Capítulo 92 — Nem o fogo me queima se você estiver comigo.Narrador:O resto do dia transcorreu tranquilamente. Sasha e Aylin se dedicaram a preparar algumas coisas na cozinha, como faziam quando ela era mais nova. Era uma maneira de relaxar, juntas, rindo, cozinhando e fazendo bobagens na cozinha. Eros saiu, disse a Sasha que tinha algo a fazer e partiu em sua motocicleta.Mas o Diabo não era homem de deixar pontas soltas. E uma em particular continuava a incomodá-lo como uma espinha cravada com crueldade. No final da tarde, ele chamou Dominic. Não com urgência, mas com aquele tom que não admitia desculpas nem atrasos.— Você me chamou? — perguntou Dominic, enfiando a cabeça pela porta entreaberta do escritório.Roman o observou em silêncio por um instante, sem parar de beber da xícara que tinha nas mãos. Então acenou com a cabeça.— Entre e feche a porta.Dominic obedeceu. O som da porta se fechando foi seco, quase simbólico. Como um ferrolho que anunciava que o que seria discutido n

Capítulo 94 — Apenas um filmeNarrador:— Tem certeza de que quer ir a essa festa? — perguntou Dominic, com os braços cruzados, enquanto Sasha revirava a bolsa diante do espelho.— Já conversamos sobre isso — respondeu ela, com tom firme — Se quisermos nos infiltrar bem nos Suárez, preciso me aproximar do Marcelo. E isso implica estar presente no círculo dele. Esta noite é uma boa oportunidade. Dominic ficou em silêncio por alguns segundos, depois suspirou.— Tudo bem. Então fale com seu pai. Diga a ele por você mesma. Eu já encobri muitas coisas para ele.Sasha torceu a boca em resignação. Ela sabia que Dominic estava certo. Então, alguns minutos depois, ela foi até o escritório, onde o Diablo revisava alguns papéis.—Pai —disse ela, firme, mas sem soar desafiadora.Roman ergueu os olhos imediatamente. Sua filha raramente usava aquele tom tão comedido.—O que você quer agora?—Marcelo me convidou para uma pequena reunião esta noite. Nada formal, apenas alguns amigos, filme, comida. Ac

Capítulo 96 — Coisas de garotasNarrador:Sasha, finalmente, foi ao banheiro, arrumou o cabelo diante do espelho, recuperando o controle da respiração. Seus lábios ainda estavam levemente inchados pelos beijos de Eros e ela sentia um calor interno que nada tinha a ver com o filme em exibição. Ela se deu um momento para se recompor, ajeitar a blusa, controlar o tom de suas bochechas e, quando se sentiu pronta, voltou à sala de cinema com passos firmes e uma expressão perfeitamente calculada.Ao abrir a porta, Marcelo foi o primeiro a notar seu retorno. Ele se levantou um pouco da cadeira e sorriu para ela.—Você está bem? —perguntou ele em tom amigável, mas também com um leve tom de curiosidade.Sasha parou a meio caminho entre a porta e sua poltrona, inclinando um pouco a cabeça.—Claro que sim. Por que você pergunta?Marcelo deu de ombros com um sorriso que tentava parecer casual.—Não sei... é que você demorou. Fiquei um pouco preocupado, pensei que você tivesse ficado entediada ou t

Capítulo 98 — LíderNarrador:Eros vestiu-se às pressas, sem sequer verificar se estava com a camiseta do lado certo. Sasha vestiu a primeira coisa que encontrou, prendeu o cabelo em um coque desleixado e desceu as escadas ao lado dele, ambos descalços, correndo como se o mundo estivesse desabando sobre eles. O escritório estava iluminado apenas pela lâmpada da mesa. Roman, de pé, com uma pasta na mão e o telefone ainda colado ao ouvido, desligou a ligação assim que eles entraram.Ele olhou para eles sem perder um segundo.—Ignacio acaba de confirmar que ele continua com sinais vitais. Mas o médico foi claro: horas. No máximo, um dia. O tempo suficiente para chegar... se sairmos agora.Eros se aproximou imediatamente.— Eu vou com vocês.Roman não se surpreendeu. Apenas olhou para ele com os olhos semicerrados, como se já tivesse antecipado essa reação.— Eu sei que você quer. Mas não deveria.Eros franziu a testa.— Por quê?— Porque já é risco suficiente Aylin e eu cruzarmos com docu

Capítulo 100 — Ainda há vidaNarrador:O relógio marcava quase três da tarde quando Roman fechou a porta do quarto 312. Aylin continuava sentada ao lado da cama vazia, o corpo já tinha sido retirado para ser levado para o necrotério, as mãos cruzadas sobre o colo, o olhar fixo no ponto onde minutos antes estava sua avó.Ela não chorava, não mais, a dor era grande demais até mesmo para isso. Roman encostou-se na parede, com os braços cruzados, e observou-a em silêncio por alguns segundos antes de falar. — Não há mais nada que possamos fazer aqui — disse ele, sem rodeios, mas em voz baixa. Aylin não respondeu. Apenas virou a cabeça lentamente para olhá-lo.—Ignacio já recebeu instruções —continuou Roman—. Ele vai cuidar de tudo. O corpo será repatriado daqui. Ele vai se encarregar pessoalmente de que não haja nenhum inconveniente. Sua avó terá seu último descanso no cemitério da cidade, ao lado de seu marido e sua filha, sua mãe. Como ela sempre quis.Aylin piscou com força. Sua voz saiu