Na estrada

-  Patrick. Sei que muito provavelmente você não vai gostar, e talvez seja indelicado da minha parte perguntar esse tipo de coisa , ainda mais nesse momento , mas eu preciso saber.

- É sobre Bela?

- Sim. Sobre ela.

                 O galã de meia idade suspirou aborrecido, mas como vinha de Taele , ele procurou se resignar.

- Tudo bem meu amor , pode falar!

                Ele bem que tentou controlar , mas o tom da sua voz não saiu muito satisfeito.

- Você passou maior parte desses vinte anos , guardando luto e idolatrando a imagem de uma falecida , agora que descobre que ela está viva, como estão seus sentimentos? Tendo em vista que durante todo esse tempo Bela foi o único amor da sua vida. O que sentiu? Você ainda a ama?

- Mas é lógico que não. Tudo o que eu senti foi baseado em sentimentos ilusórios. Fui vitima de uma farsa. Eu amava uma pessoa que nunca esteve morta. A Bela que eu amava nunca existiu. O amor que eu sentia , esse sim eu achei que existia , e como você muito bem disse, o alimentei durante muitos e muitos anos. Até essa ordinária voltar. Depois que eu a vi , pude perceber que nada disso faz mais sentido. Vê se me entende , no final das contas , Bela ainda me culpou de tudo o que aconteceu. Disse que o único culpado dela ter forjado a própria morte fui eu.

- Como ? O que é que você está me dizendo Patrick?

- Isso mesmo que você ouviu. Bela me culpou por ter condenado a nossa filha a viver sem o amor de uma mãe. Ela alega que Pillar cresceu rebelde por ter sido privada de sua presença.

- Sim de fato.

- Mas Bela afirma que eu a obriguei ela abandonar nosso lar , nosso amor , nosso casamento , nossa filha , enfim...

- Meu Deus Patrick ! Mas isso é muito cruel!

- Agora me diz , como eu vou amar essa infeliz!

- Eu.... eu agora não sei o que dizer.

- Tudo bem.

- Eu juro que Só queria saber o que essa mulher tem na cabeça.

- Pois eu acho que eu sei.

- E o que seria?

- Para começar, isso tudo foi um plano maligno da tal de Dona Iolanda,  aquela bruxa infeliz com um coração tão negro quanto da filha . Assim eu imagino que foi planejado por ela: tirar o cavalo do haras , combinar com os motoristas o acidente , deixar o cavalo mal para chamar justamente Bela para atendê-lo pois essas duas durante todo esse tempo tiveram contato . Bela veterinária , salvando o animal teria créditos com Pillar, recuperaria sua confiança e o seu amor E por consequência talvez o amor também do pai. Etc.  Um plano muito sujo que eu  jamais vou perdoar mas talvez eu esteja enganado. Espero que esteja.

- Acho que você não está. Agora ficou tudo muito claro na minha cabeça Patrick. Não era atoa que dona Iolanda era contra o nosso relacionamento. Ou contra o seu interesse por quem quer que fosse. Porque ela sabia que a filha estava viva e isso te tornava um homem indisponível para todas as mulheres. Você e Bela são ligados pelo laço do matrimônio.

              Patrick , revoltado , socou a porta do carro, assustando Taele que freou o veiculo instintivamente.

Se olharam em silencio por alguns minutos. Patrick envergonhado e Tatá furiosa , se controlando para não falar os mais variados palavrões.

- Desculpa!

- Patrick! Pelo amor de Deus homem! Tenha senso! Estou no volante! Olha só como me deixou!

            E mostrou para ele mãos trêmulas.

- Fui um idiota , perdão. Deixa que eu dirijo.

- Não.  Já vim até aqui.

          Patrick tentava conter a risada. Uma das coisas que ela mais adorava era vê-la irritada.

- Então, depois do terceiro sinal , você vira a esquerda. Jajá se Deus quiser vamos estar em casa.

- Você quer dizer sua casa!

- Que seja! Se preferir...

- Amém.

                Os dois eram uma mistura fofa e grossa , Deus me livre mas quem me dera, ama e odeia e o final da história , se desenhava com sucesso.

              

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