Capítulo 10 - Entre o amor e a dor

“O verdadeiro amor é exigente, implacável e, ao mesmo tempo, infinitamente delicado.”

Autor Desconhecido.

Os dias passavam-se normalmente. Minhas notas eram as melhores, já conhecia praticamente a escola toda por causa do Daniel e pelo mesmo motivo as pessoas me

amavam, principalmente as garotas. Enquanto eu tentava desesperadamente fugir de todas elas.

Marisa se mostrava a cada dia a melhor amiga que eu poderia querer. Ela sempre me entendia, me consolava e me apoiava. Mas nem por isso eu deixava de sofrer por causa do meu irmão.

Apesar disso, meu relacionamento com Daniel se tornava mais forte. Saíamos sempre. Nosso lugar preferido era o shopping, – quando não estávamos com Helen, é claro – íamos pelo menos duas vezes por mês, mas sempre que tínhamos algum tempo vago estávamos lá. Às vezes ficávamos em casa estudando ou vendo filmes e jogando. Tiffany estava mais apegada a nós.

A única coisa que atrapalhava minha vida quase perfeita era aquela cópia mal feita. A cada dia meu ódio por ela aumentava, e a cada dia ela corria mais atrás do meu Daniel.

Aquela loira de farmácia se achava “a gostosa” e dizia pra todos que meu irmão era dela. Eu me roía de ciúmes por dentro. Eu queria descer a mão naquele lindo rostinho. A cópia era loira, mas seu cabelo era tão genérico que era quase branco, de um liso à base de progressiva. Seus olhos eram de um verde escuro que eu sempre desconfiei ser lente. Devia ter 1,68 e era bem avantajada tanto na frente quanto atrás, outra coisa que eu também desconfiava ser falso. O pai dela era dono de uma empresa de eletrônicos, mas daqueles do tipo que logo dá defeito.

Os garotos babavam em cima dela, porém nem por isso acreditavam que ela tinha algo com Daniel. As meninas pensavam o mesmo. E com isso meu ciúme aumentava mais, já que agora era praticamente metade da escola dando em cima dele. Sempre pensei se seria melhor ou não pra mim se as pessoas acreditassem no que ela dizia. Por um lado teria que me preocupar só com uma, mas por outro essa uma valia por cem. Daniel sempre me falava que não queria nada com ela e que a cópia era maluca, eu também achava isso, mas homens são seres muito imprevisíveis, não dá pra confiar cem por cento no que dizem.

Era feriado prolongado, quatro dias em casa, a felicidade batia a minha porta. Como já estava acostumada a acordar cedo, sábado já estava de pé desde seis da manhã. Tomei um banho e coloquei um vestido lilás rodado acompanhado de uma sapatilha preta.

A manhã passou rápido. Tomei café, fiz os trabalhos, pesquisas e entre outras atividades que os professores conseguiam inventar; depois almoçamos os quatro juntos. Após a refeição, Daniel foi para seu quarto e mamãe, Tom e eu ficamos na sala de estar conversando.

– Elisa, como eu sei que Helen esqueceu de contar eu vou te falar. – dizia Tom.

– O que foi? Aconteceu alguma coisa?

– Não, nada de mais. Só tenho que te avisar que suas aulas de Italiano vão voltar semana que vem. Não vai parar agora que já está no último período.

– Sério? Nossa, isso é uma ótima notícia, as de inglês também? – perguntei.

– Também. Assim você já estará formada quando viajarmos.

– Pera. Viajar? Por que viajaríamos?

– Esqueceu que o aniversário de Helen está chegando? – falou animado.

– Ué, mas não vai ter festa? – perguntei. – Todo ano tem festa.

– Exatamente. Cansei de festa! Todo ano eu faço festa pra uma corja de gente falsa que festejaria comigo viva ou morta. Comem, bebem se divertem e saem falando mal. É sempre a mesma coisa, quero algo diferente! – disse Helen.

– Graças a Deus! Já não aguentava mais ver aquela vela de trinta no bolo. Mais um ano e eu pirava.

– a língua não coube dentro da boca. Acho que meu pensamento saiu alto de mais.

