“Anabel”A Melissa encarou a Joyce e a Rosana por um momento e depois olhou para o meu braço. As marcas das unhas da Rosana estavam ali, cheias de sangue. Eu olhei e não pude deixar de pensar que essas unhas de gel que estavam tão na moda eram verdadeiras armas, podiam cortar como uma navalha!- Vamos, eu vou pedir para uma enfermeira limpar isso lá na mesa mesmo. – A Melissa passou o braço pelo meu ombro e me tirou dali. – Desculpe, Ana, eu não imaginei que essas duas iam aprontar logo hoje.- Elas sempre aprontam, por que hoje seria diferente? – Eu perguntei.- Menina, você não sabe? A Joyce vai ficar noiva, por isso a família está toda garbosa, ela fisgou um herdeiro do mercado financeiro. – A Melissa contou e eu ficava pensando em como ela sabia de tanta coisa, as coisas mais importantes e as mais aleatórias, ela sempre sabia.Nós voltamos para a mesa e a Melissa pediu a um funcionário do clube que trouxesse uma enfermeira.- O que aconteceu? – O Rick se levantou já avaliando o me
“Flávio Moreno”Eu quis acompanhar pessoalmente a campana em frente a casa do Isidoro, tinha algo nessa história que não estava fazendo sentido pra mim. Eu acreditei em tudo o que a Viviane contou, inclusive que ela não sabia de mais nada, mas tinha algo me incomodando, é o tal do tirocínio policial, depois de tanto tempo na polícia isso era tanto uma maldição quanto uma bênção, porque poderia ser tudo ou poderia ser nada, mas o fato é que algo estava me incomodando e eu quis ver a situação de perto.Enquanto eu aguardava o desenrolar da situação eu fiquei pensando na Viviane, aquela moça era muito louca, mesmo eu dizendo a ela que não deveria ir até o fim naquele plano esdrúxulo, mesmo eu alertando que ela deveria dar uma desculpa qualquer e sair dessa história, ela me disse que não se importava e que tinha certeza de que a amiga no máximo colocaria o advogado para dormir para sair de lá mais cedo, então que ela iria até o fim e levaria a grana que a amiga prometeu. Isso me aborreceu
“Viviane”Mas em que bela encrenca eu me meti! Minha mãe vai me matar quando eu contar que fui presa. E por culpa de quem? Daquela aprendiz de vilã de novela. A Ilana era uma cobrinha venenosa mesmo, eu deveria saber que ia me dar mal por causa dela, mas o dinheiro que ela me dava era tão bom.Os policiais me levaram para a delegacia e me colocaram sentada numa salinha com uma mesa e quatro cadeiras, fecharam a porta e me deixaram lá dentro. Pelo menos eles não me algemaram.Mas também, que noite do inferno! Até que o tiozão advogado não foi de todo ruim, ele era até interessante, mas o que a Melissa aprontou... isso me meteu numa baita encrenca. Pensando bem, ser presa justamente naquele momento não foi ruim não, se eu ficasse lá no Clube Social era bem provável que a Joyce e a recalcada da Rosana me dessem uma surra ali mesmo, depois de tudo que eu já tinha visto as duas fazerem com a Anabel, eu não duvidava.A porta da sala foi aberta e entraram a Melissa e o delegado. Mas que dele
“Ilana”Eu cheguei em casa bem feliz, agora eu só tinha que esperar as notícias chegarem e me mostrar chocada e horrorizada com a atrocidade que a Anabel cometeu.Eu fui muito gênia dessa vez! Eu soube que o advogado da Anabel tinha viajado, eu ouvi isso no clube pela manhã, a mulher dele estava lá e, quando eu ouvi o sobrenome, eu logo me informei sobre quem era e fiquei a espreita, eu ouvi tudo o que ela conversou com a amiga e a única coisa boa era que o doutor viajou a trabalho e ficaria incomunicável. E foi assim que eu tive a idéia.Primeiro eu liguei para a secretária e me certifiquei disso, depois eu paguei a minha manicure para ligar para a Anabel, fingindo que era uma das secretárias do advogado, o escritório dele era grande e ela jamais desconfiaria. A manicure marcou com ela, disse que o advogado estava esperando e que ela tinha que ir rápido, que era urgente e ela tinha que ir sozinha, pois o Leonel estava de olho nos amigos e no namoradinho dela. Ela confirmou que iria e
