Capítulo IV- Leu o contrato?

Mason Dasílis

Após a cerimônia, assinei os papéis, a mulher ao meu lado fez o mesmo com a caneta em mãos, num ímpeto de movimento da sua mão esquerda, a aliança em seu dedo caiu, enquanto eu assinava a terceira página, prestes a ceder a sua vez para assinar, o barulho do metal no chão, era mais audível que qualquer outro som. Completo silencio, olhei para o anel correndo pelo porcelanato.

Arnold pegou a aliança de ouro, rolando no chão, lhe deu em seguida, ela não lamentou, parecia distante, nervosa, trêmula. — Está nervosa, querida? — A sua madrasta perguntou vindo até nós, notei como saiu do seu toque num afastar-se repentino. — Desculpe por isto, obrigado senhor. — Respondeu olhando para o anel em sua mão, o nervoso visível, mas não dei atenção ao gesto, ao pegar a aliança na palma da mão de Arnold, apenas fez o movimento.

Muito trêmula, o olhei, o mesmo abaixou a cabeça, apenas lhe dando o anel dourado. A sua madrasta recolheu a aliança da mão dele antes que ela o pegasse, rápida, ágil, parece que elas não se dão tão bem quanto me relataram, ou houve algum desentendimento?

— Não há razões para prolongar não é querida, vá assine logo! — Ordenou-lhe em seguida segurando o anel, com um sorriso espalhado no rosto, lhe empurrando para cima dos papéis, ainda restando algumas páginas, ela assinou, o juiz mudou a folha, rubriquei mais uma vez, em seguida a mulher magra curvou-se sobre a folha fazendo o mesmo, a madrasta conferindo a assinatura desde o sair da caneta.

Não houve prologações após a assinaturas dos papeis, tínhamos o que queríamos, sua família livre de uma dívida alta, enquanto eu, uma esposa apta a me dá um herdeiro em breve.

O joalheiro havia tirado a medida da aliança, como pôde se enganar quanto ao tamanho? Perguntei-me, lhe vendo recuar havendo boa distância entre nós, ela parecia inquieta, pensativa, talvez fosse impressão por ser o seu casamento, sai do cartório indo diretamente ao Maybach.

Não havia mais nada a se fazer ali. — Senhor Dasílis não vai tirar uma foto com a sua esposa? — A madrasta perguntou. — Ivone não exagere. — Escutei ela dizer num tom de quem não gostaria, um pouco chateada, presumo. — Senhor, a senhora Müller mandou que eu fosse pegar a mudança da senhorita… da Senhora Dasílis, posso fazer… — Interrompi a fala de Arnold pelo que me incomoda no momento, não me importando como ela mudará, se levará algo ou não levará.

— Quem foi o responsável pela aliança Arnold? —

Continuou sentado no banco do passageiro na frente, ao me ouvir. — Cuidarei disto senhor, não se preocupe. — Olhei pela janela, aquela mulher estava tão insegura no cartório, será que a ideia de ser a minha senhora lhe fez pensar que irá para a guilhotina?Certamente, não venho tratando bem os meus devedores, será bom, pois espero que saiba que não sou como o seu pai.

— Não vá, e nem mande buscar a sua mudança, o acordo diz que a mesma deve mudar-se para a mansão, portanto que faça, fui generoso, o suficiente em aceita-la como pagamento de uma dívida. — Seguimos para a empresa, é um dia de negócios como qualquer outro para mim.

[...]

Chego a mansão faltando pouco para as vinte e duas da noite, após cumprir uma agenda cheia de reuniões, me sinto cansado, quando se trata de um cansaço físico, seria fácil resolver.

Mas o mental nem tanto, o cérebro ainda divaga sobre os negócios que terei a fechar, a porta é aberta pelo mordomo, passo lhe entregando a minha pasta, tudo que preciso é de um bom e longo banho, jantar e descanso.

