KAESAR:O ar se tornou denso quando Rufén se lançou em minha direção, suas mandíbulas abertas em um rosnado ameaçador. Apesar de seu tamanho considerável para um lobo normal, parecia quase pequeno em comparação com minha forma de Alfa Real. Meu pelo negro brilhava com minha energia enquanto eu desviava de seu ataque com uma agilidade que contradizia meu grande tamanho.—Isso é tudo que você tem, tio? —grunhi, ressoando com um poder que fez o chão tremer sob nossas patas. Os bruxos que o cercavam começaram a murmurar encantamentos, tentando fortalecê-lo com sua magia obscura.Rufén, envolto em uma aura púrpura artificial resultante dos feitiços, atacou novamente. Desta vez, seus movimentos eram mais rápidos e letais, mas continuavam sendo insuficientes. Com um simples golpe da minha garra, o lancei a vários metros para tr&aacu

ARTEÓN:Corria o quanto podia. Precisava me esconder em um lugar onde meu primo não me encontrasse. Acabava de presenciar o enorme poder dos Alfas Reais, aquele que as lendas contavam e que, com o passar dos anos, os lobos havíamos deixado de acreditar. Mas era verdade: ninguém podia acabar com eles.E eu os tinha traído. Não só tentei assassinar meu primo Kaesar com o veneno dos Arteones, como também raptei sua Lua e coloquei os bruxos para torturá-la. Nenhum dos dois me perdoaria. Precisava escapar.“Em que estava pensando?”, pensei enquanto meus pés escorregavam na lama. A raiva, o ressentimento e o ódio que acreditei que me tornavam invencível desmoronavam diante do que realmente havia visto: um Alfa Real liberando o poder de gerações completas, uma Lua Alfa Real refletindo a pureza e a salvação que jamais poderia entender.A floresta

ARTEMIA:Dos meus aposentos, onde Rufén me mantinha presa, ouvi os uivos da chamada para a guerra. Eles iriam contra meu filho. Eu soube que ele estava ferido e prestes a morrer, mas aparentemente alguém lhe deu o antídoto do veneno da minha família, o mesmo que havia acabado com a vida de tantos guerreiros. O segredo do antídoto nunca saiu de nós. Queria avisá-lo, dizer-lhe que usariam os bruxos contra seus lobos, mas não podia. Não era sua verdadeira mãe e, por isso, não conseguia me comunicar com ele como toda loba faria com seu filho.Tentei conter as lágrimas ao ouvir como os uivos cresciam em intensidade, sincronizados com o som dos passos. Eram muitos e avançavam com determinação. Cada movimento lá fora parecia anunciar a violência que estava prestes a ser desencadeada. Meu coração batia desesperadamente, dividido entre o dever de pro

KAESAR:Minha voz ressoou no ar como um rugido cheio de fúria e desespero. A cena diante de mim era um nó caótico de emoções e confusão. Artea jazia no chão, com ambas as mãos agarradas à garganta, como se algo invisível a estivesse estrangulando. Seu rosto estava pálido e seus olhos, esbugalhados, olhavam com uma mistura de incredulidade e agonia para minha mãe.Mamãe se virou para mim, petrificada ao me ver ali de pé, e reconheci em seu olhar algo que jamais havia visto antes: medo. Não de mim, mas do que ela acabara de fazer.  —Você não queria que ela falasse, mas isso é pior! —meu tom era uma mistura de raiva e decepção enquanto eu dava um passo em direção a ela, sem saber se ia ajudar Artea ou enfrentar a mulher que dizia me proteger.  —Você não entende, Kaesar! &

KAELA:A água fria entre meus dedos parecia enviar reflexos de luz diretamente à minha memória, arrastando-me para um lugar do passado onde o sol sempre brilhava mais quente e os dias eram eternos. Fechei os olhos, deixando que a nostalgia me envolvesse por completo. Meu mundo estava quebrado agora, mas em algum canto da minha mente sempre permanecia intacta aquela lembrança em que corria ao lado de Kaesar, meu melhor amigo, meu tudo.  —Você se lembra quando corríamos por estes prados? —sussurrei contra seu peito, sentindo como seu coração batia no mesmo ritmo que o meu—. Tudo era mais simples naquela época.Kaesar acariciou meu cabelo suavemente, e pude sentir através do nosso vínculo como as lembranças o invadiam também. A dor pela traição de sua mãe era como uma ferida aberta que sangrava sem parar.  —Minha Lua &m