VICTORIA:Acordei sozinha na cama; tudo estava escuro. Só ouvia o zumbido de uma máquina que não via. Procurei tateando meu telefone para iluminar o espaço, mas não o encontrei. Caminhei devagar até a sala onde estavam os computadores, que trabalhavam sozinhos. Olhei ao redor procurando Ricardo, sem resultado. Observei um pequeno bilhete colado em uma das telas; peguei-o:  "Não saia daqui, fui buscar comida."  Soltei e me dirigi ao pequeno banheiro em um canto. Estava muito frio e, ao que parece, o aquecimento não funcionava. Também notei que os computadores funcionavam porque estavam conectados a enormes baterias colocadas em um canto.  Fiquei um momento contemplando as telas; o piscar constante de luzes me mantinha fixa, imóvel, sem oferecer as respostas para as perguntas que tinha em minha mente. Meus pés descalços começaram a doer pelo frio do ch&ati

VICTORIA:A agitação foi grande quando nos viram aparecer no hospital onde ainda permanecia meu tio internado, embora não em terapia intensiva. Seu assistente Javier, assim que me viu, correu para me abraçar com lágrimas nos olhos; meu tio estendeu os braços emocionado. Dirigi-me a ele e me enfiei entre os braços, chorando de felicidade ao ver que ele estava bem.  —Você não sabe o susto que me deu, Vicky? —disse com a voz entrecortada.  —Desculpe, tio —me apressei a dizer—. Não sabia que Ricardo ia fazer isso.  —Ele fez bem; com essa notícia pararam de atacar a empresa e Ricardo conseguiu seguir em frente —disse com um sorriso; depois acariciou minha barriga—. É verdade?  —Sim, tio, estou com pouco tempo —respondi, colocando minha mão sobre a dele, apoiada na minha barriga—. Voc&

VICTORIA:Meu tio não me respondeu de imediato. Olhou pela janela e pude ver, pela expressão do seu rosto, que não queria falar sobre esse assunto comigo. Mas não queria continuar sendo esse alvo frágil que todos acreditavam que podiam derrubar com um sopro. Eu iria mostrar a eles que eu era Victoria Montenegro, filha de duas pessoas incríveis que saíram do nada e criaram um império.  Meu tio virou lentamente o rosto para mim e pude ver a profunda preocupação que me impedia de decifrá-la.  — Não totalmente —respondeu meu tio, desviando diretamente o olhar, temendo que eu pudesse ler entre as linhas do seu silêncio—. Há coisas que prefiro que você não saiba por agora, Victoria.  Meu peito se comprimiu diante de sua evasiva e senti que o calor começava a invadir minhas bochechas, uma raiva silenciosa que aprendi

VICTORIA:Octávio me olhou com compreensão; seu olhar tinha um fundo de pesar que não parecia ser apenas pela minha situação. Seu silêncio me perfurou a alma, criando uma inquietante sensação de que ele lutava para me tornar partícipe de uma verdade que, de certa forma, preferiria manter oculta e que não lhe pertencia.  —Octávio —sussurrei, quase implorando—, o que é que você não está me dizendo? Se você sabe um detalhe importante, se há informações que tio Alberto está me ocultando, preciso que seja honesto comigo.  Octávio desviou o olhar, fixando-o nas sombras que dançavam sobre a parede do escritório. Murmurou um suspiro quase imperceptível, antes de voltar seu olhar.  —Victoria, não é que eu não queira te dizer —disse com um t

VICTORIA:Fiquei em silêncio diante da pergunta. Ricardo nunca havia me falado dessa maneira antes. Deixei-me abraçar, apoiando a cabeça em seu peito, deixando todo o ar contido em meu peito fluir. Queria dar a ele todas as oportunidades que pedisse; eu estava profundamente apaixonada por ele. Sentia-me ao seu lado segura, protegida e cuidada. Era uma sensação que jamais tive com meu ex-marido Carlos. Eu o abracei por trás e ficamos assim por alguns instantes, apenas ouvindo o batimento de nossos corações. Ambos estávamos desejosos de encontrar aquela pessoa que seria nosso lar para toda a vida. Forjar uma vida ao seu lado para criar a família que anelávamos.Nosso abraço se tornou um refúgio onde as palavras sobravam e os olhares diziam mais que mil promessas. No entanto, um lembrete da traição latente que se escondia nas sombras do nosso amor não saía d