Eu observo o sol se pôr no horizonte, hipnotizada pelas cores quentes que tingem o céu. Hoje é o meu último dia na minha pequena aldeia, amanhã eu partirei para Morbóvia, o reino dos vampiros. Suspiro esvaziando a minha mente, tentando ver o lado bom da situação, mas não há nenhum. Eu estava sendo entregue aos vampiros, como um cordeiro ao abate.Morbóvia é um lugar aninhado nas sombras das terras do reino de Meztli, onde o nosso rei Lycan governa. Fica numa pequena vila envolta em mistério e escuridão. Ali, os vampiros encontraram o seu refúgio, uma comunidade onde a noite é eterna e o sangue corre como um rio escarlate. As casas de pedra se erguem em meio a uma paisagem sombria e sinistra, envolvidas por uma névoa perpétua que ocultava os seus segredos do mundo exterior.No centro da vila, se ergue um imponente castelo, lar do rei vampiro e seu cortejo de servos leais. Suas torres góticas se estendem para o céu, desafiando a luz do sol que nunca toca essas terras amaldiçoadas. Dentr
Enquanto caminho em direção à família real, sinto um calafrio percorrer meu corpo. Os olhares intensos e famintos deles me fazem questionar se mamãe está certa e eu vou voltar.Agora acredito que não.Estou prestes a me tornar a próxima fonte de alimento do príncipe Eros, e depois do que ouvi, depois de saber sobre as outras antes de mim, minha perspectiva da morte é quase certa, como se ela pairasse sobre mim. Pensando nisso, olho para o alto, a tempo de ver uma sombra de asas largas entrar no castelo, me arrepiando toda.A cada degrau que subo em direção a eles, minha mente se enche de dúvidas. Será que eu serei capaz de saciar a sede dele? Ou ele vai sugar cada gotinha de mim, mesmo sem necessidade, já que eles bebem em média um copo de sangue por dia.Assim que chego no topo da escadaria onde eles me esperam, sou recebida com o total silêncio. Os olhos vermelhos do rei Vlademir Carliste perfuram minha alma, enquanto sua esposa e seus filhos permanecem imóveis ao seu lado. Sinto qu
Enquanto Eros me guia para dentro do castelo, me sinto cada vez mais afundada em um mundo de escuridão. O som de meus passos ecoa pelos corredores sombrios tentando memorizar o caminho que ele faz comigo. A família real não nos acompanhou, nos deixando a sós, como se esperassem algo, ou soubessem algo que eu ainda não sabia. Eu lutava para assimilar essa nova realidade que eu estava entrando.A cada passo que adentrava no castelo, a atmosfera se tornava mais pesada, as sombras dançavam ao meu redor, como se tivessem vida própria. Algumas se enrolavam em minhas asas e eu jurava sentir um toque frio e carinhoso delas. O cheiro era de mofo, velho e apodrecido pela falta de luz ali.Eros virou em outro corredor, iluminado apenas por algumas velas entre as cavidades das pedras. Seus passos eram silenciosos, como se ele flutuasse sobre o chão de pedra escura. Eu me senti pequena e frágil ao seu lado, eu alcançava seu queixo de altura, minhas asas com toda certeza me deixariam mais altas, ma
ErosDo outro lado da porta escuto Marian falar com a fêmea híbrida sobre oque aconteceu com as outras fêmeas. Sinto uma pontada de culpa pelo meu erro, fiz tudo conforme tem de ser feito, sigo todas as regras, não me excedo na quantidade de sangue, assim como antes, e luto para não fazer isso agora.Tudo bem que minha sede nessa fase de mudança é bem maior, já sou adulto, mas preciso dessa transição para alcançar todo o meu poder. Já sou forte, porém depois serei muito mais.Ainda não consigo atravessar as paredes, me transmutar é fácil isso se aprende nos primeiros anos. Sou forte e rápido, mas na velocidade normal como os outros.No entanto, o meu Dom especial, aquele que apenas os membros nascidos têm, ainda não se manifestou em mim. Não faço ideia do que será e isso me deixa ainda mais ansioso.Saio em passos lentos, não pegaria bem se elas me vissem escutando atrás da porta. Caminho em direção ao salão, onde sei que devem estar todos reunidos.Por pouco não cravo meus caninos na
