Joana ainda estava muito confusa, salvou a vida da garota e agora tinha um emprego.
Farrapim tinha razão, tudo se ajeita e ela estava desconfiada por tudo parecer tão fácil.
Ela não gostava de coisas assim, o velho ditado rondava em sua cabeça, “ felicidade de pobre dura pouco” e ela estava cansada de tanta decepção.
Alexandre tinha deixado seu quarto quando o médico avisou que a filha dele tinha acordado, Joana até se levantou para ir junto, mas o doutor a fez deitar-se novamente quando suas pernas fraquejaram e ela foi obrigada a voltar a se deitar.
Estava ali e não podia sair, nunca gostou de hospitais.
A porta se abriu e ela olhou curiosa em direção a ela.
Uma mulher, não muito velha, muito bem vestida caminhou até a cama. Tinha um sorriso doce e adorável.
— Oi, meu bem.
— Quem é a senhora?
— Meu nome é Antonela, sou a avó da Merida, a menina que você salvou.
— Ah sim... Não foi nada de mais.
— Nada de mais?
— Sabe? Sangue não vai me fazer falta.
Antonela sorriu.
— Sim meu bem, é verdade. E como se sente?
— Bem, só queria estar em casa.
— Casa?
Joana suspirou.
— A senhora já sabe que sou mendiga.
— Katy me contou, mas não se preocupe com isso não. Eu não ligo. Vamos ser generosos com você... Pelo que fez.
— Seu filho me deu um emprego, de babá.
Antonela sorriu.
— Ah, isso é perfeito. Eu não teria pensado em nada melhor. Por quê vive na rua?
— A senhora se incomoda se eu não quiser contar? — Joana pediu de forma educada e a mulher sorriu gentil.
— Que isso, me desculpe. Espero que possamos ser amigas.
— A senhora é um anjo.
— E você é linda. Meu Deus, como é linda.
Joana sorriu sem graça.
— Obrigada.
— Merida vai adorar você.
— Estou curiosa para conhecê-la.
Antonela se aproximou dela e acariciou o cabelo ruivo de Joana.
— Logo vai poder. Quero que saiba que tudo o que precisar, conte comigo. Ah, eu vou comprar algumas roupas para você. Não se ofenda, tá? É só um agradinho. Você merece.
— Não. Olha, não precisa se preocupar comigo.
— Que isso, eu vou adorar fazer isso. Já faz um bom tempo que não tenho minhas filhas para comprar roupas para elas, já são adultas agora.
— Tem mais de uma? Outra além da... O nome dela, esqueci.
— Katiuska, sim tenho mais uma. Irmã gêmea do Alê...
— Que incrível. — Joana comentou e sorriu. Antonela acariciou o cabelo dela de forma gentil deixando Joana à vontade com sua presença.
*
— Agora ela é minha mãe?
Merida perguntou ao pai depois de ouvir ele contar que uma moça havia lhe dado o sangue dela para que a menina ficasse bem.
Merida estava mais branca que o normal, muito fraquinha, mas aquele sorriso banguela que ele tanto amava estava ali e Alexandre estava feliz por isso.
— Claro que não filha.
— Mas eu tenho o sangue dela agora.
Alexandre sorriu para a inocência dela.
Ele sempre soube que a filha queria uma mãe, já que Sandy morreu no parto, ele nunca tinha se preocupado com isso, pois a menina tinha a tia e a avó como presença maternal.
— Quando você crescer vai entender. Eu ofereci um emprego a ela... Vai ser sua babá. Vai gostar dela.
— Você gostou?
Alexandre pensou um pouco sobre isso.
— É...
Foi tudo o que respondeu.
— Quando eu vou poder conhecer ela?
— Logo. Você sente dor?
— Um pouquinho e eu quero ir embora daqui.
— Em breve vamos, eu prometo!
Ele segurou a mão dela e acariciou.
— Você está com o olho inchado pai? Foi ver a moça assim?
— Queria que eu fosse como?
— Ela é bonita?
— Sabe que nem reparei?
— Que mentiroso.
Ele fez cara se bravo.
— Ei, mocinha.
Ela sorriu.
— Desculpa papi.
— Eu estava com saudade de você baixinha, da sua alegria, melhora logo meu amor.
— Eu sou Merida pai, coração valente, lembra?
