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Após terminar a última aula do dia, toca a campainha e todos os alunos vão para casa, deixando-me sozinho no corredor do instituto, novamente.

Nunca na minha vida fui mandado para a sala de detenção e agora, por causa de Cara, vou ter que explicar para minha mãe por chegar tarde em casa.

Quando encontro a sala de aula, entro e vejo que a professora ainda não chegou, aliás, não há outro aluno além de mim.

Mas isso muda quando a porta se abre e um menino que eu nunca vi na minha vida aparece. Suponho que ele deve ter entrado no instituto novamente.

Está muito alto. Sua camiseta preta de manga curta expõe suas tatuagens e seus braços musculosos, tirando meu fôlego. Ele tem cabelos muito escuros penteados para o lado e um olhar penetrante. Esse olhar ... Eu sei que já vi isso antes em algum lugar, mas não sei onde.

E então ela se empoleira em mim, fazendo-me sentir minúscula. Eu engulo em seco.

Ele vai até a última fileira e se senta na cadeira, encostando-a na parede e jogando a cabeça para trás, revelando as tatuagens que aparecem em seu pescoço.

Em seguida, um flashback vem para mim em uma velocidade vertiginosa e tudo clica. Sinto que estou sem fôlego ... Não é possível.

Eu olho para o rosto dele novamente, pois ele parece estar dormindo.

Sim, é ele. Ele não poderia ser outra pessoa.

-Sua. -Eu me levanto da cadeira e vou até ele.- Filho da puta.

Ele abre os olhos e me olha como se não acreditasse que estou falando com ele. Ele se levanta e vejo que ele arranca duas cabeças de mim. Sua mandíbula está cerrada, assim como seus punhos. Todos os meus membros estão tremendo, não posso acreditar que ele está fazendo isso.

-Você matou meu melhor amigo- digo com firmeza.

-Não sei do que você está falando. - Sua voz é profunda, rouca e me dá calafrios.

-Sim, você - digo com o tom mais alto - Há três meses, num acidente de carro, lembra? - pergunto com amargura na voz. Ele solta uma risada.

-Você é louco.

Sinto meu sangue ferver e um sentimento de raiva toma conta de mim, fazendo meus olhos começarem a lacrimejar. Como diabos você ousa me chamar de louco? Nem mesmo se ele quiser, ele tem coragem de admitir o que fez.

Eu ando até ele e levanto minha cabeça com orgulho, fixando meu olhar nele com raiva.

-Vou garantir que você pague pelo que fez, está me ouvindo? Nós dois sabemos muito bem do que estou falando e, quando você acabar atrás das grades, serei eu quem rirei - ele retrucou com firmeza.

Ele dá um passo para trás, mas não parece se importar com minhas palavras. Uma lágrima de impotência ou talvez adrenalina desce pela minha bochecha enquanto eu o encaro.

-Você não sabe com quem bagunçou- diz ele antes de agarrar meus dois pulsos e me encurralar contra a parede. Respiro de boca aberta, por causa do medo que isso me causa. Ele está olhando nos meus olhos marejados. Tento me soltar e me contorço, mas ele força mais seu aperto em minhas mãos, fazendo meus pulsos doerem.- Eu não deveria ter salvado sua vida tirando você daquele carro.

Isso me apunhala como uma adaga afiada quando sai de sua boca. Seus olhos negros são indecifráveis. Eu sinto muita escuridão nele.

-Você não me assusta.

-Não é o que parece.

Com isso, você ouve a porta se abrir e ele rapidamente me solta para se virar. Ele é o professor.

-Desculpe pelo atraso. -então ele desvia o olhar dele para nós.- Está tudo bem? - pergunta ele enquanto fixa o olhar em mim.

-Perfeitamente. -responde o menino enquanto ele me olha ameaçadoramente e volta ao seu lugar.

-Não. -Eu respondi enxugando minhas lágrimas.- Eu preciso falar com minha mãe. Posso ir?

O professor, vendo-me tão angustiado, acena com a cabeça e me deixa sair da aula. Abençoo os deuses que minha casa fica perto do instituto e chego em dez minutos quase correndo.

-Mãe! - Choro alterado assim que entro.- Mãe! Onde você está?

Ouço passos rápidos descendo as escadas e vejo Jim aparecer.

