Desvendando os meus próprios mistérios

Entrando na caverna

Entrarmos em nossa própria caverna periodicamente é de vital importância. Nossa caverna é o nosso refúgio e também o nosso interior mais profundo. Lá é o local do autoconhecimento. É ali que nos encontramos com nós mesmos, nossas particularidades, nossa identidade, nossa ancestralidade, nossa autenticidade. Ninguém pode ser autêntico se não está em contato com sua própria caverna, com o seu íntimo.

 Aquele livro Homens são de Marte, mulheres são de Vênus, afirma a necessidade dos homens de entrarem na caverna. Mas um livro escrito totalmente dentro da ótica patriarcal e mundana não percebe que as mulheres também têm esta mesma necessidade de estarem em suas próprias cavernas; a meu ver, uma necessidade muito maior.

Aliás, esse tipo de literatura está sempre colocando a mulher como uma chata e o homem como um ser livre. Sem a noção de como também a liberdade é vital para a mulher. Talvez a liberdade almejada pelo homem seja a de ir e vir. Já a da mulher, é a liberdade de ser, e com esta, ela poderá escolher ir ou ficar,  fazer ou não fazer. Mas a mulher que não mantém um contato permanente com a sua caverna não percebe esta necessidade de ser livre, pois não atinge o seu íntimo e fica a mercê do que o externo dita para ela como comportamento normal a ser seguido.

A mulher já é a própria caverna, mais uma razão para um contato íntimo com este lugar sagrado, repleto de mistérios, de sentimentos profundos e descobertas. Mergulhando em sua própria caverna, tanto mulher quanto homem acharão tesouros perdidos, assim como traumas escondidos, mas que precisam ser reconhecidos, para serem curados. Dentro de nossa própria caverna saberemos realmente no que acreditamos, o que queremos, quem somos. Saberemos como agir, como nos colocar, como nos fazer ouvir. Saberemos ocupar com dignidade nosso lugar no mundo. Mergulhar de tempos em tempos no interior de nossa caverna nos coloca em contato com nosso lado mais visceral, selvagem, natural. Isto é vital, pois somos seres naturais.

Como ir para a sua caverna? Existem muitos caminhos, muitos transportes também. Só você vai poder saber. Talvez alguns momentos por dia de reflexão já seja o suficiente, ou a ajuda de um bom livro que o faça mergulhar em você mesmo.

O importante é que depois do primeiro contato com sua caverna, você a visite regularmente. E a cada visita explore-a mais, pois sempre há coisas novas que não foram vistas antes.  Também é na sua caverna que você percebe o que não lhe pertence, o que não faz parte de você, o que é dos outros e não seu. Você, então, tem a chance de transmutar todos esses resíduos tóxicos que o contaminam.

O contato com sua caverna vai lhe dar força para você ser você mesmo nas situações mais difíceis. Ser você sempre! E você perceberá que não existe satisfação maior, prazer melhor, do que ser você mesmo, mesmo que para isto tenha que caminhar sozinho, sozinho não, pois você estará preenchido com o seu próprio Ser. E com certeza encontrará outras pessoas na mesma sintonia!

Retorno

Sinto que desço o labirinto

A caverna me traga

E depois, o que vem?

Não sei...

Talvez sonhos malucos, desconexos, desconcertantes.

Talvez uma vida pregressa

Ou quem sabe o retorno a um antigo caminho...

A caverna me aprisiona, me sufoca e me protege

Ela é cheia de amarras e de inconscientes insanos

O que fazer para não me quebrar?

O que fazer para não sucumbir?

Talvez olhar dentro dos olhos da escuridão

E comungar com Ela

Abrir-me para Ela

Fundir-me Nela!

Intervalo

Quantas coisas, quantos afazeres, quantos projetos, quanta correria! E neste corre-corre da vida temos que ter cuidado para não nos perdermos do sutil, da magia, da intuição, da criatividade mais primitiva. Dar uma parada de tempos em tempos é essencial. Tirar um dia para sentir dentro é vital.

Pergunto-me, há quanto tempo não escrevo o que vem de dentro, isto é, o que sinto? Textos mais técnicos apenas, porque estou mais técnica, mais prática, mais objetiva.

Que bom! Isto é ótimo para alguém tão viajante quanto eu... tão diáfana, etérea, dionisíaca, lisérgica. Todas estas características já atribuídas a mim, e, diga-se de passagem, que eu adoro! Pois sou assim também, e gosto de ser reconhecida pelo que sou.

Mas também sou outras coisas. E são elas – meio que opostas daquelas – que vieram ganhando espaço em mim de uns meses pra cá.

Muito movimento, a mente bem desperta, digamos que a mil, alerta, querendo e procurando aprender mais e mais; a técnica, o novo, o inesperado, o que antes não era nem cogitado. E com tudo isso, muitas vezes, vejo-me tendo que sair do meu tempo interno – aquele mais lento, tranquilo e sereno – para acompanhar o pragmatismo e a rapidez de todos a minha volta. E com isto, me surpreendo percebendo que também tenho um tempo mais ágil. Mas claro, muito longe do estresse. Não me permito chegar a esta neurose; aqui é só uma questão de ritmo, porém, posso falar apenas de mim. Mas como não se perder de si mesma? Você pode perguntar. E eu respondo: estando aberta, disponível e feliz por conhecer mais de mim; por cavar mais fundo em busca de tesouros escondidos; por querer me superar, por querer crescer, mas sem me violentar.

