Capítulo 04.

Dessa vez a reação inesperada foi a minha, me engasguei com o sorvete e comecei a passar muito mal, não era aquela resposta que eu esperava. Comecei a tossir muito e um moço teve que me dar um copo de água para voltar ao normal enquanto minha tia observava tudo.

- Tome, beba.- Disse o moço de olhos azuis e cabelos loiros que depois eu descobri se chamar Enzo.

- Tenho que ir, foi ótimo o encontro e eu espero você na quarta no meu escritório Samantha. - Me levanto e ando até Enzo.

- Muito obrigado pela ajuda, você foi um anjo. - Dou um sorriso e ele apenas retribui.

Quando chego em casa eu vejo que está tudo uma bagunça. Resolvo arrumar já que perdi o dia com este almoço (e o humor também).

Mas enquanto tento limpar a casa essa pequena garotinha que eu amo tanto mas tenho que ter paciência, ou seja, Camilla, não para de falar.

"Mamãe, eu quero tomar banho", "Mamãe, eu quero comer", "Mamãe, eu quero brincar de Barbie", "Mamãe quando eu vou ver tio Teddy e tia Stella?". Ela sabe ser bem insistente quando quer, mas o pior disso tudo foi quando a pior pergunta chegou aos meus ouvidos.

- Mamãe, quando eu vou conhecer o papai? - E depois que ela perguntou isso eu sentei no sofá com ela no colo e cá estou eu até agora sem coragem de responder a ela.

- Qual o motivo dessa pergunta, bebê? - Digo com o maior carinho, pois ela é uma criança e não tem culpa de nada que aconteceu.

- Os meninos da minha sala dizem que eu sou a única que não tem papai e que sou estranha por isso. - Ela pisca seus enormes olhos castanhos esverdeados.

- Você vai conhecer seu pai quando der neném, agora se arruma para irmos visitar tia Stella.- Beijo sua bochecha.

Quando ela levanta do meu colo e vai correndo para o quarto se "arrumar" eu penso se fiz mesmo o certo ao não contar para ele que ela é sua filha. E se fiz o errado, será que está na hora de contar a ele? Mas tão rápido quanto esses pensamentos começaram eles acabam, ele não merece nada de bom e isso inclui meu maior tesouro.

Quando Camilla chega eu vejo que para uma criança ela se arrumou muito bem, pego ela no colo e vou me arrumar. Quando estamos arrumadas e lindas para encontrarmos nosso príncipe de acordo com Camilla, levo ela para o carro e vamos a caminho da casa de Stella, ela me disse que faria uma festa lá e que teriam muitas pessoas que eu gosto, então não vejo mal nenhum em ir.

Estaciono o carro, só espero que essa festa seja apropriada para uma criança de três anos também. Nem preciso bater na porta já que está aberta, ando poucos passos com Camilla no colo e avisto Enzo, engraçado, eu não sabia que eles eram conhecidos.

- Oi. - Ele cumprimenta e da um sorriso, e minha nossa que sorriso. 

- Oi, tudo bem? - Sorrio para ele.

- Estou ótimo, e você? Sem engasgar por enquanto?

- Graças a Deus sim.- Respondo com o rosto queimando de vergonha.- Não sabia que vocês se conheciam.- Aponto para Stella.

- Ah, fazemos aula de dança juntos.- Responde.- E vocês?

- Somos melhores amigas.- Sorrio.- Inseparáveis.

- Mesmo? Que bom.

- Inclusive trabalhamos juntas.

- Você é...?

- Advogada.- Respondo já imaginando a pergunta.

- Importante.- Ele sorri.- Eu pensei em fazer direito por muitos anos.

- Por que não fez? 

- A vida me pediu outras coisas.- Ele diz jogando a mão para trás, como se pedisse para deixar para lá.

- A vida pode ser surpreendente as vezes.- Olho para Camilla em meu colo.

- E quem é essa princesa? - Ele pega na mãozinha dela.

- Diz seu nome.- Digo para ela.

- Camilla.- Ela responde encolhida.

- Camilla, que nome bonito.- Ela sorri para ele.- Quantos anos você tem?

- Assim.- Ela diz fazendo três com os dedos.

- Três anos? Você já é uma moça.

- Ela está tímida.- Eu digo rindo.

- Não fique Camilla.- Ele ri.- Posso pegar você no colo?

- Você quer? - Pergunto a ela e ela balança a cabeça dizendo que sim. Ele pega ela no colo e faz cócegas em sua barriguinha.

- Para, para.- Ela diz rindo.

- Só se você dizer por favor.- Ele responde rindo.

- Por favor.- Ela grita em meio aos risos.

- Pronto, parei.- Ele para e eles dois continuam rindo.

- Você tem jeito com crianças.- Digo.

- Eu cuidei muito dos meus irmãos quando éramos mais novos.- Responde.

- Eu não tenho irmãos.

- Sério? É tão bom.

- Eu imagino.- Sorrio para Camilla que me olha parecendo estar feliz.

- Então, quer comer algo? - Ele pergunta. 

- Quero sim.- Digo me dando conta de que desde que chegamos estamos parados no mesmo lugar.

Foi ai que aconteceu a maior vergonha que poderia acontecer comigo.

- Mamãe, esse é o papai? 


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