Missão África

Anos antes... Em Angola...

                  Cindy Collins

Estávamos em missão há cerca de um ano. No início tudo foi difícil, parecia que não íamos conseguir completar nossa missão, mas quando temos fé num único Deus, tudo se torna possível.

" Até mesmo em uma terra infértil, é capaz de brotar a mais bela flor", essas eram as palavras de meu pai para nos dar ânimo a prosseguir com nosso objetivo naquele lugar.

Em um ano, havíamos construído uma pequena comunidade, com casas e parquinho para as crianças brincarem. Tudo foi feito do zero, criado com barro e madeiras com a ajuda dos moradores. No centro do pequeno vilarejo, havíamos construído uma pequena e simples igreja, mas que cabia todos.

Depois do término de mais um culto abençoado, onde ganhamos cinco vidas para Jesus Cristo, voltamos para casa. No caminho fomos conversando sobre alguns assuntos aleatórios.

— Hoje foi benção – diz Yuna.

— Foi mesmo, ganhar almas é nosso objetivo – digo, gratificada com o culto de hoje. — Se continuar assim, seremos mandadas para outra missão logo.

— Espero que, um dia, meus pais sejam mandados para outras missões. Quero muito conhecer lugares novos.

Os pais de Yuna foram mandados para Moçambique quando ela tinha um ano de idade. Era o lugar onde sua mãe havia nascido.

O casal concordou com prazer, em ajudar as pessoas que moravam em Zâmbia. A obra missionária que eles faziam aos poucos foi ficando árdua, e difícil de se fazer, pessoas opostas a nossa religião se levantaram contra a família e quase os mataram. Mas no meio de tudo isso, Deus estava sempre com eles, os livrando e os protegendo de todo mal.

Já fazia treze anos que o casal estava em obra missionária no país quando

designaram meu pai para dar uma força a eles.

— Você realizará esse sonho, basta ter fé – digo, passando o braço em volta de seu ombro.

Entramos em casa, que era bem simples, de apenas três cômodos. Um quarto onde eu e meus pais dormíamos, outro para Yuna e seus pais e o banheiro. Não tínhamos cozinha pois comíamos junto com a comunidade na igreja.

— Bom meninas, vamos logo cada um para seus quartos, pois, amanhã teremos um longo dia – Papai diz assim que entramos.

Eu e Yuna gostamos de dormir tarde, pois gostamos de passar a noite conversando sobre vários assuntos.

— Ok, papai – digo.

Me despedi de Yuna e seus pais e fui para nosso quarto, que era simples, contendo apenas uma cama de casal, nossas malas onde guardávamos nosso pertences e um baú onde papai guardava suas armas.

Você deve estar se perguntando por que arma, se temos a proteção de Deus, mas é melhor se prevenir do que acabar se dando mal. Além do mais, na Bíblia diz, que não podemos tentar o senhor nosso Deus, se temos uma forma de nos proteger.

Me ajoelhei aos pés da cama e comecei a orar:

" Meus pai, muito obrigado por mais um dia de vida que o senhor nos concedeu. Quero te agradecer por termos ganhado mais almas para Ti hoje. Proteja minha família e todos os que nos cercam, nos livra das pessoas que nos querem fazer mal. Em nome de Jesus eu lhe peço. Amém."

Ao terminar de orar, arrumo a cama e me deito, fico observando o teto do quarto por alguns minutos e até o sono vir.

Desperto assustada ao ouvir barulhos de gritos e tiros.

— Pai! – Grito me sentando rapidamente na cama.

— Estou aqui fofinha – diz, vindo ao meu encontro.

— O que está havendo? – pergunto apavorada.

— Os rebeldes, estão atacando a aldeia – fala Safira se levantando.

Os rebeldes, como chamamos, são pessoas como nós, tanto americanos como nascidos aqui. Pessoas que não aceitam nossa presença aqui.

Os caçadores americanos vem pra cá em busca de pedras preciosas e os marfins dos elefantes. Eles oferecem dinheiro para os moradores trabalharem para eles, mas nem todos topam e acabam sofrendo ataques.

A porta do quarto é aberta bruscamente e Lavínia, Marcos e Yuna entram.

— O vilarejo está cercado – diz Lavínia.

— Meu Deus! – Safira diz espantada.

— Temos que sair daqui, em breve estarão na nossa porta – fala papai, indo em direção ao baú.

— E para onde vamos? – pergunta Yuna.

— Para a igreja – Digo.

— Isso, iremos para lá – Confirma Marcos.

Papai e Marcos pegam as armas.

— Que Deus nos ajude – fala meu pai.

— Que Deus nos proteja – Repete Marcos e afirma com a cabeça.

Nos levantamos e logo saímos dali, devagar e escondidas, enquanto papai e Marcos tentavam nos dar cobertura.

Várias pessoas corriam, ouvia-se os gritos, choros e barulhos de tiro para todos os lados.

— Espera – disse e nos abaixamos.

Na mesma hora, um tiro veio em nossa direção mais graças a Deus não pegou em nós. O mesmo atravessou a árvore e depois o perdemos de vista.

Levantamos em silêncio e voltamos a correr em direção a igreja, sempre olhando para os lados.

Não demorou muito e chegamos na igreja. Haviam algumas pessoas ali, também tentando se esconder, outras estavam orando e algumas em um canto afastado chorando.

Nos sentamos num canto e chamamos todos para formarmos um grande círculo. Todos estávamos sentados, damos as mãos uns aos outros e começamos a clamar a Deus, para o mesmo nos ajudar e nos proteger.

" E se o meu povo, que se chama pelo meus nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra" - me recordei desse versículo.

Na mesma hora entendi o sentindo do versículo, e senti como se o mesmo estivesse vivo, como se o Senhor estivesse ouvindo cada oração que aqui está sendo feita. Nesse momento muitos estão se rasgando, se humilhando e clamando o nome do Senhor com o coração, pois sabemos que Ele é o único que pode nos salvar.

Enquanto estamos aqui orando e clamando a Deus, senti como se ele estivesse aqui nos protegendo. Como se ele estivesse ao redor dessa simples tenda, nos protegendo e não permitindo que nada de mal acontecesse conosco.

Graças a Deus ocorreu tudo bem, ainda estávamos na igreja. Alguns irmão ficaram feridos e nós os ajudamos. Eu não entendo muito bem mais Deus nos capacita e nos ajuda.

Não houve feridos graves, o Marcos levou um tiro de raspão. Logo que ele entrou na tenda a sua esposa ficou desesperada, mas já se acalmou.

— Prontinho minha linda – digo assim que termino de fazer o curativo numa criança.

— Obrigada tia – Agradece dando um sorriso lindo e vai até sua mãe.

Emma, essa menininha carinhosa se machucou na hora da correira mas graças a Deus não foi nada grave.

Por causa do incidente, amanhã o missionário Joshua virá. Ele é médico e irá nos ajudar, e também trará remédios e mais materiais como gazes, algodão, soro, pomadas e mais alguns outros.

Assim que todos foram atendidos, ajudamos alguns deles a se acomodarem aqui na igreja, pois tivemos algumas casas destruídas. Amanhã faremos um mutirão para ajudar os irmãos.

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