Alexandre acariciou o cabelo dela com carinho.
— É isso aí.
A porta do quarto se abriu e Antonela entrou.
— Como está nossa princesa?
— Oi vovó.
A mulher caminhou até a cama e deu um beijo na neta.
— Conheci a ruivinha. Adorei saber sobre o emprego. Você é um amor Alê.
Ele sorriu.
— Ela é ruivinha? — Merida perguntou admirada.
— Igual a você. Incrível como os anjos capricham nos milagres.
Merida sorriu com as palavras da avó.
— Ofereceu uma casa a ela?
Alexandre encarou a mãe.
— Eu devo a ela, salvou minha filha.
— As pessoas se ofendem com esse tipo de coisa filho.
— Mas eu consertei depois.
— Que bom, ela parece bravinha, mas é uma garota incrível.
— Ai ai, essas mulheres de personalidade forte, não sei se é bom ter mais uma por perto.
Alexandre brincou.
— Não seja bobo.
— Eu quero docinho, vó.
— Vou perguntar para o médico se posso comprar para você. E.... Vou comprar roupas para sua salvadora. Tadinha, ela precisa tanto.
Alexandre balançou a cabeça, tinha esquecido desse detalhe, a mãe.
— Compra roupas verdes e de unicórnio também. Compra um pijama de coelhinho igual ao meu.
— Pode deixar.
Antonela beijou a testa da neta e saiu debochando da cara de desaprovação do filho.
— Papai eu acho que a vovó vai adotar ela.
— Não fala isso nem brincando meu bem.
— Vai ser legal pai. Você vai ter mais uma irmã e eu outra tia.
Alexandre coçou a cabeça tentando não ver aquilo como algo ruim.
***
Katiuska não gostou nada de saber que o irmão levaria Joana para sua casa.
— Eu dei um emprego a ela. Para ajudá-la.
Ele defendeu.
— É uma mendiga.
— Uma pessoa Katy, que salvou a sua sobrinha. Devo isso a ela. Você sabe.
— Tudo bem, que seja. Só acho que não deveria confiar em uma pessoa que mal conhece.
— Está de implicância com a coitada da moça, filha.
Antonela trocou as sacolas de mão.
— Comprei umas roupas lindas para ela, acho que ela vai amar.
— Meu Deus, mãe.
Katiuska cruzou os braços, bateu o pé e sai, indo em direção ao quarto da sobrinha.
— Ela está sendo ciumenta filho, vou levar lá para Joana e ver se ela está bem para ver a Merida.
— Mãe, o que a senhora acha? Eu fui impulsivo em dar emprego a uma desconhecida, onde ela vai ter que cuidar da minha filha?
— Você fala por ela ser moradora de rua? Que não seja isso, hein? Ela não tem culpa. Isso não faz dela uma má pessoa.
— É que a Katy...
— O quê? Não gostou da moça? Por favor, dê uma chance a ela. Alê, é só uma garota perdida, jovem e sem ninguém, precisando de uma oportunidade. Que tipo de mal ela pode fazer?
— Não faz essa pergunta não. Vai saber.
Antonela balançou a cabeça.
— Eu vou lá levar os presentes para ela. Pense bem sobre tudo isso e não tire conclusões precipitadas. Com licença.
Joana sentou-se na cama, arrumou o cabelo para o alto e suspirou.
— Oi querida. — Antonela entrou pela porta. — Comprei as roupas que te prometi. Aliás te achei meio magrinha. Você come bem?
— Não. Eu sou uma mendiga e olha, não posso aceitar seus presentes...
— Nem pense em recusar, isso me deixaria chateada.
Antonela entregou as sacolas para Joana.
— Muito obrigada dona Antonela.
— Que isso, tire o dona. Me chame de Antonela.
— Tudo bem... Antonela.
Joana desceu da cama e abriu as sacolas para ver as roupas, nem em seus melhores sonhos já tinha ganhado tanta roupa ao mesmo tempo.
Na porta Alexandre observou as duas e sem entender bem, ficou feliz ao ver o sorriso da moça. Seu coração batia em compassos diferentes.
*
—Ela é linda.
Joana sussurrou para Alexandre enquanto observavam Merida dormir. Ele sorriu.
— Ela é mesmo.
— Não parece nada com você.
