Um Iate, uma ligação e um contrato

Jason Smith POV's

Aquela definitivamente era a melhor semana da minha vida. 

Veja bem, muita coisa tinha mudado desde que eu era um jovem rapaz que entrara de estúdio e estúdio com o sonho de fazer música. Agora eu tinha dinheiro, poder, influência e praticamente todas as garotas do mundo - e isso significava que eu era também o jovem de 18 anos mais feliz do mundo. 

Algumas pessoas podem dizer que essa fase é terrível para se estar em meio aos holofotes, mas eu discordo totalmente. Só assim consegui todas as minhas incríveis namoradas, que não brigavam entre si e ainda aceitavam a existência uma da outra. Exceto Caroline, mas ela...Bem, ela era outra história. 

 Nessa semana, em específico, eu estava fazendo a viagem dos sonhos com Caroline. Estava em Ibiza, com muita música, iates, bebidas, diversão e gente puxando meu saco. Era uma das melhores experiências do mundo.

Enquanto eu preparava uma gin-tônica na cozinha do iate de James, um amigo de Caroline que estava nos recebendo no seu super-barco, ouvi meu celular vibrar em cima da mesa de madeira, de forma insistente. Peguei-o. Eram diversas chamadas perdidas de Leo e Danny que eu ignorei. Uma, porém, me chamou atenção. Christian tinha me ligado.

Larguei a gin imediatamente pia abaixo e senti as mãos tremerem. Se o próprio Christian tinha se dado ao trabalho de me ligar, algo definitivamente não estava certo. Ele era o demônio usando camisas brancas, além de ser o super empresário por trás da minha banda. Os segundos em que ouvi meu coração bater me perguntando se ligava para ele ou não pareceram os mais longos da minha vida, até que ele me ligou novamente. 

—Christian? - Atendi, tentando controlar a voz. 

—Você. Tem. Que. Voltar. Pra. Londres. Imediatamente.— Ele rosnou e desligou o telefone, sem dar mais explicações. 

Soltei o celular com um suspiro e comecei a olhar as mensagens que havia recebido no aplicativo. Nick havia me encaminhado diversas notícias do final de semana e diversas fotos minhas com Caroline - em situações, digamos, não muito tradicionais. 

Respirei fundo e comecei a ligar para o aeroporto, buscando um voo disponível mais próximo para Londres que tivesse, enquanto me encaminhava para o quarto para juntar minhas roupas numa mala bagunçada. 

Caroline estava deitada fumando um cigarro quando me viu entrar. Ela era uns 15 anos mais velha que eu, mas ainda era uma mulher maravilhosa que eu sentia muita atração desde que tinha 16 anos e era um jovem aspirante à celebridade - ela tinha tentado ser a nossa primeira agente, antes de cair aos meus encantos. Ela sentou-se na cama e me encarou, enquanto eu estava vestindo uma calça e procurando meus sapatos.

—Acho que eu perdi alguma coisa. - Ela comentou, atirando uma meia para mim. - Aonde é que você pensa que vai, garotinho? 

—Christian ligou. - Murmurei em resposta, me apoiando na cama com os punhos fechados para que ela viesse até mim. - Tenho que voltar para Londres. 

Caroline se sentou na cama, ronronando e colocando as mãos suavemente no meu pescoço. 

—Você sabe que podemos encará-lo, eu e você. - ela miou no meu ouvido, deixando uma mordidinha no lóbulo da minha orelha. - Posso conseguir todo o sucesso do mundo pra você, você só precisa deixar...

Sorri para ela. Ela me deu um selinho.

—Eu adoro seu jeito de cuidar de mim. - Respondi e seus olhos faiscaram. Ela me encarava como se eu fosse sua propriedade. - Obrigado, Caroline. 

—Não volte. - Ela respondeu - Fique comigo. A gente separa sua bandazinha, ninguém precisa saber. Você nunca mais vai obedecer o Christian, a gestão, nem ninguém.

Observei os olhos brilhantes de Caroline, pensando por um segundo.

—Ah, por favor, Jay. - Ela finalmente perdeu a paciência - Você não quer ser esse garotinho bonitinho e bonzinho, quer? Ficar ajudando causas nobres, cantando com 4 garotinhos....

Dei de ombros, empurrando Caroline delicadamente de volta para a cama.  

—O que tem se eu quiser um pouco disso? - perguntei, cruzando os braços em cima do peito desnudo. 

Caroline revirou os olhos.

—Você pode forçar essa imagem o tanto que quiser, mas eu e você conhecemos o verdadeiro Jay - Ela disse, com um sorriso de prazer vindo enroscar seus braços no meu pescoço e me roubando um beijo longo - E o verdadeiro Jay não tem nada de bonzinho. 

