III - ESPÍRITO SELVAGEM

III - ESPÍRITO SELVAGEM

ÍNDIO: Através da divisão do universo: um mundo mortal e um imortal. Nós vivemos cobertos pela mãe natureza, a não ser que alguém me prove o contrário. Tem aqueles aquele que derrubam gerações, tem aqueles que sabem que as leis nascem e morrem... Mas eu precisava lembrar do tempo, um ciclo da vida. A dança da chuva é um louvor ao Deus do trovão, que pode vir lembrar das tormentas, mas é a chuva que apazigua nossa morada. Olhe a perfeição de Deus na natureza, os corpos são adoráveis. Ele conta os segredos através da plumagem dos pássaros, do olhar do macaco, da corrida do guepardo e a beleza da lebre.

ÍNDIO II: A grandeza do fogo é a minha esperança. Para os meus sonhos eu espero ansiosamente. Óh, quando essa Mãe-Terra daqui vai me mostrar o brilho do cristal, como você se revela. Deusa, onde estão suas lágrimas que jorram em lagos e oceanos?

[Fazem círculo e iniciam a dança da chuva].

ÍNDIO: Hoje tenho uma confissão. Um novo inimigo. Ele retira meus pertences. Não sei onde encontrá-los. Prefiro não dizer o quanto dá vontade de matá-lo, de pegar uma faca e acabar usando minha vontade como mero mortal para ele tomar uma lição após a morte. Essas coisas acontecem, e isto é detestável. Essa pessoa é capaz de mentir até a morte que não sabe do que se trata. Mas não dá pra aguentar tanto tempo assim, às vezes alguns querem ver o sol morto ao sentirem-no em dias de inverno.

 ÍNDIO II: Esqueça a tribo dele. Devemos colocar o nome desse ser na vergonha, apontar flechas e iniciar guerras por causa de alguns objetos?

ÍNDIO: Não acontece nada para esses casos, dançamos todos juntos e não há male que se carregue para sempre. Mas minha vida parece perdida. A vontade de matar é passageira, sorte minha...

ÍNDIO II: Um moço disse que todos nós jamais poderemos nos separar do amor de Deus.

ÍNDIO: Eu olho para o outro, Ele já sabe quantos passos eu dei e sei quantos passos é para eu dar.

ÍNDIO II: Ouça a doçura nas músicas. Deus é mais forte que um búfalo e que uma torre rochosa. É mais profundo que o mar. Cada passo que damos aqui é fundo, é fundo como Ele.

ÍNDIO: Uma índia esteve melhor durante longo tempo. Eu não entendia. Parecia ter me tratado mal, mas depois parecia querer meu bem. Seus olhos eram escuros como duas amêndoas, seus cabelos escuros como ébano e brilhantes como a lua prateada. A raiz do solo não foi arrancada pelas tuas mãos para o comer de cada dia. Preciosidade... Não sei quando esses problemas vão se arrumar, então o curioso é que o tempo não nos conta, só nos mostra de acordo com a vontade suprema.

ÍNDIO II: Será que eu me casarei com minha doce amada? Seus olhos grandes como os da ambição de cuidar da terra que não nos foi tomada pelos brancos. Sua pele vermelha como o caule e suas mãos macias como a maçã. Nossas guerras são terríveis, vieram e tiraram o que é nosso, e hoje só resta esse pedaço de terra. Somos drasticamente aniquilados, isso também dói amigo. Quem dera nós olhássemos o sol juntos, da justiça brilhando entre nós como irmãos, criaturas da mesma Mãe-Terra... Mas eu sei, que um dia, este dia será belo, extraordinário, é o dia que vamos ver esse Sol e muito mais, porque há outro lugar tão mais belo quanto aqui.

ÍNDIO: Nós pertencemos aqui. Não vemos nada em vão. Tudo tem seu tempo e sua guarda...Eu posso dizer que se tivermos guerra, lutaremos pela nossa terra, pela nossa família. Eles não conhecem o alimento sagrado da Mãe-Terra. O nosso espírito branda selvagem.

ÍNDIO II: Estão vindo atrás de nós. Sinto o cheiro deles de longe. Esconda-se atrás da moita.

ÍNDIO: Tudo o que temos é a Terra Sagrada que eles querem até o último índio morrer. Quem luta pelas terras acaba morrendo por elas.

ÍNDIO II: Um último cacique foi decapitado pelos brancos inimigos. Nossa terra é valiosa, aqui tem ouro e é isso que eles querem. Quando são injustos se torna difícil de se tranquilizar. Nasce dor quando nos deixam perecer.

ÍNDIO: A flor vermelha da guerra nasce e com ela vem junto a esmorecimento dos espíritos destruídos. Querem provar para o brasão que são inocentes? Eu ainda vejo Deus no canto do sabiá.

ÍNDIO II: Que pensa o homem quando tem poder? Ele mata para obtê-lo e quer tê-lo, assim este o domina.

ÍNDIO: É agonizante o que uma batalha faz. As mãos vermelhas de sangue da cobiça sujam os túmulos.

Eu ouvi alguém cantando suavemente

Como num sonho onde eu sou o caçador dos pássaros mais selvagens

Plumagem colorida será que nós podemos juntos voar?

A loucura pode tomar conta de seus medos por um instante

Você pode estar à beira das montanhas

ÍNDIO II: Quem é a deusa?

Ela toca uma música indígena

Ela é a rainha com a coroa brilhante

Se você confiasse nela, ela te levaria

Ao paraíso de cristais

Ela dança a música sagrada

Ela tocou a porta dos templos

E agora ela serve ao deus

Diga as palavras mais contundentes

E você se libertará

ÍNDIO: A adore e ela aparecerá para você, assim como apareceu para mim. Sabia que toquei a asa transparente de um pássaro?

Os tambores tocam à noite obscura

Os sinos estão batendo

A sua voz parece morna, como uma dádiva

Você pode adorar o seu deus?

ÍNDIO II: Você está preso em seus sonhos.

As nuvens cinzentas ainda estão no céu

que está quase desabando em gotas gélidas como o mar.

Será que você pode se esconder debaixo de suas nuvens?

 Será que você pode queimar como a fênix?

Eu vejo os seus olhos,

Suas duas esferas com buracos negros cintilantes

Que som pode lhe envolver?

ÍNDIO: Eu acho que estou acordado para eles. O som que me envolve é o das lágrimas do deus do trovão que caem do céu que iluminam meu caminho, como velas acesas.

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