Nesta “brincadeira” de corre-corre me vejo passando por uma grande iniciação, em vários sentidos; algumas mudanças, algumas confirmações, a volta de antigos talentos, conjugação de meus dons, descobrindo outros... e quanta coisa mais!

O importante é estar fiel ao meu próprio ritmo, fazendo a minha própria música, a minha própria dança e aprendendo a me fazer respeitar por isto e, com isso, a respeitar o outro. Mas para estar fiel ao meu próprio ritmo preciso antes perceber em que ritmo estou, e  para isso  se faz necessária a pausa, o intervalo.

Minha alma

Sinto-me sensível e introspectiva o bastante para ficar na minha

Hoje quero só devanear sem em nada me fixar

Sentir a inspiração e me soltar no ar

Pairar sobre as nuvens e me deleitar comigo mesma

Com meus sonhos

Com minhas visões

Sentir minha alma pedindo calma

Pedindo aconchego

Pedindo quietude

Argumento com ela que tenho "o fazer"

Que tenho, que tenho, que tenho

Minha alma sorri para mim docemente

Diz que é tempo de me aquietar,

Tempo de não me preocupar

Ela me diz para relaxar e flutuar

Pois para o que anseio

O coração precisa estar em paz,

A mente serena,

O espírito leve.

A alma precisa de tempo, ela me diz

Precisa ser cuidada e regada

Regada com a boa água de corações puros

E não com a má água de corações endurecidos.

Minha alma sabe de mim

Muito mais que minha mente

Onde ela está?

Ora, em mim!

Como ouvi-la?

Em meu silêncio

Dentro do círculo

Fora do tempo.

Deixar entrar, deixar sair...

Como é importante sabermos o que deixar entrar e o que deixar sair! Isto é, o que e quando internalizar e externar. Quando falo em internalizar falo sobre crenças e padrões que assumimos.

O que colocar para dentro? Que valores, que crenças, que ideias internalizar? Acho que o grande barato é percebermos o que tem a ver com a gente de verdade. Assim como o que vai nos enriquecer, nos alimentar, mesmo que a princípio pareça não fazer parte do nosso mundo pessoal, mas que nos ajudará a nos expandirmos.

E por falar em alimento, a comida também é algo importante, muito importante! Sem neuras, de uma forma diferente do que anda por aí. É importante aprendermos a ouvir nosso corpo, a sentir as suas necessidades. Ele diz para a gente quando precisa de certo tipo de alimento e quando já está saturado de outro. É só procurarmos ouvi-lo, ele dá sinais. Pois não temos um corpo, nós somos, também, um corpo.

Da mesma forma que é importante avaliar o que deixar entrar e passar a fazer parte de nós, também o é o deixar sair. É preciso perceber o que estamos externando. Porque o que expressamos é também o que atraímos para nós. É a questão da vibração pessoal, da frequência energética, que está intimamente ligada com as Leis Universais da Causa e Efeito e da Interconexão. Lembre-se: semelhante atrai semelhante. Claro que precisamos colocar para fora nossos sentimentos. A raiva, a tristeza e o medo fazem parte desse conjunto de sentimentos que possuímos. Mas o importante é encontramos uma forma de escoá-los de uma maneira positiva.

Reconhecer o medo e falar sobre ele com alguém é uma forma de colocá-lo para fora e neutralizá-lo. Muito melhor do que tentar ignorá-lo e viver inseguro o tempo todo – muitas vezes não sabendo o porquê – ou não conseguindo lidar com certas situações e fugindo das mesmas.

Canalizar a raiva como força propulsora para a ação, transformando-a em combustível para produção é de extrema valia, ao invés de descontarmos em quem não merece, ou em nós mesmos, através de doenças psicossomáticas. Permitir-se a sentir a dor e chorar até escoá-la, pelo menos em boa parte, é mais sadio do que querer parecer forte, fingindo que não sente nada. Porém, é importante não ficar no luto por mais tempo do que ele requer, se não, caímos no grande perigo e conforto da vitimização.

Externar é expressar. Precisamos nos expressar o tempo todo, não esquecendo que o silêncio, a quietude, também é, muitas vezes, uma forma de expressão. Se não nos expressamos ficamos estagnados, cheios de sentimentos, pensamentos, conhecimentos acumulados que precisam sair, fluir. E é aquela velha história, quando o copo está cheio...

A arte é uma excelente forma de expressão. Você não precisa ser um profissional da arte, utilize-a como um canal para a sua expressão, algo terapêutico. A dança, a escrita, a música, a pintura... Qualquer forma que o ajude a se expressar.

Vamos então perceber este fluxo que acontece conosco o tempo todo. Isto é, dar e receber, ensinar e aprender, é uma constante, é uma troca permanente, com o outro, com o meio, com o externo, com o mundo. E compete a nós zelarmos por esta troca, pela qualidade deste fluxo. Não é bom reter nada, então, deixe soltar, deixe fluir, deixe sair... Se expresse!

