Capítulo 12 — Agora vamos sair... ou vamos estragar tudo.Narrador:Sasha não voltou para a mesa. Atravessou a sala sem olhar para ninguém, com passos rápidos e a cabeça erguida, como se estivesse fugindo... mas sem dar sinais de fraqueza. Não disse uma palavra. Não cumprimentou ninguém. Não precisava fazer isso. A única coisa que fez foi parar perto da saída, apenas o suficiente para esperar por Eros, com os dedos fechados apertando a alça da bolsa e a mandíbula cerrada.Eros se aproximou da mesa com calma. Todos olharam para ele. Aylin franziu ligeiramente a testa. Renata virou a cabeça com curiosidade. Paolo levantou a taça. Roman simplesmente observou, como se já soubesse o que ele diria antes mesmo de abrir a boca.— Desculpem — disse Eros, com um tom impecável — Sasha não está se sentindo bem. Vou levá-la para casa.Roman olhou para ele por mais um segundo, lendo por trás de suas palavras, como sempre fazia. Então acenou com um gesto lento e frio.—Peça a um dos homens para levá-

Capítulo 14 — Três coisasNarrador:Quando as risadas foram se apagando, restaram apenas os dois, sob a noite tranquila, envoltos no silêncio denso de um momento que já não sabiam como sustentar sem se tocar. Sasha olhou para ele, sem uma gota de ironia, sem aquela armadura que costumava colocar entre eles. Seu olhar era sério, vulnerável, perigoso.—Me beije de novo —sussurrou ela —Mas desta vez de verdade.Eros não respondeu com palavras. Aproximou-se com a lentidão de quem está prestes a cruzar um limiar sem volta, como se cada passo fosse uma promessa que não pretendia quebrar.Segurou o rosto dela com as duas mãos, e seus polegares roçaram a pele de suas bochechas com uma delicadeza reverente, como se Sasha fosse um segredo que ele esperava há muito tempo para revelar. E então a beijou. Não havia pressa. Não havia fome. Apenas uma intensidade tão doce que doía. Beijou-a primeiro com os lábios, roçando levemente os dela, como se os reconhecesse. Então a boca se abriu, apenas um pou

Capítulo 16 — Ela é filha do DiaboNarrador:A viagem de volta começou em silêncio. Sasha olhava pela janela, com as mãos cruzadas sobre o colo e a testa apoiada no vidro frio. Eros mantinha o olhar fixo na estrada, os nós dos dedos marcados no volante, como se agarrar-se ao controle fosse a única coisa que o mantivesse firme.Então ela se virou, apenas um pouco. Olhou para ele, com os olhos brilhantes por uma mistura de raiva, tristeza e algo que doía ainda mais: incerteza.—Por que você não pode me amar, Eros?A pergunta flutuou entre eles como um tiro no peito. Não era uma reprovação. Era uma ferida exposta.Eros engoliu em seco. Não freou, não desviou o olhar, apenas diminuiu a velocidade, como se precisasse ganhar tempo a cada metro.— Não é isso — respondeu ele finalmente, com a voz grave e apagada — Não é que eu não possa te amar.Sasha manteve o olhar fixo, sem piscar.—Então... do que se trata?Eros suspirou e cerrou os dentes, como se cada palavra pesasse mais do que ele podi

Capítulo 18 — Pequenos mafiososNarrador:Sasha ficou imóvel. O beijo ainda pulsava em seus lábios, como se Eros ainda estivesse ali, falando com ela com a boca em vez de palavras. Mas não. Ele já não estava mais lá.Quando conseguiu recuperar o controle sobre as pernas, saiu correndo em direção à porta do viveiro. Lá fora, o ar fresco bateu em seu rosto. Ela o viu bem a tempo; Eros estava subindo em sua moto, com aquela jaqueta de couro preta que parecia feita para ele, ajustando as luvas com uma calma que partia sua alma.O motor rugiu. Ele nem sequer olhou para trás. E então foi embora. Como se nada tivesse acontecido. Como se não a tivesse deixado sem ar segundos antes.Sasha ficou parada, com as mãos ainda sujas de terra e o coração apertado, com os pés cravados no chão e a garganta fechada. Ela queria gritar... queria detê-lo... queria... tudo. Mas não fez nada.— Era o Eros? — perguntou uma voz baixa ao seu lado.Sasha deu um pulo e virou a cabeça. Sofia, com o cabelo despentead

Capítulo 20 — Esclarecimento interessanteNarrador:O sol do meio-dia batia forte sobre a fazenda Suárez, e as sombras das árvores mal davam conta de aliviar o calor. Eros caminhava pela trilha de pedras com as mãos nos bolsos, marcando um passo tranquilo, embora cada músculo de seu corpo continuasse em alerta. Ao seu lado, Azucena o acompanhava com naturalidade, como se aquela caminhada fosse apenas uma desculpa para inspecionar sua futura aquisição.— Sempre tão calado? — perguntou ela, quebrando o silêncio com um tom leve — Estou começando a achar que você se arrependeu de aceitar.— Só estou processando — respondeu ele sem olhar para ela — Foi um almoço... pesado.Azucena riu suavemente. O som tinha algo de zombaria e algo de interesse genuíno.— Processando meu pai ou me processando?— Ambos — disse Eros, ainda sem virar o rosto.Eles passaram por uma fonte de pedra.A água caía com um gotejar irregular, quase irritante. Eros parou ao lado da grade de ferro forjado. Azucena se apr