-O que acontece? - pergunta preocupado- Você está bem?

-Onde está a mãe? - pergunto olhando para ela com o olhar. Eu tenho que contar a ele. Devo dizer que já sei quem causou tudo isso.

- Ela está trabalhando, por quê? algo aconteceu?

-Vi o homem que matou Alison.

(...)

AZAEL

Eu bato no saco de pancadas mais uma vez com minha raiva acumulada enquanto termino de contar a Scott o que aconteceu comigo esta manhã com a garota do acidente.

- Cara, você não pode deixar que eu denuncie você- murmura Scott enquanto tira as bandagens dos pulsos- Assim que você for descoberto de novo, você vai para a cadeia, sabe disso, certo? Essa garota pode estragar sua vida.

- Eu sei, idiota - respondeu ele com meu mau humor de sempre. Em seguida, também tiro as luvas e limpo o suor pelo corpo.

-E o que você está planejando fazer?

-Tenho uma coisa em mente, mas não sei se vai funcionar- murmurou.

Não sei se funciona, aquela garota é uma fera do caralho.

-Do que você está falando? - pergunta ele, fazendo um gesto de sorriso.

-Eu vou fazer ela se apaixonar por mim.

O retardado Scott solta uma risada, que então se transforma em um ataque de riso. Eu o observo com uma cara hostil enquanto ele agarra o estômago.

-Que diabos você está rindo? - pergunto, aproximando-me dele para acertá-lo.

- Qual é, você parecia um idiota completo- diz ele antes de rir de novo.

- Estúpido- murmuro, assumindo a postura de boxe, começando a pular de um lado para o outro. Ele entende minha intenção e faz o mesmo.

-E como você planeja fazer isso? - pergunta ele antes de me socar. Eu me esquivo dele e o acerto no abdômen. Ele solta um gemido.

-Vou começar a falar com a Gigi para que ela se torne amiga dela e fale bem de mim -Aproveito-me que ela se abaixa um pouco e dou outro soco, desta vez acertando-a no ombro.

-O que te faz pensar que a Gigi vai te ouvir? -Scott se aproxima para me acertar, mas eu me esquivo dele. Eu levanto uma sobrancelha e sorrio em resposta à sua pergunta- Oh, que nojento você é! - ele exclama, rindo.

Eu rio alto. Gigi e eu estamos juntos há meses. E eu não digo namoro, mas foda.

-É bom para as coisas- murmuro antes de dar um último soco nele e derrubá-lo no chão. Este continua mentindo, reclamando, enquanto me afasto em direção aos vestiários.

Pego minhas coisas e digo adeus a Scott. Depois saio da academia e pego a bicicleta para ir para a casa da Gigi.

Espero que ela esteja de bom humor, porque senão ela vai me chutar para fora do chão de merda dela. Não é tão ruim estar localizado no centro de Middton, mas mostra que o dinheiro não chega para ela por mais e não estou surpreso, porque ela é um ano mais nova que eu, mas mostra que ela tem quase o mesmo coragem. Ela foi independente a maior parte da vida e conseguiu o que se propôs a fazer sozinha, sem ajuda de ninguém, já que seus pais eram dois drogados que acabaram presos por contrabando e ela não tem outra família.

Então sim, Gigi está sozinha neste mundo.

Ainda me lembro dela quando a vi pela primeira vez. Eu a conheci em uma das minhas primeiras lutas de boxe. Ela trabalhava como uma garota de anel e era tão gostosa que não conseguia parar de olhar para ela. Eu ainda ganhei, mas quando a partida acabou, eu vi um de seus representantes tentando abusar dela em um de seus quartos, então quebrei seu rosto e a levei para casa.

Demorou muito para começarmos a dormir sem compromisso, mas no dia em que ela conheceu o filho da puta, minha sorte acabou.

E a verdade é que é preciso amá-lo muito para manter uma relação com ele, pois a conheço muito bem para saber que ela não gosta de relacionamentos estáveis ​​e menos com caras como ele.

Assim que chego, estaciono a motocicleta, vou até a fazenda e toco no telefone.

-Quem é ele? -perguntas de mau humor.

-Abra-me- digo mal. Se ela vai falar mal comigo, falarei pior com ela.

Ele solta uma baforada e eu ouço o bipe que anuncia que a porta está aberta. Eu entro e subo para o terceiro andar, em seguida, bato três vezes na porta.

