Jantar no restaurante Terraço Itália- SP
O restaurante que frequentaram juntos, agora ficaria apenas nas recordações. Na mente e no coração daquela mulher.
Aquele espaço foi tudo o que os dois amantes precisavam para terem a companhia um do outro no final do dia e sem os olhares curiosos.
Dinah tinha uma aparência tranquila mesmo sabendo como tudo iria terminar, era uma despedida.
Ele iria deixá-la.
— Então, eu posso ir mesmo?
— Você é livre, sempre foi e nunca neguei isso – Ela conseguiu sorrir após saborear o vinho predileto de Benicio, mas por dentro, o seu coração gritava para aquela ideia ser adiada.
O olhar de Benicio, carregava um misto de surpresa e confusão, porém o seu tom de voz era firme.
— Você me deu tanto durante esse tempo e aprendi tanto ao seu lado.
— Você quase correu de mim.
— Sim. Eu corri e voltei e não me arrependi.
— Fico feliz. E agora está pronto, pode seguir o seu caminho… Aquele último comercial é um grande sucesso.
—Tudo está acontecendo e é incrível – Ele a analisava, os olhares não se encontravam, ela não permitia — Você poderia aceitar aquele convite da exposição que a minha agência está cuidando, na próxima semana – insistiu.
— Sabe como é a minha agenda, mas quem sabe eu apareça – ela respondia quase que pausadamente já que por dentro gritava:
Vá embora logo!
— Você está linda esta noite, aliás todas as noites e os dias...
O sorriso dele era tentador, o mesmo sorriso que encantou Dinah desde a primeira vez que os seus olhos pousaram sobre ele.
Dinah precisa sair daquele lugar.
— Sempre gentil. Bem, como o nosso jantar era apenas uma pequena despedida, creio que não vai se importar de eu ter que deixá-lo aqui. Sabe como sou e tenho pilhas de relatórios e reuniões me esperando amanhã bem cedo na empresa.
— Claro. Eu sei sim e se quiser posso acompanhá-la.
— Não precisa, o Saulo está me esperando.
Benicio levantou junto com ela, a conversa ainda não tinha terminado e sentia que ela queria ir mesmo embora.
— Eu desejo todo sucesso do mundo para você.
— Obrigado, Dinah… Por tudo.
Dinah foi se afastando lentamente e não se deixou tocar, pois a ideia de sentir a pele dele na sua poderia fazer com que desistisse de tudo e esquecer aquela dor que vinha sentindo desde o momento que soube de tudo.
Dinah partiu, pisando firmemente no carpete vermelho com o seu salto francês ponta agulha que tinha comprado na sua última viagem à França. Para aquela noite, tinha escolhido um belo longo negro que modelava o seu corpo. Caminhando em direção ao elevador, em nenhum momento, voltou-se para olhar na direção de Benicio.
Porque esse poderia ser um sinal que ele aguardava dela.
Dinah entrou no elevador ainda em transe, segurando as emoções que agitavam o seu corpo. Estava tão absorvida por seus pensamentos que só reparou que a porta do elevador já estava aberta quando sentiu o ar gelado tocar o seu rosto.
Agora, ali na garagem, viu o seu fiel escudeiro motorista, Saulo que a aguardava como tinha sido ordenado. Aquela saída era discreta e eficaz para muitos clientes do lugar.
O motorista quando a avistou sozinha, mudou o olhar pois esperava ver uma outra cena, então logo se recompôs e abriu a porta de trás da SUV- Honda Urban para que a sua patroa entrasse e assim deixarem o famoso edifício.
O homem não fez nenhuma pergunta e seguiu de volta para o Tower Garden, residência de Dinah Fontanne.
Dinah passou o tempo todo olhando as paisagens da cidade cinza e as luzes que clareavam parte da escuridão do carro, e foi observando o contraste da cidade que deixou as lágrimas descerem.
Ela, que sempre esteve no controle de tudo, sempre foi dona das cartas marcadas, agora sentia-se sem chão.
Ela nunca conheceu o amor de verdade e começou a rir de si mesma, pois pensava como a vida era irônica em só mostrar agora que Benicio era apaixonante.
Quase um ano de relacionamento que poderia acabar a qualquer momento, que tudo era resumido nos pequenos momentos e prazeres da vida, e por tanto negar o que ele queria, agora ela seguiria como sempre foi, sozinha.
Tudo tinha um fim.
E o caso deles não seria diferente, ainda mais com uma terceira pessoa entre eles, a qual Dinah não queria enfrentar.