― Isso não será necessário. ― Brendan respirou fundo e franziu a testa. ― Além disso, melhorei muito depois de trocar os curativos. Acho que a ferida se abriu quando me movi, agora há pouco. ―― Mas... ―― Não se preocupe comigo ― disse Brendan com firmeza, interrompendo a governanta. ― Senhora Engel, você está livre para ir agora. ―A mulher grisalha não teve outra escolha a não ser ir em frente e limpar a canja que tinha derrubado no corredor.Durante a conversa, Deirdre mal se movera, ela não saía do lugar e parecia bastante confusa. Percebendo isso, Brendan se aproximou e segurou sua mão.― Você tem algo para perguntar? ― Brendan questionou, enquanto observava Deirdre fixamente. Ele podia ver que ela tinha algo a dizer e, por isso, se aproximou ainda mais. ― Se houver algo que você queira me dizer, apenas diga. Não guarde dentro do seu coração. Não é bom para sua saúde. Você pode me perguntar o que quiser. ―Os dedos do homem estavam frios e Deirdre não sabia como colocar seu

― Sério mesmo? ― Os olhos de Brendan se iluminaram.Deirdre nunca sorriu, desde que pisou de volta na mansão e aquela era a primeira vez que ela dizia que queria sair para tomar um pouco de ar fresco.― Eu vou com vocês ― ele disse, com a voz cheia de alegria.Deirdre franziu o cenho e respondeu, de mau humor:― Por que você quer vir conosco? ―― Eu posso ajudar a carregar as sacolas. Eu também posso ser o motorista. ―Até Engel pôde ouvir o tom submisso na voz de Brendan. Ele costumava ser uma pessoa muito poderosa em Neve. Não havia como ele se tornar o motorista de outras pessoas voluntariamente.Deirdre virou a cabeça de lado e disse:― Isso não é necessário. Pense no ferimento em seu ombro. Duvido que você consiga segurar alguma coisa agora, muito menos carregar coisas pesadas. Podemos caminhar até lá nós mesmos. Não precisamos que você nos leve. ―O rosto de Brendan afundou.― Só não quero que você saia do meu lado, Deirdre. ―Deirdre permaneceu em silêncio e, quando a

― Charlene, sua desavergonhada! Volte para a prisão! Você deveria ser executada! Você precisa pagar com a sua vida! ―― Volte para a prisão! Volte para a prisão! ―Um grupo de pessoas, cada vez maior, começou a jogar coisas em Deirdre, para descarregar a raiva que sentiam, graças ao comportamento de rebanho. A mulher grisalha a protegeu colocando Deirdre debaixo dos braços, enquanto gritava:― Parem! Parem com isso! Ela não é Charlene! O nome dela é Deirdre e ela está grávida! ―― Grávida? Uma assassina como ela não deveria nem ter filhos! ―― Uma maçã não cai longe de sua árvore! Uma criminosa só dará à luz outro assassino! Ela deveria fazer um aborto! ―O grupo indignado começou a arremessar ovos e vegetais, implacavelmente. Alguns deles até agarraram seus cabelos e começaram a puxar, tentando agredir Deirdre fisicamente e começar um linchamento.Essa foi a cena que Brendan viu quando chegou ao mercado e, imediatamente, seus olhos ficaram vermelhos de tristeza e ira, enquant

O coração de Brendan foi dilacerado quando enterrou a cabeça no ombro da jovem que, a seu modo doentio, tanto amava. Por mais que quisesse, já tinha a resposta em seu coração e não era a que Deirdre queria ouvir. Ele não conseguiria se dar ao luxo de perder o amor de sua vida mais uma vez, mesmo que fosse apenas por um dia. Só quando Deirdre estava perto dele ele sentia que estava vivo e não era um cadáver ambulante.― Por favor, Deirdre, me perdoa... ―― Para de pedir desculpas. Já ouvi o suficiente. ― Deirdre o empurrou ao se sentir enojada.Entretanto, Brendan segurou os dedos dela. Seus olhos estavam carregados de lágrimas, mas cheios de determinação.― Não se preocupe. Vou acabar com tudo isso. Eu prometo a você que o que aconteceu hoje não acontecerá novamente. ―― Acabar com tudo isso? ― Deirdre olhou para ele. ― Como você vai acabar com isso? Você vai dizer a todos em Neve que foi Charlene quem matou aquela pessoa? Você vai contar a todos que ela é a assassina e levá-la à

Todos ficaram em silêncio enquanto Brendan examinava a multidão com um olhar opressor. Nem mesmo a pessoa que gritava agitada fez mais barulho. Brendan olhou para Sam, e este assentiu antes de deixar a multidão.Aproveitando a oportunidade, um repórter perguntou:― Senhor Brighthall, você disse que todo o incidente é pura calúnia, mas por que todos nós vimos você saindo do mercado com Charlene esta manhã? As imagens foram forjadas? Não há como alguém falsificar uma foto assim, certo? Se não for real, então quem teve coragem de difamar o CEO do Grupo Brighthall? O caluniador não está preocupado em ser mandado para a prisão? ―Antes que Brendan pudesse responder, outro repórter perguntou:― Charlene atropelou e fugiu. Se ela tivesse prestado socorro, a vítima não teria morrido. Ela deveria estar cumprindo sua pena na prisão, mas agora apareceu na frente de todos, como se nada tivesse acontecido. Todos nós vimos com nossos próprios olhos. Você pretende dizer que tudo isso foi falso? ―