Alexandre a observou, cruzou os braços em cima do peito e tentou parecer sério.
— Por acaso, está me chamando de feio?
— Não... Não, não, você é bem... — Joana parou diante do olhar intenso dele, queria dizer que ele era o homem mais lindo que ela já tinha visto. — Não quis dizer...
Ele sorriu de canto.
— Eu estava brincando. Calma.
Joana sorriu e desviou o olhar, Alexandre parecia uma obra pintada à mão e ela se sentia muito estranha admitindo isso para si mesma.
— Minha avó comprou o pijama de coelhinho para você?
Merida perguntou sonolenta ao ver a moça ali.
— Oi filha, que bom que acordou, essa é a Joana?
— Posso te chamar de Joaninha?
Joana sorriu.
— Claro, eu adorei. Como está?
— Bem, seu cabelo parece o meu e agora temos o mesmo sangue. Somos da mesma família?
Joana olhou para Alexandre e ele pediu desculpas com o olhar.
— Claro. — Joana voltou-se para Merida. — Com certeza.
— Que bom, eu vou dormir mais um pouquinho, depois conversamos mais Joaninha.
Joana assentiu sorrindo para a menina, a ruivinha fechou os olhos novamente. Joana virou-se para Alexandre, ele observava a filha dormir e pareceu não notar o olhar dela sobre ele.
Merida dormiu rápido, questão de segundos.
— Ela sempre dorme rápido assim?
Ele sorriu.
— É um dom.
— Que dom maravilhoso.
Ele assentiu e virou-se para ela.
— Então, você já recebeu alta? Quero te levar para a casa.
Joana o encarou, teria ele esquecido que ela morava na rua?
— Que casa?
— A minha. Acho melhor que fique conosco.
Joana franziu a testa.
— Depois você pode encontrar outro lugar sabe, se sentir vontade. Só acho que seja mais fácil e...
— Tudo bem. Você se explica demais.
Ele balançou a cabeça.
— Desculpe. Tem coisas para pegar?
— Tenho algumas roupas, mas eu ganhei muitas da sua mãe. Só quero te perguntar uma coisinha...
Ela falou indecisa e torceu os dedos nervosa. Alexandre cruzou os braços e esperou.
— O quê?
— Gosta de cachorros?
— Tem um cachorro?
Ela colocou a mão na boca e o encarou com um olhar parecido com o de Merida quando falava alguma besteira que sabia que o pai não ia gostar, ou quando queria pedir algo que sabia que ele diria não. Ele achou isso uma graça.
— Ah, meu Deus...
— Por favor, ele é um filhotinho...
Joana pegou a mão dele, Alexandre ficou surpreso, o toque dela era quente. As mãos finas e macias, o olhar pedinte.
— Por favo, favorzinho.
— Não faz isso, droga, parece a Merida.
Ele sorriu e ela suspirou.
— Desculpe, é que... Tudo bem, eu vou encontrar outro lugar para ele.
— Você pode levar ele.
Joana levantou o olhar e sorriu.
— Você é incrível.
Ela comemorou e pulou nos braços dele, o abraço o pegou ainda mais de surpresa.
— Com licença? — Alguém entrou, Joana se afastou dele e olhou para a moça bonita, estilosa como Katiuska, mas essa era loira, de olhos azuis, uma Barbie humana praticamente. — Quem é você e por quê estava abraçada ao meu namorado?
Joana se afastou um pouco mais de Alexandre.
— Eu só...
— Fabíola se acalma. — Ele repreendeu a loira com o olhar e voltou-se para Joana. — Vá arrumar suas coisas, tudo bem?
Joana assentiu e saiu do quarto. Fabíola cruzou os braços e o encarou furiosa.
— Quem é essa?
— A nova babá da Merida, foi ela quem salvou a vida da minha filha.
— Você contratou ela como babá?
— Sim, por quê?
— Você nem a conhece.
— Olha, minha filha está aqui, não é hora para discutir sobre isso, ou sobre qualquer outra coisa.
— Não fala assim, eu cheguei aqui e encontrei outra abraçada a você.
— Não foi nada de mais Faby, ela só estava me agradecendo porque vou ajuda-la dando um emprego para ela e um lugar para morar.
— Um lugar para morar? Onde ela vai morar?