 

Quando vivemos vidas passadas em nossa vida atual

Não, não. Não é nada esotérico, nem mágico. O que quero falar aqui diz respeito à autotransformação.

Outro dia algo me levou a lembrar-me de uma época da minha vida em que eu era uma pessoa muito diferente do que sou hoje. Fique me recordando de como eu era, e tive a sensação de uma reencarnação na mesma vida.

Aquela Ana de outrora era tão diferente do que sou hoje, que parecia outra pessoa. Ela levava uma vida que eu acho que não conseguiria levar agora, ela se portava de uma maneira completamente distinta do que sou no presente.

Muitas pessoas que me conhecem há muito tempo devem estar especulando que época é essa. Só para não os deixar pensando errado, digo que não era a época em que me divertia adoidado, que fazia teatro, que não parava em casa, que era mais espontânea e egoísta.

Não. Essa Anna ainda mora dentro de mim e está mais perto do que vocês imaginam. Claro que com mais maturidade, mais sábia e com outros interesses. Esta Anna eu não vejo como outra encarnação, apenas levando uma vida bem diferente.

A Ana a que me refiro é essa mesma, com um "n" só, e mais antiga ainda. Mas é só isso que falarei sobre ela, até porque não preciso entrar mais em detalhes para falar deste processo de autotransformação. Mesmo com algumas básicas características comuns, ela é tão distante...

Bom, mas refletindo sobre estas tantas Annas, e é claro que houve outras Annas ao longo de minha vida, assim como haverá mais, fui percebendo o quanto já me transformei ao longo da minha jornada.

Esta transformação é tão vital ao ser humano, pois tudo muda, tudo está em constante movimento. Por que então, nós, seres humanos, deveríamos ficar cristalizados em nossas formas de ser, pensar, sentir e agir e sermos a mesma pessoa a vida toda?

A evolução pressupõe mudança, transformação. Esperamos que sempre para o melhor. Aliás, crescer interiormente é isso. Mas só para lembrar, muitas vezes o que vemos em pequena escala como uma mudança negativa, na verdade é uma mudança positiva dentro de uma perspectiva maior.

A chave para a transformação individual é a busca pelo autoconhecimento, pois através dele vamos chegando cada vez mais perto de nossa verdadeira essência, de nossa verdadeira natureza. Acredito que as sucessivas transformações se deem desta foram, camadas e camadas que vamos tirando de cima de nós, chegando cada vez mais próximos do nosso verdadeiro ser. O que não impede que muitas vezes outras camadas externas estejam se aderindo a nós.

E assim vamos num trabalho constante de transformação, filtrando o que é nosso e o que não é. Separando o que queremos interiorizar e o que de fato não combina conosco, mesmo que digam que é o melhor para nós. Aliás, somente com muito autoconhecimento poderemos saber o que, de fato, é bom para nós. E apenas nós saberemos isso, jamais o outro.

E nesse infindável processo de individuação, de crescimento e evolução, estamos sempre passando por metamorfoses e nos reencarnando nesta mesma vida.

Transmutação

Palavras perdidas

Jogadas ao vento

Recortadas em cânticos

Se fazem presentes

Fragmentos antigos

De um mundo distante

Sonhado por muitos

São como serpentes.

Serpentes sinuosas

Que se enroscam em mim

Se apoderam do que eu fui

E me transformam de novo

Em um novo ser

Em uma nova mulher

Num tempo presente

Não mais tão distante.

 O olhar do outro

Em meu último texto, falei sobre a autotransformação e a impressão de ter se vivido várias vidas ao longo da vida atual. Continuando este assunto, vou falar hoje a partir da perspectiva do outro.

Neste processo de autotransformação e crescimento costumamos nos surpreender constantemente com nós mesmos, com nossas mudanças. Mas muitas vezes não conseguimos surpreender o outro. Não que este seja o objetivo, de modo algum. Mas torna-se algo desagradável quando outras pessoas não percebem nossa mudança, e continuam a nos ver e a nos tratar como não somos mais. A pessoa fica no vácuo e nós também. Tudo fica extremamente artificial.

Quando nos deparamos com situações assim, chegamos a nos sentir desconfortáveis porque percebemos que o outro não está se comunicando, se relacionando conosco, e sim com alguém que não existe mais, pelo menos neste tempo linear. Isso é fruto da nossa imagem antiga que fica fixada na percepção já condicionada do outro. São os padrões construídos e cristalizados pelo outro a respeito de nós. Algo que pertence a ele e não a nós.

Geralmente quando o outro é alguém que não costuma se transformar e se aperfeiçoar, isto é muito mais nítido e comum. Ele não se autotransforma, então tem dificuldade em perceber a nossa transformação.

Na maioria das vezes, quando não fazemos um constante trabalho de autoconhecimento, tendemos a projetar, nos outros, nossos defeitos e qualidades, assim como nossos medos e desejos. E mesmo quando nos autotrabalhamos, corremos este risco.