Ao erguer os olhos apenas vejo as suas costas, ela estava descendo os degraus? Me pergunto, ao vê-la timidamente subindo, talvez fugindo?— Boa noite senhora! — A cumprimento, mostrando-lhe que noto a sua fuga repentina, na camisola preta, com um robe também preto em cetim, me faz engoli em seco pelas suas costas, vira-se uma mulher com os cabelos nos ombros soltos, negros, ondulados, as sobrancelhas grossas escuras, os olhos negros redondos, quando pensei que seus cabelos eram longos.

O nariz fino arrebitado, a boca rosada, a pele limpa sem vestígios de maquiagem, a camisola preta em cetim um pouco transparente, a vejo fechar o robe intimidada, com detalhes em renda, apenas os seios estão um pouco exposto pela abertura, porém, a medida que se move, os cabelos os cobre, diferente sem maquiagem, sem implantes, talvez, ao natural, mas magra,. muito mais do que imaginei.

Mas de fato, fiz uma bela aquisição hoje. —Boa noite senhor. — Me diz séria, receosa, a cada passo que desce os degraus, parece vir a mim. — Não quero vê-la. — Gomes retira o meu terno logo em seguida, retiro a gravata. Volto a olhá-la outra vez, e sim, mais uma vez a mulher me olha apenas assente ao que eu disse.

Um cheiro diferente toma conta do ambiente, balanço a cabeça ao sentir que terei dor de cabeça. — Você ao menos leu o contrato ou ouviu a leitura? — Para após subir cinco degraus, se não fosse pelos seus familiares eu não teria pontadas de dores de cabeça a esta hora, apesar do seu cheiro ser leve, ser floral, a cabeça me dói, vira-se me olhando fixamente, demora a responder, seus olhos me avaliam, linda e desejável com o ar inocente que exibe, me surpreendendo, até onde sei Esra Muller é uma mulher devassa, uma mulher que aproveitou até ontem a sua vida de solteira, indo para o quarto com um dançarino. — Leu o contrato?

Pergunto outra vez, para a mulher que parece ter os pensamentos nas nuvens. — Perdão, senhor, não entendi. — Responde, voltando a si, subo os degraus da escada, querendo um banho, descanso — Para saber dos seus deveres leia o contrato e nada de perfumes. — Passo pela mulher de pé me olhando, séria, caminho para o meu lado do corredor, não a olho por hoje não tenho condições e não quero tratar de mais nada, havia bastante para fazê-lo, porque não o fez?

Após um longo banho, soube em detalhes sobre a sua chegada, enquanto jantava, Gomes relatou-me que ela chegou sozinha, apenas com uma mochila, evidente que deve esperar a compra de todo o seu guarda-roupa. Soube que ficou horas olhando o jardim, o que há nele para prendê-la? Certamente não tem com o que se preocupar, já que agora usa o meu sobronome, como minha propriedade, e os seus familiares estão ilesos de dívidas.

— Confira tudo que ela trouxe, descarte os perfumes, Gomes, se for possível, peça ao Arnold uma cópia do contrato, entregue-a, faça com que leia e saiba de cada cláusula. — Aviso ao mordomo antes da sua retirada, essa mulher estava tão cega pelas vantagens que não ouviu o que deveria, ele apenas assente, levando consigo toda a louça do jantar.

— Sim, senhor, deseja algo mais? — Mantém-se a espera de pé na porta do quarto, com a bandeja nas mãos. — Não, por hoje é apenas isto. — Assente de pé ao me ouvir. — Boa noite, senhor. — Sai em seguida me deixando sozinho, esgotado pelo cansaço do dia intenso, arrasto-me para a cama, não demoro a adormecer vencido pela exaustão.

[...]

Acordo pela manhã com a mesma rotina de anos, desperto com o meu relógio biológico, após alguns exercícios, banho, paro, olhando a mesma visão de sempre, nada mudou, vejo pessoas indo e vindo, todas em suas correrias, ainda não entendem que não é a corrida que faz ser vencedor, mas sim, o que praticam, pelo o que correm.

Carros com alarmes baixos, motos, o movimento do comércio já começou a um tempo, reflito até notar um movimento no jardim.