Alexandre coçou a cabeça e ela fez cara feia.
— Alê...
— Fabíola ela não tem onde morar e como ela salvou minha filha...
— Você ofereceu um lugarzinho para ela, que fofo. — Debochou furiosa.
— Fabíola, para de ciúme. Não é o momento.
— Tudo bem, por enquanto passa. Como Merida está?
— Ela está bem melhor, não vejo a hora de levá-la para a casa.
— Que bom que tudo isso passou.
Fabíola o abraçou e lhe deu um beijo casto no canto dos lábios.
— Sim, muito bom.
Ele apertou o corpo dela contra o seu e descansou a cabeça na curva do pescoço dela.
Katiuska entrou no quarto onde Joana estava arrumando as roupas que ganhou de Antonela.
— Mendiga ruiva... Quero te pedir uma coisa.
Joana levantou o olhar.
— Pode pedir.
— Não vá para a casa do meu irmão.
Joana a encarou.
— O quê?
— Eu não quero você lá. Não quero você perto deles.
Joana suspirou.
— Eu preciso de um emprego.
— Te dou todo o dinheiro que quiser.
— Não quero dinheiro, quero trabalhar.
Katiuska adentrou ainda mais o quarto.
— Você é dessas então?
— Você não? Dinheiro caiu do céu no seu colo?
Katiuska sorriu e Joana começou a tremer de nervoso.
— Tudo bem, vou conseguir outro emprego para você.
— Qual seu problema comigo?
— Todos, não quero você perto deles.
— Está com ciúmes de mim com seu irmão?
— Se enxerga ruiva. — Katiuska cruzou os braços e avaliou Joana, como da primeira vez. — Tudo bem, que seja, mas acredite no que vou dizer, se fizer algo com eles, te despacho para o fim do mundo que você saiu.
— Como você...
— É eu já sei muita coisa sobre você garotinha. Mandei investigar sua vida toda.
— Então já deve ter notado que não sou uma ameaça.
— Que seja...
— Você é uma baita de uma preconceituosa.
Joana lançou, já furiosa, Katiuska apenas a encarou, deu meia volta e saiu dali.
Alguns minutos depois Joana saiu também no corredor, foi parada pela loira ciumenta. Fabíola.
— Com licença, florzinha.
— Sobre o que aconteceu, não fica com ciúmes, tá?
Fabíola riu ao ouvir isso.
— Ciúmes, olha só para você e olha para mim. Eu sou linda, você até que é bonitinha, mas... — Fabíola circulou ao redor dela. — Mas é uma garota, mesmo que seja maior de idade, é só uma garota. Alexandre só está fazendo caridade com você. Porque ele é um bom rapaz, bom até demais. Não se sinta especial.
— Você não sabe dizer como eu me sinto. Eu só precisava de um emprego e ele me deu. Um emprego e um teto.
Fabíola fechou a cara.
— Não vai ficar lá por muito tempo.
A ameaça foi fina e violenta como uma faca.
— Eu não tenho medo de você.
A ruiva a empurrou para o lado e continuou andando.
Algumas horas depois, teve uma discussão acalorada entre Alexandre e Fabíola com direito a participação de Katiuska.
Fabíola fez showzinho para ir junto com o namorado levar Joana para a casa dele, mas a irmã dele, não gostou da maneira como a loira o tratou.
A briga terminou com Katiuska avisando que processaria Fabíola e Alexandre dirigindo com Joana ao seu lado, ela abraçou o próprio corpo, sentindo um turbilhão de coisas.
— Eu sinto muito.
Ele falou depois de um tempo.
— Não importa. Eu não ligo. Já estou acostumada, sou tipo um cachorrinho de rua.
— Não se diminua assim. Ninguém tem o direito de te tratar mal.
Ela balançou a cabeça, encostou a testa na janela e soltou um suspiro.
— Olha Joana, se acalma, você salvou a minha filha, eu te dei um emprego e um teto, então só recomece e deixe as opiniões das pessoas, de lado. A minha irmã está preocupada como sempre e Fabíola com ciúmes.
— Ela disse que não. Que não sou tão bonita quanto ela, então não tem ciúmes.
— O quê?
— É ali.
Joana apontou e ele parou o carro.
— Você mora aqui?
— Mais ou menos isso.
Ele observou o lugar sujo.