O desagradável dessa situação é que por mais que façamos por nós, não podemos fazer isto pelo outro. É algo completamente individual. Mas podemos nos manter firmes dentro do nosso novo Eu e resistirmos ao que o outro espera de nós. Para alguns, isto vai ser mais fácil, mas de qualquer forma é importante reafirmar cada passo dado dentro do processo de individuação.

Infelizmente a visão equivocada – ou proposital – do outro, assim como os nossos antigos padrões e hábitos, podem querer nos impor uma antiga imagem de nós mesmos. Cabe a nós fugirmos de todas estas artimanhas e armadilhas que querem nos imprimir de alguém que já não somos mais.

Procurarmos ser nós mesmos o tempo todo – independente de com quem estamos nos comunicando ou nos relacionando – é um grande exercício; difícil, porém, muito importante. Sermos nós mesmos do jeito que estamos em cada estágio da nossa vida, buscando sempre a nossa autenticidade e crescimento, é o objetivo maior que nos levará à nossa felicidade emocional e psíquica, e inteireza como ser humano.

 

Quebrando padrões

Todos nós temos hábitos. E muitos! Hábitos comportamentais, emocionais, mentais. Com eles construímos padrões. A princípio, achamos que muitos desses hábitos são bons para nós. Mas não percebemos que muitas vezes eles ficam obsoletos, sem sentido, e pior, nos impedem do novo e, assim, perdemos oportunidades. Oportunidades de vida, de crescer, de mudar. Até mesmo uma simples oportunidade de lazer, e que às vezes, era tudo do que a gente precisava.

Tudo muda. A vida e o mundo estão sempre em transformação. Por que nós, seres humanos, temos que permanecer paralisados em comportamentos, pensamentos e sentimentos cristalizados? Nós viemos aqui para evoluir, e isto requer mudança, transformação, sempre. É claro que existem coisas de que gostamos e outras não. O problema é quando não queremos experimentar algo novo, sair do costume, em nome do hábito.

Para entender melhor, darei um exemplo pessoal. Eu, hoje em dia, não gosto de ter um compromisso fixo à noite, como um curso de alguma coisa, por exemplo, diferente de sair para me divertir. Pergunto-me, será que isso é um hábito ou simplesmente prefiro estar em casa à noite? Analiso que não foi sempre assim. Já fiz muita coisa à noite, e se aparecesse algo que eu quisesse muito fazer e só houvesse o horário noturno eu iria.

O principal é experimentar, tentar quebrar o hábito. Vamos nos aprofundar um pouco mais e percebamos nossos padrões mais internos. Na verdade, nossas crenças, formas de pensar. Quantas vezes enraizamos crenças dentro de nós que não nos pertencem ou que nos prejudicam?

Estar em constante transformação é nos reciclarmos constantemente. Você pode dizer que não quer mudar. Pode achar que isso vai lhe deixar inseguro, pois você já está acostumado com o jeito que as coisas acontecem para você, com seus pensamentos, seus sentimentos e rotina.

Mas vou lhe dizer, por mais que queiramos a segurança, acho que ela é uma das coisas mais ilusórias que existem. A vida é imprevisível, nos alinharmos a essa imprevisibilidade é saber viver.

O controlador quer controlar tudo a fim de ter segurança, de si, dos outros, da vida e do mundo. Esse é o mais previsível e rotineiro de todas as pessoas. Mas ele se frustra e se irrita o tempo todo, pois ele não é Deus, nem Deusa. É impossível ter o controle, isto também é uma ilusão.

Estarmos abertos às mudanças, mudarmos, quebrar hábitos e padrões é nos renovarmos e nos sintonizarmos com o real ritmo da vida. É estarmos leves e dispostos a nos surpreender. Pois a vida é uma surpresa e nos oferece muitas oportunidades. Precisamos estar de mente e corações abertos para aproveitarmos estes presentes.

Não estou dizendo para você mudar sua rotina, digo apenas para você não se prender a ela com tanta rigidez. Examine também sua forma de pensar, faça isso periodicamente. Quem sabe você só consegue as coisas, quando consegue, depois de sofrer muito, de tanto ouvir que precisamos lutar muito para conseguirmos o que queremos. Isto é uma crença, crença de outras pessoas. E você acreditou nela, assim como as pessoas que a repetiram para você.

Uma crença é poderosa. Ela tem uma força imensa. Se você acredita que nasceu para não ser feliz, você nunca será. As crenças podem ser grandes aliadas, ou poderosas inimigas. Ninguém tem a verdade suprema, nem eu, nem você. Mas podemos escolher o que internalizar. Muitas crenças que temos e nos prejudicam trazemos de nossa infância. E quantas interferem em nossa autoestima!

Vamos quebrar padrões, vamos quebrar amarras, das mais cotidianas às mais profundas.

Vamos renascer! Sempre!

 

A eterna busca

Há alguns anos eu reencontrei um amigo que não via há muito tempo. Depois de algumas conversas, ele me disse que me via sempre numa busca, que parecia que eu estava sempre buscando algo. Eu disse a ele que no dia em que não houvesse mais esta busca, não haveria mais porque existir. Mais recentemente, conversando com outro amigo, esse também me falou de busca; da sua busca pessoal, que ele não sabe do quê, mas que é o que o move incessantemente.

