CaméliaAs pessoas apagaram a deusa Eonora, fazendo oferendas e orações para a deusa. Muitos vinham até mim pedir conselhos e bênçãos, acreditando que eu era algum tipo de enviada pela deusa para protegê-los. Mesmo que eu desejasse ajudá-los de todo o meu coração, tudo no que eu conseguia pensar era que William estava no campo de batalha e que tudo aquilo era culpa de Donovan e Theodore. Seus planos ainda eram um mistério para mim, mas que tinha esperanças de que algo poderia surgir enquanto estivéssemos no sul.Sabia que para ter mais informações, eu tinha de voltar à cidade, porém ela ainda estava sendo sitiada e qualquer aproximação poderia ser um grande risco. Além de William, ninguém sabia dos meus planos para depor o imperador e o principe herdeiro, também não havia qualquer garantia de que um espião do império não estivesse infiltrado entre as pessoas que ajudamos. Tudo era incerto, mas eu não poderia apenas ficar sentada esperando.A noite chegou. Como Bianca estava comigo na
Camélia Quantas vezes chorei até adormecer, acreditando que aquelas pessoas haviam me abandonado, que me odiavam. Mordi a parte interna da minha bochecha, contendo tudo o que eu realmente gostaria de perguntar a aquele homem. Revelar minha identidade à ele apenas os prejudicava naquele momento, quando uma guerra estava sendo travada e o príncipe herdeiro estava por perto. ― Peço desculpas por meu atrevimento, mas poderia me dizer a quanto tempo estão vivendo nessas terras? E por que continuam aqui em meio a essa terrível guerra? ― De forma alguma. Vivemos aqui desde que nossa filha foi levada por seu marido. Tudo nos foi tirado, inclusive nossos títulos e fomos exilados nessas terras. Por conta disso, não temos outra opção, senão continuar aqui. Se fugirmos, e os soldados do império descobrirem, seremos executados. ― O homem olha com cautela na direção da porta antes de continuar com a voz um pouco mais baixa. ― Minha esposa não está muito bem de saúde, temo que a viagem seja fatal
WilliamO cheiro da terra, a podridão dos corpos em decomposição misturado ao de carne queimada dominavam o ar no campo de batalha. O cerco havia sido bem-sucedido, mesmo com os constantes ataques imprevisíveis que vinhamos sofrendo. Estava claro que, aqueles que nos atacavam apenas o faziam sem qualquer planejamento. Nossos inimigos também não eram homens treinados, alguns sendo extremamente fáceis de serem abatidos. Toda aquela situação era fora do normal, despertando ainda mais dúvidas em minha mente sobre o real motivo de toda aquela guerra.― Vossa graça. ― Alexander se aproximava ofegante, a espada banhada em sangue, assim como sua armadura. ― Acredito que já tenha notado, pela sua expressão.Como esperado, Alexander era um homem muito inteligente e também notou a estranheza de nossos inimigos.― Precisamos descobrir se esses homens estão sendo mandado pelo imperador, para forjar toda essa guerra, ou se mais alguém está envolvido nisso.― Esta suspeitando do templo, vossa graça?
