Anne é uma universitária que vem sofrendo desmaios nas últimas luas cheias. Ao completar dezoito anos descobre que é adotada e que seus pais adotivos escondem um terrível segredo. Anne é uma mestiça, filha de um Upyr com uma humana, e por conseguinte, se encaixa em uma antiga profecia. Ela conhece Amir, um charmoso jovem Upyr que se apresenta como seu guardião escolhido pelo conselho. Ele diz que sua missão é protegê-la de um misterioso e atraente Lorde Ezequiel Vladmir, que rejeitou sua posição no conselho e a adverte contra os Élderes. Em meio a intrigas, romance, ciúmes, mortes e guerra, Anne terá que prender a sobreviver em um mundo que nem sabia existir. Em quem confiar em um mundo dividido entre os que farão de tudo para que a profecia se cumpra, e aqueles que desejam sua morte para evitá-la? Sua vida corre perigo, assim como sua alma imortal. Em um mundo onde seres obscuros são realidade, o inimigo tem muitas faces e confiar em alguém pode custar muito caro. "... — O que quer dizer? — Perguntou Anne, olhando-o nos olhos, suplicante. — Que eles vão tentar tirar de você o que tem de mais valioso! — Sou apenas uma humana, o que eu tenho de tão valioso? — Ela perguntou. — Seu livre arbítrio."
Leer más"Precisa dar adeus à ingenuidade, querida! Quem é bom ou quem é mau depende de que lado do campo de batalha você está"
(Ezequiel Vladmir)
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Disseram-me uma vez que todas as pessoas deveriam registrar os acontecimentos importantes de suas vidas em benefício da posteridade. No futuro, então, as pessoas poderão olhar para os registros e buscar, na vida de seus ancestrais, sabedoria para que os mesmos erros não sejam cometidos.
Besteira!
Ninguém aprende pelo erro dos outros, cada pessoa precisa viver e aprender com suas escolhas e as consequências advindas delas. Acredito que seja importante conhecer o passado, não para aprender com erros dos outros, mas para compreender os acontecimentos do presente. Só entendendo como as coisas chegaram aonde chegaram, que poderemos mudar o que parece impossível de ser mudado.
Como são estranhos os pensamentos que temos quando estamos morrendo... Percebo isso agora, em meio à imensa dor que estou sentindo, que deveria ter escrito os acontecimentos que me levaram até aqui. Talvez seja tarde demais...
Sinto o gosto amargo de ferrugem em minha boca. Não me resta muito tempo.
"Te ofereço o fim de toda essa dor, posso te dar mais do que essa vida miserável, te ofereço a eternidade."
Ele estendeu a mão para mim sorrindo.
A dor é lancinante, começo a desejar a morte para me livrar dela. Meu sangue escorre pelo chão. Posso vê-lo. Ele está se aproximando cada vez mais e não há nada que eu possa fazer para evitar, nem para onde ir, ninguém pra me socorrer...
"Por que não morro logo?"
Tiraram-me tudo, toda a minha família está morta... Toda essa dor, meu Deus, por que não morro logo?
"Não precisa ser assim, não precisa mais sentir dor."
Ele insistiu, se aproximando. Sua voz mais atraente do que eu me lembrava...
Posso vê-lo nitidamente. Está perto de mim, sentou-se no chão ao meu lado e passou delicadamente a mão fria pelo meu rosto. Seus cabelos pretos como a noite, olhos que conseguem atrair e ao mesmo tempo repelir por puro instinto. Seus olhos possuem um brilho assustador.
Ele encostou os lábios em minha orelha, sussurrando:
"Como é saber que vai morrer, Anne?"
Não tenho forças para respondê-lo, respirar está se tornando um esforço impossível de realizar. Não quero morrer, não agora, não desse jeito! Estou com muito medo, mas não consigo responder.
Ele sorri como se compreendesse o que estou pensando.
Aproximou seu rosto do meu.
Sua voz é grave e macia, como uma música para meu funeral... Meus olhos já se acostumaram com a falta de luz. Olhando para o lado, consigo ver minha mãe. Ela está vestida de branco, deitada, imóvel, sem vida..
Eles a mataram.
Mal consigo respirar, o gosto de ferrugem que sinto deve ser do meu próprio sangue.
Olho para ele, seu rosto nunca foi tão atraente, não consigo desviar de seus olhos. Sinto-o sorrir quando seus lábios tocam minha orelha.
"Você só precisa dizer sim e te darei mais do que a própria eternidade. Pegue minha mão, Anne, e eu te ofereço vingança pela morte de sua família, vingança contra aqueles que tiraram tudo de você..."