Essa busca, a meu ver, é algo constante. Ela significa vida, movimento, evolução. Acredito que ela possa se manifestar em qualquer área de nossas vidas, mas ela vem sempre de dentro, de nosso interior, talvez de nossa alma. Ela é uma pulsação que não cessa. É um chamado que nos leva a um passo à frente. É uma inquietude saudável, que nos dá prazer e a certeza de que estamos vivos. Ela é a promessa de que há bem mais para desbravar, para descobrir, para assimilar.

No meu caso, eu me sinto sempre como se estivesse subindo uma escada, ou descendo. É como se eu adentrasse um labirinto, ou escalasse uma enorme, talvez infinita, montanha. Eu sou uma pessoa inquieta; acho que é a inquietude do artista, daquele que cria, e também do buscador espiritual. Vejo esta inquietude em quase todas as áreas da minha vida, pois ela é a mola propulsora que move o meu ser. Para mim esta inquietude é sinônimo de busca. Não busco porque sou inquieta, sou inquieta porque busco.

Por mais que minha vida pareça calma e por mais que eu seja uma pessoa feliz, estou sempre buscando, e talvez por isto que  eu seja feliz. Não é pelo fato de estarmos realizados dentro de várias áreas de nossas vidas, que não podemos estar buscando dentro dessas realizações. Claro que podemos. E é assim que a busca se dá, tanto para aqueles que estão realizados, quanto para os que não estão. E talvez o motivo pelo qual estes não estejam realizados seja, exatamente, porque ainda não perceberam que a grande realização é a busca, sempre…  Infinita, incessante, eterna busca.

Esta busca é uma necessidade de se expandir. Ela começa dentro de nós, mas pode levar-nos a expansões físicas, como a lugares novos, países diferentes, assim como a expansões sociais – conhecer mais pessoas, outros povos, outras culturas. Não importa onde a nossa busca nos leve, ela está sempre agregando –pessoas, conhecimentos, novas habilidades, autoconhecimento, variadas experiências. E o mais importante: a eterna busca sempre nos enriquece.

Peregrina

Sou uma peregrina da vida

Onde ela pode me levar eu não sei

Mas sei que ela me quer e eu a quero.

Transformo minhas mudanças em presentes para mim mesma

Trabalho o que para mim é vital em cada momento.

Sou uma peregrina da alma

Com ela comungo com os quatro elementos

Sintonizo-me com suas forças

Para me fazer inteira

Mergulho em suas energias

Para me sentir completa.

Sou uma peregrina da Arte

Que com seus mistérios tudo transforma

Que se funde em mim de várias maneiras

Que me faz transpirá-la por meu corpo inteiro.

Sou uma peregrina

Sou uma peregrina

Sou uma peregrina

Livre

Selvagem

Natural

Sempre peregrina...

De mim mesma.

Crenças e padrões prejudiciais a nossa vida

Já falei algumas vezes em meus artigos sobre crenças e padrões prejudiciais à nossa vida. Hoje vou me ater às crenças que vão entrando em nossa psique desde tenra idade, e ajudando a nos sentirmos incapazes e, principalmente, não merecedores da felicidade.

Vivemos num mundo permeado de crenças que cultuam a culpa e o sofrimento. É como se ninguém tivesse o direito de ser feliz. Pois eu digo: não temos só o direito, como temos o dever de sermos felizes. Porém, estas crenças negativas e limitantes estão enraizadas no inconsciente coletivo, na cultura e na sociedade. É necessário um trabalho individual e constante, além de atento, para podermos mudar nossos padrões internos tão condicionados por tais crenças, até porque continuamos ouvindo-as o tempo todo. Ou, pelo menos, já as ouvimos o bastante quando crianças, época em que nossa personalidade está sendo formada.

Vou contar uma história para exemplificar bem o que estou dizendo. Há uma moça que vende roupas na rua ao lado de minha casa. Por uma época ela sumiu. Alguns meses depois, lá estava ela novamente com sua barraquinha. Perguntei o que havia acontecido, e ela me respondeu que havia participado de uma feira permanente num ótimo lugar, e que já estava ficando famosa por suas roupas. Disse-me que nunca havia vendido tanto, inclusive para artistas conhecidos.

Perguntei à moça porque ela havia voltado para a rua, então. Ela me respondeu que o responsável pelo lugar quis renovar o contrato, mas ela achou que não devia. Perguntei o porquê daquela sua decisão, e ela não soube me dar um motivo, pois não havia nada de ruim no contrato, muito pelo contrário,

apenas disse que foi o que achou que devia fazer.

Depois, a vendedora se mostrou arrependida por não ter aceitado a proposta, dizendo que, além de tudo, perdera suas clientes da rua, já que ela havia sumido por um bom tempo. Começou então a culpar os outros, dizendo a clássica frase que todos preferem dizer em vez de reconhecer suas próprias autossabotagens e mecanismos para continuarem – ou voltarem – para a zona de conforto: “foi muito olho-gordo que colocaram em mim”.

