavras seguintes. — Este advogado é mesmo de confiança? — quis saber padre Lucas. — Um rapaz sério. Bem casado, bom esposo e pai de
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CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 27   Dois dias de liberdade. Apenas quarenta e oito horas para sua vida mudar novamente. O que fazer por Severino? Pobre coitado! No final de tudo ele seria o grande condenado. Seria obrigado a viver rodeado por estranhos. Quando os policiais chegassem para buscá-la pediria que intercedessem pelo sogro. Planejara arrumar tudo na tarde daquele dia. Levaria pouca coisa para a prisão, pois sabia que lá não poderia usar as suas roupas de casa. Cobriria o corpo com a farda penitenciária. Melissa não chorou como nas outras vezes. Prometera a si que não choraria mais. Precisava acelerar o ritmo se quisesse cumprir o que planejara para aquele dia. Melissa ouviu uma voz lhe chamando. Ela ficou em silêncio na tentativa de ouvir novamente seu nome ser pronunciado. Após ter certeza que havia um visitante na porteira, se encaminhou à entrada da fazenda. Tamanha foi a surpresa, que a fez recuar alguns passos. Pensou em dar-lhe as costas, mas preferiu
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CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 28    Galeano acordou assustado. Pensou que havia perdido a hora. Era madrugada. O frio penetrava nas extremidades do lençol. Dormira mal. Sentia-se cansado. Estava com pressentimento que o dia seria movimentado e distante do planejado. Suspeita confirmada quando chegou a hora da partida e Melissa lhe disse que não iria mais. — Não posso ir. — Por quê? — Mesmo que eu me esforce não consigo acreditar mais em você. Desculpe-me. — Tudo bem — falou Galeano pegando a mochila e saindo na moto em alta velocidade. Deixando para traz a mulher que conseguiu curar suas feridas do passado. Passou os últimos três dias em companhia daquela que o fazia feliz. Não ousou beija-la, temia ser recusado, fato consumado na primeira noite. Tinha esperanças que aos poucos ela cedesse. Esperança aniquilada naquela manhã. Sabia que havia machucado aquela mulher além do limite. Pelo retrovisor via a cortina de poeira ofuscando
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CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 29 Estava feliz. Aquela semana havia mudado totalmente a sua realidade. Ganhou uma nova chance de provar a inocência e reencontrara seu irmão. Não conseguia esconder a felicidade, estava estampada em sua fisionomia. Melissa acordou cedo, trabalhava a todo vapor para deixar a mesa pronta quando os outros acordassem. A chuva não desistia, o dia amanhecera sem sol. O frio beirava o insuportável. Padre Lucas planejava ir embora à tarde, não podia se ausentar da paróquia por muito tempo. Marcos e Jussara planejavam ficar por uma semana, o que alegrou Melissa. Ainda não tinha agradecido Galeano. Reconhecia que foi severa demais com ele.***Todos os assentos da mesa estavam ocupados. Os barulhos de vozes humanas davam vida ao ambiente. Severino foi contagiado pela recente alegria e recebera a lucidez de presente. Todos falavam ao mesmo tempo, exceç&atild
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CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 30   Sentia-se vazia pela ausência de Severino. Apenas o gado preenchia a lacuna deixada pelos humanos. Ainda tinha algumas horas de escuridão. Preferiu fazer café do que voltar a deitar. De xícara na mão contemplou o raiar do sol, anunciando a chegada de mais um dia e com ele os medos dos fantasmas do passado. A partir daquela data estaria vulnerável, quando a notícia da partida de Severino se espalhasse seria uma presa fácil para os predadores masculinos da região. Melissa se arrependia por não ter pedido para Galeano ficar. Era orgulhosa demais. Amava-o, disto tinha certeza, mas não alimentava ilusões de um dia tê-lo definitivamente em sua vida. Numa tentativa desesperada de afugentar a solidão ligou o rádio, deparando-se com o noticiário do Jornal da Manhã de uma rádio de Torrões: — Após denúncia feita pela revista É Notícia, a polícia em posse de um mandado de busca e apreensão encontrou diversas irregularidades na faze
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