Fiz a maior besteira da minha vida, e o pior, nem percebi até ouvir uma voz demoníaca dizer: Corre. Depois disso só vi um sapato de salto fino voando na minha direção. Por sorte meus reflexos foram rápidos e consegui desviar. Comecei a correr que nem condenada em direção ao segundo andar. Helen vinha atrás de mim com o outro par do sapato na mão. Quando estava na metade da escada lembrei que havia trancado a porta do quarto e deixado a chave na sala. Não podia voltar, era pedir pra morrer.

Cheguei no corredor do segundo andar e comecei a tentar abrir a porta de todos os quartos. Todos estavam trancados até eu tentar minha última esperança, o quarto do meu irmão. Não sei que milagre fez ele deixar a porta destrancada, só sei que entrei e me tranquei lá dentro. Apoiei-me na porta escorregando até o chão aos poucos, sentindo o alívio por ainda estar viva. Por fim, sentei- me com os joelhos dobrados apoiando os pés no chão.

– Elisa? – falou Daniel surpreso.

Como da outra vez que “entrei” em seu quarto, ele lia um livro, mas agora me olhava com uma cara de envergonhado e ao mesmo tempo curioso. O curioso eu entendia, mas o envergonhado não. Olhei-me rapidamente e percebi que estava de vestido e com as pernas abertas. Corei .Na mesma hora fechei as pernas e sorri meio sem graça.

– Se você me ama pelo menos um pouquinho, não abra esta porta, pelo amor de Deus! De jeito nenhum, em circunstância alguma, abra esta porta! – falei avisando-o e tentando apagar o que havia acabado de acontecer.

– O que você fez desta vez, Elisa? – falou em meio a um suspiro.

– Acabei falando sobre a idade da mamãe. – disse sem graça.

– Eu não acredito que você falou isso na frente dela! Você realmente merece morrer. – falou em meio a um sorriso.

– Não brinca com isso, tá? E olha, em minha defesa, não era para ela ter ouvido. A culpa não é minha se ela tem um radar em vez de ouvido. E eu disse tão rápido que a frase nem passou pelo meu cérebro antes de falar. Só percebi depois que vi um sapato voando na minha direção. – tudo bem que realmente saiu alto de mais, mas eu não ia dizer isso.

Ao terminar de falar só ouvi batidas ferozes na porta.

– Elisa, abre essa porta agora! – eu sabia que minha hora estava chegando. Enquanto ela falava, eu me assustei e sai imediatamente da porta. Corri para os braços do meu irmão em meio aos gritos. – Elisa, eu já mandei você abrir essa porta! – Helen repetiu.

– Dezessete anos convivendo com ela e você ainda não aprendeu? – Daniel parecia tão nervoso quanto eu.

– A culpa não é minha se ela ouviu. Foi um pensamento alto, eu já disse! E é impossível não fazer um comentário depois de ter que aturar ela fazendo trinta por seis anos consecutivos! Como se ninguém soubesse a idade dela.

Daniel suspirou e tirou meus braços de seu pescoço, ele começou a se levantar comigo no colo. Após ficar de pé me colocou novamente na cama e foi em direção à porta.

– O que você vai fazer? – perguntei nervosa.

– Falar com ela. Pelo menos fazê-la desistir da ideia de te matar. – dizia enquanto destrancava a porta. – Não se preocupe, já volto. – Daniel deu o sorriso mais lindo que eu já havia visto, o que fez com que me sentisse melhor.

Depois de esperar por longos e incontáveis dez minutos, Daniel voltou. Eu estava super nervosa. Poderia ter sido deserdada ou não ser mais aceita como filha. Eu achava uma coisa super idiota essa paranoia da mamãe, mas apesar de tudo ela era minha mãe e também não teria pena na hora de me arrebentar.

– Relaxa, ela está mais calma. Mas... você não vai poder sair daqui até que ela durma. – ele falou me acalmando. Devia ter percebido o meu nervosismo.

– Tá, mas por que eu não posso sair até que ela durma? – perguntei.

– Por que eu disse que ela está mais calma, não que ela está em sua sanidade completa. Eu não asseguro que se você encontrá-la pela casa ela não jogue algum objeto na sua direção. – explicou. – Agora, por que você veio pro meu quarto? – perguntou enquanto se sentava ao meu lado.