Eu não pude ouvir aquela frase sem dizer nada e tentei, em vão, explicar à moça que talvez ela que não se achasse merecedora de ter sucesso e mais dinheiro, e que, desacostumada com isso, ela se viu voltando para o antigo padrão. Ela não entendeu, e por mais que eu explicasse, parecia que eu estava falando coisa de outro mundo. E foi triste perceber que o autoconhecimento, infelizmente, ainda é para poucos, e que parece muito mais fácil culpar os outros por nossos infortúnios. Claro, porque sempre tem que haver um culpado nesta sociedade que cultua a culpa.

Há algum tempo, eu estudei um material da conhecida mestra da autoajuda Louise Hay que falava exatamente dos nossos medos ou desejos ocultos (os dois na maioria das vezes estão ligados) de autopunição. Essa autopunição tem a ver exatamente com a questão da culpa e das crenças negativas enraizadas, que geram os nossos padrões mentais, emocionais e comportamentais. Nesse material havia uma lista de frases que são ditas por todos, e que ouvimos muito quando crianças. Eu coloco algumas delas aqui para você, com seus significados ocultos entre parênteses, mostrando o que a frase realmente quer dizer, o que se absorve dela e se padroniza para a nossa vida.

Você irá reconhecer muitas destas frases e perceber como são perigosas e destruidoras. Você irá perceber como não é bom repeti-las, isto é, “mantralizá-las”, nem para você, nem para o outro.

Muito problema relacionado à autoestima pode vir destas frases repetidamente ouvidas na nossa infância. Pois muitas destas frases foram ditas para nós milhares de vezes, principalmente na fase inicial de nossas vidas (portanto, cuidado com o que você diz para seus filhos), e nós, querendo ou não, as compramos. Não esqueça: as palavras têm poder. Perceba o que você diz, filtre o que você ouve. Seguem as maléficas frases:

– A vida é um sofrimento. (É impossível ter prazer)

– A vida é uma luta. (Para conseguir algo tem que ser com muito esforço)

– As mulheres sempre se danam. (Nascer mulher é um castigo)

– Cuidado que Deus castiga. (Vivo esperando ser castigado)

– Você nunca faz nada direito.(Sou incompetente)

– Deixe que eu faço, você não sabe. (Os outros são melhores do que eu)

– Está lindo, mas foi você mesmo quem fez? (Não sou capaz)

– Macho não chora. (Tenho que ser duro e não sentir)

– Não existe prazer sem dor. (Não quero o prazer para não viver a dor / vive o prazer através da dor)

– Não se pode ter tudo. (Tenho que me conformar com o pouco que tenho / não mereço a felicidade completa)

– Ninguém vai querer se casar com você. (Estou condenado a viver só)

– Não se arrisque. (Não ouso na vida)

– Quem tudo quer, tudo perde. (Não posso desejar mais)

– Rico não entra no Céu. (Tenho que ser pobre)

– Você é igual ao seu pai/sua mãe. (Tenho que repetir a história deles)

– Você só me causa sofrimento. (Sou má)

Para nos curarmos destas programações podemos trocar estas frases pelas seguintes, porém é imprescindível acreditar no que se diz. Conforme repetimos a frase, ela vai sendo assimilada por nossa mente, e fazendo parte de nossa nova crença sobre nós mesmos e sobre o Universo:

– EU SOU LIVRE

– EU AMO E ACEITO A VIDA

– EU TENHO VALOR

– O UNIVERSO CONSPIRA AO MEU FAVOR.

– EU SOU AMADO

– O FUTURO É CHEIO DE ALEGRIAS

– EU SOU MERECEDORA DE TUDO DE BOM

– EU MEREÇO A FELICIDADE COMPLETA

– EU SOU SEGURO E AUTOCONFIANTE

– A ABUNDÂNCIA DO UNIVERSO FLUI PARA MIM

– EU SOU A CRIADORA DA MINHA VIDA

– A VIDA É UMA DÁDIVA DE AMOR, PRAZER E FELICIDADE

– EU QUERO, EU POSSO, EU CONSIGO!!!

BOA SORTE!!!

Idealismo x quebra de padrões

Muito já falei em meus textos sobre quebra de padrões. Quem me acompanha já deve ter lido vários textos meus sobre o assunto. Idealismo também é um tema que permeia meus artigos, pois me permeia. Sempre me coloco como uma pessoa muito idealista, e realmente sou. Porém, tenho percebido ultimamente o quanto devemos tomar cuidado com o nosso idealismo, no sentido de não percebermos quando estamos presos a padrões que devem ser quebrados, pois não nos fazem chegar a lugar nenhum, em vários níveis.

Tenho tido muitos insights ultimamente. Esse despertar interno, podemos chamar assim, está me fazendo rever muitos posicionamentos meus, até mesmo de estilo de vida. Não dá para sermos idealistas a lá Dom Quixote! Temos que empenhar o nosso ideal no mundo real e não ficarmos esperando que um milagre aconteça e venha nos salvar, ou fazer com que tudo aconteça como queremos.

Percebo que quebrar padrões é muito mais do que eu imaginava. Não é só deixar de ter medo de algo, ou desenvolver uma maior autoconfiança. Isto todo mundo quer! E a maioria vai se esforçar para isto, ou para obter qualquer qualidade que vá ajudar na sua vida e no seu viver. Quebrar padrões é verdadeiramente deixarmos ideais de lado quando vemos que eles não correspondem à realidade.  É fazer e não esperar! Como dizia nosso Geraldo Vandré em seu lindo hino, “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.”