CaméliaPoucas casas haviam permanecido de pé, a cidade, que antes era conhecida por ser um porto cheio de vida, agora cheirava a morte. Mesmo o céu azul sobre nossas cabeças parecia sombrio e triste. Nos separamos em pequenos grupos, buscando suprimentos e um lugar seguro para que pudéssemos pernoitar. Não consegui me recuperar completamente, Bianca e o doutor Jonathan estavam preocupados com minha saúde, mas não podíamos perder mais tempo. Theodore estava no sul e eu não fazia ideia do paradeiro do grão-duque. Ficar parados seria muito mais perigoso.Decidi ir ao templo e, para minha surpresa, aquele era o único lugar que não havia sofrido qualquer dano grave. As portas haviam sido destruídas, provavelmente em uma tentativa de nos capturar depois que já havíamos partido. Dentro da grande abadia, tudo estava revirado e a imagem da Deusa havia sido destruída. Os pedaços da estátua estavam espalhados pelo chão, caminhei pelos escombros e encontrei parte do rosto de Eonora, com seus olh
CaméliaOs sacerdotes passaram a me observar de perto. O doutor Jonathan conseguiu montar uma pequena clínica para continuar o tratamento dos civis. Muitos refugiados de cidades próximas atingidas pela guerra, chegavam buscando auxílio, essas pessoas também vinham até mim pedindo bençãos e suporte espiritual. Os sacerdotes estavam ficando cada vez mais de lado, o que os estava irritando muito.Meu plano era formar um pequeno grupo de busca, já que o império e o templo, não tinham qualquer intenção em procurar os heróis desaparecidos. Porém, com toda a vigilância que eu estava sofrendo, seria impossível sem que a informação fosse levada aos ouvidos dos nossos inimigos. Os dias passaram, as pessoas começaram a reerguer suas casar e reconstruir suas vidas, mas não havia qualquer notícia de William e os outros nobres no Norte.Estava de pé, diante dos portões reconstruídos da cidade em minha vigília, quando o doutros Jonathan se aproximou, parando ao meu lado. Eu podia sentir seus olhos s
CaméliaA manhã daquele dia estava especialmente fria, mesmo que ainda faltassem alguns meses para o inverno. Bianca estava terminando de arrumar meus cabelos quando uma criada bateu a porta trazendo uma bandeja, sobre ela havia apenas uma carta com o brasão da antiga família de minha mãe. Meu sangue gelou e minhas mãos tremeram quando pequei o envelope. Aquilo era impossível, pois eu vi a casa onde meus avós estavam ser destruída pelos soldados de Theodore. Dispensei minha criada e fui até a pequena mesa de chá, próxima à janela. O céu parecia combinar com meu humos, sombrio e denso. Ao romper o frágil lacre, não reconheci a letra no papel, mas o brasão de armas da família de minha mãe estava lá, ornamentando o fino papel.“À Nobre e Digníssima Grã-Duquesa Camélia ValoisCom um coração pesaroso e uma alma mergulhada em sombras de arrependimento, sou compelido a compartilhar uma triste notícia que lança uma sombra ainda mais profunda sobre nossos laços familiares já dilacerados. É com
Camélia Durante nossa primeira parada, enviei um mensageiro ao marquesado de Elrik para informar da nossa chegada. Não fazia ideia do que nos aguardava, por isso fiz questão de ser vista pelo máximo de pessoas possível. Para minha grata surpresa, muitas das pessoas que encontrei em meu caminho se mostraram apoiadoras de Valois, exaltando o nome do grão-duque e apontando os erros na maneira que o imperador vinha governando, seus gastos e suas falhas com o povo do império de Arventia. ― Eonora está ao seu lado, vossa graça. ― Uma mulher de idade avançada disse, segurando minha mão e tocando sua testa nela. Muitas pessoas seguiram o exemplo da senhora, se curvando e dizendo abertamente que estavam ao meu lado. No meio da multidão, eu pude reconhecer um espião de Theodore. Aquele foi um dos soldados que me prenderam e abusaram de mim de todas as formas possíveis. Meu sangue gelou ao vê-lo, mas mantive a postura. Rapidamente me afastei daquele lugar, escapando dos olhares ferozes daqu
Uma brisa suave soprava, trazendo um alívio refrescante a um dia quente de primavera. As ruas estavam tomadas com as decorações destinadas ao Festival em comemoração a fundação do império de Arventia. O povo era feliz e prosperava sob os olhos justos do Imperador Donovan Arventia, do príncipe herdeiro Theodore Arventia e da primeira princesa Camellia Arventia. Bom, pelo menos era o que todos na corte queriam que o povo pensasse.Cresci cercada de todos os luxos, com os melhores tutores que o império possuía e caso não houvesse alguém com o conhecimento que eu desejasse aprender, seriam trazidos especialistas de outros reinos apenas para me ensinarem. Porém, por detrás dos vestidos, festas do chá, bailes e bajulações por parte de alguns nobres, a vida no palácio imperial era muito diferente do que aqueles de fora acreditavam.Após o falecimento da imperatriz, que não deixou nenhum filho, o imperador tomou como sua consorte a filha de um rico marquês, minha mãe, uma jovem cuja beleza er