– Essa é fácil. – sorri. – Tranquei a porta do meu quarto, só que acabei esquecendo a chave lá embaixo. Na verdade, nem deu tempo de lembrar nada, ou eu corria ou eu morria. Então entrei no único quarto que tinha a porta aberta. O seu. – falei.

– Hum... então, o que quer fazer? – perguntou.

– Ah não. Não se incomode comigo. Volte a ler seu livro. Esqueça que eu estou aqui. – falei me levantado.

Daniel me pegou pelo pulso e me puxou para si. Como foi algo que aconteceu muito rápido, acabei caindo em seu colo de qualquer jeito. Ele percebeu que eu não estava muito confortável, então segurou-me pela cintura e me levantou de forma que eu pudesse me ajeitar. Parecia algo tão fácil pra ele que pensei estar magra demais.

– Você não me atrapalha, bobinha. – sorriu. – E não se preocupe, a última coisa que esse livro está é interessante. Até as conversas com a vovó são melhores.

– Então o livro deve ser incrivelmente monótono. – rimos. – Qual é o título? É bom me manter informada de quais livros não tenho a necessidade de ler.

– O livro é de medicina. – falou Daniel.

– Hã... ainda bem que eu não faço medicina, assim não preciso ler. – sorri.

– Pois é. Sorte a sua. Mas e aí? O que vai querer fazer? – reparei que Daniel ainda me segurava pela cintura e agora me puxava ainda mais para si. Acho que não é nenhuma novidade eu ter enrubescido.

– Não sei. Alguma sugestão?

– Quer ver um filme?

– Acho que aqui não seria o melhor lugar. E também Tiffany iria dizer que somos péssimos pais. – brinquei.

– Isso se ela falasse. Fora que os pais também precisam ter seus momentos a sós.

– Prefiro não arriscar. – disse me levantando. – Que tal jogarmos pôquer?

– Pôquer? – Daniel ergueu uma das sobrancelhas ao falar.

– Exatamente.

– E você sabe jogar? – perguntou.

– Mas é claro! E espero que você esteja preparado pra perder. – sorri.

– Tudo bem, então. Se você insiste. – Daniel saiu do quarto e após alguns minutos voltou com uma sacola cheia de fichas e um baralho. - Pronta? – perguntou–me.

– Sempre.

– Qual tipo de pôquer você prefere? – perguntou.

– Texas Hold’em. Quer que eu dê as cartas?

– Pode ser. Alto ou baixo?

– Alto.

Ajeitamos o baralho e as fichas. Embaralhei e distribuí as cartas. Combinamos que a menor aposta seria dez mil, e a maior um milhão. Como eu embaralhei, Daniel começou o jogo.

Passamos horas e horas blefando, apostando tudo, apostando nada, cobrindo apostas, ganhando e perdendo. Depois de algum tempo já estávamos cansados de jogar, então decidimos fazer uma última rodada. Quem ganhasse tinha direito a fazer um pedido.

Dessa vez Daniel distribuiu as cartas. Minha mão era um dez de ouro e um oito de copas. Minhas chances não eram ruins. Com muita sorte poderia fazer uma quadra*. Começamos a primeira rodada de apostas. Apostei a quantia mínima e Daniel cinquenta mil. As cartas dele poderiam ser muito boas ou ele poderia estar blefando muito bem.

Após encerrada a primeira rodada, Daniel virou o flop, havia um oito de espada, um dez de espada e um sete de copas. Começamos as apostas da segunda rodada. Coloquei mais cem mil. Minhas chances agora haviam aumentado. Com dois oitos e dois dez eu já tinha uma mão com dois pares* e poderia fazer um full house. Daniel apostou mais vinte mil.

Terminamos a segunda rodada e Daniel virou o turn. Era um rei de espada. Não servia pra mim. Fomos para a terceira rodada. Nossas apostas foram igualadas, e Daniel virou o river. Parabéns para mim, era um dez de espada. Fazendo com que minha mão de cartas fosse um full house. Mas ainda Daniel poderia me vencer. Ele poderia ter uma quadra.

Apostamos todas as nossas fichas. Fiquei estática com a decisão dele. Será que ele tinha uma quadra? Isso era o suficiente pare ele ganhar o jogo e um pedido. E eu tinha medo desse pedido, não sabia o que ele iria querer. Pedimos mesa* e então ele mostrou seu jogo. Ele tinha um Flush, sua mão tinha um três de espada e um valete de espada.