Quando se fala em quebrar padrões, fala-se muito em romper com crenças obsoletas e comportamentos velhos e desgastados. Percebo que muitas dessas crenças obsoletas contém muitos ideais, ou pelo menos formas enraizadas e rígidas de ideais e de perseguir esse ideais.

Não é para não querermos mais nossa vida ou o mundo como queríamos, não é para deixarmos de acreditar no que acreditamos, mas devemos mudar esta forma de querer e de acreditar. Se não, podemos cair na ilusão, na passividade, no radicalismo. Podemos deixar passar nossa vida esperando a concretização de nossos ideais se recusarmos a fazer diferente, a experimentar, a descobrir novos potenciais e formas de encarar a realidade. Pois muitas vezes a realidade está nos mostrando que não dá para ser do jeito que queremos, mas continuamos teimosos, baseados em nossos ideais, e com isso, nos fechamos para a verdadeira transformação.

Muitas vezes os nossos ideais podem ser postos em prática de outra forma. E é isto que precisamos perceber. Perceber quando estamos dando murro em ponta de faca e não vendo outra alternativa, que a princípio pode até parecer o oposto de nossos ideais, mas será ali que iremos nos realizar. Sabe por quê? Porque é ali que estaremos agindo e vendo resultados concretos. E, então, perceberemos que há outras maneiras de trazer o Céu para a Terra, talvez de uma forma não tão glamourosa, mas mais desafiadora, e talvez por isto mesmo mais compensadora.

A quebra de padrões é profunda e realmente significativa quando nos deixamos morrer, para podermos renascer. É pensarmos de uma forma que nunca imaginamos pensar, é mudar completamente o nosso estilo de vida, ou mesmo o nosso cotidiano. Tudo isto em conexão com a verdadeira realidade. Quebrar padrões é colocar os pés no chão, ou a cabeça nas nuvens, vai depender da pessoa.

Quantas vezes ao nos conscientizarmos da necessidade de uma grande mudança em nós, esbarrando nos primeiros fracassos logo racionalizamos, “Ah, está vendo, não tinha que ser assim mesmo... É mesmo para eu não fazer isto, para não ir por este caminho”. Pensamos isso e deixamos o padrão antigo vencer. Muitos de nós pensamos que era o fluxo da vida mostrando que não era para mudar, que estaríamos nos desviando de nosso destino ou objetivo... Não! Estamos aqui para nos superarmos, para nos transformarmos, isto é crescer, é evoluir. Se a ideia lhe ocorreu, se algo dentro de você gritou mais alto, nem que apenas uma vez, e você se deslumbrou com a possibilidade mesmo que logo depois tenha achado uma loucura, não importa, um novo caminho foi mostrado, um novo você quis se revelar!

Os padrões antigos querem ficar, imagina quanto tempo estiveram com a gente! A força do hábito também é muito forte. Mas muitas vezes os fracassos iniciais são testes para nos mostrar se conseguiremos vencer os antigos padrões, se conseguiremos nos superar e nos metamorfosear. Pensemos bem, a lagarta não é nada parecida com a borboleta. São seres completamente distintos, mas ao mesmo tempo, são o mesmo ser.

 “E quando devo quebrar padrões?”–Você pode me questionar. Eu lhe respondo com uma lista de respostas: quando sua vida está exigindo isso (você sente, mesmo que não queira); quando você não se sente bem, produtiva, inteira; quando as coisas não estão como você gostaria; quando você sente que tem algo faltando; quando há uma inquietação interna mesmo que aparentemente esteja tudo nos eixos; quando você está há muito tempo tentando, tentando, tentando, e nada, continua insatisfeito sem alcançar o grande objetivo; quando... Bem, você vai saber.

Do fundo do meu ser

Sensações estranhas invadem o meu ser

Sentimentos discordantes teimam em me querer

Tento fugir das rotas programadas

Tento me libertar de correntes e mordaças

Explodem dentro de mim fúrias inexplicáveis

Brotam em minha mente melancolias doentias

Sinto-me num quarto vazio sem porta ou janelas

Sinto-me tolhida no meu mundo e em mim mesma

Tento, dentro de meu próprio labirinto, encontrar uma saída

E me vejo girando em espiral, em sentido anti-horário.

No alto daquela colina me encontro

Ou seria um penhasco?

Dou velocidade ao meu giro em espiral

E me vejo planando pelas alturas

O mar profundo abaixo de mim me convida a um mergulho

E eu, como avião em queda, me deixo levar

O choque é intenso

O profundo me traga

A escuridão toma conta

Mas eu sinto paz

Perco a respiração e encontro as respostas

Perco momentaneamente a vida para encontrar a morte

A morte de uma etapa, de um tempo que já passou

E como foguete saio do fundo de mim mesma em direção à luz

Tomo o fôlego e chego perto do sol

Brilho com ele, me aqueço nele, crio como ele

E percebo que a cura para a alma está "simplesmente" em Criar.