Empurrei-a na cama e tirei a calça. Caroline prontamente se virou de quatro pra mim e eu puxei seus cabelos, mordiscando sua orelha. 

—Tem razão. - Grunhi, empurrando seu corpo pra cama mais uma vez e dando um tapa estalado em sua bunda. - Eu não sou nada bonzinho. 

[...]

Andei por todo o píer procurando uma gaivota. Eu gostava de gaivotas. Será que não existiam gaivotas em Ibiza? 

Consegui pegar emprestado o motorista particular de James, que me levou prontamente até o aeroporto, onde meu voo estava prestes a sair. Pensei em pedir um jatinho emprestado, mas imaginava que essa parte era até demais. 

Além de tudo, eu adorava voos comerciais. As aeromoças sabiam que não tinham obrigação nenhuma de não dar em cima de mim e eu recebia bilhetinhos durante toda a viagem. Aquilo era muito satisfatório para meu ego. Fora, é claro, as outras pessoas que também me abordavam. 

Antes do avião decolar, tentei entrar em contato com algum dos meninos. Mas eles tinham literalmente me removido do nosso grupo no aplicativo de mensagens. Ou seja, eu era o membro problemático e chutado pra fora. Mas eu não podia dizer que aquilo me incomodava, afinal, a minha reputação de bad boy crescia da mesma forma que cresciam os contatos em meu celular. 

E só naquele voo, eu já tinha mais de 5. 

[...]

Assim que cheguei à Londres, fui recebido com uma comitiva de fãs e sorri e acenei para todas. A gestão da banda mandou um carro me buscar e me levar prontamente para a casa de Zack, que era o único que realmente estava investindo em imóveis no grupo. 

Assim que cheguei lá, esperei o mínimo de recepção. Mas ninguém veio sequer abrir a porta. Toquei a campainha e Karen, a funcionária doméstica de Zack, me recebeu. 

—Seja bem-vindo, sr. - ela disse, se oferecendo para pegar minhas malas. 

—Obrigado. É bom estar de volta. - Murmurei e adentrei o recinto. 

A casa de Zack era literalmente a casa dele. Outrora, fora uma daquelas casas sem cor, sem sabor e sem personalidade que todo mundo tem - mas agora, as paredes brancas eram preenchidas por grafites, desenhos e qualquer coisa que surgia na mente criativa de Zack Martin. 

Ele era literalmente uma das pessoas mais talentosas que eu conhecia e sempre que eu entrava ali eu me perguntava como ele conseguira grafitar até o sofá. 

—Olha quem está de volta! - Leo disse, batendo palmas, me olhando do alto da escada. - Achei que ia ficar lá até destruir nossa reputação. 

—É bom estar de voltar. - Eu disse, sarcástico, tirando o casaco e jogando-o no chão. Os olhos de Leo faiscaram - Ainda mais com essa excelente recepção. 

Leo desceu rapidamente todos os lances de escada, vindo como um raio em minha direção e me agarrando pela gola da camisa.

—Escuta aqui, Jason...

—Ei, ei, ei. - Danny disse, aparecendo no topo da escada e descendo tão rápido quanto Leo, para separar nós dois. Metade do seu cabelo parecia um ninho de ratos, como se ele tivesse acabado de acordar. Ele tirou as mãos de Leo de cima de mim - O que eu já falei sobre brigas?

—Ah, por favor. - Leo disse, revirando os olhos e se afastando - Você já foi melhor, Jason, tenha isso em mente. E, Danny, vai ver se eu tô na esquina. 

Danny suspirou e observou Leo subir batendo os pés, antes de se virar para mim e arrumar a gola de minha camisa.

—Sugiro que conserte isso. Não vai funcionar bem assim. - Ele murmurou, antes de começar a subir as escadas.

—Foda-se, eu compro outro. - Gritei, arrumando a gola da camisa que estava esticada e desalinhada.

—Sugiro sorte para comprar outros amigos. Mas imagino que já tenha conseguido. - Danny disse, me dando um último olhar antes de desaparecer no corredor de cima. 

Fiquei sozinho no meio da sala de Zack e soltei um suspiro alto, me jogando no sofá pichado com frases sem sentido nenhum tiradas de histórias em quadrinhos. 

—O sucesso incomoda, Jay. - Murmurei para mim mesmo, enquanto ouvia passos no último andar e a risada dos outros meninos todos juntos. - Eles te odeiam porque não podem ser como você. 

Suspirei e acabei cochilando por cima do meu próprio ombro, no sofá, sozinho e com preguiça de desligar a luz. 

