Capítulo 3

Valdir

- Lucas Quinei? O presidente das corporações Wilsson? - Eu não sabia que ele também era cliente nosso, ele todo certinho e metido, não pensei que jogasse sujo.

- Sim, já esteve com ele? Ele quer se divorciar da mulher, ela tem muitos amantes e ele se cansou disso, como vingança vai deixá-la sem nada na separação, e é por isso que precisamos de uma cena comprometedora da senhora Felícia Quinei, entendeu garanhão? Com uma prova de que a senhora Quinei pula a cerca, ela não terá direito a nada da fortuna deles, que é muito grande por ventura, e é por isso que a recompensa desse trabalho lhe renderá quinhentos mil em dinheiro vivo. - Richard me encarou malicioso.

- Ok! Se ela o trai, merece mesmo ficar sem nada, mas tem que ser eu? - Apesar de quinhentos mil em dinheiro me ser muito atraente, ainda tenho minha dignidade em não vender o meu corpo. 

Ou será que isso é besteira?

- Já passamos por essa parte, Valdir Guerreiro! - Odeio quando me chamam pelo sobrenome, é muito tosco, mas ele estava certo, já estava tudo acertado.

- Ok, apenas fiz uma ultima tentativa, e aliás, quando irei receber o adiantamento? - Afinal de contas é um trabalho como qualquer outro.

- Já está todo em sua conta, apenas vai lá e durma com a maldita vadia! - Richard disse impaciente. 

Essa encomenda com certeza está rendendo uma grana maior ainda para ele pois ele está muito interessado em que eu faça a merda do trabalho.

- O Quinei mesmo vai me passar os detalhes do chifre dele? - Gargalho com essa minha frase, não que eu o conheça direito, mas metidinho como me parece, realmente fica engraçado saber que ele é chifrudo. 

Se bem que ninguém merece ser traído.

- Olha o respeito com nossos clientes Valdir, eu prezo muito seu trabalho, mas entre você e um cliente adivinha só quem eu escolho? - Ameaça. 

- Ok, sem piadinhas com o Quinei, mas me diz ai? O que eu vou ser desta vez? - Mordo uma maça que estava em cima da mesa de Richard, sempre tem duas ou três maçãs em um cesto na mesa dele, e como eu gosto muito de maçã sempre pego uma, e isso parece agradá-lo, não que eu faça de propósito, problema dele.

***

Entrei no Camaro amarelo do Quinei meio constrangido, é estranho saber que ele quer  que eu fique com a mulher dele.

- Bom dia senhor Quinei, quais são as ordens? - Ele é um cara bem ajeitado, difícil acreditar que uma mulher não se contenta com um homem de aparência e rico.

- Você será Rodnei o meu melhor amigo de infância, invente os detalhes que achar conveniente, ficarei quatro dias fora, acho que é o suficiente para aquela vaca dar em cima de você, caso precisar pode drogá-la, quero uma imagem comprometedora dela a qualquer custo, estou pagando muito bem, não concorda? - Me seguro para não dar um soco e estragar esse nariz arrebitado deste mané. 

- Lhe garanto que não preciso drogá-la senhor Quinei, confio nos meus dotes masculinos, e sinto muito por ela ferir os seus. - Isso foi melhor que qualquer soco.

- Mulheres que não prestam não se contentam com nada, e infelizmente Felícia é uma dessas, eu a amei e dei todo o carinho e atenção que uma mulher necessita, mas não foi o suficiente para ela, meus amigos sempre me diziam que ela dava em cima deles e que ela não prestava, eu cego de amor nunca acreditei, mas um dia eu vi com meus próprios olhos, e agora quero distância dela, e quero que ela fique na lama, que é onde uma mulher tão desprezível e vulgar como ela merece estar. - Fico com muita pena deste pobre infeliz, mesmo sendo metidinho pra caralho ele não merece sofrer por amor, e agora nem me sinto tão desconfortável em fazer este trabalho, vou ajudar um pobre apaixonado a se vingar da mulher vadia. 

- O senhor fique sossegado que aqui comigo trabalho dado é trabalho feito. - Afirmei convicto de que estou fazendo a coisa certa.

Me lembrei de como meu pai sofreu quando a minha mãe o traiu, ele se embebedou demais, e quando voltou em si ele se matou. Prometi para mim mesmo que nunca mais a veria de volta, e até hoje não a vi. Saí de casa com dezesseis anos e fui morar com meu tio paterno Elias, deixando ela sozinha com a consciência dela. Meu pai era meu companheiro e meu exemplo, um trabalhador honesto que ganhava a vida como pedreiro, e sonhava um dia montar uma pequena construtora, infelizmente não viveu o suficiente para se quer tentar.

Felícia

Graças a Deus que Lucas está viajando! Imagina a briga que ele iria fazer se soubesse que estou andando para cima e para baixo com a Júlia? E está sendo ótimo, eu havia me esquecido de como era bom me sentir livre. Não que eu esteja me sentindo livre completamente, decidi me separar devagar, primeiro eu vou tentar explicar para meus pais que Lucas e eu já não nos amamos mais e vou preparar o território, mas ainda não me sinto livre, afinal de contas ainda sou casada com o traste e ainda por cima tenho uma consciência que não me deixa esquecer. Mas nem por isso eu resisti em sorrir para um cara que sorriu para mim. Foi só um sorriso. Mas para mim foi muita coisa, pois não podia olhar para ninguém, eu nem ao menos saía de casa sozinha! Apenas em companhia de Lucas ou de meus pais, Júlia ia até minha casa passar o tempo comigo, minha vida era muito chata perto deste momento que estou vivendo.

- Ela quer um corte que diga oi tudo bem? Quer me beijar? Entendeu querida? - Júlia explica para a cabeleireira, eu apenas consegui resmungar um não, mas nenhuma delas me ouviu. 

- Está precisando mesmo, em flor! Que cabelo é esse? Não quero nem imaginar como está ai em baixo! Mas não se preocupe que depois a Kate dá um jeito para você, OK?

- Eu não estou peluda lá em baixo! Eu me depilo! Jú, conta pra ela? - Júlia caiu na risada e eu acompanhei.

Mexeram aqui, mexeram ali, e no final eu estou uma tremenda piranha, assim diria Lucas. Mas ao meu ver, eu estou linda e me sentindo uma mulher. Meu cabelo está realmente muito ousado! A cabeleireira fez Chanel com franja! e não vou negar, caiu muito bem em mim! Meu cabelo era muito comprido, até a cintura e todo judiado. Agora me olhando no espelho, estou orgulhosa da morena alta dos olhos amendoados e belos cílios que possuo. Não sou de se jogar fora, vai que Lucas se apaixona novamente por mim? Não. Melhor não. Deus me livre. Pensando bem, acho que ele é incapaz de amar.

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