“Ricardo”A Melissa não deixou por menos, expôs toda a patifaria da Ilana e da tal Viviane para todos verem no Clube Social. Enquanto eu dirigia, a Anabel estava muito quieta ao meu lado, como se nem mesmo estivesse ali. Havia certa tristeza nela, bem diferente do que eu imaginava, ela não parecia feliz por ter se livrado das fofocas que a perseguiram por tanto tempo. E foi assim durante todo o percurso, até chegarmos ao apartamento.- Anabel. – Eu chamei quando entramos no quarto.Ela estava a caminho do banheiro e se virou para me olhar. Eu diminuí a distância entre nós e coloquei as mãos gentilmente em seus ombros.- Você está bem? – Eu perguntei com cuidado e ela soltou uma respiração pesada.- Estou. Só estou pensando... tudo isso, todos esses anos, não houve um só dia que esses vídeos não tenham me assombrado, especialmente o da festa na faculdade. Eu não sabia o que tinha acontecido. – Ela começou a chorar e eu a abracei.- Mas agora você sabe, sabe que foi tudo armado contra v
“Ricardo”Eu estava de pé diante de um homem que eu me preparei para enfrentar e a quem eu via como o inimigo. Mas tudo ali parecia estranho e fora de lugar, desde a sua voz me soando como urgente até a sua postura extremamente formal e de alguma forma mais pacífica do que antes. Eu não via em seu olhar a animosidade que vi da última vez. Mas eu estava completamente armado, não havia forma de eu relaxar na presença desse homem, ele era traiçoeiro e eu não baixaria a guarda.- Eu só preciso falar com você. – Ele pediu e eu fiz sinal para que ele se sentasse.- Me surpreende que você venha me procurar abertamente depois de andar nos espionando. – Eu o encarei, deixei bem claro para ele que eu sabia o que ele fazia.- É, eu espionei. – Ele admitiu com um meio sorriso. – Mas veja bem, você é filho do Átila e está saindo com a minha filha...- Sua filha? Ora, Leonel, seja honesto pelo menos uma vez. Você não se importa com a Anabel, nunca se importou, apenas quer o dinheiro. Você nem mesmo
“Anabel”Não me agradou que o Rick fosse falar com o Leonel, era o meu pai e eu conhecia a sua personalidade. Ele não estaria ali se não tivesse algum interesse, se não quisesse algo que o favorecia.O Rick demorou a voltar e eu já estava considerando ir até o hall do prédio e me meter naquele encontro. Eu não queria o Rick perto do Leonel, porque eu não queria o meu pai perto das coisas boas da minha vida. Ele sempre destruía tudo. Mas eu sabia que o Rick não queria que eu interferisse, então eu me contive. Acabei indo até a cozinha preparar o café e foi lá que ele me encontrou, de pé em frente ao balcão com uma xícara de café.Ele entrou sem dizer nada, mas eu senti a sua agitação, como se estivesse nervoso. Ele veio diretamente em minha direção e grudou seu peito em minhas costas, me deixando presa entre o balcão da cozinha e ele. Suas mãos subiram pelas minhas coxas e eu senti o seu hálito quente em minha orelha.- Passeando por aí com a minha camisa. – Ele sussurrou e deu uma mor
“Ricardo”Eu tenho que admitir que as garotas trabalharam muito bem. Finalmente nós estávamos nos mudando para a nossa casa. Havia ficado tudo muito bonito e de fato, quando eu entrei na casa depois de tudo pronto, eu tive a sensação de estar em uma vila italiana. Era charmoso, acolhedor, bonito e alegre. A tal mesa de jantar que a Anabel comprou era simplesmente gigante, era uma mesa para uma família grande e unida e me deixava com vontade de vê-la completa.Me surpreendeu a energia da Anabel, com tudo o que estava acontecendo ela decidiu organizar um brunch para receber nossas famílias e amigos e apresentar a nossa casa nova. Então, aqui estava eu, num domingo à tarde, apreciando os filhos dos meus amigos correrem pelo jardim, vendo minha família e meus amigos rirem e conversarem. Era quase tudo o que eu sempre quis na vida, só faltava uma coisa.Eu estava sentado em uma mesa com um guarda sol no jardim e vi a Anabel mais adiante conversando com o Don e a Del, ela estava linda num v