– Sinto muito, maninha. Nem sempre a gente pode ganhar todas. – sorria ao mesmo tempo que falava e trazia as fichas para si.

Então sorri de volta, o interrompendo.

– Concordo, irmãozinho. Nem sempre a gente pode ganhar todas. – então mostrei meu full house, me fazendo assim a vencedora.

Daniel ficou sem reação. Eu não sabia se ria, se pulava ou se jogava na cara dele que pelo menos em alguma coisa eu era melhor.

– Não acredito... você me venceu! – estava perplexo. – Certo, então, aposta é aposta. O que desejas? – falou.

– Hum... – era um pergunta muito complicada.

O que eu desejava? Ele. Mas isso não era um pedido fácil. Teria que ser algo normal. Ou que ao menos parecesse. Nessa hora me lembrei que já havia escurecido e eu não havia comido nada desde o almoço. Não queria gastar meu pedido com algo tão idiota, mas seria o jeito. Não teria escolha, principalmente porque se deparasse com Helen me tornaria uma pessoa morta. – Traz alguma coisa pra eu comer. Algo delicioso! E não demore.

– Certo, majestade. – disse debochadamente.

Enquanto Daniel estava preparando algo, fui para a sacada do quarto e fiquei observando o céu. Já era noite, as estrelas começavam a aparecer acentuando a beleza do momento. Olhar a paisagem e principalmente a Lua, me trazia paz, me fazia não pensar em preocupações e em meus medos. Observar a magnitude das coisas criadas por Deus me fazia um pouco mais feliz.

Meus pensamentos foram longe, até que ouvi a porta bater. Me virei e vi Daniel com uma bandeja cheia de comida, tinha bolo de chocolate, sanduíche, suco de laranja e várias frutas.

– Como você conseguiu preparar tudo isso em tão pouco tempo? Saiu pegando a primeira coisa que viu na geladeira? – brinquei.

– Exatamente. Estou ficando tão previsível assim? – rimos. – Tive muita sorte, Mercedes tinha acabado de fazer um bolo de chocolate pra Helen, e o resto foi mole de fazer.

– Com certeza! Pra você fazer isso em tão pouco tempo tinha que ser moleza! – falei, enquanto Daniel colocava a bandeja sobre a mesa do computador.

– Elisa, eu não sou lerdo como você. – riu novamente.

– Engraçadinho você! – falei após amostrar a língua.

– Nossa, quanta maturidade! – disse debochadamente. – Acho que você está passando tempo demais com Marisa.

– Se sua teoria de que defeitos são contagiosos estiver correta, acho que em menos de alguns dias você vai se tornar tão irritante quanto aquela cópia mal feita. – provoquei.

– Por que você tocou no nome da Tiffany se estamos falando sobre você? – falou.

– Pelo mesmo motivo que você colocou a Marisa no meio. – retruquei.

– Não se preocupe, não precisa ficar com ciúmes. Não gosto daquela pentelha. – Daniel falou.

– E quem te disse que eu sinto ciúmes? – tá tão óbvio assim?

– Então quer dizer que não tem problema se eu quiser retribuir um pouco da devoção que ela tem por mim? – senti como se uma faca estivesse atravessando meu peito ao ouvi-lo dizer aquilo.

– Você já fez isso uma vez. Por que não faria de novo? – falei. Na verdade nem sei como.

Ele não me respondeu. Ficamos em silêncio. Eu precisava me recuperar, não sabia o que dizer e muito menos o que fazer. Por que ele tinha que ter falado aquilo?

– Não vai comer? – perguntou-me.

– Perdi a fome. – realmente, eu tinha perdido a fome. A angústia tinha ocupado todo o espaço dentro de mim.

– Elisa, me perdoe. Eu não devia ter falado aquilo. Foi sem pensar.

– Não se preocupe com isso. A vida é sua, você faz o que quiser. – falei.

– Não, não faço. Sou incapaz de fazer algo que a magoe. – disse.

– Sou forte, tenho certeza que consigo suportar qualquer coisa. – retruquei enquanto andava em direção à porta. Daniel entrou na minha frente, impedindo que eu prosseguisse. – Será que você pode me deixar passar?