NinaMarian me leva até um quarto que mais parece minha casa por dentro de tão grande, a cama no centro de madeira rústica, as cortinas bege na grande janela e dois tapetes no chão de cor marrom deixam com um toque mais confortável.Ela sorri para mim, um sorriso estranho, estrala os dedos e duas fêmeas de cabelos pretos longos aparecem feito fumaça se transformando ao meu lado.— Elas cuidaram de você quando estiver em seu quarto. Fora dele você pertence a Eros, sempre que ele chamar você deve ir. — Ela diz de forma cordial, porém com ânimo nas palavras.— Então não posso andar pelo castelo? — Pergunto enquanto as duas fêmeas me olham com aqueles olhos vermelhos com tons amarelos. Elas parecem maravilhadas comigo e isso me deixa com receio.— Poder pode, mas aconselho a não andar sozinha. Não moramos sozinhos, temos empregados e outros que andam pelo castelo. Você poderia facilmente ser pega por um deles e aí, teríamos trabalho depois. — Gesticula com a mão, como se tanto faz.— Ente
NinaAcordo com o corpo pesado, abro os olhos e percebo que está escuro. Levanto-me e sigo até a varanda apoiando minhas mãos na pedra e olhando tudo lá fora.Agora iluminado por tochas, a cidade de Morbóvia parace mais movimentada, ouço música clássica, violinos sendo tocados. Uma pequena roda me chama atenção. Fico perdida paralisada olhando eles, tão... normais, nem parecem os assassinos sanguinários que ouvi falar.Abaixo meu rosto apoiando em minha mão e suspiro admirando-os, nunca fui em festas, ninguém gostava de mim, sempre fui a escolhida do príncipe e isso eles tinham medo. Agora estou aqui, para cumprir esse meu papel e me sinto apenas como um alimento sem vida.— O que faz acordada essa hora Nina? — Escuto uma voz estranha e me viro a procurando, então no canto descendo pela lateral do castelo, vejo um macho vampiro com um sorriso maroto me encarando.— Quem é você?— Ah, não sabe? Que pena. Sou Adrian, irmão de Marian, primo de Eros.— Ah! — Curvo a cabeça em respeito e el
ErosOlho para ela ali deitada na minha cama, seu cheiro invade meu nariz e me excita. Saio de perto indo até a varanda do meu quarto, receber ar puro, tentando esvaziar a minha mente.Adrian está passando dos limites, sair assim com a híbrida em frente a todos como se ela fosse dele, foi uma ousadia, uma afronta para mim. Mas pior ainda foi ver e ouvir ele se desculpar por sugar o seu sangue.— O que está te incomodando priminho. — Marian se transforma de um pequeno morcego para sua forma vampira.— Veio pelo cheiro também? — Digo sem nem olha-la— A não, estou satisfeita. Mas alguns dos nossos estão irritados, o sangue dela cheira longe e o aroma é delicioso.— Adrian experimentou. — Digo e me viro para ela. — Seu irmão está arriscando o pescoço. Se me irritar mais um pouco não terei pena.— Ela pode ser sua fêmea de alimentação, mas não é exclusiva sua Eros. Ou esqueceu disso? — Ela repuxa o lábio em um sorriso.— Não pensei que teria essa necessidade. Afinal, ela nasceu para mim.
NinaEntro no banheiro em puro ódio. Como ele pensa que pode me vestir assim? Vou parecer como uma das meretrizes dos humanos, que se vendem por moedas. Não que eu já as tenha visto, mas sei como se vestem para chamar atenção e esse vestido é exatamente para isso, chamar atenção, pois sei que Eros como todos os outros, conseguiram ver todas as curvas e formas do meu corpo.Minhas asas podem esconder minhas nádegas, mas e a frente, o que vai esconder? Nunca em toda a minha vida me senti tão exposta, mas Marian me explicou os motivos e sei que não posso negar, ou visto essa roupa ficando parcialmente nua, ou fico livre para os outros morderem meu pescoço.E servir de alimento para todos dentro desse castelo não é boa ideia, se Eros já me deixa com receio, imagina vários olhos vermelhos querendo meu sangue.Olho para as paredes de pedra polidas, o banheiro é grande e espaçoso, a banheira é esculpida dentro de uma pedra, grande larga e cabe dois ou até três aqui dentro. Melhor eu não pens