 [...]

Acordei no dia seguinte com bastante barulho, de risadas, gritos e reclamações. Alguém encostou no meu braço, fazendo com que eu abrisse os olhos. Nick me oferecia educadamente um prato descartável com 3 panquecas em cima.

—Cadê o mel? - resmunguei. - Quer que eu coma no seco? 

Nick revirou os olhos e deixou o prato no meu colo, se afastando e indo arrumar uma mala que estava a postos ali no chão. Esfreguei os olhos e observei que todos estavam com malas e, inclusive, a minha que eu trouxera ontem. 

—Pra onde vamos? - perguntei surpreso, afastando educadamente o prato de panquecas e o depositando em cima da mesa. 

Nenhum dos meninos se deu ao trabalho de responder. Ouvi Danny batendo os pés e descendo rapidamente lá de cima, com a escova de dentes ainda na boca e uma toalha nos ombros. 

—Nós vamos pros Estados Unidos. - Danny respondeu, de forma embolada e olhou crítico para outros - Obrigada, senhores, por responderem o seu colega. 

—Colega. - Leo frisou a palavra no ar e me encarou com um misto de sentimentos nos olhos. Depois, voltou sua atenção para a própria mala e um Danny que subia correndo as escadas para terminar sua higiene bucal - Ei, Danny, pode me trazer meu travesseiro? Esqueci de trazer e não fico em aviões sem ele!

Danny não respondeu e Leo começou a xingar. 

—Eu pego pra você. - me ofereci. Leo virou os olhos para mim e fez que não com a cabeça. - Fala sério, Tommerson.

Ignorei suas reclamações e subi correndo para buscar seu travesseiro. Assim que entrei em seu quarto completamente dominado pela bagunça, me deparei com uma foto no chão. Ela parecia ter descolado do quadro que ele mantinha ali com fotos da família e amigos. 

Era uma foto de nós dois. Uma das minhas favoritas. 

No computador ainda ligado de Leo, conectado à uma câmera, passavam diversas fotos de uma semana que parecera muito divertida. Os meninos tinham feito guerra de bexigas d'água, tinham ido até a piscina aquecida, assim como tinham comido guloseimas no parque, frangos no Nandos e até acampado. 

Observei todas as fotos em que eu não estava e os sorrisos pareciam brilhar. Em um ímpeto, abri meu próprio celular e observei meu sorriso em todas as fotos que eu tirara durante a semana. Aquilo era um sorriso? 

Nessa foto com Leo, era. 

Suspirei e peguei seu travesseiro, pensando que talvez, só talvez, eu não fosse mesmo o jovem de 18 anos mais feliz do mundo. 

[...]

O voo para os Estados Unidos ocorreu sem nenhum problema. Sentei-me numa poltrona sozinho, enquanto Danny e Leo sentavam juntos atrás de mim e Zack e Nick ao meu lado. Zack me lançava alguns olhares solidários, mas não era capaz de dizer muita coisa. Danny, pelo menos, se esforçava. E Nick me oferecia comidas secas - mas era melhor que nada. 

Quando finalmente saí para o ar Nova Iorquino e entrei em um carro preto, sendo atropelado por milhares de fãs, foi que eu me senti em casa novamente - muito diferente de como eu me sentira na casa de Zack, enquanto todos estavam juntos, menos eu. 

A fama era minha casa. Eu era querido por muitos. E isso era o que importava. 

No caminho até o estúdio onde faríamos as fotos para um comercial e algumas premiações que aconteceriam dali a alguns meses, fiquei observando a paisagem até um local me chamar bastante atenção. 

A Broadway parecia um teatro bastante velho e encardido por fora. Eu não entendia a magia que todos viam ali. Um cartaz muito grande anunciava o início da reunião de novos talentos para um show exclusivo que ocorreria em breve. Quase bufei. 

Que ser humano normal se submeteria à isso? Provavelmente nem seriam pagos. Só fariam um show, que custaria um absurdo de dólares e ainda nem devia ser bom - visto que, claramente, nenhum deles era famoso. 

Tentei deixar esse pensamento de lado conforme o teatro se afastava e comecei a criticar as demais paisagens de Nova York mentalmente, lidando da melhor forma que podia com meu mal humor. 

Quando chegamos ao estúdio, eu já havia despejado todas as minhas energias negativas no centro do capitalismo do mundo e podia sorrir de forma verdadeira para todos os agentes da Modern, enquanto eles criticavam meu estilo de vida e me levavam para a sala de reunião.

—Então, Jason. - um deles me disse, assim que me sentei - É agora que começa o plano de mudar sua imagem.

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