Observo entre os arbusto florido em lilás, a mulher encostada nele, o seu peito parece subir e descer, os cabelos dividido para o lado, parece ofegar como quem havia corrido a pouco, mas esta de vestido, que valorizam seus seios que sobem.e descem, os cachos de cabelos caídos para os ombros, olhos fechados, o que esta fazendo? Me pergunto.

— Bom dia Senhor! — Gomes entra, eu ainda a olho, logo lá embaixo, parecendo querer explodir? Correr de vestido? Não, para quê estaria a correr? — Bom dia Gomes, a senhora Ezra onde esta? — Pergunto ao mordomo atrás de mim, tenho certeza que ele não a viu, teria passado a noite fora? — Em seu quarto senhor, deseja vê-la?

Continuo a olhando colada aos arbustos, de olhos fechados, peitos saliente subindo e descendo, parece que a minha senhora pode vir a ser invisível, quando quer.

— Não. — Me visto, desço para o café da manhã, é mais um dia que começa, ouço passos ao entrar em casa, pegando a todos de surpresa.

— Senhora? — A voz de Gomes parece um pouco alterada, preocupado, eu diria. — Olá bom dia Senhor, tudo bem? — Ela diz baixo, parece um cachorro a espreita. — Onde esteve? — Gomes lhe pergunta, sem ler a minha agenda. — No jardim, oh... — Diz a dá alguns passos.

— Desculpe senhor, eu não sabia. — Ouço dizer, sem mais passos por um tempo, parece que iremos nos evitar por aqui, o cheiro de flores entra em meu nariz de imediato, a evito ou seria cedo demais para exigir meus direitos como seu marido? Quanto mais cedo investimos nisto melhor para ambos, após me dá o filho esperado, logo a descartarei.

— Vá ao médico hoje, só saia de casa acompanhada, quero relatório sobre a sua saúde, quero saber tudo a seu respeito. — Não tenho respostas, por isto prossigo. — Gomes sabe onde leva-la para onde manda-la, pela sua idade, não será díficil me dá um herdeiro em breve, será?

Pergunto, ouvindo seus passos em seguida.

— Eu sou saudável, não há com o que se preocupar...— Começa a dizer bem segura até que parou como se lembrasse de algo, o que lhe fez ficar meio trêmula, o que não me surpreende. Viro a minha cabeça para olha-la, diretamente, ela me olha seriamente, os cabelos meio ondulados partido para o lado, descendo como cascata para cima dos seios fartos, o vestido cor caramelo, meio camurça.

— Apenas vá ao médico, me traga relatórios que comprovam que sua saúde está ótima, do resto, será de minha tarefa.

A vejo encarar-me, atentamente enquanto continuo o desjejum. — Sim senhor Dasílis, para quando pretende ter o bebê? — Noto o tom de preocupação em sua voz, volto a lhe olhar outra vez. — O mais breve possível. —Assente me olhando, até suspirar fundo, do que esta suspirando, este foi o acordo, não? Me pergunto ao vê-la de pé. A encaro sério, ela faz o mesmo. — Desculpe.

Diz por fim, me fazendo retomar a minha refeição, mastigo lhe vendo dá as costas, pelo visto não leu mesmo o contrato. — Senhor Dasílis deseja que eu leia a sua agenda agora? - Quando Gomes pergunta, afirmo levando uma colher de cereal a boca, ouço os compromissos do dia, enquanto ela sobe a escada. — Pegue a minha pasta, Gomes, não esqueça de leva-la ao médico, além de fazer com que conheça as regras do contrato. — O homem sérvio, apenas diz que sim, me preparo para mais um dia de negócios, saio de casa, ao chegar no jardim olho para a minha casa, lhe vejo de pé, olhando para o lado oposto, o que tanto pensa?

Ela não achou que eu recusaria a sua proposta de casamento? Pensou? O que a fez, pensar que eu Mason Dasílis seria exigente em relação a uma mulher virgem ou não? Será este o seu receio ou não passa apenas de arrependimento por ter se unido a um homem feio por ambição?

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