 

Individualidade x individualismo

Muita gente confunde individualidade com individualismo e não só a nível linguístico. As pessoas confundem a essência tão diferente destes dois conceitos.

Sempre falo sobre sermos nós mesmos; valorizarmo-nos como somos, buscarmos o autoconhecimento sempre; reconhecer nosso próprio poder pessoal e saber usá-lo com sabedoria. Tudo isto é sinônimo de afirmar nossa INDIVIDUALIDADE.

É construirmos nossa própria identidade, é fugirmos de modismos, da massificação. É nos conectarmos com nossa essência única; é nos expressarmos como nós somos realmente. Isto tudo, esta afirmação da nossa identidade, da nossa INDIVIDUALIDADE, passa cada vez mais pelo autoconhecimento e gera o fruto da autoestima.

A autoestima está presente na INDIVIDUALIDADE bem desenvolvida, mas está completamente ausente no INDIVIDUALISMO. Este acontece baseado no falso orgulho, no egocentrismo e no egoísmo.

O INDIVIDUALISMO é fruto de uma sociedade neurótica e doente. Isto porque as pessoas que a compõem não têm sua INDIVIDUALIDADE bem desenvolvida, e na maioria dos casos não têm nem consciência disto. Pensam, erroneamente, que estarem plenas de seus direitos como indivíduos é fazerem acontecer suas vontades custe o que custar e a quem for.

Os individualistas são pessoas que não têm noção de conjunto. São imediatistas o tempo todo. Estão sempre prontos para a briga, sempre com um pé atrás. São incapazes de atos generosos ou desapegados. Se o fazem é porque isto vai repercutir em sua vaidade. Aliás, a vaidade é extremada no individualista. E vai além da aparência física, é claro.

Lembro de uma vez que o colégio de minhas filhas estava organizando uma campanha para um orfanato. Fez uma gincana com equipes, e ganharia o prêmio simbólico quem levasse mais donativos alimentícios. Fiquei sabendo que tinha um pai que todo dia mandava um monte de latas de leite, açúcar, feijão, etc.

Um dia eu o vi, na hora da saída das crianças, deixando os alimentos e dizendo que iria ganhar. Captei no tom de voz dele, na forma como falava, no olhar, a agressividade da competição e não, a generosidade da doação. Percebi nitidamente que o que interessava a este sujeito era que sua filha fosse a responsável pela vitória de sua equipe. A vaidade imperava em cima da verdadeira generosidade. E me perguntei: "Será que este homem costuma enviar alimentos aos orfanatos durante o ano?" Provavelmente a resposta seria negativa.

Pensar no todo, no Universo, na teia energética que ligam os seres, é algo que não existe para o individualista, que na verdade está doente e perdido. Ele não consegue se aprofundar em si próprio, e na maioria das vezes nem quer. Ele só quer melhorar o externo em sua vida. Sem perceber a necessidade de se melhorar por dentro, de se autoconhecer, de crescer, de evoluir. Isto tudo para ele é bobagem.

Já aquele que tem a posse de sua própria INDIVIDUALIDADE, não tem o medo de se perder no outro. Ele sabe que todos fazem parte do UM. Ele não precisa provar nada a ninguém, pois está em paz consigo mesmo e com sua autoestima. A partir da sua própria individualidade, ele está pronto para pensar no outro, para saber até onde pode ir, para respeitar o espaço e o tempo do outro, assim como também se fazer respeitar, e saber quando colocar limites.

Não existe maneira de evoluir, de crescer, de melhorar realmente sua vida se não houver o autoconhecimento. Só assim podemos sair do INDIVIDUALISMO e ingressar em nossa própria INDIVIDUALIDADE. O resto é ilusão.

Muitas vezes o processo de autoconhecimento pode ser penoso. Mesmo assim vale muito a pena. Não esqueçamos que os maiores tesouros geralmente estão escondidos em lugares de difícil acesso, onde o buscador precisa passar por caminhos difíceis antes de encontrá-lo. E aí iremos perceber o quanto foi importante o processo da busca, talvez mais do que a própria chegada.

Solitária

Sozinha caminho por uma longa estrada

Estrada de amor, magia e devoção.

Caminho sozinha, pois é este o meu jeito

Jeito sereno, doce e livre

Esta estrada me leva de volta a mim mesma

Fazendo-me adentrar meu labirinto interno

Como Ártemis, pego meu arco e minha flecha

E miro em minha própria essência

Sou caçadora de mim mesma (como todos nós)

Sou filha da mata e das águas doces

Por isso deixo você vir até onde posso

Recebo-te bem com minha fluidez e simpatia

Mas não ultrapasse os limites se eu não permitir

Pois preciso adentrar a mata sozinha

Preciso apenas de mim mesma

Para desvelar meus próprios mistérios

Não me refiro à romance, ou mesmo amizade

Pois, estes, posso ter quando eu quero, se eu quero

Refiro-me a algo mais sutil, mais profundo, mais poderoso

Refiro-me simplesmente a tudo que sou, já fui e serei

Refiro-me às estrelas, ao mar e à lua

Refiro-me à minha própria eternidade,

À minha própria espiritualidade,

À minha própria imortalidade.

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