— Não olhe com essa cara, nem todos nascemos em um castelo.
— Desculpe.
Ela desceu e ele logo atrás. Caminharam juntos para debaixo do viaduto.
— Oi Farrapim. — Ela cumprimentou o velhinho.
— Oi menina, como foi tudo?
— Deu tudo certo. Esse é o Alexandre, o pai da menina.
Farrapim cumprimentou Alexandre.
— Conheço o senhor...
— Sim, você já me ajudou muito. É um bom homem.
Joana olhou para Alexandre e notou ele ficar um pouco envergonhado, ela virou-se e sorriu para a visão dele assim.
Pegou o cachorrinho amarelo no colo.
— Vamos Mousse, você vem comigo.
— Você vai cuidar dela?
Farrapim perguntou a Alexandre, ele espiou para ver se ela ouviu, mas a jovem estava ocupada pegando suas coisas.
— Na verdade, não vou tomar conta dela. Lhe dei um emprego e não a adotei.
O velho mendigo sorriu.
— Não importa. Ela parece durona, mas precisa de cuidados. Só cuida!
Alexandre assentiu em uma promessa silenciosa.
— Eu prometo que ele não vai incomodar.
Joana apareceu atrás deles e apresentou o cachorrinho a Alexandre.
— Tudo bem.
Ele assentiu.
— Farrapim, muito obrigada por tudo, quando eu puder volto para uma visita e te ajudar de alguma forma.
— Não se preocupe comigo. Que Deus os acompanhe.
Os dois se despediram do homem e voltaram para o carro. Ele observou o cãozinho.
— Ele é bem pequeno, né? Pensei em algo maior.
— Ele vai crescer.
Joana sorriu e ele balançou a cabeça.
— Com isso você vai ganhar a Merida.
— Isso é bom. — Joana sorriu e acariciou o filhotinho.
Fabíola entrou em casa batendo a porta com força. Sua irmã Raissa descia as escadas nesse momento.
— Eita, que a dragoa está furiosa. — Provocou.
— Cala essa boca pirralha.
A garota desceu e parou no último degrau.
— Qual é, me conta o babado aí. O que aconteceu?
— É o Alexandre, uma mendiga salvou a filha dele e ele deu um emprego a ela, para piorar ela vai morar com eles. Tudo isso, ideia do Alexandre.
Raissa analisou a irmã.
— Para você estar assim essa garota deve ser bonitinha.
Fabíola a olhou furiosa.
— Cala a boca.
— É isso? Ela é bonita? Fala que é isso não é exagero seu.
— Não interessa se é bonita ou não. Alexandre vai colocar uma mulher morando na casa dele. Uma mulher que não sou eu. E para piorar uma dessas terríveis, quietinhas, sonsinhas, cara de santa e boa moça. Salvou a Merida, então ela pode ter o que quiser do Alê.
— Que ótimo saber que a Merida está salva, eu estava tão preocupada. Preciso conhecer a salvadora dela.
— Ah, vai para o inferno.
Fabíola xingou e lançou um travesseiro contra a irmã, Raissa correu e saiu rindo.
A loira colocou as mãos na cintura e bufou.
— Ela que pense em entrar no meu caminho para ver se eu não acabo com ela, mendiga idiota.
Joana acompanhou Alexandre para dentro da casa, segurando o cãozinho com um braço e o outro carregando suas coisas, ela negou a ajuda dele.
— Espero que goste daqui.
— Isso parece um palácio perto do que estou acostumada, tanto na rua quanto do sítio de onde vim.
Ele sorriu.
— Olha, eu realmente desejo que se sinta em casa.
— Por quê?
— É o que dizemos as pessoas que vão ser nossos hóspedes.
Ela assentiu.
— Obrigada.
— Vou te levar até o quarto onde vai ficar.
Ele saiu em direção à escada, parou de repente.
— Algum problema? — Joana parou atrás dele.
— É que... Desde o acidente... Eu não tinha voltado para a casa.
— Ela está bem agora.
Joana colocou a mão no ombro dele.
— É, ela está. Graças a você.
Ele virou o rosto e fixou o olhar brilhante nela. Joana sorriu gentil e tirou a mão do ombro dele. Alexandre voltou-se para a escada, mais tranquilo.
Ela o seguiu pelos degraus.