Capítulo 5

A luz do sol adentrava: iluminando o quarto. Bella levantou preguiçosamente e iniciou sua higiene matinal.

O céu estava límpido. Fazia uma bela manhã de domingo.

- Bom dia. – Entrou na cozinha.

- Diego ligou, a evangelização começa mais cedo e termina quase umas cinco horas. - Cris avisa assim que vê sua irmã apontar.

- Ok. – Encolheu os ombros desanimada.

- Aconteceu alguma coisa? – O pai perguntou analisando-a.

- Não, só estou com sono ainda. – Omitiu. Sentou-se na mesa, puxando a caixa de cereal.

- Por um segundo pensei que você tivesse encontrado... – Não completa a frase. O pai se referia ao criminoso.

- Não encontrei ninguém. – Pôs uma colher cheia da refeição na boca.

- Querida, come devagar. – A mãe repreendeu.

O resto da manhã passou em silêncio. Cada um em seus afazeres.

Bella se arrumava para mais um dia de evangelização. Sentia-se vagamente desconfortável.

Alguns minutos depois se encontrou com o irmão no estacionamento.

- Você está estranha, tem certeza que não aconteceu nada? – A encara.

- Tenho Cris, só estou cansada hoje. – Forçou um fraco sorriso.

O trajeto até a comunidade foi rápido. Os jovens cumprimentavam uns aos outros.

- Seu irmão está lindo hoje! - Malu sorria abobada.

- Ele sempre está. – Afirmou divertida.

Malu puxou a amiga para o canto.

- Enquanto você tomava banho ontem, conversamos um pouco. - Encolhe os ombros. - Ele me vê como uma irmã mais nova. – Sua expressão continha desapontamento.

- Amiga, pede a Deus uma direção para que você não alimente um sentimento e depois se machuque. – Isabella aconselha.

- Eu farei isso sim. - Abraçou-a de lado. - O Ryan não vem hoje. – Troca o assunto.

- Por quê?

- Problemas em casa. – Umedeceu os lábios. – O mesmo problema de sempre.

- O pai dele aprontou de novo?

Ryan passava situações complicadas em casa. O pai era alcoólatra além de viver agredindo a esposa.

- Vamos começar então, as mesmas duplas de ontem: pode ser? – Diego chama a atenção de todos.

Bella e Malu encaravam a rua com preguiça.

- Esse barulho vai furar meus tímpanos. – A ruiva reclamou do som diverso e exagerado.

- Hoje está demais mesmo. - Malu concordou.

A jovem se sentiu melhor aos poucos, a medida em que falava do amor de Deus, pôde alcançar a paz interior.

Naquele momento, Allan estava com o pensamento longe. A raiva corroía o seu ser. Não se conformava como a tal patricinha teve a petulância de rejeita-lo.

Isabella, aquela petulante me paga, como teve coragem de me rejeitar daquela forma?!

- No mundo da lua. – Joana dá um leve tapa no ombro do filho.

- Estou indo pra boca, qualquer coisa me liga. - Dá um beijo na bochecha da mãe e retira-se apressado com a metralhadora em mãos.

No portão, Hulk esperava o rapaz.

- Fala brother!! - Apertou a mão do amigo.

Juntos sobem na moto e em poucos minutos chegam na boca.

No escritório, Allan fiscalizava as remessas.

- Qual foi? – Gritou ao ser interrompido.

Hulk entrou na sala tropeçando nas próprias pernas.

 - O jumento da facção rival fez merda e veio parar aqui no morro... – Disse rapidamente.

- E o que mais? – Perguntou sem paciência.

- Eles estão invadindo o morro. – Responde como se fosse óbvio. – Juntaram o útil ao agradável. Quer desculpa melhor para afrontar nosso comando?

- Passa o rádio para repolho e Erick. – O comandante da comunidade levantou e saiu correndo.

No exato momento que saiu da boca: contemplou a dona dos cabelos de fogo. A jovem que atormentava seus sonhos. Ela estava sorrindo, e ele parou admirando.

- Bora cara!! - Hulk despertou o amigo do grande transe que havia entrado.

Allan virou-se para o amigo. Com a respiração ofegante pediu algo inesperado.

- Hulk leva ela para o esconderijo.

- Sério? – Arregalou os olhos desacreditado. – Quer me colocar de babá de uma patricinha mimada?

- Não questione uma ordem minha. – Se altera.

Sua voz firme e em tom alto fez com que Bella prendesse o seu olhar no dele por meros segundos antes que o dono do morro saísse em disparada.

Incomodado, Hulk foi na direção da jovem.

- Vem comigo mina. - Hulk segura seus braços.

- Não vou a lugar algum. – Rebate confusa.

- Ordens do chefe, o morro está sendo invadido. – Disse sem humor, puxando-a morro acima.

Ele a leva ao esconderijo. Um lugar pequeno e escuro.

- Aonde você vai? – Perguntou ao vê-lo abrindo a porta, no entanto não obteve respostas.

Sozinha naquele lugar, sentou-se no chão frio. Trêmula de medo, ao ouvir o som de tiros se aproximando. Juntou as mãos em forma de prece. – Deus. Proteja meu irmão, os jovens e todos moradores daqui... – Engoliu a seco. – E o Allan, proteja-o.

Não sabia quanto tempo havia se passado. Mas parecia ter sido longas e duradouras horas.

Se encolheu ao ouvir passos. Suspirou de alívio ao ver a figura de Allan.

- Você está bem? - Se aproxima estendendo-lhe a mão, fazendo com que se levante.

- Já... Acabou? - Pergunta alarmada.

- Sim. Fica sussa, seus amigos estão bem. – A tranquiliza.

Os olhos dela pairaram no braço do rapaz envolto em um pano ensanguentado.

- Você se machucou? - Tocou-lhe e uma eletricidade estranha passou entre eles com um simples toque.

- Um tiro, mas foi de raspão. - Disse um pouco rouco e com os olhos fixos nela.

- Dói? - Sua voz sai falha.

Era recíproco.

Enxergava nitidamente que ele causava sensações intensas dentro dela.

- Não. - Aproximou-se enquanto ela tentava em vão se afastar.

- Obrigada por...

Não a deixou terminar de falar. Com rapidez segurou a cintura dela e enroscou as mãos nos cabelos ruivos sedosos. Tomou a boca de Bella com desejo. A respiração dela pesa tentando se debater, porém aos poucos cede deixando que a língua dele ultrapassasse. Seus lábios são quentes e macios com um delicioso gosto de morango.

Aproveitou o beijo fugaz antes que a razão dela pesasse na balança.

Tinha certeza de uma coisa: A filha do pastor seria sua perdição.

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