Capítulo 292A chuva fina havia parado, deixando um cheiro agradável de terra molhada.Hailey estava quieta no banco do passageiro da limusine, observando as luzes pelas janelas enquanto o carro seguia em direção à casa dos Blake.Hassan, ao lado dela,também estava quieto e satisfeito com o jantar.Quando o carro parou diante da casa, ele foi o primeiro a quebrar o silêncio:— Espero que tenha gostado do jantar. — A voz dele era calma.— Gostei muito — respondeu ela, sorrindo de leve. — Foi… especial.Hassan inclinou um pouco a cabeça, observando-a com atenção.— Especial o bastante para aceitar outro jantar comigo?Hailey hesitou, brincando com o cinto de segurança.— Talvez. — O sorriso dela era nervoso, doce. — Se eu sobreviver ao próximo plantão.Ele riu, um riso baixo, envolvente.— Então eu aguardo, Habibti.O som daquela palavra fez o estômago dela revirar, como se tivesse borboletas.O motorista abriu a porta para ela, mas Hassan desceu primeiro. Estendeu a mão, e quando ela c

Capítulo 294O restaurante árabe estava fechado naquela noite. Tudo havia sido preparado para uma única convidada.Hailey desceu do carro. O coração batia rápido. Ao atravessar o salão vazio, viu Hassan de pé, à frente de uma mesa posta com velas e flores brancas, vestindo um terno escuro impecável.— Boa noite, doutora Blake — saudou ele, com um sotaque inconfundível que fazia o nome dela soar como música.Ela sorriu, um pouco sem graça.— Boa noite, alteza. O restaurante está... deslumbrante.— Fiz questão de reservar apenas para nós dois. — Ele estendeu a mão, oferecendo-lhe o assento. — É uma noite especial.Durante o jantar, conversaram sobre tudo: sobre o hospital, sobre as diferenças culturais, sobre a infância de Hassan no deserto e as histórias da família Blake. Hailey riu mais do que esperava e percebeu o quanto ele a fazia se sentir segura, mesmo sendo o homem mais poderoso e misterioso que já conhecera.— Confesso que senti sua falta, — disse ele em certo momento, apoiando

Capítulo 296Isadora estava diante do espelho, retirando a maquiagem com calma.A cada lenço que passava sobre o rosto, as pequenas rugas ao redor dos olhos pareciam mais evidentes sob a luz suave do quarto.Ela suspirou. Não gostava delas ali, embora soubesse que não havia como impedir o tempo de deixar seus traços.— Ah… o preço dos anos — murmurou com um meio sorriso triste.Atrás dela, Alexander surgiu do closet vestindo a calça do pijama. Parou por um instante, cruzou os braços e a observou em silêncio, encantado com a mulher que continuava sendo o amor da sua vida.— O que foi, meu raio de sol? — perguntou com aquele tom de voz que sempre a fazia sorrir.Isadora virou-se um pouco, ainda com o lenço nas mãos.— Essas ruguinhas estão me incomodando bastante — disse, rindo de si mesma. — Acho que finalmente a idade está me alcançando.Alexander descruzou os braços e se aproximou, os pés descalços pisando no tapete.— Imagina eu, meu amor — respondeu com um sorriso divertido.Ela ar

Capítulo 298A chuva fina caía constante sobre o cemitério, formando pequenas poças sobre o gramado e descendo pelos guarda-chuvas pretos que se espalhavam entre os familiares e amigos.Oliver estava imóvel diante do caixão. Em seus braços, a pequena Clarice dormia encolhida, alheia à dor que tomava conta de todos ao redor. Ele segurava o guarda-chuva com uma das mãos, protegendo a filha da chuva, enquanto observava os coveiros baixarem lentamente o caixão na terra.Isadora se encolheu nos braços de Alexander. Lívia soluçava baixinho, amparada por Roger, que também tentava conter as lágrimas. Hailey e Hassan estavam de mãos dadas, em silêncio, respeitando o momento.Ninguém conseguia dizer nada.A dor era grande demais.O vento gelado balançava o casaco de Oliver, mas ele parecia nem sentir. Seu olhar fixo no caixão era o retrato da alma ferida de um homem que havia perdido a mulher que estava aprendendo a amar.Quando o último punhado de terra caiu, Alexander se aproximou e colocou a

Capítulo 300Oliver saiu do banho, o vapor se dissipando pelo quarto com a porta do banheiro aberta. Vestiu um pijama escuro e passou a toalha nos cabelos antes de caminhar até o berço. A luz do abajur deixava o ambiente acolhedor. A pequena Clarice dormia tranquila na cama, o rostinho sereno igual ao da mãe.Ele se sentou na beira da cama e ficou observando por alguns segundos, sentindo o coração apertar. Scarlett apareceu à porta, com um sorriso cansado.— Vai conseguir cuidar dela sozinho essa noite? — perguntou baixinho.— Vou sim — respondeu ele, ajeitando a coberta da bebê. — Quero que você descanse, Scarlett. Já fez demais por nós. É hora de eu aprender. Quero... — sua voz vacilou por um instante — quero ter um pedacinho da Clarice perto de mim.Ela assentiu, emocionada, e se aproximou para ajeitar a mamadeira e os paninhos sobre a cômoda.— Já deixei tudo pronto. A água, o leite... está tudo aqui.— Obrigado, maninha. — Ele sorriu de leve. — Pode ir descansar.Minutos depois,