– Não. Pelo menos não até que a gente se entenda. Foi só uma brincadeira, poxa. Não quis te deixar chateada. – suspirei e encostei a cabeça em seu peito. Ele me abraçou e eu correspondi seu abraço.

Ficamos abraçados por alguns minutos, sem dizer nada. Pude ouvir o coração de Daniel bater em sintonia com o meu. Abracei-o mais forte para poder guardar aquele momento no mais profundo do meu inconsciente. Ele começou a afagar meus cabelos e então os beijou. Olhei em seus olhos e acho que naquele momento não pensamos. Foi algo mútuo.

Nossos lábios foram ficando cada vez mais próximos um do outro. Levei as mãos ao seu rosto incentivando-o a continuar. Daniel parou um centímetro antes de nossas bocas se encontrarem. Era como se estivesse pensando se o que estava prestes a fazer era certo ou errado. Até que eu fiquei de saco cheio e acabei com a distância. Toquei levemente em seus lábios com os meus esperando sua reação, que por sinal foi positiva.

Ele então acentuou a intensidade do beijo. Seus lábios se moviam graciosamente sobre os meus, sua língua explorava todos os cantos possíveis em minha boca, chegando a me fazer arrepiar. Senti uma de sua mãos em minha nuca e a outra segurando minhas costas enquanto seus dedos brincavam com meu vestido, puxando-o para cima e depois soltando-o.

Ele me puxava cada vez mais pra si. Eu sentia que estava sonhando e por sinal um belo sonho. Seus lábios eram macios e perfeitos. Não conseguia parar de beijá-lo. Agora sabia porque a cópia era tão pé no saco. Daniel tinha pegada, e como tinha. Eu sentia que podia ficar daquela forma pra sempre. Beijá-lo era a coisa mais maravilhosa que eu podia fazer. E eu não sentia culpa.

Ele afastou seus lábios levemente dos meus para que pudéssemos respirar e então voltou rapidamente a me beijar. Enquanto nos beijávamos, andávamos em direção à cama. Daniel deitou- me gentilmente e começou a beijar meu pescoço. Senti arrepios pelo corpo todo. Então ele voltou a beijar meus lábios, dessa vez com mais desejo do que antes. Senti meu vestido começar a subir. Daniel estava puxando-o, sabia que aquilo estava começando a ficar mais intenso, mais sério e sabia também que não estava preparada para o que poderia acontecer. Mas também não queria acabar com o momento.

Comecei a pensar no que poderia acontecer e apesar de amá-lo sabia que depois me sentira culpada, e eu não queria isso. Não queria algo tão rápido, não estava pronta. O problema é que era impossível resistir a ele. Só de ser tocada por ele eu me arrepiava. Concluí que se tivesse que acontecer, aconteceria. Então apenas relaxei e suspirei.

Acho que meu suspiro foi alto demais e Daniel acabou percebendo. Ele parou imediatamente de beijar minha clavícula.

– Meu Deus, o que estou fazendo? – ele se levantou rapidamente de cima de mim.

– Tudo bem, pode continuar. – falei.

– Não, Elisa, não posso. Você não quer! Eu extrapolei! Isso é loucura! Me perdoe. – eu já tinha ouvido tantos “me perdoe” que fiquei estressada.

– Te perdoar pelo quê? Você acha mesmo que está me forçando a algo? Se estivesse mesmo sendo obrigada a fazer alguma coisa, você só veria minha sombra, porque ia ser bem difícil conseguir o que quer. – falei.

– Elisa, você não está pronta e você sabe disso! Não vou forçá-la a nada e, Deus, nós somos irmãos! Não era nem pra ter começado! – aquela ultima frase foi como se estivesse cortando meus pulsos. Não era nem pra ter começado, aquilo ficou ecoando na minha cabeça. Senti meus olhos se encherem de lágrimas. Não queria mais ficar ali.

– Com licença. – falei abrindo a porta e saindo daquele lugar.

Ele tinha razão, não era nem pra ter começado. O que eu estava fazendo? Daniel era meu irmão, sangue do meu sangue. E aquele sentimento maldito só crescia dentro de mim. Naquele momento a morte parecia a melhor coisa a acontecer.

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