Capítulo 06.

Henrique.

Eu sou o Henrique, conheci Caroline a alguns anos no ensino médio, fomos um casal normal até tudo acontecer. Eu me sinto traído por Caroline até hoje, e por isso eu resolvi me vingar. Tenho 26 anos e sou advogado assim como ela.

Vocês devem estar pensando que eu sou um homem ruim, mas não sou, só quero que ela sinta tudo que eu senti e o primeiro passo foi ver se ela ainda sente o mesmo por mim. Pela sua reação eu vejo que sim, mas pelo que aconteceu eu sempre vou saber que não, pareci bem firme mas depois desses quatro anos que não a vejo eu me senti bem balançado. Confesso que ela está ainda mais linda e gostosa do que a última vez que a vi.

- Vamos começar.- Digo.- Meu cliente está pedindo uma divisão justa, já não posso dizer o mesmo de sua cliente.- Digo para Caroline.

- Bom...- Ela olha para Samantha.- Ela está pedindo o que é de seu direito.

- Não acho que ter todos os imóveis do casal seja seu direito.

- Podemos tentar um acordo.- Ela diz e Samantha arregala os olhos.- Alguma sugestão?

- Claro, podemos deixar a casa em que eles sempre moraram para ela, dois carros e o resto para meu cliente.

- O que? E a loja de materiais de construção?

- Nada mais justo que ser do meu cliente, afinal sabemos que se ela pisou os pés lá duas vezes foram muito.

- Não importa, é o direito dela e não iremos abrir mão.

- Já estamos dando o justo.

- E de onde virá o sustento dela?

- Arrume um emprego.- Digo.

- Ela não precisa de um emprego quando tem o mesmo direito a loja do que o seu cliente.

- O emprego dela era ser esposa?

- O emprego dela não é da sua conta, queremos pelo menos cinquenta por cento das ações e lucros da loja.

- Creio que isso não será possível.

- Vamos ver diante de um juiz então.

- Vamos ver quem ele acha mais justo, o nosso acordo onde oferecemos a ela uma casa e dois carros, ou de vocês que não oferecem nada.- Digo sendo sarcástico.

- Não, veremos a decisão justa do juiz, sem pender mais pra um lado do que para o outro.

- Certo, nos vemos no tribunal.

- Está marcado.- Ela responde.

A reunião toda ela gaguejou e parecia nervosa com alguma coisa lá fora já que de cinco em cinco minutos olhava pela janela o lado de fora, e quando ela fazia isso se inclinava na cadeira fazendo seu pescoço ficar exposto, eu amava dar beijos naquele pescoço, mas esse tempo já se foi e hoje só sobrou o ódio.

Vejo quando um homem b**e na porta e ela sai correndo para falar com ele, mas quem é esse? Ela parece gostar dele, hum, isso me faz ter um sentimento que a muito tempo não sentia: ciúmes.

- Oi, pequena. - Ele da uma olhada rápida para mim, mas quem ele acha que é para chamar Caroline de "pequena"? Que intimidade toda é essa?

- Oi, Teddy. Preciso que me faça um favor. - Vocês querem saber qual foi o favor que ela pediu? Pois então, eu também quero mas ela cochichou em seu ouvido e não deu para ouvir.

Os olhos do tal Teddy, que parece um bonequinho falsificado encontra os meus e se arregalam quando ela se afasta, e então ele olha para ela mais um vez.

- Eu não posso, tenho uma reunião agora mesmo. Só vim ver se está tudo bem.- Diz nervoso.

A muito tempo não via Carol desestabilizada desse jeito, ela parece querer chorar, está em desespero. Então ela apenas o da um abraço (e nesse momento fiquei com uma carranca no rosto, não gostei desse abraço deles) e volta para a mesa.

O que será que está acontecendo para esse nervosismo todo dela? Algo está incomodando ela. E eu quero saber exatamente o que.

O resto da reunião foi bem tranquila, mesmo ela ainda estando um pouco desesperada, na hora de despedir quando ela chega perto para me dar um aperto de mãos sou eu quem fico desestabilizado. Eu posso ter um ódio enorme por essa mulher mas ainda assim ela tem um poder sobre mim, e eu não gosto disso.

Pode ser bem clichê, mas quando sua mão encostou na minha eu senti algo que não sentia a muito tempo, algo que não sentia desde aquele dia. Sinto também algo parecido com saudades, mas eu não posso, a culpa foi toda dela.

Mas antes mesmo de passar pela porta ela sai correndo na minha frente, vejo ela abraçando alguém, alguém pequeno, não da para ver direito o que ou quem ela está abraçando mas parece ser algo muito importante com tamanha a força que ela usa. 

Tem algum mistério aqui e eu quero saber que mistério é esse.

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