-O que você quer? - pergunta ela, abrindo. Em seguida, ele desce o corredor, pegando as roupas que estão no chão e colocando-as no cesto de roupa suja. Eu não posso deixar de lamber seu lábio quando a vejo. Ela está usando calcinha e isso é claramente visível pela blusa branca transparente que não está usando sutiã. Ela não se importa se eu a vir assim, porque já a vi com menos tecido do que o dela, então ela não se preocupa em se cobrir.

- O que seu namorado pensaria se nos visse assim? - perguntou ela, fechando a porta.

- Você veio só para botar merda do Mark? - pergunta ela, segurando a cesta contra o quadril.

-Você ainda está com ele?

Ela é que ela não responde e ela volta para pegar roupas do chão. Mas posso dizer pela expressão em seu rosto que a resposta é não.

-Sim ou não? - pergunto de novo, seguindo-a, começando a me colocar de mau humor.

-Não- responde ela com raiva.- Além disso, o que você ...? -ela a interrompeu, pegando suas bochechas e juntando meus lábios aos dela. Não demora muito para retribuir e sinto sua língua entrando em minha boca. Eu a agarro pelas nádegas e a levanto do chão, envolvendo suas pernas em volta da minha cintura e batendo-a contra a parede. Ela solta um gemido.

- Eu preciso ...- digo entre beijos. Percebo como algo está acordando na minha virilha. Então decido contar a ele antes que o assunto se estenda mais e depois me deixar assim.- ... me faça um favor.

Ela estava baixando o elástico da minha calça quando para. Ela olha para mim e revira os olhos.

-Eu deveria ter imaginado- diz ela saindo de cima de mim, voltando ao seu mau humor. Ela pega a cesta do chão e a deixa na cozinha, que está cheia de pratos sujos.

-Ei, ela ouve- digo agarrando o braço dela para que ela não vá- Não é um grande favor, é ... um pequeno favor.

-Se você vai me pedir alguma coisa, diga agora, não tenho tempo para suas bobagens.

-Preciso que você faça amizade com uma garota.

-O que? - pergunta com um gesto de sorriso- Você sabe que não tenho amigos- faz uma pausa- E para que diabos você quer que eu faça amizade com uma garota?

Ela não é qualquer garota ... ela é a garota que encontrei comigo. - Gigi me solta e começa a colocar as coisas na cesta na máquina de lavar. Eu a sigo.- Preciso que você se torne sua amiga e fale bem de mim, para que ela se apaixone por ela e não me denuncie. ela murmurou- Eu não posso ir para a cadeia. Agora não.

ela ri amargamente.

-Ninguem vai se apaixonar por você, Azael. -Ela diz com sinceridade.- Ninguém pode se apaixonar por quem não sabe amar. ela murmura olhando nos meus olhos.

Isso a faz sentir a ansiedade em meu peito. Eu sei que ela está certa, mas não vou parar de tentar. A última coisa de que preciso agora é ir para a cadeia. Eu não posso permitir.

- Você não pode nem tentar? Não faria mal nenhum ter um amigo com quem reclamar do quão pequeno o seu namorado é.

-Ela é maior que você. -Ela o defende- Eu rio alto.

- Você sabe disso ...- murmurou, olhando para baixo, depois erguendo os olhos- É impossível.

-Tudo bem- ela finalmente aceita, desistindo.- Mas me deixe em paz, não quero mais você aqui, você me enlouquece. ela diz, prendendo seu cabelo loiro em um rabo de cavalo.

-Amanhã, no instituto, venha até ela. E ela tenta não fugir de você, ela é uma prostituta cuidadosa.

-Tudo o que você disser- Ela responde, me empurrando até a porta- Eu não deveria ter mudado de instituto.

Uma vez na porta, ela tenta fechá-la, mas eu a impeço com minha mão. Eu vejo seus olhos azuis olhando para mim e sorrio de lado.

- Esse Mark Gibson é um bastardo por deixar você ir - digo antes de beijá-la e fechar a porta na cara dela.

Eu rio alto do outro lado.

Sinto meu celular vibrar no bolso e vejo que é uma mensagem de Cara.

Às oito na minha casa;)

Eu respiro fundo, essa garota é insuportável.

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