Bianca olhou seu reflexo no pequeno espelho em sua mão, para se certificar de sua aparência. Cabelos perfeitos, maquiagem perfeita. Ela olhou para a bandeja que tinha arrumado pessoalmente mais uma vez, ainda insatisfeita. Café, suco de laranja, torradas com requeijão e presunto. Ainda assim faltava algo... Ela tirou uma rosa vermelha do vaso que estava sobre a mesa, ao lado da bandeja, e sorriu."Perfeito!" Carregou a bandeja com a elegância de um experiente garçom, ainda que nunca tivesse servido ninguém em toda sua vida. Parou em frente a porta e suspirou, como se preparasse seu humor para vê-lo novamente. Estava ansiosa para ver a reação dele quando ela entrasse com a bandeja de café da manhã. Ficaria surpreso? Aliviado? Ela sorriu, maliciosa, com a possibilidade de surpreendê-lo levando o café da manhã, sem avisar que havia voltado. Com certa dificuldade, Bianca abriu a porta com uma mão, enquanto equilib
— Tem razão, meu amigo... Lorde Estevão, se Anne é assim tão importante como dizem, por que Lorde Barrington não designou outro guarda para a segurança dela? Por que a deixaram sem vigilância, sabendo que Lorde Ezequiel tem especial interesse nela?— Essa é a razão de minha vinda, Lorde Zaffir. Não consigo parar de pensar que Lorde Barrington está demasiadamente tranquilo com o sumiço dela. Não se importa nem mesmo com a quebra de acordo entre nossos clãs, oriundos do futuro casamento entre ela e meu filho. Lógico que com o sumiço dela todo acordo está suspenso. O descaso dele me faz perder interesse em nossa aliança.— Entendo sua desconfiança, mas nada disso explica onde eu entro nessa situação...— Lorde Zaffir — Lorde estevão se levantou e parou na frente de Zaffir, de maneira s
Abriu a porta e Lino estava nervosamente trocando o peso de seu corpo de um pé para o outro, olhando para o chão. Temia que seu Lorde perdesse a paciência e o punisse, afinal, ainda que um Lorde generoso e pacífico, Lucien Zaffir não deixava de ser um Lorde Upyr e detestava ser desobedecido.— Lorde Zaffir, perdoe-me por perturbá-lo quando a ordem é deixá-lo em paz, mas Lorde Estevão está aqui e diz que precisa vê-lo com urgência. Zaffir franziu o cenho ao ouvir as palavras de seu criado. Mal havia retornado do campo de batalha e a última coisa que precisava era problemas com outro Lorde. Especialmente Lorde Estevão, poderoso aliado de Lorde Barrington.— Sabe do que se trata?— Não senhor, sei apenas que veio acompanhado de dois de seus seguranças. Não trou
Lorde Zaffir levou a taça de vinho à boca, degustando, satisfeito, o remanescente vinho tinto. Apesar do clima de guerra e das tristes perdas de seu clã, ele estava satisfeito. Não apenas pela deliciosa refeição preparada por sua esposa, como por finalmente estar em casa. Estar em seu lar ao lado de Éster, era como um bálsamo de paz na situação tensa que vivia. Olhou satisfeito para a esposa, admirando a beleza dela, enquanto ela terminava seu prato, alimentando o próprio corpo e o herdeiro que carregava no ventre. Zaffir sorriu ao se lembrar da noite anterior, quando retornara, depois de tantos dias afastado. O sorriso de Éster ao vê-lo, era como os primeiros raios de sol após noites frias de inverno, no meio da neve. Ela correu em sua direção e ele não pode deixar de correr na direção dela, preocupado, com medo dela cair ou se machucar de alguma forma. Ele a abraçou, como se dependesse do corpo dela para respirar. Quando, finalmente, ele permitiu que ela se afasta
Três cadeiras. Três pessoas sentadas. Dois homens e uma mulher... VAl! Ela estava sentada, amarrada e amordaçada. Sua roupa estava suja e desarranjada, seus cabelos desgrenhados. Eles fediam... Urina, sangue e suor Olhei para Ezequiel e ele entendeu que eu precisava de explicações. Caminhou na direção dos três, mas se posicionou atrás de um dos homens. Ele segurou o homem por trás do pescoço e o ergueu. O home
Abri os olhos mais uma vez, mas permanecia cercada da mais profunda e assustadora escuridão. Quando, finalmente, meus olhos se acostumaram com a penumbra, percebi que estava deitada em uma enorme e confortável cama, que não era a minha. Senti uma pequena dose de alívio ao notar que, tão pouco era a cama do quarto que ocupava na mansão de Lorde Barrington. Mas esse alívio durou pouco, pois não fazia ideia de onde me encontrava. Minhas mãos tremiam, minha cabeça estava pesada e latejando, sentia como se uma manada de elefantes estivesse dançando sobre meu cérebro. Minha boca estava seca e senti como se minha língua estivesse áspera e inchada. Meu estômago estava roncando ruidosamente e doía... A dor no estômago era aguda e aterrorizante. Nunca havia me sentido assim. Estava faminta… A porta se abriu e a luz irritou meus olhos. Ouvi um grito de desespero e dor, e me assustei ao perceber que era eu mesma quem gritava. Não consegui ver
Último capítulo