Capítulo 02.

Para quem não sabe, Teddy é um homem de 31 anos, cabelos castanhos como os meus e um sorriso considerado o sorriso perfeito. Educado, bem sucedido, cavalheiro e elegante, definição do homem perfeito.

Mas é claro que não para mim, pois meu coração escolhe lixos, é incrível minha capacidade de escolhas podres. Então ele está descartado. Mas para minha sorte viramos bons amigos ao longo do tempo, e isso me deixa feliz.

- Oi, pequena. - Eu sou realmente baixa, mas ao extremo. Por isso Teddy sempre me zoa me chamando de pequena, gnomo, anão de jardim... na verdade esses apelidos podem ser facilmente confundido como um apelido de namorados, e por isso já sabem o que as pessoas de fora tem na cabeça, não é?

- Vai caçar algo para fazer Teddy, estou ocupada.- Digo ligando meu computador.

- Mas quero saber como Camilla está. - Acontece que quando entrei na empresa eu já tinha Camilla, mas ela ainda não era batizada e nem tinha padrinho, a madrinha sempre foi Stella. Então depois de conversar muito com Teddy ele acabou me pedindo para ser padrinho de Camilla, e eu não pude negar algo tão especial.

- Camilla está ótima, até me acordou com um balde de água hoje.- Desabafo.

- Ah, achei que ela não ia seguir meu conselho de como acordar a mamãe. - Fico furiosa, mas como diz o ditado "A curiosidade matou o gato".

- E como você, seu palhaço, conseguiu influenciar minha filha a fazer isso sendo que foi as sete da manhã?

- Por telefone, claro. -Penso mesmo em xinga-lo, mas não vale a pena. Teddy e suas gracinhas.

- Hoje mesmo tiro os telefones de casa e ela está de castigo por sua causa. Saía daqui agora, estou ocupada.

- Ta bom, ta bom, eu saio, mas não a deixe de castigo, a culpa foi minha.

- Então o castigo será para você.- Sorrio.

- Assim você me deixa com medo.- Diz saindo devagar.

- Se eu fosse você eu também ficaria.

...

Passei o dia cheia de trabalhos, porém agora chegou minha parte favorita do dia: Almoçar, eu simplesmente amo comer. E se você acha que eu almoço em restaurantes você está enganado, almoço na casa de minha mãe pois assim já posso ver como Camilla está.

Toco a campainha e quando abre levo até um susto, pois não vejo ninguém, quando alguém puxa meu vestido e acabo olhando pra baixo.

Lá está ela, a razão pelo qual não desisti da dor que aquele ogro causou, mas não está na hora de vocês saberem disso ainda.

- Oi, mamãe. - Abaixo para abraçar esse corpinho quando percebo que esse corpinho está bem sujo.

- Oi, meu amor. - Ela está bem suja mesmo, mas o amor é maior então abraço ela com força.

- Eu estava com saudades.- Ela diz.

- Entra filha. - Minha mãe grita da cozinha.

- Eu também estava.- Pego ela no colo e sigo para a cozinha.

Ah, esqueci de mencionar que estou com dona Stella, pois dona Marlene e Stella tem um amor incondicional. Ciúmes? Não... quer dizer, talvez.

- Eai coroa. - Digo abraçando-a. Camilla ri no meu colo.

- Coroa é a dona tua cara, só tenho 56 e olha esse corpinho. - Ela passa as mãos pelo corpo. Vocês devem estar imaginando uma senhora com muito estilo e elegante, mas não se enganem, só a casa é elegante. Minha mãe é daquele tipo de pessoa que tem cabelos azuis com rosas e usa roupas SUPER CHEGUEI. Camilla adora isso, e devo admitir que as vezes eu também. 

- Mãe, te chamo de coroa mas não pela idade, e sim pelo motivo de que a senhora é uma rainha, e rainhas tem coroas, coroa do meu coração. - Ela abre um grande sorriso, viram como é fácil escapar de uma bronca e orgulhar a mamãe? Espero que a Camilla não aprenda isso.

- Então, vamos comer? - Ela diz pegando algumas travessas com comida e levando para mesa.

- Vamos.- Deixo Camilla no chão e a ajudo a levar.

Estou morrendo de fome.- Diz Stella.- E o cheiro está ótimo dona Marlene.

- Obrigado querida.- Ela responde.- Fiz tudo com muito carinho.

- Eu aposto que sim.- Respondo.

- Quais as novidades? - Ela pergunta quando nos sentamos na mesa.

- Eu não tenho nenhuma.- Digo.

- E você Stella? - Ela pergunta.

- Semana passada eu saí com um cara que tinha bafo.- Ela faz careta.

- E ela deu balas de menta para ele.- Digo rindo.

- Mas foi um encontro legal? 

- Eu não diria que foi legal, eu diria que foi... exótico.- Ela diz pensativa.- Ele me levou para comer cachorro quente sentados no meio fio.

- Acredito que não terão outros encontros, né? - Minha mãe pergunta rindo.

- Não mesmo.- Ela responde.

- Bom, eu tenho uma notícia.

- Qual? - Perguntamos.

Ouço um barulho do andar de cima, olho para minha mãe como quem pedisse explicação, mas ela como resposta só me olha como quem pede desculpas. Vejo passos descendo pela escada até que um par de saltos vermelhos estão no meu campo de visão, quando olho para cima...

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